segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A razão não mata o preconceito.

Não lembro de ter visto em uma eleição presidencial uma agressão tão feroz e explícita aos homossexuais quanto esta que vi hoje, no debate da Record, protagonizada pelo candidato Levy Fidélix, em resposta a Luciana Genro, do PSOL, sobre o casamento gay.

O mais chocante, no entanto, não foi o discurso homofóbico de um candidato assumidamente de direita. O mais chocante foi a forma como reagiu a esse discurso a candidata que se autoproclama "esquerda coerente". Ao invés de indignar-se, riu e retrucou de forma morna. Um riso incoerente com seu discurso e plataforma e tão inadequado quanto o riso de Marina sobre o caixão de Eduardo Campos. Nenhum sinal de revolta ante as barbaridades que ouvia, nenhuma palavra sequer de condenação ao patife.

Eu diria que faltou convicção a Luciana Genro, na melhor oportunidade que ela teve durante essa campanha para confrontar a homofobia e defender os direitos dos homossexuais. Ante à repugnante performance de Fidélix, a quase sempre radical e veemente candidata, mostrou-se estranhamente complacente e moderada. Pior: precisou lutar consigo prá não rir, mais do que riu, diante das câmeras. Estava em visível conflito consigo mesma. Creio ter visto ali mais uma prova de que a razão não mata mesmo o preconceito.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.