terça-feira, 30 de setembro de 2014

MEU VOTO no RJ em 2014.

Pelo cumprimento do Artigo 88, letra "g", do Estatuto do PT.

Pelo cumprimento do Artigo 87, letra "c", do Estatuto do PT.

A hegemonia do descaso pela construção partidária no PT. Diálogo com o companheiro Carlos Ocké.

(Comentário ao post de hoje do companheiro Carlos Ocké, no Facebook)
"Dilma reeleita pelos brasileiros, sai menos tutelada pelo NÚCLEO DIRIGENTE DO CAMPO MAJORITÁRIO DO PARTIDO; sai MAIS PRÓXIMA de Lula e das aspirações democráticas e populares de AMPLOS SETORES do PT e da sociedade.

Dilma, Lula e a MILITÂNCIA PETISTA terão novamente a possibilidade concreta de superar a CRISE DE HEGEMONIA que se arrasta no partido desde 2005, " (Carlos Ocké)
Que MILITÂNCIA PETISTA? A meia dúzia de três ou quatro que frequenta as reuniões viciadas dos diretórios? Isso quando há reunião, evidentemente. Sei de um diretório zonal em que nem a executiva se reúne. Um absurdo, não é, Carlos Ocké? Pois é, mas acontece.

Superar a CRISE DE HEGEMONIA pela cúpula, sem nenhum movimento pela base? Não acredito ser possível.

E será mesmo que existe crise de hegemonia no PT?

Há um pensamento e uma orientação hegemônicos dentro do PT, Carlos Ocké, que está na raiz de todos os demais problemas do partido.

Sabe qual é esse pensamento e essa orientação hegemônicos?

Todos contra a construção do PT como partido socialista e democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente.

Ou, talvez, TODOS CONTRA A CONSTRUÇÃO PARTIDÁRIA, seja qual for o projeto. Talvez isto seja mais exato.

Ninguém quer saber disso de construir partido, Carlos Ocké.. Sabe por que? Porque dá trabalho, muito mais trabalho do que só fazer campanha eleitoral. Em relação a isso, agem, como se estivessem de acordo, os militantes da AE e da CNB, suposta esquerda e suposta direita do partido.

Prá mim, na prática, é tudo igual, não vejo diferença na forma de atuarem ou, melhor dizendo, de não atuarem.

Articulação de Esquerda e Construindo Um Brasil Novo são tendências igualmente omissas em relação à construção partidária. Estão inteiramente comprometidas com o pacto de não-construção do PT.

Mudando de assunto.

Dilma mais próxima de Lula do que já é? Não vejo como. O sonho da direita brasileira sempre foi afastar e dissociar Dilma de Lula, e nunca conseguiu. Dilma é cria política e seguidora fiel, apaixonada e assumida do Lula. E Lula faz parte do que você chama de NÚCLEO DIRIGENTE DO CAMPO MAJORITÁRIO DO PARTIDO. Ou não? Fez até campanha para o Rui Falcão no último PED, o nosso ex-presidente.

Por isso, esse trecho do seu post, onde você diz "Dilma reeleita pelos brasileiros, sai menos tutelada pelo NÚCLEO DIRIGENTE DO CAMPO MAJORITÁRIO DO PARTIDO; sai MAIS PRÓXIMA de Lula e das aspirações democráticas e populares de AMPLOS SETORES do PT e da sociedade", não faz o menor sentido.

Companheiro Carlos Ocké, essa disputa entre tendências num PT que tem excluído de sua democracia interna a imensa maioria dos filiados de sua base, não acrescenta nada ao partido. É uma disputa viciada, numa democracia de pouquíssimos, que por isso mesmo carece não só de legitimidade, mas também de capacidade de produzir ações coletivas na sociedade de impacto político proporcional ao tamanho da base social do partido.

Por isso é que acredito que, com ou sem Dilma na presidência da república, e com ou sem Lula brilhando na cena política do país, os petistas de todas as tendências deveriam fazer o máximo de esforço para estabelecerem, sem demora, um verdadeiro pacto interno pela construção do PT como partido socialista e democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente,como determinam as resoluções de nossos congressos e encontros nacionais.

Ano passado, eu disse, num texto enviado à nossa lista de e-mails, o seguinte:
"Divergência nunca pode ser considerada problema num partido democrático. Problema é quando, num partido, a democracia é de poucos. Pior ainda quando estes poucos não fazem questão de deixar de ser poucos."
Articulação de Esquerda e Construindo Um Brasil Novo, são grandes tendências nacionais do PT, cujos militantes, aparentemente, não fazem questão de deixar de ser poucos. Pelo menos aqui na 1ª zonal.

Num contexto assim, de apatia generalizada, todo debate político e todo discurso que se faça em torno das grandes questões nacionais e da luta pelo socialismo democrático, morrem como simples retórica, na falta do meio necessário para se realizarem, que seria o partido. O discurso e o debate político viram então performances meramente teatrais, vazios, inteiramente, de sentidos e objetivos práticos.

Eu não sei quando essa apatia vai acabar. Mas renovo e, renovarei mil vezes, a proposta, que há mais de um ano venho fazendo em nossa zonal, de um verdadeiro PACTO PETISTA PELA CONSTRUÇÃO PARTIDÁRIA.

Sem esse pacto, nossa democracia partidária continuará sendo não de poucos, mas de raros; nosso poder de ação coletiva nas ruas continuará sendo infinitamente menor do que o potencial de nossa numerosa base de filiados; e essa base de filiados continuará a envelhecer e morrer sem se renovar, como temos visto.

Um abraço, companheiro.

***

Segue o post de Carlos Ocké a que se refere o texto acima.

JORNALISTA ERRA SOBRE RELAÇÃO DO PT COM DILMA

Para o jornalista Raymundo Costa, do jornal Valor Econômico, "(...) a impressão no PT é que Dilma sai de 2014 mais devedora que em 2010".

Devedora de quem, cara pálida?

Discordo.

Dilma reeleita pelos brasileiros, sai menos cercada pelo núcleo dirigente do campo majoritário do partido; sai mais próxima de Lula e das aspirações democráticas e populares de amplos setores do PT e da sociedade.

Dilma, Lula e a militância petista terão novamente a possibilidade concreta de superar a crise de hegemonia que se arrasta no partido desde 2005, fortalecendo nossa política de crescimento econômico, desconcentração de renda, alargamento das políticas sociais (saúde, educação, transporte e moradia) e combate à corrupção e ao patrimonialismo.

No próximo domingo, em defesa da reforma política e eleitoral, vote Dilma, vote nos candidatos do PT, vote 13 !

*** *** ***

PT já pensa em como controlar Dilma 2

Por Raymundo Costa

O PT passou a considerar a hipótese de vencer a eleição presidencial no primeiro turno, em reunião realizada pela coordenação da campanha da presidente Dilma Rousseff, após o debate da Rede Record. "Não é provável, mas também não é impossível", dizem os integrantes do comitê eleitoral da reeleição, tendo por base uma série de números positivos mostrados pelas últimas pesquisas.

Essa hipótese será maior, na avaliação da campanha da presidente da República, se a candidata Marina Silva (PSB) repetir no debate da TV Globo, marcado para o dia 2, quinta-feira, o mesmo desempenho que teve no debate da Record, na noite do último domingo. Marina estava na defensiva. Aparentemente sentiu o impacto da queda nas pesquisas e perdeu um pouco do ímpeto que exibiu em outras ocasiões.

Dilma, ao contrário, incorporou o papel da "gerentona", investiu contra os adversários e deixou claro que eles podiam atacar, que ela estava preparada para rebater qualquer acusação. Aécio foi bem, segundo avaliação dos petistas, mas nada a ponto de mudar o curso de uma eleição que caminha para um segundo turno entre Dilma Rousseff e Marina Silva, se não se concretizar a possibilidade remota de o PT não ganhar no domingo mesmo.

Lula ajuda a eleger mas também quer a ajudar a governar

"Resta saber se vamos bater na trave ou vamos para o segundo turno", diz o coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, Luiz Marinho, ex-ministro do Trabalho no governo Lula, atual prefeito de São Bernardo do Campo. O PT "bateu na trave" em 2006, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou a milímetros da vitória em primeiro turno, assim como Dilma em 2010 - nas duas eleições o PT perdeu votos devido a escândalos denunciados na reta final da campanha.

O PT justifica seu atual momento otimista com base em informações quantitativas e qualitativas, após um período de depressão que durou de meados de agosto até o início de setembro. Até o "Volta Lula" chegou a ser lembrado, quando Marina disparou dez pontos de vantagem sobre Dilma, numa simulação do Datafolha de segundo turno. Mas Lula era um dos poucos a dizer que a eleição não estava perdida e que a reação era possível.

Os sinais "qualitativos" que a campanha de Dilma passou a recolher nos últimos dias indicam, por exemplo, que já há duas semanas cresce a parcela da população brasileira que acha que a presidente conseguirá a reeleição (já foi de 51%, agora está em 61%), mesmo entre aqueles que não votam nela. Os eleitores de Dilma também são os mais fidelizados. A pesquisa MDA/CNT divulgada ontem revela que 85,9% dos eleitores de Dilma disseram que a presidente é sua opção definitiva. O percentual de Marina e Aécio é bem menor.

O ministro Miguel Rossetto, que se licenciou do cargo para se dedicar aos últimos 30 dias da campanha da presidente Dilma, também chama a atenção para outro aspecto, o fato de a candidatura da presidente chegar a esta altura da disputa em curva ascendente e com possibilidade de se manter assim até o próximo domingo, como sugerem os dados qualitativos. "Nós estamos entrando em crescimento na reta final da campanha. É o melhor momento de nossa campanha e é um momento de crescimento eleitoral, enquanto os nossos adversários estão em queda".

Com todos esses indicadores favoráveis, a campanha espera ainda ganhar a maior parte dos votos dos eleitores que consideram regular o desempenho do governo Dilma Rousseff, algo estimado em 35% do total. O movimento de "desconstrução" de Marina deve continuar, enquanto Lula dobrou suas atividades em São Paulo, o maior bastião da resistência ao petismo.

Segundo a coordenação da campanha, Dilma cresceu nas pesquisas porque se afirmou como uma líder capaz de governar o país, nos próximos quatro anos, com uma "estabilidade positiva". Tanto no que diz respeito à economia, como em relação às relações com o Congresso e às mudanças que o país exige e aparecem refletidas nas pesquisas, ainda agora quando a presidente retoma o favoritismo na disputa presidencial.

A última semana de campanha demonstra uma notável capacidade de adaptação do comando estratégico da campanha Dilma à nova situação criada com a morte do ex-candidato do PSB, Eduardo Campos, ocorrida em acidente aéreo no dia 13 de agosto. A campanha do PT se adaptou mais rapidamente à nova conjuntura e foi ágil ao trocar o que havia preparado para disputar a eleição com Aécio Neves por uma outra estratégia tendo como alvo a ex-senadora Marina. No momento, tem material tanto para disputar com Marina como com Aécio, na hipótese improvável de o candidato do PSDB passar para o segundo turno das eleições.

