Os governos do PT e a ética socialista.

Ética socialista, para um partido de esquerda no Brasil de hoje, é fazer o governo mais próximo possível do socialismo, dentro do capitalismo vigente.

Porque o dia em que no Brasil for possível governar fazendo tudo o que o socialismo se propõe a realizar, nós já não seremos mais um país capitalista, já seremos um país socialista.

Enquanto esse dia não chega, a ética socialista só pode ser a luta e a busca pela realização do melhor possível, ante à adversidade das circunstâncias.

Cada passo dado na direção do ideal nos aproxima mais dele do que qualquer tentativa tresloucada de voar sem ter asas, e nos fortalece para dar novos e mais largos passos.

Ética socialista é aquela que ajuda a classe trabalhadora, seus partidos e seus governos, a avançarem, acumulando forças, na direção do socialismo.

Desconsiderar a superioridade da força do inimigo e a inferioridade da própria força, e partir para o confronto em circunstâncias que ao inimigo favorecem, mas que nos são desfavoráveis, não é ética socialista, porque tende a conduzir os trabalhadores, seus partidos e governos a derrotas e retrocessos, dos quais dificilmente se recuperam.

O modo petista de governar tem que ser inteligente para ser verdadeiramente ético, porque é o resultado de seus atos e não a intenção que os  origina, o que vai ser julgado pela História e pelas massas. O governo do PT, em apenas uma década, tirou mais 60 milhões de brasileiros da miséria e está a um passo de eliminar do país a pobreza extrema.

Quando eu comecei a minha militância política eu imaginava que algo assim só poderia ser alcançado por uma revolução socialista. Mas o PT conseguiu fazer isso dentro do capitalismo mesmo, com uma bancada que corresponde a apenas 16% dos deputados do Congresso Nacional. Foi preciso fazer aliança com outros partidos, como o PMDB, para chegar a esse resultado histórico, tendo apenas 87 deputados, do total de 513 do parlamento.

O PT fez a opção de governar o país dentro dos marcos do capitalismo. Ninguém o obrigou a isso. Se, no sistema político brasileiro, a governabilidade só é possível quando se tem maioria no parlamento, e se o PT, sozinho, é minoria no parlamento, é evidente que prá governar ele precisa fazer alianças com outros partidos que têm projetos, práticas e éticas diferentes e até opostas às dele, mas que admitem se associar e prestar apoio a uma parte do seu programa de governo.

O PT está para terminar o terceiro mandato presidencial consecutivo, com ampla aprovação popular, num momento em que o mundo ainda vive os efeitos de uma grave crise econômica. A ética socialista nunca deixou de nortear os movimentos do partido no governo, e é exatamente isso o que tem garantido o seu sucesso no campo social. A maior prova disso tivemos no ano passado.

Os protestos de junho não tiveram uma pauta trabalhista, ninguém pediu mais emprego, porque há pleno emprego no país, e ninguém pediu aumento dos salários,  a redução da desigualdade e a preservação de direitos sociais, porque os salários subiram e a desigualdade caiu ininterruptamente durante mais de dez anos de governo, e os direitos sociais não só foram preservados como foram estendidos aos empregados domésticos.

E isso em plena crise econômica mundial, que tem levado as massas trabalhadoras desesperadas às ruas de vários países, porque estão sem emprego, com salários arrochados e perdendo direitos sociais. Lula repudiou o receituário neoliberal para enfrentar à crise de 2008, que levou à ruína as economias de países como a Grécia.