(Mensagem enviada em 18 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16022)
Por questões de segurança, alguns dados citados na mensagem original estão sendo omitidos nesta edição pública e substituídos por asteriscos (*).
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Companheir@s.
A título de registro e para refletirmos um pouco, publico agora, aqui nesta lista de e-mails, a troca de mensagens que tivemos, eu e a companheira Cláudia Le Cocq, presidenta do 1º Diretório Zonal, entre os dias 12 e 13 de setembro, na página deste diretório no Facebook, a respeito da mensagem enviada por mim ao diretório, no dia 9 de setembro, através desta lista em que estamos, intitulada "Pela criação de Comitês de Filiados por Bairro".
Reproduzo também as trocas de mensagens que tive logo depois disso com os companheiros Marcus Vinícius, secretário-geral, e Carlos Kalifa, membro suplente do 1º Diretório, também aqui nesta lista.
Essas mensagens evidenciam, a meu ver, a dificuldade que este diretório zonal tem para se mover, mesmo quando todos os meios lhe são dados de bandeja. Nem tendo em mãos listagens por bairro com os endereços de todos os filiados dos 17 bairros da Sul, mais Glória, Santa Teresa e Centro, cuidadosamente agrupados por logradouro, por CEP, por edificação e por unidade habitacional, se animam seus membros a fazerem algum trabalho de base.
A proposta que fiz de que o diretório e a vanguarda com a qual ele mantém algum contato, começassem imediatamente a visitar todos estes filiados e que criassem Redes e Comitês de Filiados por Bairro, teria como efeito, se implementada, um incremento substancial da participação da base petista desses bairros tanto na campanha eleitoral, quanto na campanha de coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular da Reforma Política, que o PT, desde a reunião do Diretório Nacional de 1º de março de 2013, realizada em Fortaleza, tem tido como uma de suas prioridades.
Essa campanha de coleta de assinaturas simplesmente inexiste nesta zonal, assim como inexiste campanha eleitoral do PT na maior parte dos bairros da base territorial do diretório. E aonde existe campanha, as ações realizadas têm baixíssimo índice de participação de filiados em razão da absoluta falta de comunicação entre o diretório e a quase totalidade de sua base.
A outra dificuldade que essas trocas de mensagens confirmam, é a resistência deste diretório, que vem desde a gestão anterior, ao uso da internet como meio de comunicação com sua base de filiados, para o desenvolvimento tanto do debate político, quanto do debate sobre a administração da zonal.
A falta de notícias sobre o que tem sido tratado, decidido e realizado pelo 1º Diretório Zonal e sua Comissão Executiva, desde o início desta gestão, leva-me a crer que o diretório e sua executiva nunca se reúnem, não tendo, por isso mesmo, nunca nada para anunciar.
Mas mesmo nos fóruns de debates oficiais da instância, que são a lista de e-mails e a página no Facebook, evitam seus membros, sistematicamente, a discussão política e, sobretudo, a discussão administrativa.
A construção partidária parece um tema tabu, sobre o qual nunca nada se fala.
Todas as tentativas que fiz, desde maio do ano passado, quando nesta lista fui admitido, de discutir construção ou administração partidária, foram interditadas, seja por via da indiferença, seja por via da desqualificação a priori do que eu dizia ou pela desqualificação da minha pessoa, sem qualquer consideração pelo que eu dizia.
Tenho, além disso, a forte impressão, lendo mensagens na lista de e-mails e no Facebook, de que o cuidado excessivo em proteger amizades muito caras e de longa data, tem inibido o exercício da critica, necessário ao aprimoramento da ação partidária.
Não é, nunca foi e nunca será fácil proteger a relação pessoal de repercussões da relação política, quando a relação política é de divergência, ainda que ocasional ou pontual.
Mas a escolha de assumir ou não o risco de ver a crítica pública que se faz ferir involuntariamente susceptibilidades, depende exatamente do que representa para cada um o diretório zonal. Se antes uma instância partidária, ou se antes um clube de amigos.
Ninguém critica ninguém, publicamente, na 1ª zonal. Ninguém cobra nada de seus dirigentes. Os dirigentes não cobram uns dos outros. E, graças a esse pacto de boa e harmoniosa convivência, todos são muitíssimo amigos. Mas a zonal vai de mal a pior.
