quarta-feira, 14 de maio de 2014

Capítulo 4 - Lições do general Sun Tzu: O general é o grande administrador da organização militar.

Da Parte 1 do Projeto Ação PT de Diretório Zonal

Para ser vitorioso nos campos de batalha, não bastam ao general arrojo e valentia, é preciso que ele saiba administrar muito bem o seu exército. O general nada mais é do que o grande administrador da organização militar. É isto que se conclui lendo a “A arte da guerra”, de Sun Tzu.

Sun Tzu foi um general filósofo chinês, que viveu, segundo estimativas, entre 4 e 5 séculos antes de Cristo. Seu livro chegou ao ocidente na segunda metade do século 18, traduzido para o francês. Clássico da literatura militar, "A arte da guerra" tornou-se, não sei precisar desde quando, referência importante para teóricos, professores e estudantes de administração. É, possivelmente, o mais antigo manual de administração de que se tem notícia, antecipando em muitos séculos muitos dos princípios encontrados nas teorias administrativas do nosso tempo.

Abaixo, alguns trechos de “A arte da guerra”, de Sun Tzu.
“Se quisermos que a glória e o sucesso acompanhem nossas armas, jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina.

A doutrina engendra a unidade de pensamento; inspira-nos uma mesma maneira de viver e de morrer, tornando-nos intrépidos e inquebrantáveis diante dos infortúnios e da morte.

Se conhecermos bem o tempo, não ignoraremos os dois grandes princípios yin e yang, mediante os quais todas as coisas naturais se formam e dos quais todos os elementos recebem seus mais diversos influxos. Apreciaremos o tempo da interação desses princípios, para a produção do frio, do calor, da bonança ou da intempérie.

O espaço, como o tempo, não é menos digno de nossa atenção. Se o estudarmos bem, teremos a noção do alto e do baixo; do longe e do perto; do largo e do estreito; do que permanece e do que não cessa de fluir.

Entendo por comando a equidade, o amor pelos subordinados e pela humanidade em geral. O conhecimento de todos os recursos, a coragem, a determinação e o rigor são as qualidades que devem caracterizar aquele que investe a dignidade de general. São virtudes necessárias que devemos adquirir a qualquer preço. Somente elas podem tornar-nos aptos a marchar dignamente à frente dos outros.

Aos conhecimentos acima mencionados convém acrescentar o de disciplina. Possuir a arte de ordenar as tropas; não ignorar nenhuma das leis da hierarquia e fazer com que sejam cumpridas com rigor; estar ciente dos deveres particulares de cada subalterno; conhecer os diferentes caminhos que levam a um mesmo lugar; não desdenhar o conhecimento exato e detalhado de todos os fatores que podem intervir e informar-se de cada um deles em particular. Tudo isso somado constitui uma doutrina, cujo conhecimento prático não deve escapar à sagacidade nem à atenção de um general.

Se tu - que a escolha do príncipe colocou à testa dos exércitos - calcares teus fundamentos de ciência militar sobre os cinco princípios que acabo de estabelecer, a vitória será teu galardão. Em compensação, sofrerás as mais abjetas derrotas se, por ignorância ou presunção, vieres a omiti-los ou a rejeitá-los. Esses conhecimentos te permitirão discernir, entre os príncipes que governam o mundo, aquele que ostenta mais doutrina e virtudes. Conhecerás grandes generais nos mais diversos reinos, de forma que poderás prever com segurança qual dos adversários será vencedor; e se tiveres que intervir na contenda, poderás certamente gabar-te da vitória.

Esses mesmos conhecimentos farão com que prevejas os momentos mais propícios, pois o tempo e o espaço devem conjugar-se para orientar o movimento e os itinerários das tropas, cujas marchas regularás com precisão.

Jamais comeces ou termines uma campanha fora do momento azado.

Conhece o ponto forte e o fraco tanto dos que forem confiados a teus cuidados quanto dos inimigos. Informa-te da quantidade e do estado em que se encontram as munições e os víveres dos dois exércitos.

Distribui recompensas com liberalidade, mas com critério.

Não poupes castigos, quando necessários.

Conquistados por tuas virtudes e tuas capacidades, os oficiais colocados sob tuas ordens te servirão tanto por prazer quanto por dever. Eles se espelharão em teu exemplo; o exemplo deles servirá para os subordinados, e os soldados rasos, por sua vez, tudo farão para te assegurar o mais glorioso sucesso.

 (...)

Quão lamentável é arriscar tudo em um único combate, negligenciando a estratégia vitoriosa, e fazer com que o destino de tuas armas dependa de uma única batalha!