O PT já fala e age como vitorioso. É voz corrente na campanha da reeleição da presidente da República que o ex-presidente Lula pretende ter uma participação mais ativa nos rumos do segundo governo Dilma. Os petistas falam em inverter a equação do primeiro mandato, mais ou menos definidos nos seguintes termos: "A campanha é nossa, o governo é dela". Ou seja, o PT é bom para a campanha e para levantar a candidata, em seus momentos de dificuldade, mas não serviria para governar. Forte ressentimento. Mas é algo que segundo os petistas deve ser feito com muito cuidado, para não estressar e levar Dilma a se fechar em relação a empresários, congressistas e às críticas sobre a condução da política econômica, muitas delas surgidas no arraial do próprio Lula da Silva. E a impressão no PT é que Dilma sai de 2014 mais devedora que em 2010, quando era só um poste.

O apoio do PSDB a Marina, no segundo turno, não é ponto pacífico. A candidata do PSB demora muito a fazer um aceno para Geraldo Alckmin, que deve vencer em São Paulo em aliança com o PSB, quando o próprio vice de sua chapa, Beto Albuquerque, já gravou para os programas de Alckmin e de José Serra para o Senado. Os tucanos também acham que Marina mantém um forte ranço petista.

Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Charge do Laerte sobre o candidato excretor.

Detenham este aparelho excretor.

A razão não mata o preconceito.

Não lembro de ter visto em uma eleição presidencial uma agressão tão feroz e explícita aos homossexuais quanto esta que vi hoje, no debate da Record, protagonizada pelo candidato Levy Fidélix, em resposta a Luciana Genro, do PSOL, sobre o casamento gay.

O mais chocante, no entanto, não foi o discurso homofóbico de um candidato assumidamente de direita. O mais chocante foi a forma como reagiu a esse discurso a candidata que se autoproclama "esquerda coerente". Ao invés de indignar-se, riu e retrucou de forma morna. Um riso incoerente com seu discurso e plataforma e tão inadequado quanto o riso de Marina sobre o caixão de Eduardo Campos. Nenhum sinal de revolta ante as barbaridades que ouvia, nenhuma palavra sequer de condenação ao patife.

Eu diria que faltou convicção a Luciana Genro, na melhor oportunidade que ela teve durante essa campanha para confrontar a homofobia e defender os direitos dos homossexuais. Ante à repugnante performance de Fidélix, a quase sempre radical e veemente candidata, mostrou-se estranhamente complacente e moderada. Pior: precisou lutar consigo prá não rir, mais do que riu, diante das câmeras. Estava em visível conflito consigo mesma. Creio ter visto ali mais uma prova de que a razão não mata mesmo o preconceito.


domingo, 28 de setembro de 2014

Resumo da Proposta de Plano de Ação e histórico das contribuições enviadas ao 1º Diretório Zonal no primeiro mês da gestão Le Cocq (janeiro de 2014).

27/09/2014 - No dia 8 de janeiro de 2014, a presidenta recém eleita do 1º Diretório Zonal, Cláudia Le Cocq, postou a seguinte mensagem na página do diretório no Facebook:
"Companheir@s da 1ª Zonal do PT-RJ, boa tarde. 
Estamos realizando a transição dos trabalhos da presidência do nosso zonal, eu e o companheiro Ricardo Quiroga Vinhas iniciamos esta tarefa. A intenção é ainda em janeiro fazermos uma confraternização de posse, o segundo passo será a organização (de) um Plano de Ação para 2014 com a participação dos membros eleitos, e em seguida uma ampla reunião para apresentação e desdobramentos. 
As sugestões serão bem vindas. 
Abraço fraternal 
Cláudia Le Cocq 
Presidenta da 1ª Zonal PT-RJ"
https://www.facebook.com/groups/506192469470535/permalink/573690092720772/



Como a companheira Cláudia disse que as sugestões seriam bem vindas, eu mandei, por escrito, as minhas. No dia 15 de janeiro de 2014, postei, como comentário, no tópico aberto por ela, e como texto de um novo tópico que criei, a seguinte mensagem, que também foi enviada, no mesmo dia, à lista de e-mails do diretório, tendo sido publicada na página desta lista na web com o número 15264:

PROPOSTA DE PLANO DE AÇÃO PARA O 1º DIRETÓRIO ZONAL (RESUMO)
À presidenta do 1º Diretório Zonal, Cláudia Le Cocq Beatriz, demais membros do Diretório e filiados de base a ele vinculados, apresento um resumo da minha proposta de plano de ação para o Diretório. Em futuras mensagens vou detalhando e justificando ponto a ponto do projeto. 
PROPOSTAS: 
1 - Inscrição do 1º Diretório Zonal no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) 
2 - Adesão do 1º Diretório Zonal ao sistema Rede PT Brasil 
3 - Criação do Banco de Dados do 1º Diretório Zonal 
4 - Criação do Programa Zonal de Voluntariado Petista 
5 - Realização do Censo Partidário Zonal 
6 - Criação da Rede Zonal de Comunicação Partidária 
7 - Realização da Conferência Zonal de Administração e Finanças Partidárias 
8 - Realização da Conferência Zonal de Comunicação Partidária 
Saudações petistas, 
Silvio Melgarejo 
(enviado hoje também para a lista de e-mails do diretório)
https://www.facebook.com/groups/506192469470535/permalink/577035649052883/







Durante aquele mês de janeiro, eu publiquei mais três textos, como novos tópicos e como comentários no tópico aberto pela companheira Cláudia, com reflexões e propostas para o plano de ação que ela disse pretender elaborar. Os três textos são os seguintes:


23/01/2014 - "O mito do 'partido dos núcleos' e a Administração como aliada da prática política". Esse texto foi enviado no mesmo dia à lista de e-mails do diretório e publicado em sua página na web com o número 15292.

https://www.facebook.com/groups/506192469470535/permalink/580795598676888/


26/01/2014 - "Administrar para democratizar e lutar (Reflexões e Propostas)". Texto enviado no mesmo dia à lista de e-mails do diretório e publicado em sua página na web com o número 15299.

https://www.facebook.com/groups/506192469470535/permalink/582100458546402/


27/01/2014 - "Pela realização do Censo Partidário Zonal (11/07/2013)". Texto enviado no mesmo dia à lista de e-mails do diretório e publicado em sua página na web com o número 15300.

https://www.facebook.com/groups/506192469470535/permalink/582393551850426/

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Condições para mudar a correlação de forças.

(Mensagem enviada em 26 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16056, com o título "Re: 'A política, sem polêmica, é a arma das elites.'. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Olá, Marcos Zarahi. Vamos polemizar?

Observo, em primeiro lugar, companheiro, que, assim como a mídia oposicionista, você desconsidera em sua análise, quatro importantes elementos da atual conjuntura. As realizações dos governos petistas em suas reais dimensões, a crise econômica mundial, o Pré-Sal e a correlação de forças políticas na sociedade e no Congresso.

É verdade que Lula e Dilma tiraram milhões de brasileiros da miséria e o Brasil do mapa da fome da ONU. Mas não foi só isso. Geraram também milhões de novos empregos formais, elevaram o poder de compra do salário mínimo em 70%, proporcionaram aumento real de salário, todos os anos, a quase todas as categorias de trabalhadores, e ainda ampliaram direitos sociais, como no caso dos trabalhadores domésticos.

Tudo isso, em plena crise econômica mundial, quando, até nos países mais ricos, os trabalhadores tem sido massacrados pelo desemprego, pelo arrocho salarial e pela redução de direitos sociais e trabalhistas, em decorrência de políticas econômicas de austeridade que Lula e Dilma corajosamente se recusaram a aplicar por aqui.

O Brasil, portanto, não é só um modelo para o mundo de política bem sucedida de combate à pobreza. É também um modelo para o mundo de política econômica bem sucedida de combate à crise. Um modelo que tem se baseado na preservação dos investimentos nas áreas social e de infraestrutura e na proteção ao emprego, ao salário e aos direitos dos trabalhadores. Foi isso o que Dilma quis dizer quando afirmou, em recentes entrevistas, que seu governo tem feito uma política econômica defensiva. Defensiva dos projetos estratégicos do Brasil e defensiva dos interesses e direitos dos trabalhadores brasileiros.

O outro elemento da conjuntura que você ignora é o Pré-Sal. É ele que vai garantir recursos para revolucionar a educação e a saúde no país, nos próximos anos, além de criar uma cadeia produtiva que vai gerar milhares de novos empregos, nos mais diferentes setores da economia. Com mais riqueza sendo produzida no país, maior será a arrecadação de impostos e, portanto, o volume de recursos da União, dos estados e dos municípios.

E o outro fator que você desconsidera é a correlação de forças. Nos dois parágrafos a seguir você mostra, apesar de tantas vezes já termos falado sobre isso, que ainda não entendeu essa variável da luta de classes e sua importância na definição das ações políticas mais adequadas - ou seja, com maiores chances de êxito - em cada diferente conjuntura. Você diz:
"Como se vê, temos soluções para os graves problemas de desinvestimento no âmbito da políticas públicas, porém, sem coragem e ousadia não conseguiremos atingir as metas acelerando os investimentos pois haveria de ter coragem para fazê-lo.  
Neste ponto, o partido submeteu-se à lógica da dominação e subordinação de seus movimentos e ações à lógica da correlação de força que julga desfavorável e está demonstrado no âmbito da gestão das políticas públicas pois soluções existem mas há de se ter coragem para implementá-las." 
(Marcos Zarahi)
Há duas interpretações possíveis para o que se lê acima.

A primeira seria a de que você considera irrelevante, para a definição das ações do governo, a análise da relação mútua entre as forças políticas das classes em disputa no governo, no Estado e na sociedade, mais conhecida como correlação de forças. Só há duas explicações possíveis para esse seu entendimento: ou você ignora a existência da luta de classes dentro do próprio governo, dentro do Estado e na sociedade, ou acredita que o presidente da república está acima da luta de classes e imune aos seus efeitos.

A outra leitura possível seria de que você considera relevante a correlação de forças, mas ou:
1) julga que PT e governo a tem avaliado mal nos últimos 12 anos, ou seja, acha que a correlação de forças nos governos Lula e Dilma permitiria que eles tivessem feito muito mais do que fizeram; ou 
2) admite que a correlação de forças tem sido desfavorável a maiores avanços, mas crê que ações "ousadas e corajosas" de Lula e Dilma bastariam para inverter essa correlação de forças e forjar, por si sós, novas bases de sustentação social e política para seus governos.
Estas posições sugerem duas boas discussões. A primeira é: como se avalia, afinal, a correlação de forças? E a segunda: quanto custa e quem paga por uma aventura política mal sucedida de um presidente da república?

Além destas, uma outra pergunta te faço, Marcos Zarahi, para que você pense. Sabendo que a esquerda não tem nem 1/3 das cadeiras do parlamento brasileiro, você acredita mesmo que Lula e Dilma teriam tido condições de concluírem seus mandatos com tamanho êxito, sem o apoio do PMDB e dos demais partidos de suas respectivas bases no Congresso?

Estamos avançando, companheiro, de forma gradual, mas consistente, segura e responsável. Há um processo de mudanças no país em curso, que não parou nem durante a crise que abalou o mundo. O Brasil não se abalou. O Brasil não parou. O Brasil não se curvou à crise. E o Brasil não se abalou, não parou e não se curvou à crise, exatamente porque Lula e Dilma tiveram a ousadia e a coragem de dizer não aos que apregoavam cortes de investimentos e de gastos públicos como remédio, a exemplo do que fizeram os governos da Europa, com os resultados que todos conhecem para os trabalhadores de lá. Mas só puderam, os nossos presidentes, dizer não aos pregoeiros neoliberais, porque tiveram, neste ato, o respaldo de suas bases de sustentação no parlamento.

