terça-feira, 2 de julho de 2013

Reflexões e propostas para a administração do 1º Diretório Zonal do PT-Rio/RJ.

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web em 2 de julho de 2013, com o número 13449)

Rio, 2 de julho de 2013.

Prezad@s Companheir@s.


Antes de entrar no tema que pretendo abordar nesta mensagem, sugiro que releiam a mensagem que lhes enviei em 23 de maio, intitulada “Para avançar mais, é preciso mais democracia”. Passados 40 dias, desde aquela minha correspondência, penso ser útil e oportuno fazer algumas breves considerações, à luz dos recentes acontecimentos. Não foi no tempo, nem da maneira que esperávamos, mas afinal o povo, através da classe media, assumiu o protagonismo da luta política. Não houve tempo para fazermos o giro estratégico que eu identificava em iniciativas então recentes da direção do partido, por isso acabamos sendo literalmente atropelados pela mobilização das massas. 


Agora, refeitos do susto, é hora de dar sequência ao que já começava a ser feito, apoiando-nos na força dessas mobilizações, para impor aos nossos aliados institucionais a implementação da agenda da esquerda democrática e da classe trabalhadora, com a celeridade exigida pelas ruas.  Para avançar mais, continua sendo preciso mais democracia. Democracia se faz com povo na rua e o povo está nas ruas. Não percamos a oportunidade histórica de avançar com o povo, porque só ao povo interessa o projeto da esquerda democrática. É hora de reforçar e consolidar a aliança que o PT estabeleceu com o povo nas urnas, levando essa aliança para as ruas, onde o povo agora se manifesta. Mas, para isso, é preciso preparar o partido. E é sobre essa preparação que, a partir de agora, quero falar.



Administrar prá democratizar e lutar.


Construção partidária? Organização Partidária? Não. Vamos usar o termo que melhor define as nossas necessidades. O PT precisa de Administração Partidária

Administração é a ciência social que estuda o desempenho das organizações para identificar, desenvolver e sistematizar, as práticas que apresentam os melhores resultados, transformando-as em teorias destinadas a orientar a construção e manutenção de outras organizações. 


Administrar é coordenar o processo de planejamento, organização, liderança (ou direção) da execução e controle, das ações realizadas pelos membros de uma organização, e do uso de seus recursos físicos ou materiais, financeiros e mercadológicos, nestas ações, para alcançar os objetivos estabelecidos.


Planejar é definir objetivos e as ações necessárias para atingi-los, considerando os recursos disponíveis.


Organizar é distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério. É definir quem faz o que, onde e de que maneira. 


Liderar (ou dirigir) a execução é influenciar os membros da organização a realizarem as tarefas que lhes são designadas, segundo as orientações estabelecidas.


Controle é a avaliação e a cobrança permanente dos resultados do trabalho.


Essas quatro funções - planejamento, organização, liderança (ou direção) e controle - compõem o que se chama de Processo Administrativo.


Agora, voltando à política.


Administrar prá democratizar e lutar. Esta, a meu ver, deve ser a palavra de ordem da 1º zonal daqui por diante, expressão da política prioritária que precisa ser desenvolvida por seus dirigentes e por sua vanguarda para dar ao partido condições de enfrentar e vencer os graves desafios que lhe são postos pela nova conjuntura inaugurada depois dos protestos de junho.


O tema da Administração Partidária é hoje a mais importante e necessária discussão que precisa ser feita pelo Partido dos Trabalhadores, assim como as atividades de Administração Partidária, são as suas mais importantes e necessárias tarefas. O déficit administrativo do PT do Rio, muito particularmente o desta zonal, é algo que salta aos olhos de tão evidente. Este é, sem dúvida nenhuma, o nosso mais grave problema. Porque a falta de uma adequada política administrativa compromete o funcionamento da democracia interna do partido e anula inteiramente a sua capacidade de promover ações coletivas de impacto social e político proporcional ao seu número de filiados. Investir na administração da 1ª zonal, portanto, é o único caminho seguro para nos tornamos aqui, nas zonas centro e sul do Rio, aquilo que o PT se propõe a ser em seu estatuto e na resolução política aprovada em seu 3º Congresso: um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente.


Ante a virada brusca da conjuntura, com a eclosão da recente onda de protestos, fomentada e instrumentalizada pela direita, parece um tanto óbvio que a luta de classes mudou de patamar. Ela foi das urnas para as ruas, e radicalizou-se como a décadas não se via. O PT, pego de surpresa, está, literal e politicamente, apanhando, porque não se preparou, nenhum pouco, para essa situação que, convenhamos, era bastante previsível. Afinal, em algum momento as ruas, necessariamente, voltariam a ser palco da disputa política. Pois esse momento veio e cá estamos nós, perplexos e impotentes diante dele. 


