Correlação de forças é a razão presente na distribuição das forças envolvidas num conflito. Se a soma das forças é 10, esta razão pode ser de 1 para 9 (1/9), 2/8, 3/7, 4/6, 5/5, 6/4, 7/3, 8/2 ou 9/1, por exemplo.
"Força" é qualquer agente capaz de modificar o estado de repouso ou movimento retilíneo e uniforme de um corpo.
"Correlação" significa "relação mútua".
A física ensina que a ação sobre um corpo de duas forças de mesma direção e sentidos opostos, provoca um deslocamento deste corpo no espaço proporcional à força resultante da diferença entre os valores das intensidades das duas forças, na direção em que ambas atuam e no sentido da força de maior intensidade. Ou seja, a força maior vence a força menor, com uma facilidade proporcional à diferença de intensidade que houver entre ambas.
Para a física, duas ou mais forças atuando sobre um mesmo objeto formam um "sistema de forças". A luta de classes pode, portanto, ser pensada como um sistema de forças. Uma das forças é a classe proprietária dos meios de produção - a burguesia -, a outra força é a classe trabalhadora e o objeto sobre o qual ambas atuam é o Estado, instrumento da imposição de determinada ordem política, econômica e social ao país.
Correlação de forças é a razão presente na distribuição das forças envolvidas num conflito. Se a soma das forças é 10, esta razão pode ser de 1 para 9 (1/9), 2/8, 3/7, 4/6, 5/5, 6/4, 7/3, 8/2 ou 9/1, por exemplo.
Em "Esquerdismo: a doença infantil do comunismo", Lenin alerta para "a necessidade de levar em conta, com estrita objetividade, as forças de classe e suas relações mútuas antes de empreender qualquer ação política". O que ele chama de "relações mútuas" entre as "forças de classe", é o que hoje chamamos de "correlação de forças entre as classes".
Muito antes de Lenin, Sun Tzu, o general chinês, autor de "A arte da Guerra", já ensinava que uma correta avaliação da própria força, comparada à força do inimigo, deveria orientar as decisões do general em combate, ou seja, que a correlação de forças deveria orientar a tática. Dizia ele:
"Conhece o ponto forte e o fraco tanto dos que forem confiados a teus cuidados quanto dos inimigos. Informa-te da quantidade e do estado em que se encontram as munições e os víveres dos dois exércitos.
(...)
Ciente de tuas capacidades e limitações, não inicies nenhuma empreitada que não possas levar a cabo.
(...)
O general deve basear-se em avaliações prévias. Elas apontam para a vitória quando demonstram que sua força é superior à do inimigo. Indicam a derrota quando demonstram inferioridade.
Com numerosos cálculos, pode-se obter a vitória. Teme quando os cálculos forem escassos. E quão poucas chances de vencer tem aquele que nunca calcula!
Graças a esse método, eu, Sun Tzu, avalio a situação e o desfecho se perfilará claramente.
(...)
Um general pode cometer muitos erros. Se engajar as tropas no momento errado, fará com que ataquem quando não convém.
(...)
Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso.
Se ignoras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas.
Mas, se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas.
(...)
Um bom general não deve jamais dizer: Aconteça o que acontecer, farei tal coisa. Irei lá, atacarei o inimigo, sitiarei tal praça. Somente as circunstâncias devem ditar a conduta. Ele não deve ater-se a um sistema geral, nem a uma maneira única de comandar. Cada dia, cada ocasião, cada circunstância requer uma aplicação particular dos mesmos princípios. Os princípios são bons em si mesmos; mas sua aplicação os torna amiúde nefastos.
O general deve conhecer a arte das mudanças. Se ele se fixa em um conhecimento vago de certos princípios, em uma aplicação rotineira das regras da arte bélica, se seus métodos de comando são inflexíveis, se examina as situações de acordo com esquemas prévios, se toma suas resoluções de maneira mecânica, é indigno de comandar.
(...)
Em suma, o comando das tropas exige atenção contínua do general.
Sem perder de vista o exército inimigo, ele precisa sondar o seu.
Informa-te quando o contingente dos inimigos aumenta, informa-te da morte ou deserção de teu mais reles soldado.
(...)
Quem é verdadeiramente hábil na arte militar efetua todas as marchas sem desvantagem, todos os movimentos ordenados, todos os ataques certeiros, todas as defesas sem surpresa, todos os acampamentos com critério, todas as retiradas com sistema e método; conhece as próprias forças e as do inimigo e conhece perfeitamente o terreno.