Portanto, Marcos, até agora a política de alianças que fizemos tem sido extremamente útil à defesa, em que nos empenhamos, dos interesses e dos direitos dos trabalhadores brasileiros. O problema, como disse antes, é o futuro. Os partidos que formam a atual maioria, que até agora nos tem sido útil, deixarão de nos apoiar quando tivermos que ferir os interesses das empresas que lhes patrocinam. A partir daí votarão contra nós.

A continuidade do processo de mudanças no segundo mandato de Dilma dependerá, portanto, da formação de uma nova maioria. Mas não qualquer maioria, nem maioria apenas no parlamento. Será preciso formar uma nova maioria no Congresso que seja de esquerda, mas também uma maioria de esquerda na sociedade que seja realmente militante, para juntas darem suporte político à presidenta em suas iniciativas. E essas novas maiorias de esquerda, na sociedade e no parlamento, só poderão ser formadas:
1) com a realização de uma Reforma Política que livre os processos eleitorais da influência do poder econômico;

2) com a aprovação de uma lei que dê fim à censura e ao controle de conteúdo imposto pela burguesia nos meios de comunicação eletrônica; e

3) com a construção do PT como partido militante de massas, capaz de organizar e dirigir amplas, intensas e permanentes mobilizações da classe trabalhadora. 
Não é atoa que você e muitos outros companheiros secundarizam os temas da Reforma Política, da Democratização da Mídia e da Construção Partidária. É porque não entendem, antes, a importância da correlação de forças como variável decisiva da luta de classes e depois, como estes três objetivos, a Reforma Política, a Democratização da Mídia e a construção do partido, em sendo alcançados, podem gerar condições favoráveis à construção de correlações de forças políticas, na sociedade e no Estado, favoráveis ao avanço do projeto petista.

Só um partido de massas militante e muito bem organizado, numa sociedade dotada de processos eleitorais e de uma mídia eletrônica de massas livres do domínio do poder econômico da burguesia, será capaz de mudar a correlação de forças do país e imprimir maior celeridade às mudanças que já estão em curso, no rumo do socialismo democrático.

Resumindo. Para avançar mais é preciso mudar a correlação de forças políticas em favor do projeto da esquerda democrática. E, para mudar a correlação de forças em favor da esquerda é preciso construir o PT como partido militante de massas e livrar os processos eleitorais e as mídias eletrônicas do controle da burguesia. Por isso, estes devem ser os principais objetivos da militância petista depois da reeleição de Dilma. A Reforma Política, a Democratização da Mídia e a construção do PT como partido militante de massas, capaz de dirigir as mobilizações dos trabalhadores. Nesses três objetivos é que devemos estar focados no próximo período. Tudo mais é secundário.

Um abraço, companheiro. Espero ter sido claro.

Silvio Melgarejo

26/09/2014

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Podendo ter 3 mil militantes em ação, 1º DZ prefere ficar com só meia dúzia.

Em 23/9/2014, o Diretório Regional do PT do RJ, publicou em sua página a seguinte notícia:
"LARGO DO MACHADO VIRA POINT DE CAMPANHA DO PT

O sucesso da “'Camisetada com Dilma', no Largo do Machado, no último fim de semana, fez com que a organização do evento já programe outros encontros, até as eleições, no mesmo local. Segundo Claudia Le Cocq, presidenta da 1ª Zonal PT/RJ, a mobilização de militantes, filiados e simpatizantes chamou a atenção de centenas de pessoas.

'A militância cumpriu com seu dever e o sucesso da “Camisetada com Dilma” superou todas as expectativas. Sem falar no bandeiraço, na panfletagem e no principal objetivo que foi mostrar à população que Dilma e Lindberg são as melhores opções na hora do voto', comemorou Claudia Le Cocq.

No domingo, a militância reforçou a 'Caminhada Lilás', realizado na orla de Copacabana. O candidato da Frente Popular (PT-PV-PSB-PCdoB) ao Governo do Estado, Lindberg Farias, recebeu o carinho da militância feminina do PT e do PCdoB, que foi para as ruas pedir o apoio da população para ele e para a presidenta Dilma Rousseff."
No dia seguinte, 24, um companheiro da 1ª zonal compartilhou o link desta notícia em seu Facebook, dizendo:
"Largo do Machado vira point de campanha do PT. Inspirem-se e façam o mesmo em cada bairro, com alguns militantes e uma boa convocação virtual, é possível juntar na praça mais movimentada do seu bairro uma galera."
Ainda nesta data, postei o seguinte comentário:
"As listas de filiados por bairro já existem e estão nas mãos da presidenta da zonal, prontinhas para serem usadas. 

O diretório zonal tem 15 membros titulares e mais 10 suplentes. 

Se cada um pegar uma lista dessas e ligar, mandar e-mail ou até visitar pessoalmente os filiados de cada bairro, dá para mobilizar mais de 3 mil petistas. 

É o que tenho proposto. 

Mas parece que a estratégia é mesmo juntar os poucos que já estão integrados à campanha e concentrá-los no Largo do Machado. 

Francamente, eu não entendo essa escolha do diretório. 

Podendo ter 3 mil na campanha, prefere ficar com meia dúzia."

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Anarquistas que confiam no Estado?

Ontem, 22/9/2014, num debate sobre a atuação dos Black Blocs, disse um participante, chamado Alexandre, o seguinte:
"uma vez diziam que a CUT chamar greve geral era coisa de baderneiro, que estudante fazer protesto contra o aumento de mensalidades e parar as aulas nas universidade era coisa de arruaceiro. Eu me preocupo com os rótulos fáceis."
Respondi-lhe:
"Me preocupam as comparações descabidas. Greve é greve. Depredação e provocação deliberada de confronto com a polícia é outra."
Disse, então, Alexandre:
"Nas greves gerais do final dos anos 1980 teve muito confronto com a polícia, principalmente nos piquetes de porta de fabrica onde eles estavam garantindo o 'direito de ir e vir' dos furas greves. Eu, inclusive, fui alvo de muitos desses conflitos tentando garantir o direito dos trabalhadores fazerem greve.  Ah, nem vou falar do 'vandalismo' de queimar o relógio dos 500 anos da Globo ou do 'vandalismo' cometido pela Via Campesina numa fazendo de transgênicos em 2003"
Eu ponderei:
"São contextos completamente distintos. Nos casos citados a violência é defensiva e a depredação direcionada. Nos casos presentes o confronto violento é deliberadamente provocado e a depredação é generalizada. Não vejo muita diferença entre Black Boc e uma torcida organizada em fúria."
Alexandre retrucou:
"Quem esteve nas ruas no dia 17 percebeu a diferença bem clara entre os dois. Pelo menos em Porto Alegre uma torcida organizada (que estava de máscara mas com vestimentas do clube) foi contratada para espalhar o terror no ato e caçar, essa é a palavra correta, caçar os militantes de movimento social. Até mesmo a FAG (Federação Anarquista Gaúcha) ficou encurralada com essa prática pois, entre essa turba, tinham muitos nazifacistas. Nesse dia os atos de 'depredação' foram generalizados e na maioria eram saques a lojas. É muito fácil saber quem é um e quem é outro. 

Qualquer burguês inteligente é contra a organização de grupos revolucionários pois sabem que os alvos deles são os aparatos da burguesia. Mas eles não são nada contrários a turbas enfurecidas pois na barbárie é a classe trabalhadora que não tem condições de se defender."
Perguntei-lhe, então:
"Você quer dizer que o Black Boc é um grupo revolucionário, Alexandre?"
Ele respondeu:
"Só não enxerga quem não quer. Isso não quer dizer que vc precise concordar com eles. Eu não concordo, mas entendo o que está acontecendo. 

Só para fazer outra correlação e o caso do Césare Battisti que era do Proletários Armados pelo Povo (PAC) que foi um dos numerosos grupos armados oriundos de uma vertente do movimento autônomo denominada Autonomia Operária (em italiano, Autonomia Operaia). Diferentemente das Brigadas Vermelhas, os PAC eram um grupo pouco estruturado, de organização horizontal, com vários núcleos independentes que podiam conduzir ações independentes e reivindicá-las como sendo ações dos PAC."
Retruquei:
"Enxergar o que? O que está acontecendo a seu ver?"
O companheiro Diogo Costa, então, postou o seguinte comentário:
"O Black Bloc é um grupo anarquista. Anarcoprimitivista. Rejeitam todos os partidos de esquerda, bem como rejeitam também todas as experiências socialistas e comunistas tidas e havidas no século XX. Odeiam Karl Marx e pretendem 'destruir o estado', como se isso acabasse, num passe de mágica, com a luta de classes... Com esse povo aí só é possível estabelecer uma ou outra aliança tática. Estratégica, nunca."
Sobre este anarquismo dos Black Blocs, comentei:
"O que eu acho engraçado é que os caras chamam o Estado para o confronto violento contando exatamente com os limites legais que Estado tem que obedecer para o uso da violência. Ou seja, eles demonstram de fato uma tremenda confiança nas instituições que dizem condenar e querer destruir. Que porra de anarquismo é esse?"

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O erro do PT é não estar se construindo como partido organizador e dirigente das mobilizações dos trabalhadores.

(Mensagem enviada em 22 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16040 e com o título "Re: 'A política, sem polêmica, é a arma das elites'. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Marcos Zarahi.

Há poucos dias, a imprensa noticiou, sem o devido destaque, por razões óbvias, que o Brasil saiu do mapa da fome da ONU.

Quem é esquerda de verdade não pode desprezar um feito desses.

E quem tirou o Brasil do mapa da fome da ONU foram os governos Lula e Dilma, do PT.

O PT, portanto, está fazendo História, companheiro. Mas, como dizia o velho Marx, cuja leitura você acaba de recomendar, "os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado".

Você já leu isso, não. Pois, então. Foi isso o que o PT fez no governo. Atuou conforme circunstâncias que não escolheu, mas que não poderia de maneira nenhuma ignorar.  E resultados como este, anunciado pela ONU e divulgado pela imprensa, mostram que o partido fez o que deveria e poderia fazer até aqui. O problema é o futuro.

Os próximos avanços que precisam ser feitos exigem que o PT se construa efetivamente como um partido capaz de organizar, mobilizar e dirigir as massas trabalhadoras, porque das massas organizadas e mobilizadas é que vão depender unicamente, a partir de agora, tanto a governabilidade da nova gestão de Dilma, quanto a realização de reformas fundamentais como a Reforma Política e a Democratização da Mídia.

A única base política segura que Dilma pode ter para dar novos e decisivos passos é a base de um partido que seja democrático, de massas e de quadros, de um partido que seja realmente militante para ser efetivamente dirigente das lutas do povo, no rumo do socialismo democrático. Esse partido é o PT e tem que ser construído agora, sem demora, para que Dilma não fique refém do PMDB e das bancadas conservadoras e para que o projeto petista não seja inviabilizado em seu segundo mandato, por falta de sustentação social e política.

O PT errou e erra, sim, Marcos Zarahi. Mas não na política de alianças. Porque foi esta política de alianças, que tantos condenam, que permitiu que o PT no governo alcançasse os seus maiores êxitos no campo social.