Essa fragilidade que o PT está revelando e a velocidade dos acontecimentos em curso exige agora do partido senso de urgência e de alerta. É hora de pensar agindo e agir pensando, para revolucionar a máquina partidária inútil e obsoleta que temos, afim de torná-la, tão rápido quanto nos seja possível, uma ferramenta útil à luta da esquerda democrática e da classe trabalhadora em defesa de suas conquistas e de seu projeto, neste momento de crise e na nova etapa da luta de classes que se inicia a partir dele.


O PT não pode esperar pelo PED de novembro para se revolucionar administrativamente. A conjuntura política tem evoluído de forma acelerada e exige que o partido dê respostas firmes e imediatas, sob pena de ser superado por outras forças políticas, hostis ao seu projeto. E, para dar essas respostas, já não nos basta mais fazer a disputa política apenas no parlamento e nas eleições bianuais. Mais do que nunca, essa disputa tem que ser feita hoje no cotidiano da sociedade. 


O PT tomou, recentemente, a decisão de ir pras ruas disputar com a direita a direção do movimento de massas, e o resultado foi desastroso porque, com baixíssimo número de militantes, fomos facilmente derrotados. Evidenciou-se, assim, uma realidade jamais cogitada nas duas últimas décadas. A de que nos faltam militantes. O pequeno e bravo contingente que nos restou está muito longe de ser suficiente para confrontar e derrotar a direita nas ruas.. 


O PT é o segundo maior partido do país em número de filiados, com quase 1,5 milhão. Destes, uma parcela ínfima é militante. O militante é o trabalhador e o soldado voluntário da política. É a inteligência, a força produtiva e a infantaria do partido, nos embates mais duros e extenuantes do dia a dia, que se dão no chão da sociedade, ininterruptamente, longe dos holofotes da mídia. Os militantes são, além disso, as células nervosas do partido, que transmitem e recebem estímulos do partido e da sociedade, fazendo a ligação entre ambos. Sem militantes o partido perde sensibilidade para captar o que está acontecendo no ambiente social. Isso explica, de certa forma, o susto que levamos neste junho. Sem militantes, não tivemos sensibilidade para perceber o que estava em gestação.


Agora, perguntem-se, meus amigos, por que nos faltam militantes, se temos tantos filiados? Será falta de disposição dos filiados, será falta de política do partido ou será falta de iniciativa e empenho dos nossos dirigentes? 


Um partido é uma associação e associar é somar. Quando um eleitor do PT se filia ao partido, ele afirma, com esse gesto, o seu desejo de somar, de contribuir com algo, além do voto nas urnas. O filiado é, portanto, alguém que se dispõe a ser mais do que eleitor. Ele quer participar da elaboração política e das decisões, quer contribuir financeiramente, e quer ser um trabalhador e um soldado voluntário a serviço do partido e suas causas. Ele quer realmente “fazer parte” e “fazer a sua parte”.


O “pré-sal” do PT é a sua base de filiados. É dela, e só dela, que o partido pode extrair todos os recursos humanos e materiais necessários para enfrentar e vencer a dura luta que tem pela frente. E quem tem o dever político e a prerrogativa estatutária intransferível de extrair e administrar esses recursos é a direção partidária. O dever da direção partidária é corresponder ao desejo do filiado de participar, acolhendo sua intenção de ajudar e absorvendo todos os recursos que ele queira e possa nos oferecer, para o devido emprego na realização das ações políticas necessárias à conquista dos objetivos do partido.


Na zonal, não sei quantos somos. No município do Rio, somos quase 50 mil filiados. Essa, companheiros e companheiras, é a nossa preciosa reserva de militantes e quadros. É aí, e só aí, entre estes 50 mil filiados, que os Diretórios Municipal e Zonais podem e devem recrutar novos militantes e quadros, para atuação nas novas frentes de trabalho e luta que o PT precisa abrir na sociedade para responder às exigências da nova conjuntura aberta pelos protestos de junho.


É preciso entender porque a base de filiados do PT do Rio se manteve até agora como reserva militante ociosa e improdutiva, para poder reverter esse quadro e torná-la ativa e produtiva. Perguntei-lhes, parágrafos atrás, porque acham que ao PT faltam militantes. Se por falta de disposição dos filiados, se por falta de política do partido ou se por falta de iniciativa e empenho dos dirigentes. 


