Muito bem, Ricardo. Finalmente me responde aqui na lista. Vamos então ao debate, companheiro. Lamento, mas minha mensagem terá que ser necessariamente longa, em função da quantidade e complexidade dos temas a tratar. Espero que você e os demais companheiros tenham paciência e boa vontade para ler e refletir sobre o que tenho a dizer. Não espero que concordem, apenas que respeitem e pensem. Vamos lá.
O seu problema, Ricardo Quiroga, é que você toma por pessoais, as críticas que faço à sua conduta política. Como filiado de base tenho garantido, pelo Estatuto do partido, o direito de julgar o desempenho do meu dirigente. E tenho feito uso desse direito considerando a situação em que vejo a zonal, mas também a experiência que tenho tido no trato com quem a preside. Se você acha que eu devo considerar algo além disso, me faça o imenso favor de dizer o que é, com todas as letras. Eu tenho certeza de que a quase totalidade dos filiados dessa lista ignora, tanto quanto eu, esse misterioso passado a que tanto fazem referência você e Ricardo Adams. Se há algo na página da zonal que desvende esse mistério, poste, por favor, os links dos tópicos que têm essas informações. Não sou adivinho e garanto a você que estou bastante curioso prá ler as mensagens a que você e Ricardo Adams têm feito referência de modo enigmático.
Temos aqui um fato concreto, que relato agora de maneira absolutamente impessoal. Eu perguntei ao presidente do 1º Diretório Zonal se tinha uma listagem de filiados, com dados para contato, para fazermos trabalho de base. Ele me disse que não tinha. Primeira coisa que pensei: é possível fazer trabalho de base sem saber onde estão os filiados e como estabelecer comunicação com eles? Resposta óbvia: não. Isto significa que o 1º Diretório, por não ter uma listagem de filiados, com dados para contato, esteve, sabe-se lá desde quando, impossibilitado de se relacionar com sua base. Isto é ou não é um enorme prejuízo para o partido? Estou seguro que sim. E quem é o responsável político por esse prejuízo? Ninguém? Todo mundo? Quem, além disso, é politicamente responsável por garantir ao presidente do 1º Diretório Zonal acesso à tal listagem de filiados? Ele mesmo? O Diretório Municipal? Quem é responsável pelo que, afinal, neste partido? Ninguém se responsabiliza por nada? De quem devo cobrar o aparecimento dessa bendita lista? Quando é que ela vai aparecer para começarmos finalmente a trabalhar?
O que eu precisaria saber ou vivenciar, Ricardo, para me convencer de que não estou diante de uma situação absurda, do ponto de vista político e administrativo, e de que você, como dirigente, não tem nada a ver com isso?
Você diz que eu quero impor minhas ideias. Que poder eu tenho prá isso, companheiro, senão o dos meus argumentos? Tento persuadir as pessoas, não tenho esse direito?
Agora o Censo. O Censo Partidário não é uma consulta política, é uma pesquisa com fins administrativos. Por isso não precisa de nenhuma autorização de instâncias superiores. É uma atividade básica de Construção Partidária. Não tem o menor sentido o Diretório Zonal ter que pedir autorização de instâncias superiores para fazer trabalho de base. Porque é só disso mesmo que se trata. Censo Partidário é trabalho de base, nada além disso. O Diretório Zonal precisa conhecer as habilidades e disposições dos seus filiados para o desempenho de tarefas práticas do partido; precisa localizá-los no espaço geográfico de sua jurisdição e precisa estabelecer formas de manter, permanentemente, contato com eles. Para isso serve o Censo. Através dos questionários, pergunta-se a formação profissional e acadêmica, o endereço, telefones, e-mails, redes sociais, e disponibilidade de tempo para o trabalho voluntário. Esses dados abasteceriam um banco de dados, que seria usado no planejamento de atividades. Não há uma linha sequer do Estatuto que impeça o Diretório Zonal de fazer isso. Se houvesse, seria uma contradição com o objetivo de construir um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, estabelecido no Estatuto, e com o cumprimento, pelo Diretório Zonal, da maior parte de suas competências, também descritas no Estatuto. O Censo Partidário é, portanto, e só pode ser, uma prioridade, para quem tem, realmente, como prioridade, a organização partidária. É o meu caso.
