terça-feira, 9 de setembro de 2014

Pela criação de Comitês de Filiados por Bairro.

(Mensagem enviada em 9 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 15981)

Por questões de segurança, alguns dados do documento original serão omitidos nesta edição pública, sendo substituídos por asteriscos (*)

***

PROPOSTA: Criar Comitês de Filiados por Bairro para permitir que o 1º Diretório Zonal, em cumprimento do que determina o Estatuto do PT:
1) garanta direitos e cobre deveres dos filiados de sua base; 
2) garanta o funcionamento de sua democracia partidária; e 
3) tenha poder de ação:
- para organizar e dirigir as lutas dos trabalhadores de sua jurisdição; 
- para lutar pela reeleição de Dilma;  
- para lutar pela eleição de Lindbergh;  
- para lutar pela ampliação das bancadas do PT nos parlamentos estadual e federal; e   
- para realizar a campanha de coleta de assinaturas para os abaixo-assinados dos projetos de lei de iniciativa popular da Reforma Política e da Democratização da Mídia.

***

Companheiras e companheiros.

No dia 31 de agosto, há pouco mais de uma semana, portanto, publiquei uma mensagem nesta lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e em sua comunidade no Facebook, dirigida ao conjunto dos petistas. Hoje quero me dirigir apenas à 1ª zonal, particularmente aos seus dirigentes eleitos no último PED, que são os seguintes filiados:
CLÁUDIA LE COCQ BEATRIZ - PRESIDENTE 
ADALBERTO CARLOS FERREIRA DA SILVA - VICE-PRESIDÊNCIA 
FLAVIO LOMEU DE CASTRO JUNIOR - COMUNICAÇÃO 
FERNANDA DUCLOS CARISIO - FINANÇAS 
ARETUSA ANA DA SILVA PAULA 
FABIANA SANTOS DA SILVA - FORMAÇÃO POLÍTICA 
MARCUS VINICIUS DE SEIXAS - GERAL 
ALVARO MACIEL JUNIOR - MOBILIZAÇÃO 
EMILIA MARIA DE SOUZA - MOVIMENTOS POPULARES 
ELIZABETH DE OLIVEIRA FERREIRA RORIGUES - MULHERES 
ROBERTO WAGNER DOS SANTOS ROBILARD - ORGANIZAÇÃO 
LUCIA REGINA DOS SANTOS REIS - ASSUNTOS INSTITUCIONAIS 
RICARDO NUNES ADAMS - GTE 
ANTONIA PEREIRA GAY - JUVENTUDE 
RAFAEL REZENDE BORGES DE ARAUJO - VOGAL


SUPLENTES
EVANIO PEREIRA DE PAULA

DANIELLE CORREA TRISTÃO 
BRUNA MACAIO DO VALLE  
LUCIA MARIA LINO SANTIAGO  
LUIZ ANTONIO DA SILVA 
RODRIGO APPEL CONCLI DOS SANTOS  
MONIQUE PAULA DOS SANTOS TEIXEIRA DE OLIVEIRA  
JAIME MUNIZ MARTINS  
CLARISSA LOPES VIEIRA ALVES DA CUNHA  
CARLOS OCTAVIO OCKE REIS

Inicio destacando os seguintes trechos daquela minha mensagem:
“Mais do que nunca, as circunstâncias exigem dos dirigentes e da vanguarda petista organização e disciplina militante, para a realização de táticas de campanha que combinem ações de agitação – transmitir poucas ideias prá muita gente –, como panfletagens, comícios, caminhadas, carreatas, etc.; com ações de propaganda – transmitir muitas ideias para pouca gente –, como bate-papos em reuniões com indivíduos ou pequenos grupos. O que o partido precisa priorizar, no entanto, é o investimento em ações que sejam capazes de multiplicar o número de apoiadores de Dilma aptos a fazerem a defesa de sua candidatura em seus círculos sociais. Agitação não ganha voto, porque não aprofunda o debate; propaganda, sim. 
O PT tem uma enorme reserva militante ociosa que precisa ser urgentemente posta em atividade. Isto significa que os diretórios do partido devem investir intensamente em ações de propaganda junto às suas bases de filiados. Armar o maior número possível de filiados para o combate político, municiando-os com argumentos e materiais de propaganda é a melhor maneira de ampliar e qualificar para a luta o nosso exército de militantes, tornando mais efetiva e eficaz a sua ação na sociedade. 
Os diretórios do partido devem entrar em contato com todos os filiados de suas bases territoriais. Devem estabelecer com estes filiados canais seguros e eficazes para manter com eles comunicação permanente. E devem orientar a atividade militante desses filiados, dando a eles todo suporte político e material de que precisem.  
(...) 
A atuação dos diretórios deve estar inteiramente focada nos filiados de suas bases e deve consistir, basicamente, no planejamento e organização de ações nos bairros de suas jurisdições e na direção dos filiados no momento da execução dessas ações.  
(...) 
Temos que visitar cada filiado em sua casa, escola, universidade ou trabalho, telefonar, mandar e-mail e integrar esses filiados nas redes sociais do partido. Toda a imensa reserva militante ociosa do Partido dos Trabalhadores precisa ser convocada agora, onde estiver, a participar de um mês e vinte dias de esforço máximo concentrado para reeleger Dilma Rousseff, no 2º turno das eleições presidenciais. É hora de os diretórios petistas assumirem o seu papel de coletivos militantes. Mas é hora, sobretudo, de assumirem o seu papel de dirigentes.“