Portanto, repito: Conhece-te a ti mesmo e conhece o teu inimigo e tua vitória jamais correrá risco. Conhece o lugar, conhece o tempo e, então, tua vitória será total."
Destaco este trecho do texto de Sun Tzu:
"Um bom general não deve jamais dizer: Aconteça o que acontecer, farei tal coisa. Irei lá, atacarei o inimigo, sitiarei tal praça. Somente as circunstâncias devem ditar a conduta."
As circunstâncias, para ele, são o conjunto de fatores que definem a correlação de forças entre os exércitos combatentes. Estes fatores são as diferenças quantitativas - dimensões dos contingentes - e qualitativas - organização, combatividade, disciplina, habilidades e meios - entre as tropas e as condições do campo de batalha, no momento em que elas se enfrentam. Trata-se, neste último quesito, da geografia e das condições climáticas do terreno, que podem ser mais vantajosas para um ou outro dos exércitos que se enfrentam. Na guerra, as condições do campo de batalha determinam as possibilidades e limites para a movimentação das tropas.
Já na luta política, o campo de batalha é o espaço público em que os cidadãos permutam informações sobre o contexto social, resultante das condições culturais e econômicas de cada momento. E é este contexto social o fator que determina a distribuição dos indivíduos entre as forças políticas em disputa e as possibilidades e limites para a movimentação destas forças.
Clausewitz afirma que, na guerra, "a superioridade numérica é (...) o fator mais importante no resultado de um engajamento (combate), enquanto for suficientemente grande para compensar todas as outras circunstâncias que contribuem para este resultado". Acredito que isto valha também para a luta política.
Mas, pondera Clausewitz, que "um fator essencial é possuir força no ponto realmente vital. Normalmente este é na realidade o fator mais importante. A obtenção de força no ponto decisivo depende do poderio do exército e da competência com que este poderio é empregado". Trata-se portanto, esta competência, da capacidade de identificar corretamente o "ponto vital" do inimigo, que é aquele ponto onde se anula a sua capacidade de reação, e mobilizar a força máxima do exército que se comanda para um ataque que atinja, com precisão, este ponto.
Na política, esta competência é a capacidade de definir corretamente um objetivo que, em sendo alcançado, reduza ou anule a capacidade de resistência do inimigo, e mobilizar a própria base social para a conquista desse objetivo. Diz Clausewitz: "Ocorre, portanto, que devem ser empregadas no engajamento (combate), no ponto decisivo, o maior número de soldados possível". No caso do partido político, devem ser empregadas no combate, no ponto decisivo, o maior número possível de militantes e/ou eleitores.
No regime democrático, a correlação de forças é o fator único determinante das vitórias nas disputas políticas. Trata-se, neste caso, de avaliar quantas pessoas estão convencidas da correção de uma ideia e dispostas e preparadas para lutar por ela e quantas a repudiam, são-lhe indiferentes ou simplesmente não estão preparadas para defendê-la.
O partido político é basicamente uma máquina de propaganda que busca persuadir cidadãos e formar maioria na sociedade favorável a um determinado ponto de vista da realidade e favorável a um projeto concebido a partir deste ponto de vista. Seu objetivo é ser conduzido pela mobilização da maioria social conquistada ao controle do Estado, seja através da eleição dos seus candidatos nas disputas por mandatos nos governos e parlamentos, seja através das formas pacíficas de pressão sobre governos e parlamentos para a realização parcial ou total do seu projeto ou seja pela tomada do poder político através da ação militar.
Na luta política, os exércitos combatentes são as correntes de opinião pública. As circunstâncias que precisam ser consideradas, portanto, na concepção das ações políticas, tem que ser aquelas que dizem respeito à correlação de forças entre as correntes de opinião pública em disputa na sociedade. E esta correlação de forças pode ser avaliada de duas maneiras. Ou pela correlação entre as forças políticas no parlamento, que corresponde ao número de deputados e senadores de cada partido ou campo político e que sempre reflete a correlação entre as forças políticas na sociedade durante a última eleição, ou através de pesquisas de opinião pública, que tentam captar a correlação entre as forças políticas na sociedade no momento em que se faz cada pesquisa.
As circunstâncias que devem determinar as ações políticas são circunstâncias políticas, que decorrem, como não pode deixar de ser, das circunstâncias sociais, que resultam, a seu turno, das circunstâncias econômicas e culturais. Se as circunstâncias políticas não favorecem a um projeto político, ou seja, se um projeto político não conta com o apoio e o engajamento da maioria da sociedade, este projeto tende a ser derrotado quando levado às instâncias de decisão do Estado. Mas se, ao contrário, as circunstâncias políticas favorecem a um projeto político, ou seja, se ele conta com o apoio e o engajamento da maioria da sociedade, então este projeto tende a ser aprovado e implementado, quando levado às instâncias de decisão do Estado.