Quando o inimigo estiver unido, divide-o. Ataca-o, quando ele estiver despreparado. Irrompe onde ele menos espera. Tais são as estratégias da vitória. Mas toma cuidado de não te servires delas antes da hora.

O general deve basear-se em avaliações prévias. Elas apontam para a vitória quando demonstram que sua força é superior à do inimigo. Indicam a derrota quando demonstram inferioridade.

Com numerosos cálculos, pode-se obter a vitória. Teme quando os cálculos forem escassos. E quão poucas chances de vencer tem aquele que nunca calcula!

Um general pode cometer muitos erros.

Se engajar as tropas no momento errado, fará com que ataquem quando não convém.

Se não tem um conhecimento exato dos lugares onde deve conduzi-las;

se lhes impõe acampamentos desastrosos;

se as cansa inutilmente;

se ordena que retrocedam sem necessidade;

se ignora as necessidades dos que integram seu exército;

se desconhece a ocupação a que cada um se dedicava antes de se alistar, a fim de tirar partido do talento individual de cada um;

se desconhece o ponto forte e o fraco de seus subordinados;

se não conta com a fidelidade dos mesmos;

se não impõe a mais estrita disciplina;

se carece do talento de bem governar;

se é irresoluto e vacilante nas ocasiões em que urge ter pulso firme;

se não recompensa adequadamente seus soldados quando de direito;

se permite que estes sejam humilhados sem motivo pelos oficiais;

se não sabe impedir as dissensões entre os chefes;

um general que cometer tais erros tornará o exército capenga, esgotará homens, víveres e o reino, e se tornará a vítima infame de sua própria imperícia.

(...)

Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização.

Controlar muitos ou poucos é uma mesma e única coisa. É apenas uma questão de formação e sinalizações.

Lembra os nomes de todos os oficiais e subalternos.

Inscreve-os num catálogo, anotando-lhes o talento e a capacidade individuais, a fim de aproveitar o potencial de cada um, quando tiveres oportunidade.

(...)

Conhece perfeitamente o meio que te cerca.

Sabe onde pode se deparar com floresta, bosque, rio, terreno árido e pedregoso, pântano, montanha, colina, morro, vale, precipício, desfiladeiro, planície, enfim, tudo o que pode servir ou prejudicar as tropas que comandas.

Se não puderes informar-te pessoalmente da vantagem ou desvantagem do terreno, procura guias locais que te informem com segurança.

(...)

Um bom general não deve jamais dizer: ‘Aconteça o que acontecer, farei tal coisa. Irei lá, atacarei o inimigo, sitiarei tal praça’. Somente as circunstâncias devem ditar a conduta.

(...)

Em suma, o comando das tropas exige atenção contínua do general.

Sem perder de vista o exército inimigo, ele precisa sondar o seu.

Informa-te quando o contingente dos inimigos aumenta, informa-te da morte ou deserção de teu mais reles soldado.

(...)

Se quem comanda os exércitos negligencia conhecer a fundo as tropas que deve levar ao combate e as que deve combater;

se não conhece perfeitamente o terreno onde se encontra no momento, nem aquele para onde vai, nem aquele onde se refugiar em caso de revés, nem aquele onde pode simular ir, sem outra intenção senão a de arrastar o inimigo, e se tampouco conhece o terreno onde pode ser forçado a parar, de uma hora para outra;

se movimenta seu exército inadvertidamente, se não está informado de todos os movimentos do exército inimigo e dos projetos de seu comandante;

se divide suas tropas sem necessidade, sem ser forçado a isso pela natureza do terreno, sem ter previsto todos os inconvenientes que poderiam resultar, ou sem ter certeza de qualquer vantagem real resultante dessa dispersão;

se permite que a desordem se insinue aos poucos em seu exército, ou se, baseado em sinais incertos, se persuade com muita facilidade que a desordem reina no exército inimigo, agindo em consequência;

se o exército definha visivelmente, sem que ele providencie um remédio imediato;

tal general será enganado pelos inimigos, que o ludibriarão mediante fugas planejadas, marchas dissimuladas, e por uma série de atos de que o general será a vítima.

(...)

Quem é verdadeiramente hábil na arte militar efetua todas as marchas sem desvantagem, todos os movimentos ordenados, todos os ataques certeiros, todas as defesas sem surpresa, todos os acampamentos com critério, todas as retiradas com sistema e método; conhece as próprias forças e as do inimigo; conhece perfeitamente o terreno.

Portanto, repito: Conhece-te a ti mesmo, conhece teu inimigo; tua vitória jamais correrá risco. Conhece o lugar, conhece o tempo; então, tua vitória será total.”








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