Se a leitura do Estatuto do PT permite, como penso, que se diga que as três grandes missões dos dirigentes partidários são garantir direitos e cobrar deveres dos filiados, garantir a democracia partidária e garantir o poder de ação do partido na base territorial de suas instâncias, é preciso que se reconheça, para dar ensejo a alguma mudança, que nada disso tem sido feito pelo 1º Diretório Zonal. E o pior é que ninguém fala nada, parece que está tudo muito bem.
Não está nada bem, companheiros. Estamos envelhecendo e morrendo e a militância do partido não tem se renovado. Entra eleição e sai eleição e a nossa militância está cada vez mais idosa e menos numerosa. Daqui a 5 ou 10 anos muitos de nós pode já ter ido desta prá melhor, sem ter realmente aberto as portas do PT para a juventude, nem deixado herdeiros políticos dentro partido capacitados para dar continuidade à luta pelo socialismo democrático iniciada, com sua fundação, há 34 anos.
O que será do PT no futuro, companheiros, se não aproveitarmos o que nos resta de vitalidade para dar vida ao partido e permitir que ele vá ao encontro da juventude que está lá fora e se renove, como se renovam todos os organismos vivos pela substituição constante das células? Um organismo cujas células não se renovam é um organismo morto. Pensem bem.
Já em 1987, o 5º Encontro Nacional do PT registrava a seguinte lição que, pelo visto, até hoje não aprendemos. Diz essa resolução:
"A fragilidade das estruturas orgânicas do PT teve início na campanha eleitoral de 1982, quando diluímos nossos núcleos e Diretórios em comitês eleitorais de candidatos que, em sua maioria, terminaram em 15 de novembro daquele ano, com o fim da campanha. De lá para cá, o PT encaminhou com relativo êxito algumas campanhas gerais, porém, até hoje, não conseguiu formular nem implementar uma política de organização que estimulasse o crescimento do Partido do ponto de vista orgânico (nucleação, formação política, finanças etc.). Essa fragmentação tem muito a ver com a postura que se tomou em relação à construção partidária. Mais que isto, tem a ver com a visão do papel do Partido que estamos construindo."A falta de estudo dos documentos do PT tem feito com que muitos de seus dirigentes ignorem o papel que o partido se propõe a ter na sociedade brasileira desde a sua fundação. E, sem essa referência fundamental, perde-se inteiramente a noção do partido que se precisa construir.
O PT quer conquistar o poder político para construir o socialismo democrático.
Para isso, ele entende que precisa ser um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente.
E só se constrói um partido assim, construindo diretório a diretório segundo esse mesmo modelo.
Os diretórios petistas, portanto, não podem ser só comitês eleitorais.
Porque comitê eleitoral só faz campanha eleitoral.
Diretório, não.
Diretório tem que construir o partido, o que significa filiar os simpatizantes e criar e manter estruturas e mecanismos para que eles participem das ações do partido e de seus processos decisórios.
Comitê eleitoral só funciona durante a eleição.
Diretório, não. Tem que trabalhar o tempo todo.
É assim que tem que ser no PT, porque assim o PT definiu em seus congressos e encontros nacionais.
Se não for assim, estaremos fazendo do PT um partido como outro qualquer e renunciando, na prática, ao objetivo estratégico de construir o socialismo democrático, constante dos documentos aprovados naqueles congressos e encontros, que são suas instâncias máximas superiores.
Por isso digo que o 1º Diretório Zonal está atuando de forma errada e que precisa se corrigir.
Errada não segundo um critério qualquer tirado de minha cachola.
Errada segundo os critérios estabelecidos nas resoluções do próprio partido, que a maioria, ao que tudo indica, ainda desconhece.
Passo, então, ao registro das mensagens trocadas desde o dia 12 nesta lista de e-mails e na página do diretório no Facebook com a companheira Cláudia e com os companheiros Marcus Vinícius e Carlos Kalifa.
Mensagens
No dia 12 de setembro eu, lá no Facebook, publiquei a seguinte mensagem, dirigida à companheira Cláudia:
"À PRESIDENTA DO 1º DIRETÓRIO ZONAL
Claudia Beatriz Le Cocq. Você leu a mensagem que mandei à lista de e-mails da 1ª zonal, intitulada "Pela Criação de Comitês de Filiados por Bairro"? Recebeu em seu e-mail pessoal o conjunto de arquivos que te mandei, com planilhas por bairro de todos os bairros da zona sul, mais Glória, Centro e Santa Teresa, com os endereços de mais de 3 mil filiados? É preciso que se diga, companheira Cláudia, sem rodeios, que estes 3 mil filiados simplesmente estão fora do partido e fora da campanha eleitoral porque o 1º Diretório Zonal não tem até hoje, por incrível que pareça, nenhum canal de comunicação com eles, o que é inadmissível. Esse pessoal tem que ser procurado, urgentemente, Cláudia, não dá prá simplesmente ignorar que eles existem, desprezar a contribuição que eles podem dar. Isso é um crime contra o partido e contra as candidaturas que estamos defendendo. É preciso procurá-los para dar chance a eles de participarem da campanha.