O verdadeiro erro do PT, o erro que pode ser mais prejudicial a ele mesmo e aos trabalhadores, é deixar de formular e implementar uma política de construção partidária capaz de torná-lo aquele partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, que a classe trabalhadora brasileira precisa, para lutar contra a burguesia, conquistar o poder político e construir o socialismo democrático.

O PT não tem uma política de construção partidária. É o que se vê claramente aqui no 1º Diretório Zonal. Sem política de construção partidária não se constrói um partido. E aí é que nós temos um gravíssimo problema. Porque, sem o respaldo das massas mobilizadas, sob o comando de um partido forte, que seja capaz de dirigi-las, tende o próximo mandato de Dilma a ser triturado pela direita midiática e engolido pelas forças conservadoras do Congresso.

Não há, infelizmente, nenhuma tendência dentro do PT, que eu conheça, que esteja sendo capaz de ver isso  Nenhuma tendência tem levado a sério a questão da construção partidária. Nesse ponto, igualam-se todas no mesmo perigoso conservadorismo.

Se amanhã voltarem as massas às ruas, como fizeram em  2013, o PT será de novo pego de surpresa e, de novo, como então, será mero coadjuvante, atônito, irrelevante e indesejado.

O maior erro do PT, Marcos Zarahi, é, antes, o maior erro dos petistas.

E o maior erro dos petistas é não construir o PT como partido dirigente. Esse é o nosso maior problema.

Um abraço, companheiro.

Silvio Melgarejo

22/09/2014

Por que agora? Porque depois será tarde.

(Mensagem enviada em 22 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16038)

POR QUE o 1º Diretório Zonal tem que PROCURAR AGORA os mais de (*) mil filiados de sua base - com os quais não tem tido contato -, e não SÓ DEPOIS das eleições?

Porque o PT PRECISA da participação deles AGORA para reeleger Dima e eleger Lindberg.

Tem que ser AGORA.

DEPOIS será TARDE.

Silvio Melgarejo

22/09/2014

"O óbvio, (...) é a verdade mais difícil de ser enxergada" (Clarice Lispector)

Sobre Ana Paula Araújo.

Ana Paula Araújo, apresentadora do Bom Dia Brasil, é uma decepção, como jornalista. Prá desgosto de quem apreciava o seu trabalho no RJ/TV, tornou-se mais um entre tantos casos de jornalista que revela mais apreço pelo emprego do que pela profissão. Talvez, para ela, seja mais importante ter um dia um AP, como o da Patrícia Poeta, do que exercer de forma digna o seu ofício. O Chico Pinheiro... esse, já deve ter seu AP padrão Poeta.

domingo, 21 de setembro de 2014

"A política, sem polêmica, é a arma das elites." (Fernando Brito)

(Mensagem enviada em 21 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página da web com o número 16037)

Tem razão Fernando Brito, do blog Tijolaço, autor da frase.


Re: Quantos filiados estão nas ruas? Quantos poderiam estar? E por que não estão? (5)

(Mensagem enviada em 21 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16034. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)

Maria Ponciano.

Se tiver tempo, leia, por favor, os dois parágrafos abaixo que, ao todo, só têm 307 caracteres, pouco mais do que duas mensagens do Twitter. São bem curtinhos, olha só. Se preferir pode até ler um hoje e outro amanhã. Não precisa ter pressa.

Primeiro este:
"Compete aos Diretórios Zonais (...) manter em dia o cadastramento dos filiados e filiadas do Zonal." 
(Artigo 87, letra "c", do Estatuto do PT)
E agora este:
"Compete à Comissão Executiva Zonal (...) informar e atualizar TODOS os filiados e filiadas sobre políticas, propostas, publicações, materiais e demais iniciativas do Partido." 
(Artigo 88, letra "g", do Estatuto do PT)
Agora me diga. Isto está sendo cumprido, companheira?

Silvio Melgarejo

21/09/2014

Re: Quantos filiados estão nas ruas? Quantos poderiam estar? E por que não estão? (4)

(Mensagem enviada em 21 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16033. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)

Maria Ponciano.

Você diz que só teve tempo para ler os dois primeiros parágrafos da mensagem que dirigi a você. 

Mas teve tempo para me responder em sete parágrafos.

Será que é falta de tempo, mesmo?

Permita-me duvidar, companheira, dessa sua justificativa. Acho que você foi bem além do segundo parágrafo. Pelo menos até o sexto você leu. Sabe porque acho isso?

No sexto parágrafo do meu texto eu digo:
"Estes milhares estão dispersos e sem comunicação nenhuma com o partido. Culpa deles? Não!!! Culpa do partido, mais especificamente, de seus dirigentes, que tem sido inoperantes."
Se você não tivesse lido esse trecho, não haveria sentido esta frase que disse ao final da resposta que me deu, que é a seguinte:
"Assim, a 'culpa' fica com eles sim."
Ora, eu só digo a palavra "culpa" no sexto parágrafo do meu texto. Antes disso, não.

Portanto, acho que, pelo menos até o sexto parágrafo você leu.

Só que, a partir do sétimo, você encontrou argumentos cujo valor não consegue negar. Então achou melhor fingir que não leu. Um direito seu. Mas, fingiu mal, me perdoe a franqueza.

Silvio Melgarejo

21/09/2014

O maníaco da Veja.

Em defesa de todas as famílias. (2)

sábado, 20 de setembro de 2014

Re: Quantos filiados estão nas ruas? Quantos poderiam estar? E por que não estão? (3)

(Mensagem enviada em 20 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16031. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Sérgio Telles.

A militância da zonal tem que usar a internet para organizar e mobilizar a base do partido na zonal. Acho que temos que definir bem o nosso foco.

Além disso, o objetivo da gente não pode ser só eleitoral. Nós não podemos perder de vista a missão de construir o partido para que ele organize, mobilize e dirija as massas, não só para garantir governabilidade social a Dilma eleita, mas sobretudo para impulsionar, desde as ruas e desde a internet, a realização do objetivo estratégico do PT que é o socialismo democrático.

O cuidado que eu acho que tem que se ter com a atuação na internet é com o risco da pulverização e dispersão da militância. Acredito que é necessário e possível articular a atuação do partido na internet com a atuação do partido na rua. Tenho a convicção de que uma coisa pode potencializar a outra, se tudo for feito, evidentemente, de forma organizada, obedecendo a um comando ou a uma coordenação centralizada, para que haja sintonia entre as duas frentes de atuação.

Mas há, de fato, da parte de alguns setores do partido, uma incompreensão muito grande quanto à importância da internet como ambiente real de participação e luta política. Há um evidente preconceito. Vez por outra vê-se manifestações de desprezo, como se toda atividade política na internet tivesse um valor político menor do que qualquer atividade política na rua ou numa sala de reuniões. Acho que essa é uma visão pequena e uma mentalidade atrasada, que os petistas têm que fazer um esforço para superar.

Todo debate político na internet é real e, portanto, tem o mesmo valor que qualquer debate realizado em ambiente físico, como um auditório ou uma sala de reunião. A diferença de qualidade entre um debate e outro não está no ambiente usado para sua realização. Está no conteúdo expressado pelos que deles participam.

Prá mim, isso parece mais do que evidente. Mas receio que haja muito dirigente partidário petista ainda preso ao preconceito contra a internet, julgando frequentemente os materiais publicados com critério análogo ao de quem, numa hipótese absurda, avaliasse o valor de uma obra literária ou de um documento político pela qualidade do papel em que estão impressos.

Cadê a juventude petista, Sérgio Telles, prá ajudar essa zonal a superar sua caretice? Os trabalhadores e os estudantes brasileiros estão cada vez mais mergulhados na era digital, enquanto a maior parte de nós ainda resiste a essa evolução, com a cabeça presa a um mundo analógico, que já tem dias contados para o fim.

Santo Isidoro de Sevilha, rogai por nós. Salve este diretório zonal da obsolescência.

Um abraço, companheiro botafoguense.

Silvio Melgarejo

20/09/2014

Re: Quantos filiados estão nas ruas? Quantos poderiam estar? E por que não estão? (2)

(Mensagem enviada em 20 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16030. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)


Por questões de segurança, alguns dados citados na mensagem original estão sendo omitidos nesta edição pública e substituídos por asteriscos (*).

***

Maria Ponciano.

Ninguém, que esteja fora dessa lista de e-mails e fora da página da zonal no Facebook, recebe "programação" nenhuma (informes do diretório). Você não sabia disso? Pois é assim mesmo que a coisa funciona por aqui, desde sempre.

O que tenho dito é que, no levantamento que fiz no cadastro do PT, identifiquei (*) mil filiados com endereços nos 17 bairros da Zona Sul, mais Glória, Santa Teresa e Centro. O diretório tem 253 desses filiados nesta lista de e-mails em que estamos e 433, em tese, na página do Facebook.

Digo "em tese", porque a maioria desses 433 participantes da comunidade do Facebook, na verdade, nem pertence à zonal.

Apenas 253 e 433 filiados, num universo de (*) mil. É muito pouco, você não acha?

Aí eu te pergunto. E os mais de (*) mil filiados da zonal que estão fora da lista de e-mails e do Facebook?

Eu te digo companheira. Estes milhares estão dispersos e sem comunicação nenhuma com o partido. Culpa deles? Não!!! Culpa do partido, mais especificamente, de seus dirigentes, que tem sido inoperantes.

Diz o Artigo 88, letra "g", do Estatuto do PT:
"Compete à Comissão Executiva Zonal (...) informar e atualizar TODOS os filiados e filiadas sobre políticas, propostas, publicações, materiais e demais iniciativas do Partido". 

Destaco o "TODOS".

Isso nunca foi feito no PT, Maria Ponciano, nem no nosso tempo, que é o tempo de quase todos aqui.

E por que isso nunca foi feito?

Por falta de organização das instâncias e por falta de disciplina de seus dirigentes. Isso é evidente.

Era atribuição minha tentar organizar um cadastro de filiados da zonal que permitisse que estes filiados fossem procurados? Não. Era uma obrigação dos filiados que se candidataram e foram eleitos para dirigir esta zonal. Só que nunca, nenhum deles, assumiu, de fato, essa responsabilidade.

O que diz o Artigo 87, letra "c", do Estatuto do PT?
"Compete aos Diretórios Zonais (...) manter em dia o cadastramento dos filiados e filiadas do Zonal".
Mais claro, impossível.

Mas, mesmo que a atualização permanente do cadastro de filiados não estivesse explicitamente prevista no Estatuto como dever dos dirigentes das zonais, esta deveria ser considerada pelos dirigentes uma tarefa prioritária, já que a existência de um cadastro atualizado de filiados é condição básica, inescapável, para o cumprimento de todas as demais atribuições desses dirigentes, previstas ou não no Estatuto.

Me deu um trabalho gigantesco pegar a listagem que obtive no Diretório Municipal, com dados completamente bagunçados de cerca de 53 mil filiados de todo o município do Rio, separar apenas os que tinham endereço nos bairros das Zonas Sul e Centro, que eu acreditava constituírem a base territorial do 1º Diretório, e depois ainda montar listagens por bairro, agrupando filiados por logradouro, CEP, edificação e unidade habitacional.