A tese que defendo é de que falta ao Partido dos Trabalhadores uma política administrativa adequada ao seu propósito de ser um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, como determina o seu estatuto e a resolução política do 3º Congresso. O partido tem recursos para isso, mas não os usa. E não os usa, a meu ver, porque não sabe o que fazer e como fazer.


Quando falo em Política Administrativa, refiro-me a uma metodologia que permita ao partido usar os recursos que tem, nas ações que conceba para atingir seus objetivos. Essa metodologia, que ainda nos falta, deveria, a meu ver, ser formulada pela direção nacional do partido para orientar todos os demais níveis de direção onde, frequentemente, membros de diretórios acabam tendo mal desempenho por não saberem o que fazer e como fazer. Mas, enquanto a direção nacional não faz  isso, creio que a 1ª Zonal pode e deve fazer um esforço para elaborar o seu próprio Manual de Administração Partidária, que podemos, quem sabe, mais adiante, oferecer como contribuição ao conjunto do partido, pelo menos para que se inicie um debate mais amplo sobre essa questão. 


Companheiras e companheiros. Nenhuma das discussões que tem sido propostas por vocês, até agora, nessa lista de e-mails, é mais importante do que a discussão ainda não feita sobre a missão que nós temos de preparar o partido para botá-lo em movimento. Por mais pertinentes e importantes que sejam os temas levantados, o debate que sobre eles façamos só será realmente útil se puder chegar ao conjunto dos filiados de base para se transformar em ações práticas coletivas. Por ora, somos ínfima minoria nessa lista e, ao que tudo indica, muito pouco conscientes dos graves problemas administrativos que temos e de como esses problemas inviabilizam o Diretório Zonal como força política nas zonas centro e sul do Rio. 


O debate que nós temos que fazer é sobre como incorporar efetivamente ao partido o conjunto dos filiados de base, de modo que eles possam dar vida ao partido, para que o partido se torne um sujeito político que possa ser reconhecido, por sua presença e atuação, nos bairros dessa região da cidade. Nós, que aqui estamos, circunstancialmente somos a vanguarda do PT. Mas somos a vanguarda de um partido esvaziado. Lá fora uma multidão de filiados permanece dispersa e distante do partido, porque o próprio partido, tendo-a formalmente aceito, manteve-a à margem de debates, decisões e atividades. A nossa falta de iniciativa levou a que o ato da filiação tenha perdido totalmente o sentido de um compromisso político para se transformar em mera formalidade burocrática.


A força de um partido está na ação concentrada de seus membros sobre determinados objetivos. Essa unidade de ação coletiva exige planejamento, organização, direcionamento e controle. Numa palavra, exige administração. Esse é o papel da direção partidária. Administrar as intenções e os esforços dos filiados, fazendo-os convergir para um ponto, um único e inconfundível ponto, no espaço e no tempo da sociedade. E a condição básica para que se consiga dar essa coesão à ação política partidária é a existência de uma direção que se comunique com sua base de filiados, mediando o debate coletivo para a formação de consensos, e organizando as disposições e disponibilidades existentes para a vocalização de um discurso comum  e o desenvolvimento de ações unificadas. 


Todo partido é uma organização, toda organização é uma associação e toda associação é uma soma de intenções e de esforços. Milhares de filiados dispersos e sem coordenação não formam, de modo algum, um partido, pela razão simples de que não somam absolutamente nada. Pois esta é a situação que temos em nossa zonal. A rigor, os petistas daqui, não formam sequer uma comunidade, já que estão diluídos na sociedade, sem manter, uns com os outros, qualquer vínculo ou interação que permita a realização de ações combinadas. A exceção é esta diminuta lista de e-mails.


O PT não existe, como partido, nas zonas sul e centro do Rio, pela evidente razão de que o Diretório Zonal não dirige a zonal, e não a dirige porque não vai ao encontro e não se comunica com sua base de filiados. A comunicação é o fator mais importante para o sucesso de qualquer organização. Sem ela, sequer um planejamento correto de ações é possível, porque não se terá o necessário conhecimento dos recursos disponíveis. E se não se conhece os recursos disponíveis, como organizá-los? Como, além disso, liderar pessoas com as quais não se tem o menor contato? 