Mandei a mensagem e o conjunto de planilhas há 3 dias e estou aguardando um posicionamento seu e dos demais membros do diretório. São 15 membros efetivos, mais 10 suplentes. Não é possível que ninguém se manifeste sobre algo tão que importante como a organização da base de filiados da 1ª zonal. O diretório deveria ter isso como prioridade. Nós estamos numa campanha difícil e, por isso mesmo, o PT não pode desperdiçar os recursos humanos que tem em sua base. Tem que mobiliza-los. Mas, para mobiliza-los, precisa ter contato com eles. Lembro que são mais de 3 mil filiados, não é pouca gente. Essa turma tem que ser contatada e incorporada de alguma forma à campanha. É um desperdício deixar tanta gente de fora. Tem muito pouca gente na campanha, enquanto estes milhares de filiados não participam pela absurda razão de que não são chamados pelo diretório. Não é possível que ninguém veja, nesse partido, que isso está errado.
Aguardo uma manifestação sua, Cláudia. Um abraço, companheira."
https://www.facebook.com/groups/506192469470535/permalink/693808104042303/
No mesmo dia 12, a companheira Cláudia me respondeu nos seguintes termos:
"Eu oPTei em priorizar a campanha. A militância do PT está nas ruas, nas atividades com os nossos candidatos a Deputados Estaduais, Federais, com Lindberg e com Dilma. Ser petista nas eleições é levantar alto nossa bandeira, colocar a estrela no peito, vestir o vermelho, realizar comícios domésticos, participar dos Comícios organizados pelo PT, é organizar panfletagens, usar os adesivos nos carros e nas vestes, convencer a vizinhança e colegas de trabalho, é trabalhar com dedicação para reeleger Dilma Rousseff e eleger Lindberg Farias. É atuar no facebook e em grupos, é twttar ... não é ora de dividir ... é ora de ação, as sugestões são bem vindas ... mas tenho a clareza que participar é só querer. Viva o PT !!! Amanhã é dia da mobilização vermelha mais uma vez estaremos nas ruas !!!"
E no 13 de setembro, ainda na página do grupo do Facebook do diretório, em resposta a este post da companheira Cláudia Le Cocq, eu publiquei o seguinte texto:
"QUANTOS ESTÃO NAS RUAS?
QUANTOS PODERIAM ESTAR?
E POR QUE NÃO ESTÃO?
E quem disse, Claudia Beatriz Le Cocq, que eu não estou priorizando, neste momento, a campanha eleitoral? A questão é saber se queremos fazer uma campanha com poucos ou uma campanha com muitos, se queremos usar todo o potencial militante da zonal ou se vamos nos contentar em usar apenas uma pequena parte desse potencial.
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É um erro, sob qualquer ponto de vista, achar que os problemas deixam de existir só porque fechamos os olhos para eles ou porque ignoramos as vozes dos críticos. E é um erro gigantesco, tanto do ponto de vista político, do funcionamento da democracia partidária, quanto do ponto de vista administrativo, da busca da eficácia e da eficiência da máquina partidária, classificar, a priori, qualquer crítica e qualquer proposta de correção de procedimento como ameaça à unidade de ação partidária.
Na democracia, a unidade de ação se forja com base em consensos formados no livre debate, e não na abstinência da crítica ou na censura aos dissensos. A boa gestão de qualquer organização, além disso, exige que o administrador seja capaz de identificar o que está dando certo e o que está dando errado, com base na observação própria, mas também na escuta da opinião de seus colaboradores, afim de fazer os devidos acertos.