Você diz, também, Ricardo, que eu quero me "colocar como o verdadeiro revolucionário". Se é isso que aparenta, lamento, porque, realmente, não é minha intenção. Defender a revolução, prá mim, não torna ninguém revolucionário. Revoluções não decorrem da vontade de indivíduos, são produtos da história que não dependem, não previnem, nem pedem licença aos indivíduos. O verdadeiro revolucionário, prá mim, se revela na revolução, e menos pelo discurso do que pela atitude. Sei que estou num partido tensionado por propostas revolucionárias e reformistas. E acredito que a organização partidária é fundamental para o sucesso de ambas. Por isso disse à companheira Eugênia Loureiro, no dia 4 de julho:
"(...) Sem organização, não se faz revolução, nem reformas, não se ganha eleição, não se pressiona parlamento, nem se ajuda a sustentar governo nenhum. Partido desorganizado, é partido fraco, sem musculatura prá enfrentar e vencer o vale-tudo da disputa política com a direita e com a burguesia. (...)"
(mensagem 13480 de 04/07/2013)
E, em 5 de julho, disse ao companheiro Renan Brandão:
"(...) E isso está acontecendo, Renan, porque o partido virou um gigante obeso e flácido. Tem tamanho, mas não tem força. Inchou, mas não ganhou musculatura. Cresceu em número de filiados, mas mantém estes filiados dispersos, não os dirige, porque não tem organização. (...)"
(mensagem 13498 de 05/07/2013)
Tento, portanto, Ricardo, persuadir a todos de que, sejam quais forem os seus objetivos, só poderão ter êxito com um partido muito bem organizado. Defendo a ideia de que a força de um partido está na sua organização. E, nessa defesa, cito fontes para os mais diferentes gostos. Cito um texto do José Dirceu, de 1986, mas também cito a tese A Esperança é Vermelha, da Articulação de Esquerda, de 2007. Cito Lenin e Trotsky, mas também cito livros de professores de administração.
Mas o meu empenho em tornar o tema da organização prioritário na zonal, é porque entendo que a primeira e a maior vítima da falta de organização num partido é a democracia partidária. A imensa maioria dos petistas filiados vive à margem do partido. Não porque queira, mas porque não é sequer procurada por seus dirigentes. Os dirigentes, por sua vez, muitas vezes, não podem procurar os filiados de sua base, simplesmente porque desconhecem os seus paradeiros, não têm os seus telefones, e-mails, etc. Sem esse contato com seus dirigentes, esses companheiros ficam excluídos do partido, porque não podem ser chamados para as atividades, para a participação nas instâncias, ou mesmo para o intercâmbio de ideais com os outros filiados através da internet.
Um resumo do que penso está no trecho, que cito abaixo, da mensagem que enviei a esta lista, no dia 3 de julho, intitulada "Reflexões e propostas para a administração do 1º Diretório Zonal do PT-Rio/RJ":
"O tema da Administração Partidária, é hoje, a mais importante e necessária discussão que precisa ser feita pelo Partido dos Trabalhadores, assim como as atividades de Administração Partidária, são as suas mais importantes e necessárias tarefas. O déficit administrativo do PT do Rio, muito particularmente o desta zonal, é algo que salta aos olhos de tão evidente. Este é, sem dúvida nenhuma, o nosso mais grave problema. Porque a falta de uma adequada política administrativa compromete o funcionamento da democracia interna do partido e anula inteiramente a sua capacidade de promover ações coletivas de impacto social e político proporcional ao seu número de filiados. Investir na administração da 1ª zonal, portanto, é o único caminho seguro para nos tornamos aqui, nas zonas centro e sul do Rio, aquilo que o PT se propõe a ser em seu estatuto: um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente."
(mensagem 13449 de 03/07/2013)
Sobre sua critica à primazia que tenho dado à participação virtual sobre a participação em reuniões presenciais, me parece totalmente descabida. E você sabe perfeitamente qual é a minha posição sobre isso, pois já a externei prá você pelo Facebook. No dia 6 de julho, eu te disse lá o seguinte:
"Pela nova versão do estatuto, os fóruns na internet são considerados núcleos de base. É assim ou estou interpretando errado?