Companheiras e companheiros. É isso exatamente que venho propor ao 1º Diretório Zonal. É isso que venho propondo, aliás, desde maio do ano passado, quando fui admitido nesta lista de e-mails. Essa proposta que reiteradas vezes apresentei, nunca foi aceita nem pelos membros do 1º Diretório, nem pelos participantes deste fórum. Não chegou sequer a ser posta em pauta para ser discutida. Graças a isso, chegamos a essa campanha eleitoral com o mesmo elevadíssimo déficit de organização que tínhamos naquela época. Chegamos, enfim, a uma situação, nesta campanha eleitoral, em que nossa candidata, Dilma, precisa do apoio de um partido extremamente organizado e disciplinado. E nós não temos um partido organizado e disciplinado. Não temos e vamos continuar sem ter, se os dirigentes do PT continuarem a agir da forma como tem agido, como simples cabos eleitorais. A estratégia deste diretório zonal, na presente campanha eleitoral, está errada. E uma estratégia errada não pode conduzir a bons resultados. O diretório zonal está atuando como mero comitê eleitoral, com foco dirigido aos eleitores em geral, mas de costas para os filiados de sua base, negligenciando inteiramente o papel que o estatuto do partido lhe atribui de organizador e dirigente dessa base.

O foco da atuação do diretório zonal deve ser a sua base, para que, organizada e mobilizada, esta base, sob seu comando, vá ao encontro dos demais trabalhadores nas ruas, como um verdadeiro exército de militantes. O diretório zonal, além disso, não pode esquecer, como aparenta, a sua missão de construir o partido no espaço geográfico de sua jurisdição. Precisa aproveitar essa campanha eleitoral, para se construir como diretório partidário e não como comitê eleitoral, porque, depois que a eleição passa, um comitê eleitoral não serve para mais nada. Passada a eleição, no entanto, a luta do PT pelo seu objetivo estratégico, que é o socialismo democrático, tem que continuar. E, para isso, é preciso que o diretório zonal, assim como todos os demais diretórios, se planeje, se organize e adote uma disciplina de trabalho que lhe permita dar conta das três principais missões que, em resumo, o estatuto do PT lhe atribui, que são:
- Garantir direitos e cobrar deveres dos filiados; 
- Garantir o funcionamento da democracia partidária; e 
- Garantir o poder de ação do partido em sua base territorial.

Nada disso tem sido feito.

Renovo, portanto, aqui, o apelo que fiz ano passado, através desta lista de e-mails, ao antigo presidente deste diretório, desta vez a sua atual presidenta, companheira Cláudia Le Cocq, e aos demais membros: vamos ao encontro dos filiados de nossa base, companheiros, vamos visita-los, telefonar para eles, saber de cada um se ainda está vivo, se ainda é petista, se ainda mora no mesmo lugar, se mantém o mesmo telefone, se tem e-mail, se participa de redes sociais. Enfim, vamos nos comunicar com nossa base e parar de desperdiçar os recursos que ela pode proporcionar ao PT. Como vamos fazer isso? Eu tenho e ofereço um plano que passo a descrever.