O que se chama de luta de classes é, na verdade, a luta entre a esquerda e a direita dentro da própria classe trabalhadora. Porque o exército da burguesia, que controla o Estado, não é feito de burgueses, é feito de trabalhadores. Porque a imprensa da burguesia, que monopoliza os meios de comunicação, não é feita por burgueses, é feita por trabalhadores. E porque os eleitores que garantem seguidas e expressivas vitórias ao partidos burgueses, não são burgueses, são trabalhadores.
A imensa maioria da sociedade é formada por trabalhadores. Portanto, a luta de classes nada mais é do que um conflito no qual os trabalhadores lutam entre si, uns a favor de uma nova ordem mais igualitária, como propõe a esquerda, e outros em favor da preservação da ordem vigente, inigualitária, defendida pela direita e que favorece à burguesia. A luta da esquerda é basicamente uma atividade de propaganda que visa à mudança na distribuição atual dos trabalhadores entre as duas forças ideológicas que se opõem na sociedade, esquerda e direita, ou seja, à mudança na atual correlação de forças da luta de classes que, para ser corretamente avaliada, precisa considerar os seguintes fatores:
O mesmo Clausewitz, aliás, dizia que "na tática, como na estratégia, a superioridade numérica é o elemento mais comum na vitória". Eu diria, mais que isso, que o fator numérico é aquele que caracteriza o poder democrático, já que a democracia se define exatamente como o governo da maioria. Diria, portanto, que, na democracia, não basta só vencer, é preciso vencer com a maioria.
Na democracia representativa, as forças políticas em luta na sociedade, são convertidas, através do voto, em mandatos para o exercício da representação popular em governos e parlamentos. Por isso, num regime democrático, quanto maior o apoio das massas a um partido ou frente de partidos políticos, maior a influência ou controle que este partido ou essa frente podem exercer sobre o Estado e mais legitimidade têm para governar em nome do povo.
Mas, então, é possível vencer a luta política sendo minoria? Sim e a história está repleta de exemplos disso. Quando a vantagem numérica da maioria não é suficientemente grande para compensar uma grande vantagem que a minoria eventualmente tenha nos quesitos organização e logística, a maioria tende a ser derrotada, porque são estes fatores, a organização e a logística, que viabilizam, na prática, a conversão da vantagem numérica em força social capaz de influenciar efetivamente o processo político institucional. A organização e a logística é que viabilizam a ação eficaz do contingente, fazendo de uma multidão dispersa de indivíduos uma verdadeira organização de combate político.
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Já na luta política, o campo de batalha é o espaço público em que os cidadãos permutam informações sobre o contexto social, resultante das condições culturais e econômicas de cada momento. E é este contexto social o fator que determina a distribuição dos indivíduos entre as forças políticas em disputa e as possibilidades e limites para a movimentação destas forças.
Clausewitz afirma que, na guerra, "a superioridade numérica é (...) o fator mais importante no resultado de um engajamento (combate), enquanto for suficientemente grande para compensar todas as outras circunstâncias que contribuem para este resultado". Acredito que isto valha também para a luta política.
Mas, pondera Clausewitz, que "um fator essencial é possuir força no ponto realmente vital. Normalmente este é na realidade o fator mais importante. A obtenção de força no ponto decisivo depende do poderio do exército e da competência com que este poderio é empregado". Trata-se portanto, esta competência, da capacidade de identificar corretamente o "ponto vital" do inimigo, que é aquele ponto onde se anula a sua capacidade de reação, e mobilizar a força máxima do exército que se comanda para um ataque que atinja, com precisão, este ponto.
Na política, esta competência é a capacidade de definir corretamente um objetivo que, em sendo alcançado, reduza ou anule a capacidade de resistência do inimigo, e mobilizar a própria base social para a conquista desse objetivo. Diz Clausewitz: "Ocorre, portanto, que devem ser empregadas no engajamento (combate), no ponto decisivo, o maior número de soldados possível". No caso do partido político, devem ser empregadas no combate, no ponto decisivo, o maior número possível de militantes e/ou eleitores.
No regime democrático, a correlação de forças é o fator único determinante das vitórias nas disputas políticas. Trata-se, neste caso, de avaliar quantas pessoas estão convencidas da correção de uma ideia e dispostas e preparadas para lutar por ela e quantas a repudiam, são-lhe indiferentes ou simplesmente não estão preparadas para defendê-la.