O que eu leio aqui é o seguinte, Ricardo:
Reforma do Estatuto, aprovada no 4º Congresso, 03.09.2011, item 35, 'Participação digital'. Diz o seguinte:
'Ficam incluídos os coletivos petistas nas redes sociais da Internet como Núcleos de base.'
E no Estatuto diz o seguinte:
'Art. 61. São considerados Núcleos quaisquer agrupamentos de (...) filiados ou filiadas ao Partido, organizados por atividades afins, tais como (...) coletivos nas redes sociais da internet (...)'.
É evidente, Ricardo, que para se reconhecer formalmente um núcleo, é necessário que se demonstre a sua existência real. Mas, desde que isso é feito, dispensa-se a presença e o núcleo pode perfeitamente cumprir as suas finalidades apenas virtualmente, reunindo-se excepcionalmente quando houver necessidade de uma votação formal e para a implementação das atividades práticas na rua.
As reuniões costumam ser esvaziadas porque a maioria das pessoas não suporta ou não tem tempo a perder com discussões intermináveis que não decidem nada e não têm consequência prática nenhuma. Esse tipo de participação, o debate para elaboração política, que é sempre necessariamente longo e exaustivo, pode ser feito pela internet com o mesmo proveito que se tivessem todos reunidos numa sala, com a vantagem de que pode-se conseguir ter um número maior de participantes por evidentes facilidades como a flexibilidade de horário e a possibilidade de ler e reler o que é dito a qualquer tempo.
Estamos num mundo em que ninguém quer perder tempo. E eu creio que a proposta de participação digital responde às necessidades desse novo mundo em que tudo é tão rápido e fluido. Acho que a forma que pode ser mais produtiva de trabalhar é assim: na internet se combinam as coisas, fora da internet se realiza o combinado. É isso o que eu entendo que seja a participação digital. Mantém-se as reuniões presenciais, e reconhece-se e estimula-se estas novas alternativas de participação, que podem sim ser chamadas de núcleos virtuais, já que tem como ambiente principal de participação a internet.
Acho que esse tema precisa ser melhor discutido no partido. Eu, acho, por exemplo, que a lista de emails da zonal deveria ser tratada como um núcleo, ainda que não precise ser reconhecida formalmente como tal, já que é um canal de comunicação mantido pelo Diretório Zonal. Enfim, segue o debate."
Ao invés de se preocupar com a ausência às reuniões presenciais de alguém que exerce a participação digital reconhecida pelo Estatuto do partido, você deveria estar se preocupando com a ausência de milhares de filiados tanto das reuniões, quanto da lista de e-mails. Você diz que tem contigo cerca de 4 mil boletos, só para os filiados antigos. Só que aqui na lista somos apenas 208, e as reuniões não conseguem ter muito mais que meia dúzia de presentes. O resto todo fica de fora. Por que será? E será que esses milhares de ausentes sabem das reuniões? Será que eles sabem da lista de e-mails? Será que sabem da existência do 1º Diretório Zonal? Quanto a mim, companheiro, prefiro dialogar com duzentas cabeças abertas pela internet, do que me digladiar com meia dúzia de cabeças feitas numa salinha. Reunião de meia dúzia, prá mim, só se for prá trabalho ou prá formalizar decisões pelo voto. O resto, é perda de tempo e aborrecimento inútil. E, convenhamos, se a maioria dos inscritos nessa lista não pensasse como eu e não tivesse a mesma percepção, essas reuniões da zonal teriam muito mais frequência.