Com base numa listagem que obtive em setembro do ano passado, junto ao Diretório Municipal, intitulada (*), com dados de cerca de 53 mil filiados do município do Rio de Janeiro, e numa outra listagem chamada “PED_2013_Aptos zonais_RIO DE JANEIRO”, que todos nós recebemos, em novembro, criei listagens com dados de filiados agrupados por bairro, para toda a Zona Sul, mais os bairros do Centro, Glória e Santa Teresa. Os dados dessas listagens que fiz estão distribuídos por colunas, na seguinte sequência:
1) Bairro 
2) CEP (ordem numérica crescente) 
3) Nome do logradouro 
4) Número (ordem crescente) 
5) Complemento 1 (ordem crescente) 
6) Complemento 2 (ordem crescente) 
7) Nome do filiado (ordem alfabética) 
8) CNF 
9) TELEFONE 1 
10) TELEFONE 2 
11) TELEFONE 3 
12) E-MAIL 1 
13) E-MAIL 2 
14) FACEBOOK 
15) TWITTER 
16) BLOG/SITE 
17) DATA DE NASCIMENTO 
18) GÊNERO 
19) DATA DE FILIAÇÃO 
20) ZONAL DE FILIAÇÃO

A listagem assim ordenada, serve como um roteiro para o trabalho de campo da militância e como um mapa para a distribuição de tarefas. Os filiados a serem visitados estão agrupados por unidade habitacional, por edificação, por logradouro, por CEP e por bairro. A ideia é que o militante que vai visita-los faça o caminho do carteiro, que imite o seu método de trabalho, usando os roteiros estabelecidos pelos CEPs em ordem crescente. Por isso chamo esse método de trabalho de base de "Método Caminho do Carteiro".

De acordo com o levantamento que fiz, o PT tem (*) filiados com endereço, de residência ou trabalho, nos 17 bairros da Zona Sul; e (*) filiados com endereço, de residência ou trabalho, nos bairros da Glória, do Centro e de Santa Teresa. No total, são (*) filiados, só nesta base territorial, sem contar os que deram ao partido endereço de residência ou trabalho, nos outros bairros da Zona Centro, que não estou incluindo aqui por não ter conseguido terminar suas listagens e por ter me dado conta de que a maioria dos bairros da Zona Centro não é considerada pelo nosso diretório como parte de sua base territorial.

Sobre esta questão, dos bairros da Zona Centro que fazem ou que não fazem parte da 1ª zonal, há alguns dados que precisam ser considerados. De acordo com o levantamento que fiz, 93% dos filiados que deram ao partido endereço de residência ou trabalho no Caju, 94% dos que deram endereço na Gamboa, 80% dos que deram endereço no bairro de Santo Cristo, e 88% dos que deram endereço no bairro da Saúde, estão inscritos no 1º Diretório Zonal. No PED 2013, 94% dos filiados que tinham, no cadastro do PT, endereço de residência ou trabalho no Caju, 100% dos que tinham endereço na Gamboa, 92% dos que tinham endereço no Santo Cristo e 88% dos que tinham endereço na Saúde, todos estes estavam inscritos no 1º Diretório Zonal.

Tive dificuldade para preparar as listagens desses e de outros bairros da Zona Centro, assim como de algumas localidades da Zona Sul, pela falta ou imprecisão de dados que encontrei na listagem original que recebi do DM, nestes casos. Mas não tenho a menor dúvida de que estes bairros, Caju, Gamboa, Santo Cristo e Saúde, que integram a Zona Centro, segundo a prefeitura, fazem parte da 1ª zonal e que, por conseguinte, não podem deixar de ser incluídos no planejamento do 1º Diretório Zonal.

Pois bem, companheiros. Nos 17 bairros da Zona Sul e nesses 3 bairros da Zona Centro, Glória, Santa Teresa e Centro, o PT tem (*) filiados, distribuídos da seguinte forma:
Número de filiados com endereço nos bairros da Zona Centro com listagens prontas:
     Centro – (*)
     Glória – (*) 
     Santa Teresa – (*)

Número de filiados com endereço nos bairros da Zona Sul:
     Botafogo – (*) 
     Catete – (*) 
     Copacabana – (*) 
     Cosme Velho – (*) 
     Flamengo – (*) 
     Gávea – (*) 
     Humaitá – (*) 
     Ipanema – (*) 
     Jardim Botânico – (*) 
     Lagoa – (*) 
     Laranjeiras – (*) 
     Leblon – (*) 
     Leme – (*) 
     Rocinha – (*) 
     São Conrado – (*) 
     Urca – (*) 
     Vidigal – (*)

Pergunto, então, aos companheiros, depois de verem estes números: quantos destes filiados estão participando das atividades da campanha eleitoral convocadas pelo 1º Diretório Zonal? Quantos receberam uma visita, um telefonema, uma carta, um e-mail, uma mensagem pelo Facebook ou um torpedo SMS que seja? Com quantos deles o diretório mantém contato regular? Pouquíssimos, estou certo. Nossa lista de e-mails tem apenas (*) nomes e nossa comunidade no Facebook tem (*) membros dos quais a maioria, desconfio, não faz parte desta zonal.

