quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A estranha reação de Jean Willys.

Parece que Jean Willys preferia que Dilma não tivesse se posicionado a favor da criminalização da homofobia nestas eleições. Presumo que contasse com a exclusividade da defesa dessa bandeira para Luciana Genro, do seu partido. Parece que levou um susto com a atitude de Dilma e, no susto, reagiu de forma estranha. Publicou um status em sua página no Facebook, praticamente cobrando da presidenta coerência ou que fizesse autocrítica do passado. Diz que, no trato de temas relacionados aos direitos civis dos homossexuais, Dilma cedeu durante seu governo a chantagens da bancada evangélica por falta de coragem. Como se coragem bastasse para fazer tudo que se quer. Fosse assim e o próprio Jean Willys já teria conseguido aprovar todos os seus projetos.

Na democracia, só se aprova leis e se governa tendo apoio de maiorias no parlamento e na sociedade. O deputado Jean Willys não tem conseguido aprovar nenhum de seus projetos no Congresso. E não é por falta de empenho ou coragem. É por falta de votos no parlamento e por falta de apoio na sociedade. As derrotas sofridas por ele em suas refregas com fundamentalistas religiosos homofóbicos, não têm repercussão maior do que teria uma derrota da presidenta da república num confronto com eles. Se Jean é derrotado no Congresso, prolonga-se, de fato, o sofrimento dos homossexuais, mas a culpa não é dele, é dos homofóbicos. Mas se Dilma fosse lá derrotada pelos mesmos homofóbicos que o derrotaram, a responsabilidade pelos danos causados ao país por esta derrota, seria dela própria, que seria acusada, com toda justiça, de irresponsabilidade e voluntarismo.

Jean Willys, como militante dos direitos humanos e da causa gay, deveria festejar e aplaudir a defesa enfática e reiterada que tem sido feita pela presidenta da república em sua campanha à reeleição, da criminalização da homofobia. Mas, como candidato do PSOL, não pode. Prefere, então, cobrar dela ou coerência com recuos passados - deveria recuar também agora para que Luciana Genro não perdesse a exclusividade do discurso - ou fazer autocrítica por estes recuos, como se fosse possível evitá-los sem trazer danos ao país. O quase sempre brilhante Jean Willys mostra aqui, afinal, que nem ele está imune à mesquinharia política.

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