Classificar, como aqui se fez, precipitadamente e sem qualquer justificativa plausível, uma avaliação crítica do desempenho do diretório zonal e uma proposta concreta de correção de rumo, que pretende exatamente melhorar esse desempenho, como algo danoso para o partido e, portanto, indesejável, é, na prática, interditar o debate democrático pela via nada sutil da desqualificação prévia. Quando um não quer, dois não debatem. Não responder a questionamentos ou recusar-se a emitir juízo sobre análises e propostas apresentadas, são formas de negação do debate democrático. E é isso o que, lamentavelmente, estou vendo aqui.
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Olha, companheira Cláudia, eu fico feliz de você ter me dado alguma resposta. Afinal, o diálogo é uma via de mão dupla. Mas parece, companheira, que você não leu ou, se leu, não entendeu nada do que eu disse. Em que ponto exatamente do meu texto você conseguiu encontrar alguma intenção de dividir, algo que eu tenha proposto que possa sequer ameaçar causar alguma divisão? Leio, releio e não acho. Muito pelo contrário. Em meu texto, eu aponto apenas, isto sim, uma divisão clara, que já existe nesta zonal há muito tempo e que é muito prejudicial ao partido. Uma divisão em que, de um lado, tem-se algumas poucas centenas de filiados integrados em nossa rede interna de comunicação - formada por esta comunidade do Facebook e a lista de e-mails - e de outro milhares de filiados que estão lá fora, sem ter contato nenhum com o partido.
Fiz, então, uma proposta de trabalho de base exatamente para superar essa divisão e ainda ofereci os meios para fazer esse trabalho, que são as listagens com os endereços dos filiados. Me diga, por favor: como essa proposta de trabalho pode causar mais divisão do que já há? Sim, concordo, é hora de ação. E é ação, mesmo, o que estou propondo. Uma ação para integrar ao partido e à campanha eleitoral os filiados que estão de fora, dispersos e inativos, e que você deve saber que não são poucos. Há uma diferença, Cláudia, muito grande, entre realizar todas essas ações de campanha que você cita, com 300 ou com (*) mil filiados. Nós estamos com apenas 300 militantes ativos, se tanto, enquanto, lá fora, temos pelo menos (*) mil filiados parados, compondo uma reserva militante ociosa com a qual não temos o menor contato e que, portanto, não pode ser mobilizada.
Que ação política coletiva você acha que pode ter melhor efeito numa democracia: uma ação de poucos ou uma ação de muitos? Eu acho que é uma ação de muitos. Por isso acredito que o diretório tem que fazer de tudo para mobilizar o máximo possível de filiados para esta campanha. É um equívoco achar que 3 mil filiados vão se mover espontaneamente, guiados apenas pela propaganda da televisão. Eles tem que ser procurados e orientados pelo diretório zonal. Se não é esse o papel do diretório zonal nesta campanha em relação aos filiados de sua base, então eu não sei mais para que serve um diretório zonal, é melhor fechar de vez as portas.
Você diz que tem a clareza de que "participar é só querer". Pois a clareza que eu tenho, é a de que o desejo de participação de um filiado pode ser estimulado ou desestimulado pela atitude do dirigente partidário em relação a ele. Se o dirigente some, se não se comunica, se não dá a ele informação, orientação, estímulo e meios; se não diz direta e reiteradamente ao filiado o quanto e porque a sua participação é importante; se, ao contrário disso tudo, faz de conta que esse filiado nem existe, se se convence de que só dele mesmo depende participar - o que não é verdade -, dá-lhe as costas e se acomoda, esperando que ele espontaneamente venha ao seu encontro, a tendência é que o filiado também se acomode e não se anime a participar de nada. Não há base militante, sem dirigente militante que exerça de fato o seu papel de dirigente.
Presumo, pelo que você diz, pelo silêncio dos demais membros do diretório, e pelas curtidas de alguns deles em seu comentário, que as planilhas de filiados por bairro que fiz e a proposta de criação dos Comitês de Filiados por Bairro que apresentei, vão para o lixo. A acusação de que essa minha iniciativa provoca divisão, não passa, evidentemente, de um truque para encerrar o debate, evitando a abordagem franca, honesta e racional dos dados, da análise e das propostas que apresentei. O apelo à unidade em torno de uma política claramente equivocada, que tem levado ao subaproveitamento dos recursos da zonal, e o desprezo pela crítica e pelo crítico que, de boa fé, aponta erros e propõe correções de rumo, não ajudam nenhum pouco, companheira, o PT a melhorar o seu desempenho como partido nessas eleições, aqui nas zonas centro e sul do Rio.