Quero agora abordar o tema que considero, realmente, mais polêmico que é a questão da quebra de sigilo. A questão que se coloca aqui é a seguinte: filiado de base tem obrigação de manter sigilo, perante os outros filiados, sobre o que é tratado nas discussões políticas que tem com seu dirigente, em particular? Por que? Em que esse sigilo serve ao partido? Também sobre isso, Ricardo, eu já externei minha posição, na mensagem que te mandei, pelo Facebook, no dia 7 de julho, depois de você ter me expressado o teu desagrado com a publicação, nesta lista, da mensagem "DENÚNCIA: Presidente da 1ª zonal não tem listagem de filiados?!!!" (mensagem 13517 de 06/07/2013). Eu disse a você o seguinte:
"Eu é que lamento, Ricardo, essa sua atitude. Você reage como se eu tivesse obrigação de manter sigilo sobre uma informação que é fundamental prá se fazer um balanço equilibrado de acertos, erros e responsabilidades, das direções zonal e municipal do partido. Você me disse que não dispunha de uma lista com dados para contato com os filiados e atribuiu isso a impedimentos impostos pelo Diretório Municipal. À seguinte pergunta que te fiz: 'Quando você diz que o DM "enrolou", significa que se você tivesse insistido, ele atenderia, te liberaria a lista?'; você respondeu: 'Como eu insisto em muita coisa pessoalmente não sei dizer'. Ora, Ricardo, se você tivesse insistido, teria dito que tinha insistido, e não que insiste em 'outras coisas', mas que, quanto a esta, não sabe dizer. Agora, me diga, honestamente, porque eu deveria manter sigilo sobre isso?
Leia com atenção, no Facebook, a íntegra do nosso diálogo e veja por si mesmo quantas vezes eu reiterei e justifiquei minha intenção e minha decisão de tornar público o conteúdo de nossa conversa. Destaco, aqui, os argumentos capitais com que sustento a correção da minha atitude e o equívoco da sua. Em dado momento, eu te disse: 'Você é um cara legal, em quem eu enxergo honestidade e boa fé. Mas acho que errou como dirigente. Não quero crucificar o Ricardo, apenas apontar o erro do presidente do 1º DZ, esperando de você uma autocrítica, para virarmos a página, depois de discutirmos e decidirmos coletivamente sobre novos encaminhamentos. Vou postar o texto e fazemos essa discussão por lá. Acho que esse debate tem que ser feito em público, já que é político e não pessoal, e trata de uma questão que eu considero das mais relevantes, nas atuais circunstâncias'.
Podemos, Ricardo, ser algum dia grandes amigos. Por enquanto, não somos. Nossa relação é exclusivamente política. Eu sou filiado de base de um partido do qual você é dirigente. E só. Tenho compromisso unicamente com minha consciência e com o PT. Sou, além disso, no partido, independente, livre, portanto, de qualquer compromisso de favorecer, poupando de críticas, quem quer que seja, indivíduo ou tendência. Você parece ainda não ter entendido essa minha condição, por isso acha-se no direito de me cobrar fidelidade. Fidelidade a que, eu te pergunto, se afinal não sou teu amigo, nem pertenço à tua tendência? Por isso acho descabida essa tua imposição de alinhamento. Por que devo fazer coro às, muitas vezes, justas críticas que vocês fazem à CNB e ao DM, silenciando, por outro lado as críticas que tenho a você e à AE? Essa tentativa de tentar me enquadrar às tuas conveniências pessoais e políticas, assemelha-se muito, às atitudes autoritárias atribuídas por você à Eugênia, que você tanto critica.
Ninguém é perfeito, companheiro. Todos falhamos e estamos sujeitos a críticas. O partido é feito de gente, e gente erra. Acolher as críticas, com humildade, avaliar com serenidade se são ou não procedentes, e fazer autocrítica no caso de serem, é a única forma de transformar experiência em lição, contribuindo para o aprendizado próprio e coletivo. Essa é uma compreensão que todos devemos ter, principalmente os que são dirigentes, como você. Nós fazemos política porque acreditamos que através da política podemos transformar o mundo. Estamos no PT porque acreditamos no projeto do partido, e precisamos uns dos outros para defender esse projeto e realiza-lo. Nossas divergências não podem sobrepor-se às nossas convergências, mas também não podem ser silenciadas em favor de uma falsa e indesejável homogeneidade total de pensamentos. Democracia é o regime que pretende resolver conflitos explicitando os conflitos, não os ocultando, como você pretendia fazer. Compreendo agora a companheira que acusa o seu grupo de conchavos. Você se irritou porque não conseguiu obter o meu silêncio sobre algo que de fato disse. Ainda bem que não me acusou de mentiroso, que só fez críticas à minha suposta indiscrição e ao meu modo de escrever 'professoral'. Senão, realmente eu teria razões prá duvidar do seu caráter. Eu não menti, você bem sabe.