As competências do Diretório Zonal estão bem definidas e descritas no Estatuto do PT. Seus objetivos, aí também inscritos, são os objetivos do partido adaptados à realidade local. Portanto, considerando tudo o que até aqui tenho dito, quero lhes dizer que tenho a mais absoluta convicção de que todo planejamento que se faça para a atuação do 1º Diretório Zonal deve se basear no profundo conhecimento de três fatores balizadores essenciais: o estatuto, a realidade local e a base de filiados. Nesse sentido é que eu lhes apresento as seguintes propostas para início de implementação imediato:



Propostas ao 1º Diretório Zonal do PT-Rio/RJ.


1 - Instituir a disciplina do Estudo Sistemático do Estatuto do PT.
2 - Mapear o perímetro de ação do 1º Diretório Zonal, bairro a bairro, rua a rua, Cep a Cep, para permitir o planejamento de suas atividades.
3 - Criar o banco de dados do 1º Diretório Zonal, com informações sobre filiados, ruas, bairros, instituições, dados para contatos com especialistas para entrevistas e consultas, e todo material que possa servir à reflexão e ao debate intrínsecos aos processos de elaboração política.
4 - Instituir o Censo Anual dos filiados da zonal para localizar, identificar e quantificar recursos humanos, alimentando e atualizando, com as informações colhidas, o banco de dados do 1º Diretório Zonal. 
5 - Extinguir todas as secretarias existentes no 1º Diretório Zonal e criar três secretarias que cumpram as funções mais estratégicas para o seu bom desempenho no cumprimento das atribuições descritas no Estatuto do PT:  a Secretaria de Administração e Finanças, a Secretaria de Comunicação e Relacionamento e a Secretaria de Arquivo, Documentação e Pesquisa.
5.1 - A Secretaria de Administração e Finanças deve ser dividida em cinco subsecretarias:  a Subsecretaria de Planejamento, a Subsecretaria de Finanças, a Subsecretaria de Organização, a Subsecretaria de Operações e a Subsecretaria de Controle.
5.2 - A Secretaria de Comunicação e Relacionamento deve ser constituída por uma produtora de conteúdo jornalístico e educativo, nos formatos digital e impresso, e por uma central de relacionamento com os filiados via internet (e-mail e redes sociais), telemarketing, correio e visitas domiciliares
5.3 - A Secretaria de Arquivo, Documentação e Pesquisa será responsável pala criação e manutenção do Banco de Dados da Zonal, que terá como fontes e demandantes a Secretaria de Administração e Finanças e a Secretaria de Comunicação e Relacionamento. 
6 - Criar o Fundo Partidário Zonal (FPZ), com contribuições mensais obrigatórias dos filiados. Dois meses serão repassados ao Diretório Nacional, como manda o Estatuto, e os outros dez meses ficam com o próprio Diretório Zonal, alimentando o FPZ.
7 - Convocar a Conferência Zonal de Administração e Finanças Partidárias, a Conferência Zonal de Comunicação Partidária e a Conferência Zonal de Arquivologia Partidária.
7.1 - Convocar a Conferência Zonal de Administração e Finanças Partidárias, convidando filiados da zonal que sejam profissionais de administração e finanças a se debruçarem sobre o tema proposto e a discorrerem sobre ele, para subsidiar o debate do conjunto do partido e futuras decisões a serem tomadas pelo Diretório Zonal. A realização desta conferência permitirá a identificação de quadros técnicos e seu relatório final deverá servir de base para o aperfeiçoamento da Secretaria de Administração e Finanças, e até mesmo para avaliar a correção da estrutura partidária adotada, do ponto de vista do seu potencial de eficácia e eficiência.
7.2 - Convocar a Conferência Zonal de Comunicação Partidária, convidando filiados da zonal que sejam profissionais da comunicação a se debruçarem sobre o tema proposto e a discorrerem sobre ele, para subsidiar o debate do conjunto do partido e futuras decisões a serem tomadas pelo Diretório Zonal. A realização desta conferência permitirá a identificação de quadros técnicos e seu relatório final deverá servir de base para o aperfeiçoamento da Secretaria de Comunicação e Relacionamento.
7.3 - Convocar a Conferência Zonal de Arquivologia Partidária, convidando filiados da zonal que sejam profissionais da arquivologia a se debruçarem sobre o tema proposto e a discorrerem sobre ele, para subsidiar o debate do conjunto do partido e futuras decisões a serem tomadas pelo Diretório Zonal. A realização desta conferência permitirá a identificação de quadros técnicos e seu relatório final deverá servir de base para o aperfeiçoamento da Secretaria de Arquivo, Documentação e Pesquisa.
8 - O Diretório Zonal se compromete a criar e dar suporte político e administrativo à manutenção de um núcleo de base por bairro e dos núcleos setoriais zonais previstos no estatuto do PT. 
8.1 - O Diretório Zonal se compromete a criar uma equipe de suporte administrativo para atender aos núcleos de base e setoriais.
8.2 - O Diretório Zonal se compromete a criar uma equipe de suporte político para atender aos núcleos de base e setoriais.
9 – O Diretório Zonal se compromete a investir na elaboração de um Manual de Administração Partidária para orientar os membros do próprio Diretório Zonal e os dirigentes dos núcleos de base e setoriais de sua jurisdição.