Um partido democrático, aliás, até mesmo por uma questão de princípio, mas também e sobretudo por óbvias razões práticas, não pode evitar o debate político e sobre as questões organizativas durante uma campanha eleitoral. Isso é um erro escandaloso. Ajustes sempre precisam ser feitos e, quando não feitos, não raro produzem fracassos. Renunciar, ademais, e desconsiderar a crítica, acomodar-se e exigir acomodação ao erro, conformar-se com pouco e exigir de todos o mesmo conformismo, quando é possível ter mais; essas atitudes, além de antidemocráticas, são absolutamente contraproducentes, já que ajudam a preservar práticas que comprometem gravemente o uso máximo dos recursos do partido, necessário para que ele atinja seus objetivos. Erros na condução da zonal durante a campanha devem, portanto, ser, sim, apontados, devem ser considerados por todos os seus membros, e devem ser, na medida do possível, prontamente corrigidos, e não ignorados, jogados para debaixo do tapete. Porque esses erros têm consequências para o partido como um todo.
Bem, Cláudia, eu confesso que estou desapontado, porque, ainda tinha um fio de esperança de que você pudesse ter a coragem de dar um rumo diferente e melhor à sua gestão como presidenta deste diretório. Pelo visto, não tem. Mas não posso dizer que esteja realmente surpreso. O comportamento do diretório zonal agora, está sendo coerente com o comportamento que tem tido desde a sua posse. Nada nunca funcionou de fato, nenhuma das suas secretarias nunca, efetivamente, esteve em atividade. O diretório não se reúne e não decide e a comissão executiva não executa nada. Graças a esse imobilismo crônico de seus dirigentes, a 1ª zonal permanece realmente dividida. Dividida não entre este único crítico franco da sua gestão e os demais participantes deste fórum, que silenciam, mas entre os poucos que aqui estamos e a multidão de filiados que está lá fora, de cujo engajamento o PT tanto precisa para reeleger Dilma, eleger Lindberg, ampliar nossas bancadas parlamentares e conquistar a Reforma Política e a Democratização da Mídia.
Vivemos uma contradição curiosa e irônica. Festejamos muito e nos orgulhamos, com razão, do avanço da inclusão social no Brasil pela ação dos nossos governos. Mas convivemos naturalmente e sem queixas com os altíssimos índices de exclusão partidária no PT, por conta da inação de seus dirigentes. O gozo da cidadania nacional cresce para os trabalhadores brasileiros, graças aos governos petistas. Mas, no PT, raríssimos gozam suas cidadanias partidárias, graças à irresponsabilidade de milhares de dirigentes que não cumprem com seus compromissos políticos e obrigações estatutárias. Um partido assim, frouxo e inorgânico, nunca será capaz de dirigir a luta dos trabalhadores brasileiros pelo socialismo democrático. E deixar as coisas do jeito que estão é renunciar, na prática, à realização deste objetivo estratégico que o PT reafirma a cada congresso e encontro nacional que faz.
A conquista do poder e a construção do socialismo democrático exigem que o PT seja um partido realmente democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. E a parte que nos cabe, Cláudia, na construção desse partido, é construir um diretório zonal que siga esse modelo, e seja um diretório democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. Nada tem sido feito neste sentido, companheira, desde o início de sua gestão. E sua atitude agora, como a atitude dos demais membros do diretório, sugere que nada será mesmo feito no futuro. A 1ª zonal não tem e não terá, se depender de vocês, pelo visto, um diretório democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. Quando muito, o que terá é um comitê eleitoral sem muito gosto pela organização e pela disciplina. Não é isso o que as resoluções dos congressos e encontros nacionais do PT determinam, tenhamos claro.
Um abraço, companheira."
Assim como a presidenta do diretório, Cláudia Le Cocq, também o secretário geral da instância, Marcus Vinícius, se manifestou no dia 12 de setembro sobre minha proposta de criação de Comitês de Filiados por Bairro. Ele postou um comentário à mensagem que enviei a esta lista de e-mails, dizendo o seguinte:
"Prezado Silvio, gostei da idéia de organizar filiados por bairro. Acho que logo após o processo eleitoral, devemos aprofundar o assunto dentro da zonal.
Grande abraço.
Marcus Vinicius"
(mensagem 16006 de 12/09/2014)
Por descuido, só vi em minha caixa de e-mails esta mensagem de Marcus Vinícius no dia 15. E respondi assim que a li. Disse o seguinte:
"Que bom que você gostou, Marcus Vinícius, mas...