Continuo apostando na sua boa fé e honestidade. Mas acho que sua atuação como dirigente tem problemas que eu, como filiado de base, tenho o dever e o direito de apontar, para que o partido discuta e encontre o tratamento mais adequado, já que você mesmo se nega a admitir que erra. Eu quero ajudar a construir o PT democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, previsto no nosso estatuto*. Entendo que a falta de política administrativa é o maior entrave a que se consiga atingir esse objetivo. É disso que quero tratar hoje no PT. Tudo mais que se queira discutir é, prá mim, secundário. Não adianta aprovar uma política certa se o partido não tiver força prá defende-la. E a força de um partido está na sua organização. Desorganizados, como estamos, faremos mais um PED de poucos na 1ª zonal. E um PED de poucos significa menos legitimidade e menor capacidade de implementar com sucesso o que for aprovado. Quero convencer você e os demais companheiros da prioridade que a administração partidária deve ter sobre todos os demais temas nesse momento. É a administração partidária que vai fortalecer nossa democracia interna e nos tornar uma força política atuante nas zonas sul e centro do Rio.
Choques de visões e interesses são naturais na democracia. Nós trombamos agora, Ricardo, e certamente vamos trombar outras vezes. Mas somos soldados da mesma causa e não podemos perder de vista a coincidência de nossos objetivos, tão bem descritos no estatuto do nosso partido. Nossa divergência reside, claramente, na forma de alcançar estes objetivos. Sem renunciar ao dever e direito de externar minhas criticas, quero expressar o meu respeito à sua condição de dirigente e militante, e o desejo de manter contigo o diálogo, a meu ver, produtivo que temos tido aqui no Facebook, com a ressalva de que acharia melhor compartilhá-lo com os demais companheiros do partido, lá na nossa lista. Sugiro, então, que façamos isso. Que mantenhamos nossas conversas de maneira pública, na lista, afim de que os demais possam nos acompanhar e também participar, dando sua contribuição.
Um abraço, companheiro."
[* Na verdade esta definição se encontra na resolução do 3º Congresso, de 2007]
Portanto, Ricardo, a história real não é bem como você conta. Eu não conversei "primeiro inbox com as pessoas para obter informações", nem construí e espalhei "dossiezinho" nenhum. Isso é ridículo. Eu não sou um "aloprado" (rsrsrs). Foi você quem puxou conversa comigo, e a única coisa que eu sempre quis era fazer trabalho de base. Por isso perguntei se você tinha a lista com os contatos, você disse que não e que a culpa era do DM. Eu achei absurdo, um escândalo, que você esteja chegando ao final do seu mandato sem ter uma lista de contatos prá falar com a sua base. E disse a você que isso não podia ficar assim, que tinha que ser denunciado. Você tentou me dissuadir, mas não me convenceu, porque eu achava e acho que todos deveriam saber disso. Foi o que fiz. Denunciei. E o pior é que ninguém achou nada demais.
Você se engana ao presumir que quero vender uma imagem de revolucionário socialista. É incrível essa sua propensão para ignorar o que é dito e ficar tentando adivinhar a intenção de quem diz. Com esse tipo de disposição você nunca vai conseguir dialogar com ninguém, muito menos estabelecer debates produtivos. Porque a matéria prima tanto do diálogo, quanto do debate, é a palavra falada ou escrita, não o pensamento, que é insondável. Pare de tentar adivinhar o que eu pretendo na zonal e preste mais atenção no que eu te digo.
Quando você me acusa de ser um "franco-atirador", acaba revelando que me tem como inimigo ou concorrente. Não sou uma coisa, nem outra, não sou candidato a nada, você é que parece não estar muito habituado a ser criticado. Acho engraçado você me criticar por eu não ter feito a menor questão de perguntar como atuou a Zonal nos últimos anos. E você acha que eu precisaria mesmo perguntar para saber como atuou a zonal nos últimos anos? O que faz um Diretório Zonal quando não dispõe de uma lista completa de filiados com, pelo menos, nome, endereço, telefone, e-mail e redes sociais? Não faz nada, Ricardo. Não tem como fazer, porque não tem como localizar as pessoas e se comunicar com elas.