Levei meses fazendo isso e, acredite, não me arrependo. Não era esta, certamente, uma atribuição estatutária minha. Mas eu julgo ter cumprido um dever político de militante, para tentar quebrar a inércia da paralisia que domina este diretório e, consequentemente, toda a sua base.

Passei meses falando aqui, sem ser ouvido. Por isso, em dado momento, resolvi ir das palavras aos atos. Acreditava que só assim talvez fosse possível contagiar companheiros e companheiras visivelmente acomodados a uma dinâmica partidária viciada que, ao longo de décadas, vem impedindo o PT de se construir, nas zonas Sul e Centro do Rio, como aquele partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, que as resoluções de seus congressos e encontros nacionais determinam que ele seja.

Não me iludo, porém. Sei que a construção desse partido não depende só de mim. Fiz o que me foi possível e já encaminhei à presidenta do diretório o resultado do meu esforço. De posse desse material, não há razão nenhuma que justifique o adiamento da ida do diretório ao encontro de sua base. A única explicação para se adiar esse encontro é a tal da inércia da paralisia que domina as vontades dos nossos dirigentes.

Portanto, eu e o Estatuto do PT concordamos contigo, Maria Ponciano. Você está certíssima. Os (*) filiados da Glória, assim como os demais filiados, residentes nos outros bairros da zonal, deveriam sim receber informações do diretório. Nisso estamos de acordo. Só não concordo com essa sua ideia de que o diretório tem que "ficar esperando eles chegarem". Prá mim, o dirigente partidário é quem tem a obrigação de procurar o filiado de sua base, não o contrário.

Dirigente, num partido como o PT, tem que fazer trabalho de base. Não pode ficar sentado esperando que a base venha ao seu encontro. Isso é uma atitude típica de burocrata. O PT nunca vai ser um partido democrático, militante e dirigente, se não tiver dirigentes militantes, que tenham a disciplina do trabalho cotidiano de base. É pela falta crônica de presença da direção na base, que o PT está como está, com uma militância cada vez mais velha e minguada.

O partido, dirigido desta forma, não garante direitos e não cobra deveres do filiados, não garante o funcionamento de sua democracia interna e não tem o menor poder de ação prática. Veja que, mesmo tratando a campanha de coleta de assinaturas para o projeto de lei iniciativa popular da Reforma Política como uma de suas prioridades, desde o ano passado, o PT não conseguiu até hoje pegar as assinaturas sequer da totalidade dos seus filiados. E isto se deve, exatamente, à falta permanente de contato entre a direção e a base partidária.

Se a direção não vai à base, companheira, o partido não funciona. E é isso o que está acontecendo. O 1º Diretório Zonal não está funcionando como instância partidária porque não se comunica NUNCA com a quase totalidade de sua base de filiados.

Agora, o dirigente nunca vai dar conta de uma base de milhares de filiados se não tiver consigo, atuando, sob seu comando, uma vanguarda militante disposta a suar a camisa junto com ele. Quando os documentos oficiais do PT dizem que o PT tem que ser um partido de massas e de quadros, entende-se que os quadros, que são os militantes mais qualificados e dedicados, têm a função de organizar e dirigir a massa de filiados na execução dos planos de ação estabelecidos pelas instâncias partidárias superiores.

Tudo que tenho dito aqui tem o propósito de sensibilizar não só os dirigentes da zonal, mas também e sobretudo a sua vanguarda, para que essa vanguarda cobre dos dirigentes, como é direito seu assegurado pelo Estatuto, ou forje uma nova direção partidária alternativa, para realizar as tarefas que a direção oficial não esteja sendo capaz de cumprir.

O que propus a Náustria, Maria Ponciano, não é algo que eu considere atribuição política apenas dela. É uma atribuição que considero que é de todo e qualquer militante que esteja realmente comprometido com a construção do PT. E essa atribuição, nada mais é do que, simplesmente, fazer trabalho de base. É só isso. Primeiro junto aos filiados do partido. Depois junto aos trabalhadores lá fora, que não são filiados.

A proposta que fiz a Náustria, de trabalho de base na Glória, é a mesma que faço aos vizinhos dela, Joylce e Flávio Lomeu, a mesma que faço a você, para que atue no Flamengo, se não tiver se mudado, e a mesma que, com ou sem ajuda, vou tentar implementar aqui em Botafogo, bairro onde moro.

O problema que nós temos aqui é mais do que a simples cobrança de responsabilidades estatutariamente previstas e que não estão sendo assumidas. Trata-se, em verdade, é de avaliar honestamente o grau de compromisso que cada um de nós, filiados de base ou dirigentes, tem com a construção do partido nas zonas sul e centro do Rio.

Quem, afinal, na prática, vai assumir essa responsabilidade, arregaçar as mangas e botar mãos à obra? E quem vai lavar as mãos, fingir-se de surdo ou desentendido e sair de fininho?

Estas, Maria Ponciano, é que são as perguntas que precisam ser respondidas por todos e por cada um de nós. Porque desde o nosso tempo, que é o tempo de quase todos aqui, as pessoas se candidatam, são eleitas dirigentes e depois saem de fininho, deixando os barcos que tinham que comandar à deriva. E dane-se o PT e danem-se os filiados da base.

Só tem um jeito disso mudar, companheira. Com a auto-organização dos filiados de base e com a cobrança da base organizada aos dirigentes de suas instâncias. Sem essa pressão de baixo para cima, que é saudável para o partido, os dirigentes tendem quase sempre a se acomodar.

Nós, da 1ª zonal, temos que ter essa cultura, de nos cobrarmos, uns dos outros, comprometimento, dedicação e disciplina. Mas temos, também, que estar atentos para a diferença, quase sempre ignorada, entre ser mero cabo eleitoral e militante socialista. Caso contrário, como organização, nós vamos fracassar; nós nunca vamos conseguir, de fato, cumprir nossa missão de construir um PT, aqui, que possa ser efetivamente dirigente da luta dos trabalhadores pelo socialismo democrático.

Porque não se conquista o socialismo através unicamente do voto. Portanto, não se conquista o socialismo só com cabos e comitês eleitorais. Isso quer dizer que um diretório zonal petista não pode funcionar apenas como comitê eleitoral. E um militante petista não pode se permitir, jamais, atuar apenas como cabo eleitoral. Infelizmente, o que mais tem se visto no PT é esse rebaixamento das funções do diretório e do militante, como decorrência natural de uma generalizada ignorância quanto aos reais objetivos estratégicos do PT. Há, portanto, a meu ver, um grave problema de fundo na formação política do partido, que está na raiz dessa perigosa degeneração que eu aponto. Mas esta é uma outra conversa.

Um abraço, companheira.

Silvio Melgarejo

 20/09/2014

Uma eleição sem debate político?

(Comentário sobre a crônica de Jânio de Freitas "Feia, grossa e errada", de 20/09/2014)

Numa boa. Eu gosto muito do Jânio e, quase sempre, concordo com ele. Agora, não. O que ele está propondo é o fim debate político programático. Um campanha eleitoral sem crítica política. Cada qual fala do seu programa, das suas realizações e esquece os adversários. E quem aponta as mentiras e os erros dos concorrentes? Os colunistas políticos, como o próprio Jânio, suponho. Mas aí estes colunistas, inevitavelmente, assumiriam um protagonismo maior até do que o dos candidatos. Não vejo outro efeito possível, por isso estranho as queixas do Jânio. Não acredito que ele tenha isso em mente.

Acho que a campanha da Dilma está sendo exitosa exatamente por não estar cometendo os excessos de que a acusam seus adversários. Não há, ao contrário do que dizem, nenhuma baixaria, agressividade ou terrorismo. O que há é um equilíbrio bastante razoável entre prestação de contas, propostas, críticas aos programas de governo de seus adversários e denuncia dos interesses políticos e econômicos que eles representam.

"Só nas duas últimas semanas Dilma adotou o papel de candidata diante dos eleitores", diz Jânio, no último parágrafo de sua crônica. Ora, desde o início dessa campanha, Dilma tem se dedicado, antes de tudo, a prestar contas do que fez em seu primeiro mandato, como razões, evidentemente, para merecer um segundo. Será que Jânio, sempre tão arguto, não foi capaz de ver isso? Estranho.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Re: Quantos filiados estão nas ruas? Quantos poderiam estar? E por que não estão? (1)

(Mensagem enviada em 19 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16028. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)


Por questões de segurança, alguns dados citados na mensagem original estão sendo omitidos nesta edição pública e substituídos por asteriscos (*).

***

Olha, Náustria, eu vou tentar resumir o máximo possível o que propus em minha "extensa mensagem", prá ver se você consegue entender. Tá bom? Olha, é o seguinte:

O PT tem no seu cadastro (*) filiados com endereço na Glória. 

Você mora na Glória, certo? 

Tem alguém fazendo campanha na Glória?

Acho que não. E, se tiver, deve ser muito pouca gente. Pois, então.

Eu proponho a você que procure os seus vizinhos Joylce B. e Flávio L. e que vocês criem um Comitê de Filiados para atuar exclusivamente aí nas ruas e praças da Glória.

Proponho que vocês três peguem a listagem que fiz com os endereços dos (*) filiados da Glória e que visitem um por um para confirmar seus endereços, telefones, e-mails e endereços nas redes sociais.

Com esses dados, a minha proposta é que vocês formem a Rede PT Glória para integrar todos os filiados da Glória na campanha, usando todos os meios possíveis para manter comunicação permanente com eles. 

A imensa maioria dos filiados da Glória está fora da campanha - e, pior, fora do partido -, simplesmente porque ninguém do partido procura por eles.

Por que você, Joylce e Flávio não procuram por esses companheiros? São filiados que são vizinhos de vocês, com os quais vocês devem, às vezes, até esbarrar na rua sem nem saber quem são. Quantos desses mais de (*) filiados que moram no seu bairro você conhece? 

Pois é isso que proponho. Que você vá até eles, que os visite, que telefone para eles, que mande cartas, e-mails, mensagens no Facebook, no Twitter, ou torpedos em SMS; que, durante os próximos dias, você forneça a eles os materiais de campanha para que eles distribuam em seus prédios, que você combine com eles atividades de campanha nas ruas e praças da Glória. 

Deu prá entender agora?

***

Sabe o que eu desconfio, Náustria? Que você não vai topar fazer esse trabalho, apesar de, com ele, ser possível aumentar significativamente a força do PT nesta campanha, no bairro em que você mora. Por que será que tenho essa desconfiança?

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Quantos filiados estão nas ruas? Quantos poderiam estar? E por que não estão?

(Mensagem enviada em 18 de setembro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 16022)


Por questões de segurança, alguns dados citados na mensagem original estão sendo omitidos nesta edição pública e substituídos por asteriscos (*).

***

Companheir@s.

A título de registro e para refletirmos um pouco, publico agora, aqui nesta lista de e-mails, a troca de mensagens que tivemos, eu e a companheira Cláudia Le Cocq, presidenta do 1º Diretório Zonal, entre os dias 12 e 13 de setembro, na página deste diretório no Facebook, a respeito da mensagem enviada por mim ao diretório, no dia 9 de setembro, através desta lista em que estamos, intitulada "Pela criação de Comitês de Filiados por Bairro".

Reproduzo também as trocas de mensagens que tive logo depois disso com os companheiros Marcus Vinícius, secretário-geral, e Carlos Kalifa, membro suplente do 1º Diretório, também aqui nesta lista.