O que significa exatamente "dentro da zonal"? Acaso estamos "fora"?
Outra coisa: qual o sentido de se esperar o fim da guerra eleitoral para, só então, convocar a reserva ociosa do exército militante petista da zonal?
Continuar com 300 militantes, se tanto, na campanha, é melhor do que alcançar até (*) mil?
Por que não dar agora a esses 300 a missão de ir aos (*) mil que estão lá fora e incorporá-los à campanha?
Por que desperdiçar tantos recursos, abrir mão de ter na tropa tantos novos combatentes a engrossar nossas fileiras?
Por que abrir mão, afinal, de usar a força máxima do partido, no momento mais decisivo de uma das mais importantes e difíceis eleições presidenciais dos últimos tempos?
Companheiro Marcus Vinícius. Um partido de luta se constrói na luta. Não, depois da luta. Uma campanha presidencial é um momento privilegiado para a construção partidária. Porque predispõe, mais do que qualquer outro evento, os trabalhadores à participação política.
Todos os filiados deste partido estão hoje com suas sensibilidades políticas aguçadas e suas atenções tomadas pelo debate público entre os candidatos representantes dos dois projetos de país que estão em disputa.
Todos sabem que o futuro do país neste momento está em jogo e que é hora de unir forças prá garantir a continuidade das transformações que estão em curso.
O orgulho de ser petista cresce à medida que Dilma cresce sobre seus adversários na propaganda eleitoral, nas entrevistas e nos debates, confrontando as realizações dos 3 mandatos presidenciais do PT e os novos passos que pretende dar caso eleita, com os resultados dos dois mandatos presidenciais tucanos e com as medidas antinacionais, antidemocráticas e antipopulares que a direita neoliberal assumidamente pretende de novo impor ao Brasil, caso consiga voltar ao poder, com Marina ou Aécio.
Os valores maiores da esquerda estão sendo hoje encarnados por Dilma nessa disputa. E o orgulho de ser petista nada mais é do que o orgulho de ser de esquerda. Orgulho de acreditar e lutar por igualdade, liberdade, justiça e democracia, e ver o PT no governo conduzindo o país nesse rumo, apesar de haver tantas forças contrárias, e apresentando tantos resultados positivos e importantes, na prestação de contas que tem feito à sociedade, durante esta campanha, como credenciais de enorme valor para seguir à frente do governo, na presidência da república.
Portanto, a hora é agora, companheiro Marcus Vinícius. Não vamos deixar passar.
Em nenhum outro momento, posterior a essa eleição, a militância da zonal estará mais disposta ao engajamento, nem os filiados de nossa base estarão mais receptivos a dialogar conosco e a reforçarem seus laços com o partido.
Adiar o necessário encontro entre este diretório e sua base a pretexto de priorizar as ações gerais da campanha, convocadas pelos diretórios superiores, é deixar passar o ambiente político e psicológico mais favorável a esse encontro e perder uma oportunidade que talvez tão cedo não se repita.
A melhor contribuição que este diretório pode dar ao PT nesta campanha eleitoral não é a presença pouco numerosa, embora aguerrida, de sua vanguarda e dirigentes, nos eventos gerais para os quais ele é chamado.
A melhor contribuição que este diretório pode dar ao PT nesta campanha, é trabalhar intensamente para incorporar à campanha os milhares de filiados de sua base, ora dispersos e inativos, e ajudar o partido a não só ganhar mais votos e eleger seus candidatos, mas também sair dessa eleição mais organizado e mobilizado, com força redobrada e mais preparado para enfrentar novas e mais duras batalhas.
Por isso é que eu proponho ao 1º Diretório Zonal que o trabalho de criação dos Comitês de Filiados por Bairro, a partir das planilhas que lhes enviei, comece agora, sem demora, antes que as condições para que obtenhamos os melhores resultados deixem de existir, com o fim da eleição.
Faltam 41 dias para o segundo turno. E, nesse tempo, com o ambiente político que temos, é possível fazer uma revolução nessa zonal. Basta tomar a decisão e encarar com afinco o trabalho. Sem medo do novo, que essa minha proposta representa. Sem hesitação. E sem preguiça.
Um abraço, companheiro.