Você diz que eu não sei nada do funcionamento interno do partido. Pois eu te digo que sei o suficiente prá me convencer de que tá tudo errado, de que o Estatuto do partido não está sendo cumprido. Ao contrário do que você diz, eu não ataco "tudo e todos, e ponto final". Isso é mentira. Eu critico a falta de organização e proponho medidas organizativas muito claras, que, aliás, ninguém aqui quis discutir. Isso demonstra que há mesmo, como tenho dito, uma falta generalizada de compreensão dos companheiros quanto a importância da organização partidária.
Bem, vamos passar a outro trecho da sua mensagem. Você diz primeiro:
"Reclama de autoritarismo e falta de democracia, mas nenhuma palavra sua foi censurada aqui, mesmo com todas as bobagens que disse. Ainda assim, acredita que pode sair julgando os atos dos demais como se um magistrado revolucionário fosse."
Um dirigente partidário que não reconhece e não respeita o direito de um filiado de base lhe fazer críticas, é um dirigente autoritário. Você não rebate críticas, Ricardo; você bate no crítico. Isso faz de você um dirigente autoritário. O autoritarismo pode se expressar de mil formas, mas será sempre autoritarismo. São autoritários tanto os que cassam a palavra dos críticos, quanto os que tentam intimidá-los ou desmoralizá-los, mas também os que fecham os ouvidos a eles, negando-lhes respostas, cercando-os de indiferença, para vencê-los pelo cansaço. Um dirigente partidário democrata nunca age de nenhuma dessas formas, porque respeita o filiado de base e o compromisso da instituição a que ambos pertencem com o ideal democrático.
Depois, você disse:
"A questão é que nem todos têm seu tempo ocioso para ficar em um debate estéril e inconsequente. Enquanto você se autopromove, tem gente tentando garantir que os filiados novos e antigos tenham a possibilidade de votar no PED, dar visibilidade à campanha da Reforma Política e ao mesmo tempo permitir que a Zonal tenha seu funcionamento mínimo garantido."
Eu deveria usar um perfil fake e uma máscara do Anonimus prá debater aqui na lista, Ricardo? Sim, porque aí eu poderia promover as minhas ideias - que é o meu propósito - sem promover o meu nome, já que isso te incomoda tanto. Mas aí eu ia ser criticado por não revelar meu nome, não é mesmo? Já disse e repito: eu não quero autopromoção e nem preciso. Você, sim, precisa, já que é candidato.
Cada vez mais eu entendo o porque de as reuniões da zonal só terem meia dúzia de presentes e a lista de e-mails ter apenas 208 inscritos, quando a zonal tem mais de 4 mil filiados. O presidente não admite ser criticado e considera o tema da organização "um debate estéril e inconsequente". "Tem gente tentando garantir que os filiados novos e antigos tenham a possibilidade de votar no PED, dar visibilidade à campanha da Reforma Política e ao mesmo tempo permitir que a Zonal tenha seu funcionamento mínimo garantido"? Ótimo. Mas será que isto significa abandonar completamente o maior fórum de debates da zonal que é essa lista de e-mails? Não é aqui o melhor ambiente para combinarmos as atividades relacionadas a estes objetivos? Só vejo você combinando com uma ou outra pessoa a entrega do boleto de cada uma. Mas e os milhares que estão fora desta lista? Você ainda não disse como pretende fazer prá que os boletos e uma explicação sobre o PED cheguem até eles. Vai mandar pelo correio? Quem vai pagar a postagem? Vai entregar pessoalmente? Quem vai fazer as entregas? Nós temos que discutir isso aqui, Ricardo. Em nenhum outro lugar você vai poder falar, de uma só vez, com mais de 200 filiados da zonal. É aqui, e só aqui, que você pode recrutar voluntários e distribuir tarefas, combinando a forma de realizá-las. Ou será que você considera isso "um debate estéril e inconsequente"?