Essas mensagens evidenciam, a meu ver, a dificuldade que este diretório zonal tem para se mover, mesmo quando todos os meios lhe são dados de bandeja. Nem tendo em mãos listagens por bairro com os endereços de todos os filiados dos 17 bairros da Sul, mais Glória, Santa Teresa e Centro, cuidadosamente agrupados por logradouro, por CEP, por edificação e por unidade habitacional, se animam seus membros a fazerem algum trabalho de base.

A proposta que fiz de que o diretório e a vanguarda com a qual ele mantém algum contato, começassem imediatamente a visitar todos estes filiados e que criassem Redes e Comitês de Filiados por Bairro, teria como efeito, se implementada, um incremento substancial da participação da base petista desses bairros tanto na campanha eleitoral, quanto na campanha de coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular da Reforma Política, que o PT, desde a reunião do Diretório Nacional de 1º de março de 2013, realizada em Fortaleza, tem tido como uma de suas prioridades.

Essa campanha de coleta de assinaturas simplesmente inexiste nesta zonal, assim como inexiste campanha eleitoral do PT na maior parte dos bairros da base territorial do diretório. E aonde existe campanha, as ações realizadas têm baixíssimo índice de participação de filiados em razão da absoluta falta de comunicação entre o diretório e a quase totalidade de sua base.

A outra dificuldade que essas trocas de mensagens confirmam, é a resistência deste diretório, que vem desde a gestão anterior, ao uso da internet como meio de comunicação com sua base de filiados, para o desenvolvimento tanto do debate político, quanto do debate sobre a administração da zonal.

A falta de notícias sobre o que tem sido tratado, decidido e realizado pelo 1º Diretório Zonal e sua Comissão Executiva, desde o início desta gestão, leva-me a crer que o diretório e sua executiva nunca se reúnem, não tendo, por isso mesmo, nunca nada para anunciar.

Mas mesmo nos fóruns de debates oficiais da instância, que são a lista de e-mails e a página no Facebook, evitam seus membros, sistematicamente, a discussão política e, sobretudo, a discussão administrativa.

A construção partidária parece um tema tabu, sobre o qual nunca nada se fala.

Todas as tentativas que fiz, desde maio do ano passado, quando nesta lista fui admitido, de discutir construção ou administração partidária, foram interditadas, seja por via da indiferença, seja por via da desqualificação a priori do que eu dizia ou pela desqualificação da minha pessoa, sem qualquer consideração pelo que eu dizia.

Tenho, além disso, a forte impressão, lendo mensagens na lista de e-mails e no Facebook, de que o cuidado excessivo em proteger amizades muito caras e de longa data, tem inibido o exercício da critica, necessário ao aprimoramento da ação partidária.

Não é, nunca foi e nunca será fácil proteger a relação pessoal de repercussões da relação política, quando a relação política é de divergência, ainda que ocasional ou pontual.

Mas a escolha de assumir ou não o risco de ver a crítica pública que se faz ferir involuntariamente susceptibilidades, depende exatamente do que representa para cada um o diretório zonal. Se antes uma instância partidária, ou se antes um clube de amigos.

Ninguém critica ninguém, publicamente, na 1ª zonal. Ninguém cobra nada de seus dirigentes. Os dirigentes não cobram uns dos outros. E, graças a esse pacto de boa e harmoniosa convivência, todos são muitíssimo amigos. Mas a zonal vai de mal a pior.

Se a leitura do Estatuto do PT permite, como penso, que se diga que as três grandes missões dos dirigentes partidários são garantir direitos e cobrar deveres dos filiados, garantir a democracia partidária e garantir o poder de ação do partido na base territorial de suas instâncias, é preciso que se reconheça, para dar ensejo a alguma mudança, que nada disso tem sido feito pelo 1º Diretório Zonal. E o pior é que ninguém fala nada, parece que está tudo muito bem.

Não está nada bem, companheiros. Estamos envelhecendo e morrendo e a militância do partido não tem se renovado. Entra eleição e sai eleição e a nossa militância está cada vez mais idosa e menos numerosa. Daqui a 5 ou 10 anos muitos de nós pode já ter ido desta prá melhor, sem ter realmente aberto as portas do PT para a juventude, nem deixado herdeiros políticos dentro partido capacitados para dar continuidade à luta pelo socialismo democrático iniciada, com sua fundação, há 34 anos.

O que será do PT no futuro, companheiros, se não aproveitarmos o que nos resta de vitalidade para dar vida ao partido e permitir que ele vá ao encontro da juventude que está lá fora e se renove, como se renovam todos os organismos vivos pela substituição constante das células? Um organismo cujas células não se renovam é um organismo morto. Pensem bem.

Já em 1987, o 5º Encontro Nacional do PT registrava a seguinte lição que, pelo visto, até hoje não aprendemos. Diz essa resolução:
"A fragilidade das estruturas orgânicas do PT teve início na campanha eleitoral de 1982, quando diluímos nossos núcleos e Diretórios em comitês eleitorais de candidatos que, em sua maioria, terminaram em 15 de novembro daquele ano, com o fim da campanha. De lá para cá, o PT encaminhou com relativo êxito algumas campanhas gerais, porém, até hoje, não conseguiu formular nem implementar uma política de organização que estimulasse o crescimento do Partido do ponto de vista orgânico (nucleação, formação política, finanças etc.). Essa fragmentação tem muito a ver com a postura que se tomou em relação à construção partidária. Mais que isto, tem a ver com a visão do papel do Partido que estamos construindo."
A falta de estudo dos documentos do PT tem feito com que muitos de seus dirigentes ignorem o papel que o partido se propõe a ter na sociedade brasileira desde a sua fundação. E, sem essa referência fundamental, perde-se inteiramente a noção do partido que se precisa construir.

O PT quer conquistar o poder político para construir o socialismo democrático.

Para isso, ele entende que precisa ser um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente.

E só se constrói um partido assim, construindo diretório a diretório segundo esse mesmo modelo.

Os diretórios petistas, portanto, não podem ser só comitês eleitorais.

Porque comitê eleitoral só faz campanha eleitoral.

Diretório, não.

Diretório tem que construir o partido, o que significa filiar os simpatizantes e criar e manter estruturas e mecanismos para que eles participem das ações do partido e de seus processos decisórios.

Comitê eleitoral só funciona durante a eleição.

Diretório, não. Tem que trabalhar o tempo todo.

É assim que tem que ser no PT, porque assim o PT definiu em seus congressos e encontros nacionais.

Se não for assim, estaremos fazendo do PT um partido como outro qualquer e renunciando, na prática, ao objetivo estratégico de construir o socialismo democrático, constante dos documentos aprovados naqueles congressos e encontros, que são suas instâncias máximas superiores.

Por isso digo que o 1º Diretório Zonal está atuando de forma errada e que precisa se corrigir.

Errada não segundo um critério qualquer tirado de minha cachola.

Errada segundo os critérios estabelecidos nas resoluções do próprio partido, que a maioria, ao que tudo indica, ainda desconhece.

Passo, então, ao registro das mensagens trocadas desde o dia 12 nesta lista de e-mails e na página do diretório no Facebook com a companheira Cláudia e com os companheiros Marcus Vinícius e Carlos Kalifa.

Mensagens


No dia 12 de setembro eu, lá no Facebook, publiquei a seguinte mensagem, dirigida à companheira Cláudia:
"À PRESIDENTA DO 1º DIRETÓRIO ZONAL 
Claudia Beatriz Le Cocq. Você leu a mensagem que mandei à lista de e-mails da 1ª zonal, intitulada "Pela Criação de Comitês de Filiados por Bairro"? Recebeu em seu e-mail pessoal o conjunto de arquivos que te mandei, com planilhas por bairro de todos os bairros da zona sul, mais Glória, Centro e Santa Teresa, com os endereços de mais de 3 mil filiados? É preciso que se diga, companheira Cláudia, sem rodeios, que estes 3 mil filiados simplesmente estão fora do partido e fora da campanha eleitoral porque o 1º Diretório Zonal não tem até hoje, por incrível que pareça, nenhum canal de comunicação com eles, o que é inadmissível. Esse pessoal tem que ser procurado, urgentemente, Cláudia, não dá prá simplesmente ignorar que eles existem, desprezar a contribuição que eles podem dar. Isso é um crime contra o partido e contra as candidaturas que estamos defendendo. É preciso procurá-los para dar chance a eles de participarem da campanha.

Mandei a mensagem e o conjunto de planilhas há 3 dias e estou aguardando um posicionamento seu e dos demais membros do diretório. São 15 membros efetivos, mais 10 suplentes. Não é possível que ninguém se manifeste sobre algo tão que importante como a organização da base de filiados da 1ª zonal. O diretório deveria ter isso como prioridade. Nós estamos numa campanha difícil e, por isso mesmo, o PT não pode desperdiçar os recursos humanos que tem em sua base. Tem que mobiliza-los. Mas, para mobiliza-los, precisa ter contato com eles. Lembro que são mais de 3 mil filiados, não é pouca gente. Essa turma tem que ser contatada e incorporada de alguma forma à campanha. É um desperdício deixar tanta gente de fora. Tem muito pouca gente na campanha, enquanto estes milhares de filiados não participam pela absurda razão de que não são chamados pelo diretório. Não é possível que ninguém veja, nesse partido, que isso está errado. 
Aguardo uma manifestação sua, Cláudia. Um abraço, companheira."

https://www.facebook.com/groups/506192469470535/permalink/693808104042303/

No mesmo dia 12, a companheira Cláudia me respondeu nos seguintes termos:
"Eu oPTei em priorizar a campanha. A militância do PT está nas ruas, nas atividades com os nossos candidatos a Deputados Estaduais, Federais, com Lindberg e com Dilma. Ser petista nas eleições é levantar alto nossa bandeira, colocar a estrela no peito, vestir o vermelho, realizar comícios domésticos, participar dos Comícios organizados pelo PT, é organizar panfletagens, usar os adesivos nos carros e nas vestes, convencer a vizinhança e colegas de trabalho, é trabalhar com dedicação para reeleger Dilma Rousseff e eleger Lindberg Farias. É atuar no facebook e em grupos, é twttar ... não é ora de dividir ... é ora de ação, as sugestões são bem vindas ... mas tenho a clareza que participar é só querer. Viva o PT !!! Amanhã é dia da mobilização vermelha mais uma vez estaremos nas ruas !!!"