Silvio Melgarejo
15/09/2014"
No mesmo dia 15 de setembro, o companheiro Carlos Ocké Kalifa compartilhou aqui na lista de e-mails uma mensagem da Secretaria Nacional de Organização, intitulada "Compromisso da Reforma Política", que tinha o seguinte texto:
"Companheiros(as),
O Partido dos Trabalhadores tem grandes tarefas e desafios para o próximo período. Dar continuidade ao nosso projeto nacional com a reeleição da presidenta Dilma e Reformar o Sistema Político-Eleitoral são alguns dos quais não podemos prescindir. Não é mais possível admitir a influência do poder econômico nas disputas eleitorais, a pouca participação da mulher na vida política e o enfraquecimento progressivo dos partidos políticos.
O PT lançou em junho deste ano a 2ª etapa da sua campanha para coleta de assinaturas do projeto de Iniciativa Popular, REFORMA POLÍTICA: PRA MUDAR TEM QUE ASSINAR. Nosso objetivo é alcançar, NO MÍNIMO, 1,5 milhão de assinaturas para podermos protocolar junto ao Congresso Nacional, a Convocação de uma Constituinte Exclusiva para Reformar o Sistema Eleitoral Brasileiro.
Na semana da pátria, os movimentos sociais realizaram o Plebiscito Popular a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político. Todavia é preciso esclarecer que, apesar de receber nosso apoio, esta não é a campanha do PT. Portanto, é preciso que continuemos empenhados em coletar as assinaturas para atingirmos nosso objetivo.
Para baixar o formulário acesse o site: www.pt.org.br/reformapolitica, imprima e colete quantas assinaturas possíveis. Caso não tenha o título de eleitor em mãos não se preocupe, basta colocar os outros dados bem legíveis que localizamos seu Título de Eleitor no site do TSE. Lembre-se que NÃO EXISTE ASSINATURA DIGITAL, os formulários devem ser preenchidos, assinados e, por fim, encaminhados ao PT.
Gostaríamos de contar com a cooperação de todos, pois desejamos realizar na 1ª semana de outubro uma prévia do que foi coletado no país. E para que possamos contabilizar os dados, solicitamos que enviem os formulários até dia 30 de setembro para a Sede do PT Nacional em São Paulo: Rua Silveira Martins, 132 - Centro - São Paulo – SP - CEP:
01019-000. Telefone de contato: (11) 3243 – 1301.
Contamos com vocês. Pra Mudar tem que Assinar!
Ajude na divulgação da Campanha, clicando aqui para compartilhar isto nas redes sociais.
Atenciosamente,
Gleide Andrade
Vice Presidente Nacional do PT
Coordenadora Nacional da Reforma Política PT"
(mensagem 16010 de 15/09/2014)
No dia seguinte, 16 de setembro, respondi a ele, comentando esta mensagem e relacionado-a com as análises e propostas que tenho feito no campo da administração partidária. Disse-lhe o seguinte:
"Bem, Carlos Kalifa. Diante de uma convocatória dessa, com meta, prazo e tudo, e se todos nós sabemos da importância da Reforma Política para a continuidade do projeto petista no governo, o que este diretório espera para atendê-la?
Conforme a pesquisa que fiz e que já enviei a vocês em mensagens anteriores, temos (*) filiados com endereços nos 17 bairros da zona sul e nos bairros de Santa Teresa, Glória e Centro. Insisto no que venho dizendo a vocês: vamos até eles, companheiros.
Se conseguirmos falar com cada um destes filiados, explicar o que é e do que trata esse projeto de lei de iniciativa popular; se conseguirmos colher suas assinaturas e convencer cada um deles a pegar mais 5 assinaturas entre familiares, amigos e colegas de trabalho ou estudo, nós poderemos alcançar, em tese, até (*) mil assinaturas.
Seria uma boa contribuição para esta importante campanha do PT.
Mas, mesmo que atingíssemos apenas metade desse número, ou seja, se conseguíssemos colher (*) mil assinaturas, também considero uma boa contribuição.
Qualquer coisa, aliás, que esse diretório consiga fazer para se aproximar de sua base, da qual sempre andou distante, será algo extremamente positivo para o PT e, portanto, digno de ser muito comemorado.
Já faz uma semana que enviei ao 1º Diretório Zonal, através desta lista de e-mails, minha proposta da criação de Comitês de Filiados por Bairro. Em resposta que recebi ontem, também nesta lista, o secretario geral do diretório, companheiro Marcus Vinícius, disse que gostou da ideia e que a botaria em pauta para ser discutida. Mas só depois das eleições.
