Os núcleos de base, como conceito, tem sido, desde a fundação do PT, uma espécie de símbolos da vocação democrática do partido. O problema é que, na prática, raramente funcionaram, como atestam resoluções de encontros nacionais de várias épocas. Estas resoluções trazem diagnósticos extremamente negativos da situação da política de núcleos de base, sempre seguidos de propostas de medidas capazes de permitir a superação das dificuldades registradas. O tempo passou e nada disso serviu para mudar o quadro desalentador descrito nestes documentos.
Os núcleos de base, hoje, como no passado, raramente funcionam e, quando funcionam, funcionam muito precariamente, atendendo a diminutas clientelas de filiados. O PT real nunca foi um partido de núcleos de base. Isto é um mito que alguns ainda alimentam movidos pela nostalgia de uma democracia partidária idealizada que nunca chegou de fato a ser realizada. E não pode ser realizada porque não foi bem compreendida a natureza desta entidade chamada "núcleo de base", menos ainda as condições necessárias para que ela ganhe vida.
A primeira coisa que se precisa ter claro é que,
estatutariamente, fundar um núcleo de base é um direito de todo filiado, mas
não é dever de ninguém. Ninguém, nem a direção partidária, é obrigado a criar e
manter núcleos de base. O filiado tem, de fato, direito de fundar um núcleo mas
faltam-lhe, quase sempre, competência e meios para fazê-lo, e ele acaba não o
fazendo. Por isso, faltam núcleos e sobram filiados, aos montes,
marginalizados, apartados de suas cidadanias partidárias, já que os diretórios
zonais, na maioria das vezes, também não funcionam efetivamente ou funcionam de modo extremamente precário.
A segunda coisa que se precisa ter claro é que uma base de
filiados não cultivada pela direção partidária muito dificilmente produzirá
núcleos de base. Núcleos de base não surgem por geração espontânea, em
quaisquer condições e circunstâncias. São obras da ação consciente dos
indivíduos, quando presentes três condições indispensáveis:
1 – comunicação entre filiados;
2 – uma pauta comum que os empolgue; e
3 – a existência de quadros.
Quadros, por sua vez, também não surgem, a três por dois, do
nada, batendo continência à porta dos diretórios, anunciando que estão prontos
para fundar um núcleo. Isto pode até acontecer vez por outra, mas serão sempre
exceções raríssimas. A regra é que permaneçam inativos e, portanto, invisíveis,
até que surja oportunidade de se descobrirem e de mostrarem seus potenciais. O
quadro se revela na ação política e, isso, quem tem que lhe proporcionar é a
direção partidária. Se militante é o filiado em ação, quadro é o militante que,
na ação, distingue-se dos demais militantes por uma superior disponibilidade para servir ao partido e por uma superior capacidade de elaboração política, de concepção de projetos e de realização de tarefas. A ação metódica e sistemática do diretório sobre sua base,
estimulando-a, pelo exemplo e pelo chamamento constante, à participação, é a única
maneira que existe de transformar filiados-eleitores em filiados-militantes.
Sem oportunidades de participação, não há militância partidária. E sem
militância partidária, não há possibilidade de se identificar potenciais
quadros e formá-los para servirem ao partido.
Se o nosso diretório zonal, quer mais núcleos em sua
jurisdição, então tem que cultivar a sua base de filiados, irrigando-a com
informação e arando-a com estímulo e propostas de estudo, reflexão crítica e
ação militante. A base de filiados do 1º Diretório Zonal é uma rica reserva
militante que permanece ociosa, inativa e inexplorada, simplesmente porque os dirigentes
do diretório não tem sido militantes. “Mais pé na estrada e menos bunda na
cadeira”, disse Lula, no último PED, ao conjunto dos dirigentes petistas. Até
agora, ninguém no nosso diretório lhe deu ouvidos. No momento em que o fizerem,
as coisas podem mudar radicalmente. Expandindo sua base de militantes, através
da mobilização dos filiados, o 1º Diretório pode aumentar ao mesmo tempo a sua
reserva de quadros. Estes quadros podem decidir ou não fazer uso do direito de
criar núcleos de base. Mas constituirão, efetivamente, a vanguarda
dirigente do partido nas zonas centro e sul do Rio, com a qual o diretório zonal deverá se manter em perfeita sintonia para a realização da democracia partidária e para a concepção e implementação dos seus projetos.
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