O partido político é basicamente uma máquina de propaganda que busca persuadir cidadãos e formar maioria na sociedade favorável a um determinado ponto de vista da realidade e favorável a um projeto concebido a partir deste ponto de vista. Seu objetivo é ser conduzido pela mobilização da maioria social conquistada ao controle do Estado, seja através da eleição dos seus candidatos nas disputas por mandatos nos governos e parlamentos, seja através das formas pacíficas de pressão sobre governos e parlamentos para a realização parcial ou total do seu projeto ou seja pela tomada do poder político através da ação militar.
Na luta política, os exércitos combatentes são as correntes de opinião pública. As circunstâncias que precisam ser consideradas, portanto, na concepção das ações políticas, tem que ser aquelas que dizem respeito à correlação de forças entre as correntes de opinião pública em disputa na sociedade. E esta correlação de forças pode ser avaliada de duas maneiras. Ou pela correlação entre as forças políticas no parlamento, que corresponde ao número de deputados e senadores de cada partido ou campo político e que sempre reflete a correlação entre as forças políticas na sociedade durante a última eleição, ou através de pesquisas de opinião pública, que tentam captar a correlação entre as forças políticas na sociedade no momento em que se faz cada pesquisa.
As circunstâncias que devem determinar as ações políticas são circunstâncias políticas, que decorrem, como não pode deixar de ser, das circunstâncias sociais, que resultam, a seu turno, das circunstâncias econômicas e culturais. Se as circunstâncias políticas não favorecem a um projeto político, ou seja, se um projeto político não conta com o apoio e o engajamento da maioria da sociedade, este projeto tende a ser derrotado quando levado às instâncias de decisão do Estado. Mas se, ao contrário, as circunstâncias políticas favorecem a um projeto político, ou seja, se ele conta com o apoio e o engajamento da maioria da sociedade, então este projeto tende a ser aprovado e implementado, quando levado às instâncias de decisão do Estado.
Luta de classes
O que se chama de luta de classes é, na verdade, a luta entre a esquerda e a direita dentro da própria classe trabalhadora. Porque o exército da burguesia, que controla o Estado, não é feito de burgueses, é feito de trabalhadores. Porque a imprensa da burguesia, que monopoliza os meios de comunicação, não é feita por burgueses, é feita por trabalhadores. E porque os eleitores que garantem seguidas e expressivas vitórias ao partidos burgueses, não são burgueses, são trabalhadores.
1 - o fator numérico - distribuição do apoio das massas entre a esquerda e a direita;
2 - o fator organizativo - grau de organização de cada polo (esquerda e direita); e
3 - o fator logístico - quantidade e qualidade dos meios que cada polo dispõe para o combate, o que se avalia considerando o grau de acesso e capacidade de processamento e análise de informações e o grau de domínio dos recursos materiais e técnicos necessários à realização de ações políticas coletivas de grande magnitude. O fator logístico inclui, evidentemente, portanto, o grau de controle do Estado que cada lado detém.
"Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado", dizia Marx em seu livro 18 Brumário. A ação política num regime democrático, guarda esta similaridade com todas as demais ações humanas, inclusive com a guerra que, segundo Clausewitz, é um instrumento da própria política.
O mesmo Clausewitz, aliás, dizia que "na tática, como na estratégia, a superioridade numérica é o elemento mais comum na vitória". Eu diria, mais que isso, que o fator numérico é aquele que caracteriza o poder democrático, já que a democracia se define exatamente como o governo da maioria. Diria, portanto, que, na democracia, não basta só vencer, é preciso vencer com a maioria.
Na democracia representativa, as forças políticas em luta na sociedade, são convertidas, através do voto, em mandatos para o exercício da representação popular em governos e parlamentos. Por isso, num regime democrático, quanto maior o apoio das massas a um partido ou frente de partidos políticos, maior a influência ou controle que este partido ou essa frente podem exercer sobre o Estado e mais legitimidade têm para governar em nome do povo.
Mas, então, é possível vencer a luta política sendo minoria? Sim e a história está repleta de exemplos disso. Quando a vantagem numérica da maioria não é suficientemente grande para compensar uma grande vantagem que a minoria eventualmente tenha nos quesitos organização e logística, a maioria tende a ser derrotada, porque são estes fatores, a organização e a logística, que viabilizam, na prática, a conversão da vantagem numérica em força social capaz de influenciar efetivamente o processo político institucional. A organização e a logística é que viabilizam a ação eficaz do contingente, fazendo de uma multidão dispersa de indivíduos uma verdadeira organização de combate político.
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