Também aqui na lista, respondi a ele expressando as razões da minha discordância quanto a esse adiamento e da convicção que tenho de que a criação desses Comitês de Filiados por Bairro tem começar agora, imediatamente, e não ficar para depois das eleições.
Pois essa mensagem que recebemos agora da Vice-Presidente do PT e Coordenadora Nacional da Reforma Política do partido, é mais uma fortíssima razão para darmos urgência máxima à criação dos Comitês de Filiados por Bairro na 1ª zonal.
Como eu disse na primeira mensagem, em que apresento a proposta de criação dos comitês e anuncio o envio ao diretório das planilhas de filiados já organizadas para servir a esse fim, os Comitês de Filiados de Bairro teriam a função de ser braços do diretório zonal nos bairros, através dos quais o diretório poderia planejar, organizar e dirigir as ações do partido em cada bairro, mantendo o comando do conjunto das ações simultaneamente realizadas.
Ressalto que as planilhas que fiz e enviei ao diretório, com os filiados já distribuídos por bairro, logradouro, edificação e unidade habitacional, já são meio caminho andado para que se possa instalar os comitês.
Ao visitar cada filiado para confirmar dados e pegar os que faltam para permitir o estabelecimento de canais de comunicação do diretório com cada um, o militante-entrevistador aproveitaria a ocasião para fazer uma breve discussão sobre a Reforma Política, colher a assinatura do filiado no abaixo-assinado do projeto de lei de iniciativa popular e, ao fim, propor a ele que assuma com o PT o compromisso de pegar mais, pelo menos, 5 assinaturas em seu círculo social. Esse seria, basicamente, o roteiro de trabalho do militante em cada visita.
Temos, portanto, 39 dias até o 2º turno da eleição presidencial e 14 dias para enviar os formulários com as assinaturas colhidas na zonal à sede do PT Nacional, atendendo à solicitação da Coordenadora Nacional da Reforma Política do PT, Gleide Andrade. Estes são os prazos. O desafio agora é tentar mover essa zonal para cumpri-los, da melhor forma possível.
Penso que esse diretório, no curto espaço de tempo que tem, deve fazer o maior esforço possível para colher e enviar ao PT Nacional as assinaturas, pelo menos, da totalidade dos filiados de sua base territorial. Essa deveria ser a nossa meta mínima.
Termino citando, para lembrar, o resumo da proposta de criação dos comitês de bairro que botei no início da mensagem enviada e esta lista no dia 9/9/2014. Ali eu digo:
PROPOSTA: Criar Comitês de Filiados por Bairro para permitir que o 1º Diretório Zonal, em cumprimento do que determina o Estatuto do PT:
1) garanta direitos e cobre deveres dos filiados de sua base;
2) garanta o funcionamento de sua democracia partidária; e
3) tenha poder de ação:
- para organizar e dirigir as lutas dos trabalhadores de sua jurisdição;
- para lutar pela reeleição de Dilma;
- para lutar pela eleição de Lindbergh;
- para lutar pela ampliação das bancadas do PT nos parlamentos estadual e federal; e
- para realizar a campanha de coleta de assinaturas para os abaixo-assinados dos projetos de lei de iniciativa popular da Reforma Política e da Democratização da Mídia
Um abraço, companheiro Carlos Kalifa.
Silvio Melgarejo
16/09/2014"
(mensagem 16012 de 16/09/2014)
***
Bem, companheiros, feito o registro de minhas propostas e dos argumentos que as fundamentam, aguardo o momento de vê-las submetidas à analise dos dirigentes e da base desta 1ª zonal. Tudo que digo encontra amparo em diversas resoluções de congressos e encontros nacionais do PT, que são os documentos, segundo nosso Estatuto, que devem orientar a atuação do partido.
Ver um argumento meu destruído em suas premissas e desenvolvimento lógico, ao ser submetido ao crivo crítico da razão de meus pares, é algo que não me preocupa, porque é assim mesmo que funciona qualquer debate democrático. O que me preocupa é ver que no partido o debate não existe, que toda proposta e todo argumento apresentados caem no vazio da indiferença ou esbarram na desqualificação antecipada, e se perdem sem produzir nenhuma reflexão coletiva e nenhuma ação correspondente às conclusões coletivamente alcançadas. Por enquanto, infelizmente, é isso que tenho visto no 1º Diretório Zonal.
Saudações petistas.
Silvio Melgarejo
18/09/2014
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