Sem uma listagem com dados para contato com os filiados, Ricardo, você não tem como se comunicar com a imensa maioria dos filiados da zonal. E é espantoso que você não se disponha a fazer o único trabalho de base, de maior abrangência, possível nessas circunstâncias, que é o trabalho de base através da internet. Só através dessa lista de e-mails você pode conversar diariamente com mais de duzentos filiados de um só vez. Você despreza essa possibilidade e prefere ficar só nas reuniões mensais com meia dúzia. Parece que se conforma, mesmo, com esse funcionamento mínimo que a zonal está tendo, apesar de todo o potencial que ela tem.
Por fim, vamos aos dois últimos parágrafos da sua mensagem. Aqui você dá uma medida exata, Ricardo, da sua disposição para o trabalho de base em equipe. Você diz:
"Se você quer ajudar nisso ao invés de ficar nessa atitude arrogante e mesquinha, será um prazer. Pode enviar cartas para os 4.311 filiados da Zonal ou procurá-los de casa em casa. Terá todo meu apoio e solidariedade."
Ou seja, se eu quiser ajudar, tenho que fazer tudo sozinho. Chega a ser cômico. Nós temos menos de um mês prá fazer esses boletos chegarem a todos os filiados, Ricardo. E não basta mandar só o boleto, tem que mandar também uma carta falando do PED e explicando a necessidade do pagamento. Pela exiguidade do prazo, a melhor alternativa é enviar tudo pelo correio. O custo tem que ser dividido entre os membros dessa lista. Não tem jeito, tem que ver a conta e passar a sacolinha.
Prá terminar, mais uma demonstração de desprezo pela Participação Digital, reconhecida pelo PT em seu 4º Congresso e incorporada, na mesma ocasião ao Estatuto do partido. Você diz:
"Enquanto preferir ficar nessa militância virtual, ao menos respeite quem milita no mundo real."
Militância virtual é real, Ricardo. Acorda. Toda a disputa ideológica e toda a guerra de informação e contra-informação entre esquerda e direita, no Brasil, tem se dado há anos pela internet. Os protestos de junho foram convocados pela internet. As pessoas discutiram, decidiram e combinaram a realização de todos os atos nas redes sociais. Portanto, militância virtual e militância presencial não se excluem. Ao contrário, se articulam, se completam e se potencializam mutuamente. Eu uso a internet, mas o meu objetivo é a rua. E a experiência dos movimentos sociais contemporâneos prova que eu estou certo. Porque todas as grandes manifestações de rua recentes do mundo, nasceram na internet. Não foi atoa que o 4º Congresso do PT, ocorrido em 2011, ano da Primavera Árabe, incluiu na reforma do Estatuto do partido um capítulo sobre a Participação Digital.
Respeito não é medo, não é devoção, não é, portanto, renúncia à crítica. Nós não estamos nem num quartel, nem num mosteiro. Estamos num partido que se pretende democrático. E numa democracia os dois conceitos, respeito e crítica, devem se fundir prá dar origem a um conceito só, expresso de duas formas. Como atitude, o respeito crítico, e como ação, a crítica respeitosa. Sei que todo orgulhoso sofre com as críticas, e que vê nas mais respeitosas, uma injusta e dolorosa agressão à sua dignidade pessoal. Raros de nós não padece dessas susceptibilidades. Por isso, a disciplina democrática, que tem na livre expressão da crítica um dos seus principais pressupostos, nos impõe a todos o exercício continuado da humildade, sem a qual toda crítica democrática, por mais respeitosa que seja, é tomada por declaração de guerra. Não há democracia que sobreviva a um ambiente assim, de intolerância.
Por último eu quero te fazer dois pedidos.
Primeiro, que me envie o arquivo com os boletos. Você disse que vem com endereço. Pois, então. Eu me comprometo a preparar uma listagem com nomes e endereços dos filiados, prá gente começar a visitar um por um e pegar os telefones e e-mails.
O outro pedido que te faço. Crie, por favor, urgentemente, uma comunidade para a zonal numa rede social. Você tinha razão quando me disse que a lista de e-mails é péssima prá se fazer debates. Se precisar de ajuda nisso, prá criar e manter a página, também estou à disposição.
Um abraço,
Silvio Melgarejo
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