Filiados-eleitores, militantes e quadros.


Companheiras e companheiros. Construir um partido é filiar simpatizantes e criar e manter estruturas de comunicação e de participação democrática nas decisões. É este o propósito do programa que lhes apresento, sem jamais deixar de considerar que para realizá-lo em sua integralidade, precisamos de quadros em quantidade superior à que hoje temos. Por isso mesmo, o próprio programa já contém uma política de identificação e recrutamento de quadros, composta pelo censo partidário e pelas conferências temáticas.

Reitero o meu entendimento de que militante é apenas o filiado que trabalha voluntariamente sob o comando do partido, e não o que, sendo apenas eleitor, atua de forma autônoma. Quadros são os militantes mais qualificados, que surgem da própria base de filiados, revelando características que os fazem destacar-se em meio aos demais, com talento especial para atividades específicas e um alto grau de compromisso com a construção do partido e com a defesa de suas causas. 


Num partido de massas e de quadros, como o que o PT se propõe a ser, os quadros dirigem a massa e se submetem a uma disciplina de estudo, trabalho e luta, que da massa não se exige, nem se espera. Por isso é fundamental ter uma política muito bem delineada para eles, afim de torná-los capazes de desempenhar sua função primordial de dirigentes. 


Quadros não nascem prontos, nem caem do céu. Revelam-se na ação política cotidiana, onde o potencial que trazem se desenvolve no contato com os militantes-quadros mais experientes, com os quais fazem o seu aprendizado e treinamento. A zonal tem que ter, por isso, uma rotina de atividades políticas que dê aos filiados a oportunidade de atuar como militantes. Atentos ao desempenho de cada militante, os dirigentes devem dar aos melhores e aos mais empenhados uma atenção especial, para ajudarem a desenvolver o potencial que eles revelam em suas ações. Os melhores militantes são os futuros quadros, que devem ser preparados para assumir a responsabilidade de dirigentes, conforme suas características particulares, inicialmente em níveis inferiores da hierarquia partidária, onde, continuamente postos à prova, se preparam para assumir responsabilidades de maior magnitude.


Nesta, como em muitas outras atividades humanas – como o esporte e as artes, por exemplo –, a quantidade gera a qualidade. Quanto mais se repete um movimento, mais se desenvolve uma habilidade. E quanto maior o número de indivíduos observados no exercício de suas habilidades, maior o número dos que se destacam por revelarem uma habilidade naturalmente superior aos demais. Só se transforma um filiado-eleitor num militante, dando a ele oportunidade e estímulo para militar. E quanto maior o número de militantes, maior o número de quadros, já que os quadros nada mais são que os melhores militantes assumindo responsabilidades à altura de suas superiores qualidades e potenciais. 



Conclusão.


Se pensam, com razão, os companheiros, que somos poucos ainda ante um projeto que lhes parece um tanto ambicioso, digo-lhes que não se subestimem e que considerem a força indutora e o efeito pedagógico do exemplo que podem dar. Ativismo gera ativismo, movimento gera movimento. Vimos de longos anos de paralisia e chegou a hora de quebrar essa inércia, para ir ao encontro de nossa base de filiados, onde certamente haveremos de encontrar novos parceiros, para a construção do PT que a esquerda democrática e a classe trabalhadora precisam.  Um partido realmente democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, como prevê seu estatuto e a resolução política do 3º Congresso. Chega de pensar por pensar, de debater só prá marcar posição e disputar eleições internas. É hora de pensar para agir e pensar, sobretudo, em como agir. É hora de ir prá base, transformar eleitores em militantes, e militantes em quadros, para montar e equipar o nosso exército. Este, companheiros e companheiras, é o grande desafio que temos o dever de encarar para avançar com nosso projeto, nessa nova etapa da luta de classes inaugurada pelos protestos de junho. Pensando bem, há razões de sobra para enfrentarmos esse desafio com otimismo, confiança e entusiasmo. Façamos, pois, o que só de nós depende.

Saudações Petistas,

Silvio Melgarejo

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