A comunidade do Facebook, aliás, que deveria ser exclusiva para os inscritos neste diretório, para servir à organização de suas atividades, acabou recebendo gente de todo lado, de outras zonais, de outros municípios e até de outros estados.

Portanto, a imensa maioria dos filiados que têm endereço nos bairros da base territorial da 1ª zonal está fora tanto da lista de e-mails, quanto da comunidade do Facebook do 1º Diretório Zonal. O que significa que este diretório simplesmente não tem nenhum canal de comunicação com a quase totalidade da sua base de filiados.

Se admitirmos que dos (*) filiados da Zona Sul, da Glória, de Santa Teresa e do Centro, que são (*) potenciais militantes, apenas 300 estão ativos nessa campanha eleitoral, participando das ações programadas pelo diretório – e eu duvido que eles cheguem a 300 –, isto significa que há (*) filiados inativos porque o partido não se comunica com eles. Pois estes (*) filiados é que compõem o que eu tenho chamado de “reserva militante ociosa” do PT, neste caso da 1ª zonal, que eu tenho defendido que seja imediatamente convocada a se incorporar à campanha para a reeleição de Dilma.

Pensem, companheiros, no que representaria não só para a campanha da Dilma, mas também para as campanhas do Lindbergh e dos nossos deputados federais e estaduais; pensem no que representaria também para as campanhas pela Reforma Política e pela Democratização da Mídia, se tivéssemos estes (*) filiados permanentemente conectados com o diretório zonal e, sob seu comando e com seu suporte político e material, atuando nos 17 bairros da Zona Sul e na Glória, Santa Teresa e Centro.

Imaginem cada um destes filiados, armados para o debate político com os melhores argumentos e munidos de material de propaganda apropriado, discutindo política e disputando votos entre familiares, amigos e colegas de trabalho e estudo.

Imaginem estes milhares de filiados participando de ações de rua simultâneas em vários bairros ou concentradas num só bairro para obter maior efeito.

Tudo isso será possível, companheiros, se formos capazes de tomar a decisão de reunirmos os poucos que somos, já conectados nesta lista de e-mails e no Facebook, para ir ao encontro destes milhares de filiados que estão lá fora, dispersos, em muitíssimos casos, certamente, dispostos a engrossar as fileiras de combatentes do partido, na reta final dessa eleição tão difícil e dramática.

Quero passar hoje às mãos da companheira Cláudia Le Cocq, presidente deste 1º Diretório Zonal, o resultado de alguns meses de trabalho que tive sobre aqueles dois arquivos a que me referi, com dados de filiados do PT: o arquivo (*), obtido junto ao Diretório Municipal, em setembro do ano passado, que contém os dados de cerca de 53 mil filiados do município do Rio de Janeiro; e o arquivo com a relação de filiados aptos a votar no PED, que todos nós recebemos mais ou menos na mesma época. Estes arquivos mais uma lista que fiz com os CEPs de todas os logradouros dos 17 bairros da Zona Sul e dos 16 bairros da Zona Centro (o Correio ainda não considera a Lapa), foram as fontes da pesquisa que desenvolvi e que resultou na criação de 20 arquivos, um para cada bairro, contendo 4 planilhas cada. A primeira planilha de cada arquivo, com dados colhidos no arquivo (*), obtido no DM; a segunda com dados do arquivo com os filiados aptos a votar no PED 2013; a terceira com uma lista de todos os logradouros do bairro, em ordem alfabética, com seus respectivos CEPs; e a quarta com todos os CEPs do bairro, em ordem numérica, com seus logradouros correspondentes. Meu objetivo com a segunda planilha foi checar se houve novas filiações na véspera do PED, para incorporá-las à primeira planilha. Posso adiantar que foram pouquíssimos casos.

Estou enviando para você, Cláudia, com cópias para os companheiros Carlos Ocké Kalifa e Kadu Machado, o conjunto de arquivos (*), composto pelos seguintes itens:
- Pasta (*)

- Pasta (*)

- Pasta (*)

- Pasta (*)

- Arquivo (*)

Proponho a você, Cláudia, e aos demais companheiros, a formação de Comitês de Filiados por Bairro (CFBs), para atuação nesta campanha e ao fim dela, como braços do diretório zonal em cada bairro. Proponho que dois ou três coordenadores sejam designados para trabalhar em cada bairro, convertendo os dados dessas listagens que preparei em formulários impressos e indo visitar um por um dos filiados para confirmar os dados que já temos e para colher os dados que nos faltam para estabelecer o maior número possível de canais de comunicação com eles. A internet é um excelente meio de comunicação, mas não pode ser o único. É preciso considerar o fato de que muita gente não usa internet. Penso que o velho telefone tem que voltar a ser usado, por isso, mas também por ser uma forma de comunicação mais informal, que aproxima mais o militante que liga do filiado que recebe a chamada. Proponho a formação de Redes de Filiados por Bairro (RFBs), administradas por estes comitês (CFBs), e conectadas entre si e com o diretório numa Rede Zonal de Comunicação Partidária.