E no 13 de setembro, ainda na página do grupo do Facebook do diretório, em resposta a este post da companheira Cláudia Le Cocq, eu publiquei o seguinte texto:
"QUANTOS ESTÃO NAS RUAS?  
QUANTOS PODERIAM ESTAR? 
E POR QUE NÃO ESTÃO? 
E quem disse, Claudia Beatriz Le Cocq, que eu não estou priorizando, neste momento, a campanha eleitoral? A questão é saber se queremos fazer uma campanha com poucos ou uma campanha com muitos, se queremos usar todo o potencial militante da zonal ou se vamos nos contentar em usar apenas uma pequena parte desse potencial.  
*** 
É um erro, sob qualquer ponto de vista, achar que os problemas deixam de existir só porque fechamos os olhos para eles ou porque ignoramos as vozes dos críticos. E é um erro gigantesco, tanto do ponto de vista político, do funcionamento da democracia partidária, quanto do ponto de vista administrativo, da busca da eficácia e da eficiência da máquina partidária, classificar, a priori, qualquer crítica e qualquer proposta de correção de procedimento como ameaça à unidade de ação partidária.  
Na democracia, a unidade de ação se forja com base em consensos formados no livre debate, e não na abstinência da crítica ou na censura aos dissensos. A boa gestão de qualquer organização, além disso, exige que o administrador seja capaz de identificar o que está dando certo e o que está dando errado, com base na observação própria, mas também na escuta da opinião de seus colaboradores, afim de fazer os devidos acertos.
Classificar, como aqui se fez, precipitadamente e sem qualquer justificativa plausível, uma avaliação crítica do desempenho do diretório zonal e uma proposta concreta de correção de rumo, que pretende exatamente melhorar esse desempenho, como algo danoso para o partido e, portanto, indesejável, é, na prática, interditar o debate democrático pela via nada sutil da desqualificação prévia. Quando um não quer, dois não debatem. Não responder a questionamentos ou recusar-se a emitir juízo sobre análises e propostas apresentadas, são formas de negação do debate democrático. E é isso o que, lamentavelmente, estou vendo aqui. 
*** 
Olha, companheira Cláudia, eu fico feliz de você ter me dado alguma resposta. Afinal, o diálogo é uma via de mão dupla. Mas parece, companheira, que você não leu ou, se leu, não entendeu nada do que eu disse. Em que ponto exatamente do meu texto você conseguiu encontrar alguma intenção de dividir, algo que eu tenha proposto que possa sequer ameaçar causar alguma divisão? Leio, releio e não acho. Muito pelo contrário. Em meu texto, eu aponto apenas, isto sim, uma divisão clara, que já existe nesta zonal há muito tempo e que é muito prejudicial ao partido. Uma divisão em que, de um lado, tem-se algumas poucas centenas de filiados integrados em nossa rede interna de comunicação - formada por esta comunidade do Facebook e a lista de e-mails - e de outro milhares de filiados que estão lá fora, sem ter contato nenhum com o partido.  
Fiz, então, uma proposta de trabalho de base exatamente para superar essa divisão e ainda ofereci os meios para fazer esse trabalho, que são as listagens com os endereços dos filiados. Me diga, por favor: como essa proposta de trabalho pode causar mais divisão do que já há? Sim, concordo, é hora de ação. E é ação, mesmo, o que estou propondo. Uma ação para integrar ao partido e à campanha eleitoral os filiados que estão de fora, dispersos e inativos, e que você deve saber que não são poucos. Há uma diferença, Cláudia, muito grande, entre realizar todas essas ações de campanha que você cita, com 300 ou com (*) mil filiados. Nós estamos com apenas 300 militantes ativos, se tanto, enquanto, lá fora, temos pelo menos (*) mil filiados parados, compondo uma reserva militante ociosa com a qual não temos o menor contato e que, portanto, não pode ser mobilizada.  
Que ação política coletiva você acha que pode ter melhor efeito numa democracia: uma ação de poucos ou uma ação de muitos? Eu acho que é uma ação de muitos. Por isso acredito que o diretório tem que fazer de tudo para mobilizar o máximo possível de filiados para esta campanha. É um equívoco achar que 3 mil filiados vão se mover espontaneamente, guiados apenas pela propaganda da televisão. Eles tem que ser procurados e orientados pelo diretório zonal. Se não é esse o papel do diretório zonal nesta campanha em relação aos filiados de sua base, então eu não sei mais para que serve um diretório zonal, é melhor fechar de vez as portas. 
Você diz que tem a clareza de que "participar é só querer". Pois a clareza que eu tenho, é a de que o desejo de participação de um filiado pode ser estimulado ou desestimulado pela atitude do dirigente partidário em relação a ele. Se o dirigente some, se não se comunica, se não dá a ele informação, orientação, estímulo e meios; se não diz direta e reiteradamente ao filiado o quanto e porque a sua participação é importante; se, ao contrário disso tudo, faz de conta que esse filiado nem existe, se se convence de que só dele mesmo depende participar - o que não é verdade -, dá-lhe as costas e se acomoda, esperando que ele espontaneamente venha ao seu encontro, a tendência é que o filiado também se acomode e não se anime a participar de nada. Não há base militante, sem dirigente militante que exerça de fato o seu papel de dirigente.  
Presumo, pelo que você diz, pelo silêncio dos demais membros do diretório, e pelas curtidas de alguns deles em seu comentário, que as planilhas de filiados por bairro que fiz e a proposta de criação dos Comitês de Filiados por Bairro que apresentei, vão para o lixo. A acusação de que essa minha iniciativa provoca divisão, não passa, evidentemente, de um truque para encerrar o debate, evitando a abordagem franca, honesta e racional dos dados, da análise e das propostas que apresentei. O apelo à unidade em torno de uma política claramente equivocada, que tem levado ao subaproveitamento dos recursos da zonal, e o desprezo pela crítica e pelo crítico que, de boa fé, aponta erros e propõe correções de rumo, não ajudam nenhum pouco, companheira, o PT a melhorar o seu desempenho como partido nessas eleições, aqui nas zonas centro e sul do Rio.  
Um partido democrático, aliás, até mesmo por uma questão de princípio, mas também e sobretudo por óbvias razões práticas, não pode evitar o debate político e sobre as questões organizativas durante uma campanha eleitoral. Isso é um erro escandaloso. Ajustes sempre precisam ser feitos e, quando não feitos, não raro produzem fracassos. Renunciar, ademais, e desconsiderar a crítica, acomodar-se e exigir acomodação ao erro, conformar-se com pouco e exigir de todos o mesmo conformismo, quando é possível ter mais; essas atitudes, além de antidemocráticas, são absolutamente contraproducentes, já que ajudam a preservar práticas que comprometem gravemente o uso máximo dos recursos do partido, necessário para que ele atinja seus objetivos. Erros na condução da zonal durante a campanha devem, portanto, ser, sim, apontados, devem ser considerados por todos os seus membros, e devem ser, na medida do possível, prontamente corrigidos, e não ignorados, jogados para debaixo do tapete. Porque esses erros têm consequências para o partido como um todo. 
Bem, Cláudia, eu confesso que estou desapontado, porque, ainda tinha um fio de esperança de que você pudesse ter a coragem de dar um rumo diferente e melhor à sua gestão como presidenta deste diretório. Pelo visto, não tem. Mas não posso dizer que esteja realmente surpreso. O comportamento do diretório zonal agora, está sendo coerente com o comportamento que tem tido desde a sua posse. Nada nunca funcionou de fato, nenhuma das suas secretarias nunca, efetivamente, esteve em atividade. O diretório não se reúne e não decide e a comissão executiva não executa nada. Graças a esse imobilismo crônico de seus dirigentes, a 1ª zonal permanece realmente dividida. Dividida não entre este único crítico franco da sua gestão e os demais participantes deste fórum, que silenciam, mas entre os poucos que aqui estamos e a multidão de filiados que está lá fora, de cujo engajamento o PT tanto precisa para reeleger Dilma, eleger Lindberg, ampliar nossas bancadas parlamentares e conquistar a Reforma Política e a Democratização da Mídia.  
Vivemos uma contradição curiosa e irônica. Festejamos muito e nos orgulhamos, com razão, do avanço da inclusão social no Brasil pela ação dos nossos governos. Mas convivemos naturalmente e sem queixas com os altíssimos índices de exclusão partidária no PT, por conta da inação de seus dirigentes. O gozo da cidadania nacional cresce para os trabalhadores brasileiros, graças aos governos petistas. Mas, no PT, raríssimos gozam suas cidadanias partidárias, graças à irresponsabilidade de milhares de dirigentes que não cumprem com seus compromissos políticos e obrigações estatutárias. Um partido assim, frouxo e inorgânico, nunca será capaz de dirigir a luta dos trabalhadores brasileiros pelo socialismo democrático. E deixar as coisas do jeito que estão é renunciar, na prática, à realização deste objetivo estratégico que o PT reafirma a cada congresso e encontro nacional que faz.  
A conquista do poder e a construção do socialismo democrático exigem que o PT seja um partido realmente democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. E a parte que nos cabe, Cláudia, na construção desse partido, é construir um diretório zonal que siga esse modelo, e seja um diretório democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. Nada tem sido feito neste sentido, companheira, desde o início de sua gestão. E sua atitude agora, como a atitude dos demais membros do diretório, sugere que nada será mesmo feito no futuro. A 1ª zonal não tem e não terá, se depender de vocês, pelo visto, um diretório democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. Quando muito, o que terá é um comitê eleitoral sem muito gosto pela organização e pela disciplina. Não é isso o que as resoluções dos congressos e encontros nacionais do PT determinam, tenhamos claro. 
Um abraço, companheira."

Assim como a presidenta do diretório, Cláudia Le Cocq, também o secretário geral da instância, Marcus Vinícius, se manifestou no dia 12 de setembro sobre minha proposta de criação de Comitês de Filiados por Bairro. Ele postou um comentário à mensagem que enviei a esta lista de e-mails, dizendo o seguinte:
"Prezado Silvio, gostei da idéia de organizar filiados por bairro.  Acho que logo após o processo eleitoral, devemos aprofundar o assunto dentro da zonal. 
Grande abraço. 
Marcus Vinicius" 
(mensagem 16006 de 12/09/2014)

