A questão é matemática. O PT tem uma bancada que corresponde a apenas 17% do parlamento brasileiro. Juntando com PCdoB, PSB e PDT, o apoio ao governo alcança 28%. Se o PT governasse só com esses 28%, ficariam de fora 72% dos deputados da Câmara. Como na política não existe neutralidade, 72% de deputados fora do governo, são 72% de deputados, pelo menos potencialmente, contra o governo.
Eu gostaria de saber, que mágica os defensores da ruptura da aliança com o PMDB acham que pode ser feita, para neutralizar as previsíveis tentativas de impeachment de Dilma, e as previsíveis tentativas de boicote e sabotagem ao seu governo, se ela tivesse apenas 28% de apoios no parlamento, contra uma oposição que tivesse 72% dos deputados?
Vamos pegar um exemplo prático. O PSOL tentou, durante um ano, governar Itaocara, uma pequena cidade do interior do Rio, com minoria no parlamento. Seu prefeito passou esse período todo, sofrendo todo tipo de boicote e sabotagem, e está sendo submetido agora ao segundo processo de impeachment.
Acuado, o partido resolveu pedir ajuda a ninguém menos que o ex-governador Anthony Garotinho, do PR, que domina 45,45% das cadeiras da câmara municipal de lá. Já houve uma reunião entre Garotinho e Marcelo Freixo, em dezembro, e uma outra, marcada na ocasião, entre Freixo e o presidente da câmara itaocarense, que é do PR.
Não se sabe a que acordo chegaram. Mas a verdade é que, aparentemente, o PSOL se rendeu ao fato de que, com minoria no parlamento, ninguém governa, e que, nessas circunstâncias, ou se negocia com as outras forças políticas, sejam elas quais forem, ou se tem o próprio governo inviabilizado, seja pelo impeachment, seja pelos boicotes e sabotagens.
Aos petistas que defendem a ruptura da aliança do PT com o PMDB, eu pergunto: vocês querem que Dilma viva, na presidência do país, o mesmo drama que está sendo vivido agora pelo prefeito Gelsimar, do PSOL, na pequena Itaocara?
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