Para realizar estas tarefas, precisamos identificar, entre nós e entre os filiados que vamos visitar, quem tem vocação e talento para as atividades de organização e quem está disposto a se comprometer com o trabalho voluntário organizativo, ou seja, quem está disposto a ser um militante organizador. Porque o militante organizador é o principal agente da construção partidária. E é disso que o PT mais precisa, do maior número possível de quadros organizadores inteiramente dedicados à construção daquele partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, que em tantas resoluções de encontros e congressos o PT se comprometeu a ser, sem nunca ter conseguido. Para que o diretório zonal cumpra a função de organizador e dirigente de sua base de filiados, e para que consiga ser mais que um mero comitê eleitoral, com alguma vida apenas durante as eleições, é preciso que ele monte um bom time de organizadores. Porque sem organização, nada se realiza.

Por último, quero citar dois trechos da resolução política do 5º Encontro Nacional do PT, de 1987, como alerta e como lembrança de uma lição que o partido, em dado momento de sua história, anotou, mas nunca de fato aprendeu. Diz a resolução do 5º Encontro:
“211. Outra ideia profundamente equivocada que costuma aparecer em nossos debates é a que opõe partido de quadros a partido de massas. Para essa confusão contribui, também, a cultura tradicional da esquerda, que em geral teve uma visão estreita da ideia leninista de partido de vanguarda. 
212. Se exagerarmos a dicotomia, temos de um lado um partido de quadros pequeno, estreito, sectário, formado de militantes, baluartes que tudo decidem e dirigem, e de outro um partido de massas frouxo, inorgânico, sem cotizações regulares, cada um fazendo o que bem entende e chamando filiados para fazer número em convenções, como qualquer partido burguês. 
213. Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo, não precisamos nem de uma coisa, nem de outra. Precisamos de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores. Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo. 
214. Nossa concepção, portanto, é a de construir o PT como um partido de classe dos trabalhadores, democrático, de massas e socialista, que tenha militância organizada e seja capaz de dirigir a luta social. 
(...) 
A fragilidade das estruturas orgânicas do PT teve início na campanha eleitoral de 1982, quando diluímos nossos núcleos e Diretórios em comitês eleitorais de candidatos que, em sua maioria, terminaram em 15 de novembro daquele ano, com o fim da campanha. De lá para cá, o PT encaminhou com relativo êxito algumas campanhas gerais, porém, até hoje, não conseguiu formular nem implementar uma política de organização que estimulasse o crescimento do Partido do ponto de vista orgânico (nucleação, formação política, finanças etc.). Essa fragmentação tem muito a ver com a postura que se tomou em relação à construção partidária. Mais que isto, tem a ver com a visão do papel do Partido que estamos construindo. 
222. As campanhas gerais de intervenção na conjuntura, se por um lado aumentam as simpatias pelo PT, por outro lado, dissociadas de uma correta política de construção partidária, não conseguiram traduzir-se em aumento do nível de organização e enraizamento do PT na realidade social. Ocorre, por vezes, o inverso, ou seja, o Partido geralmente sai das campanhas mais disperso e desorganizado, portanto, mais fraco para resistir a novos avanços da burguesia. O esforço de intervenção na conjuntura, por meio de campanhas gerais, não foi acompanhado por uma política clara de reforço, politização e expansão da nucleação. O resultado foi a drenagem de forças e elementos para ações gerais e conjunturais, levando a um colapso a estrutura dos núcleos e Diretórios. É necessário um esforço consciente e priorizado para que os núcleos construam e ocupem o seu espaço na vida orgânica do partido e nas lutas sociais.”

“Um partido de massas frouxo, inorgânico, sem cotizações regulares, cada um fazendo o que bem entende e chamando filiados para fazer número em convenções, como qualquer partido burguês”, como diz o parágrafo 212 da resolução do 5º Encontro, que acabo de citar, é o que acabou se tornando o PT, lamentavelmente. Mas pode deixar de ser. Desde que queira, evidentemente. A mesma resolução, do 5º Encontro, aponta o caminho a ser seguido, quando diz o seguinte:
“Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo”, precisamos “de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores. Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo.”

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

09/9/2014

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