Por descuido, só vi em minha caixa de e-mails esta mensagem de Marcus Vinícius no dia 15. E respondi assim que a li. Disse o seguinte:
"Que bom que você gostou, Marcus Vinícius, mas...  
O que significa exatamente "dentro da zonal"? Acaso estamos "fora"?  
Outra coisa: qual o sentido de se esperar o fim da guerra eleitoral para, só então, convocar a reserva ociosa do exército militante petista da zonal? 
Continuar com 300 militantes, se tanto, na campanha, é melhor do que alcançar até (*) mil?  
Por que não dar agora a esses 300 a missão de ir aos (*) mil que estão lá fora e incorporá-los à campanha? 
Por que desperdiçar tantos recursos, abrir mão de ter na tropa tantos novos combatentes a engrossar nossas fileiras? 
Por que abrir mão, afinal, de usar a força máxima do partido, no momento mais decisivo de uma das mais importantes e difíceis eleições presidenciais dos últimos tempos? 
Companheiro Marcus Vinícius. Um partido de luta se constrói na luta. Não, depois da luta. Uma campanha presidencial é um momento privilegiado para a construção partidária. Porque predispõe, mais do que qualquer outro evento, os trabalhadores à participação política.  
Todos os filiados deste partido estão hoje com suas sensibilidades políticas aguçadas e suas atenções tomadas pelo debate público entre os candidatos representantes dos dois projetos de país que estão em disputa.  
Todos sabem que o futuro do país neste momento está em jogo e que é hora de unir forças prá garantir a continuidade das transformações que estão em curso.  
O orgulho de ser petista cresce à medida que Dilma cresce sobre seus adversários na propaganda eleitoral, nas entrevistas e nos debates, confrontando as realizações dos 3 mandatos presidenciais do PT e os novos passos que pretende dar caso eleita, com os resultados dos dois mandatos presidenciais tucanos e com as medidas antinacionais, antidemocráticas e antipopulares que a direita neoliberal assumidamente pretende de novo impor ao Brasil, caso consiga voltar ao poder, com Marina ou Aécio.  
Os valores maiores da esquerda estão sendo hoje encarnados por Dilma nessa disputa. E o orgulho de ser petista nada mais é do que o orgulho de ser de esquerda. Orgulho de acreditar e lutar por igualdade, liberdade, justiça e democracia, e ver o PT no governo conduzindo o país nesse rumo, apesar de haver tantas forças contrárias, e apresentando tantos resultados positivos e importantes, na prestação de contas que tem feito à sociedade, durante esta campanha, como credenciais de enorme valor para seguir à frente do governo, na presidência da república.  
Portanto, a hora é agora, companheiro Marcus Vinícius. Não vamos deixar passar.
Em nenhum outro momento, posterior a essa eleição, a militância da zonal estará mais disposta ao engajamento, nem os filiados de nossa base estarão mais receptivos a dialogar conosco e a reforçarem seus laços com o partido.  
Adiar o necessário encontro entre este diretório e sua base a pretexto de priorizar as ações gerais da campanha, convocadas pelos diretórios superiores, é deixar passar o ambiente político e psicológico mais favorável a esse encontro e perder uma oportunidade que talvez tão cedo não se repita. 
A melhor contribuição que este diretório pode dar ao PT nesta campanha eleitoral não é a presença pouco numerosa, embora aguerrida, de sua vanguarda e dirigentes, nos eventos gerais para os quais ele é chamado.  
A melhor contribuição que este diretório pode dar ao PT nesta campanha, é trabalhar intensamente para incorporar à campanha os milhares de filiados de sua base, ora dispersos e inativos, e ajudar o partido a não só ganhar mais votos e eleger seus candidatos, mas também sair dessa eleição mais organizado e mobilizado, com força redobrada e mais preparado para enfrentar novas e mais duras batalhas.  
Por isso é que eu proponho ao 1º Diretório Zonal que o trabalho de criação dos Comitês de Filiados por Bairro, a partir das planilhas que lhes enviei, comece agora, sem demora, antes que as condições para que obtenhamos os melhores resultados deixem de existir, com o fim da eleição. 
Faltam 41 dias para o segundo turno. E, nesse tempo, com o ambiente político que temos, é possível fazer uma revolução nessa zonal. Basta tomar a decisão e encarar com afinco o trabalho. Sem medo do novo, que essa minha proposta representa. Sem hesitação. E sem preguiça. 
Um abraço, companheiro. 
Silvio Melgarejo 
15/09/2014"

No mesmo dia 15 de setembro, o companheiro Carlos Ocké Kalifa compartilhou aqui na lista de e-mails uma mensagem da Secretaria Nacional de Organização, intitulada "Compromisso da Reforma Política", que tinha o seguinte texto:
"Companheiros(as), 
O Partido dos Trabalhadores tem grandes tarefas e desafios para o próximo período. Dar continuidade ao nosso projeto nacional com a reeleição da presidenta Dilma e Reformar o Sistema Político-Eleitoral são alguns dos quais não podemos prescindir. Não é mais possível admitir a influência do poder econômico nas disputas eleitorais, a pouca participação da mulher na vida política e o enfraquecimento progressivo dos partidos políticos. 
O PT lançou em junho deste ano a 2ª etapa da sua campanha para coleta de assinaturas do projeto de Iniciativa Popular, REFORMA POLÍTICA: PRA MUDAR TEM QUE ASSINAR. Nosso objetivo é alcançar, NO MÍNIMO, 1,5 milhão de assinaturas para podermos protocolar junto ao Congresso Nacional, a Convocação de uma Constituinte Exclusiva para Reformar o Sistema Eleitoral Brasileiro. 
Na semana da pátria, os movimentos sociais realizaram o Plebiscito Popular a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político. Todavia é preciso esclarecer que, apesar de receber nosso apoio, esta não é a campanha do PT. Portanto, é preciso que continuemos empenhados em coletar as assinaturas para atingirmos nosso objetivo. 
Para baixar o formulário acesse o site: www.pt.org.br/reformapolitica, imprima e colete quantas assinaturas possíveis. Caso não tenha o título de eleitor em mãos não se preocupe, basta colocar os outros dados bem legíveis que localizamos seu Título de Eleitor no site do TSE. Lembre-se que NÃO EXISTE ASSINATURA DIGITAL, os formulários devem ser preenchidos, assinados e, por fim, encaminhados ao PT. 
Gostaríamos de contar com a cooperação de todos, pois desejamos realizar na 1ª semana de outubro uma prévia do que foi coletado no país. E para que possamos contabilizar os dados, solicitamos que enviem os formulários até dia 30 de setembro para a Sede do PT Nacional em São Paulo: Rua Silveira Martins, 132 - Centro - São Paulo – SP - CEP: 
01019-000. Telefone de contato: (11) 3243 – 1301. 
Contamos com vocês. Pra Mudar tem que Assinar! 
Ajude na divulgação da Campanha, clicando aqui para compartilhar isto nas redes sociais. 
Atenciosamente, 
Gleide Andrade 
Vice Presidente Nacional do PT 
Coordenadora Nacional da Reforma Política PT" 
(mensagem 16010 de 15/09/2014)

No dia seguinte, 16 de setembro, respondi a ele, comentando esta mensagem e relacionado-a com as análises e propostas que tenho feito no campo da administração partidária. Disse-lhe o seguinte:
"Bem, Carlos Kalifa. Diante de uma convocatória dessa, com meta, prazo e tudo, e se todos nós sabemos da importância da Reforma Política para a continuidade do projeto petista no governo, o que este diretório espera para atendê-la? 
Conforme a pesquisa que fiz e que já enviei a vocês em mensagens anteriores, temos (*) filiados com endereços nos 17 bairros da zona sul e nos bairros de Santa Teresa, Glória e Centro. Insisto no que venho dizendo a vocês: vamos até eles, companheiros. 
Se conseguirmos falar com cada um destes filiados, explicar o que é e do que trata esse projeto de lei de iniciativa popular; se conseguirmos colher suas assinaturas e convencer cada um deles a pegar mais 5 assinaturas entre familiares, amigos e colegas de trabalho ou estudo, nós poderemos alcançar, em tese, até (*) mil assinaturas.  
Seria uma boa contribuição para esta importante campanha do PT.  
Mas, mesmo que atingíssemos apenas metade desse número, ou seja, se conseguíssemos colher (*) mil assinaturas, também considero uma boa contribuição.  
Qualquer coisa, aliás, que esse diretório consiga fazer para se aproximar de sua base, da qual sempre andou distante, será algo extremamente positivo para o PT e, portanto, digno de ser muito comemorado. 
Já faz uma semana que enviei ao 1º Diretório Zonal, através desta lista de e-mails, minha proposta da criação de Comitês de Filiados por Bairro. Em resposta que recebi ontem, também nesta lista, o secretario geral do diretório, companheiro Marcus Vinícius, disse que gostou da ideia e que a botaria em pauta para ser discutida. Mas só depois das eleições.  
Também aqui na lista, respondi a ele expressando as razões da minha discordância quanto a esse adiamento e da convicção que tenho de que a criação desses Comitês de Filiados por Bairro tem começar agora, imediatamente, e não ficar para depois das eleições.  
Pois essa mensagem que recebemos agora da Vice-Presidente do PT e Coordenadora Nacional da Reforma Política do partido, é mais uma fortíssima razão para darmos urgência máxima à criação dos Comitês de Filiados por Bairro na 1ª zonal.  
Como eu disse na primeira mensagem, em que apresento a proposta de criação dos comitês e anuncio o envio ao diretório das planilhas de filiados já organizadas para servir a esse fim, os Comitês de Filiados de Bairro teriam a função de ser braços do diretório zonal nos bairros, através dos quais o diretório poderia planejar, organizar e dirigir as ações do partido em cada bairro, mantendo o comando do conjunto das ações simultaneamente realizadas. 
Ressalto que as planilhas que fiz e enviei ao diretório, com os filiados já distribuídos por bairro, logradouro, edificação e unidade habitacional, já são meio caminho andado para que se possa instalar os comitês.  
Ao visitar cada filiado para confirmar dados e pegar os que faltam para permitir o estabelecimento de canais de comunicação do diretório com cada um, o militante-entrevistador aproveitaria a ocasião para fazer uma breve discussão sobre a Reforma Política, colher a assinatura do filiado no abaixo-assinado do projeto de lei de iniciativa popular e, ao fim, propor a ele que assuma com o PT o compromisso de pegar mais, pelo menos, 5 assinaturas em seu círculo social. Esse seria, basicamente, o roteiro de trabalho do militante em cada visita. 
Temos, portanto, 39 dias até o 2º turno da eleição presidencial e 14 dias para enviar os formulários com as assinaturas colhidas na zonal à sede do PT Nacional, atendendo à solicitação da Coordenadora Nacional da Reforma Política do PT, Gleide Andrade. Estes são os prazos. O desafio agora é tentar mover essa zonal para cumpri-los, da melhor forma possível. 
Penso que esse diretório, no curto espaço de tempo que tem, deve fazer o maior esforço possível para colher e enviar ao PT Nacional as assinaturas, pelo menos, da totalidade dos filiados de sua base territorial. Essa deveria ser a nossa meta mínima. 
Termino citando, para lembrar, o resumo da proposta de criação dos comitês de bairro que botei no início da mensagem enviada e esta lista no dia 9/9/2014. Ali eu digo: 
PROPOSTA: Criar Comitês de Filiados por Bairro para permitir que o 1º Diretório Zonal, em cumprimento do que determina o Estatuto do PT:
1) garanta direitos e cobre deveres dos filiados de sua base; 
2) garanta o funcionamento de sua democracia partidária; e 
3) tenha poder de ação:
- para organizar e dirigir as lutas dos trabalhadores de sua jurisdição; 
- para lutar pela reeleição de Dilma; 
- para lutar pela eleição de Lindbergh; 
- para lutar pela ampliação das bancadas do PT nos parlamentos estadual e federal; e  
- para realizar a campanha de coleta de assinaturas para os abaixo-assinados dos projetos de lei de iniciativa popular da Reforma Política e da Democratização da Mídia

Um abraço, companheiro Carlos Kalifa. 
Silvio Melgarejo 
16/09/2014" 
(mensagem 16012 de 16/09/2014)

***

Bem, companheiros, feito o registro de minhas propostas e dos argumentos que as fundamentam, aguardo o momento de vê-las submetidas à analise dos dirigentes e da base desta 1ª zonal. Tudo que digo encontra amparo em diversas resoluções de congressos e encontros nacionais do PT, que são os documentos, segundo nosso Estatuto, que devem orientar a atuação do partido.

Ver um argumento meu destruído em suas premissas e desenvolvimento lógico, ao ser submetido ao crivo crítico da razão de meus pares, é algo que não me preocupa, porque é assim mesmo que funciona qualquer debate democrático. O que me preocupa é ver que no partido o debate não existe, que toda proposta e todo argumento apresentados caem no vazio da indiferença ou esbarram na desqualificação antecipada, e se perdem sem produzir nenhuma reflexão coletiva e nenhuma ação correspondente às conclusões coletivamente alcançadas. Por enquanto, infelizmente, é isso que tenho visto no 1º Diretório Zonal.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

18/09/2014