(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web em 12 de julho de 2013 com o número 13628. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)
Obrigado, Sol, pela resposta.
Meu comentário:
Deixar de participar expondo divergências, é uma concessão que se faz, na prática, aos que pretendem impor uma uniformização artificial do pensamento do grupo. A democracia nunca foi, em nenhum tempo ou lugar, uma ordem gratuitamente concedida. Ela foi e será sempre conquistada. Mas para isso é preciso que se lute por ela. Ofensas pessoais e agressões verbais devem ser firmemente repudiadas por todos os membros do partido, se quisermos que aqui reine realmente uma democracia, com espaço para expressão da pluralidade e da diversidade de pensamentos de nossa base de filiados.
Às vezes, no calor dos debates, pode, eventualmente, um ou outro companheiro se exaltar além da medida, extravasando antipatias pessoais e políticas para além do limite recomendável à manutenção da harmonia do grupo. Por isso, o partido tem que ter mediadores para os debates, com autoridade para chamar os que se excedem à razão, deixando claro, para todos, quais são os limites e as regras da liberdade de expressão dentro do PT. Senão vira uma guerra, um "cada um por si" em que prevalecem os espíritos belicosos e menos civilizados.
Entendo que nem todos gostem do conflito. Mas não há na vida como fugir do conflito o tempo todo. Quando um conflito compromete o funcionamento de uma organização, é necessário resolvê-lo, sob pena de se acumularem crescentes prejuízos. A solução autoritária dos conflitos é impedir que eles se explicitem. Já a solução democrática dos conflitos começa com a sua explicitação. É o que precisamos fazer aqui, já que temos, indiscutivelmente, um conflito latente, que não se expressa em toda a sua amplitude e complexidade. O que fazemos então?
Se a maioria desaprova certos comportamentos, é preciso que a maioria se organize para expressar publica e inequivocamente esta desaprovação, inibindo pela censura coletiva reiterada a repetição destes comportamentos. A direção do partido deve também, respaldada nesta manifestação da maioria, adotar medidas práticas disciplinadoras, usando para isto os instrumentos previstos no estatuto do PT.
O que tenho visto, é que muita gente se queixa, em conversas laterais. Mas ninguém toma atitude nenhuma. Ninguém toma a iniciativa e banca o debate público aberto sobre o problema que vê. Então o problema se perpetua. Se os incomodados, ao invés de enfrenta-lo, mudam-se, tudo permanece como está, sem perspectiva de mudar, por absoluta ausência de interesse e disposição de luta.
Se há, em nosso meio, como tenho ouvido tantas vezes recentemente, companheiros e companheiras que agridem a dignidade pessoal daqueles de quem divergem, e se isso incomoda a tanta gente, como aparenta, a ponto de provocar até autocensuras e autoexílios, é preciso que este problema, que traz indiscutivelmente prejuízos para o partido, receba o devido tratamento, que não é certamente ser jogado prá debaixo do tapete.
A direção da zonal tem que usar sua autoridade para propor e liderar um debate público, uma “comissão da verdade”, em que todos possam expressar livremente e com franqueza, sem constrangimentos de qualquer natureza, as suas queixas em relação aos supostos comportamentos autoritários e seus portadores. Sem que este problema seja posto de uma vez na pauta de discussões da zonal, para ser tratado de forma serena, corajosa e transparente, não haverá resolução possível para ele.
No PT, os incomodados não tem que se mudar. Tem que lutar para mudar o que os incomoda no partido. Só assim vamos construir aqui uma democracia.
Grato, mais uma vez, pela atenção de sua resposta, Sol, espero ver cada vez mais você se manifestando nesta lista, enriquecendo o debate interno do partido e denunciando os eventuais desvios autoritários, para que todos, juntos, possamos reagir a eles com a necessária firmeza e prontidão.
Abraços,
Silvio Melgarejo
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