O esquerdismo petista quer que o PT governe o Brasil, como o PSOL começou a governar a pequena cidade de Itaocara, ano passado. Lá, o partido amarelo tem apenas um vereador na Câmara, contra 10 da oposição; 5 do PMDB, de Sérgio Cabral, e 5 do PR, de Anthony Garotinho.
Resultado: com minoria ínfima, o prefeito passou o primeiro ano de seu mandato, inteiro, sem governar, porque tudo que tentou fazer foi boicotado ou sabotado pela oposição, e já está sofrendo o segundo processo seguido de impeachment.
O prefeito Gelsimar até que tentou reagir. Pegou um pequeno carro de som, um fusquinha velho, e foi sozinho prá rua pedir ajuda aos moradores da cidade. Falou, falou, falou, e ninguém lhe deu ouvidos, ninguém atendeu aos seus apelos.
Ele, mesmo assim, não perde a pose e segue dizendo que não negocia com ninguém da oposição.
Mas a cúpula do PSOL no estado viu que a coisa por lá tá preta, e resolveu agir prá tentar evitar o fracasso de sua primeira prefeitura, considerada vitrine do modelo de gestão pública do partido.
E aí o que se viu foi o radicalismo hostil de um partido fraco dando vez a uma atitude moderada e conciliadora. Segundo a revista Veja, o deputado estadual Marcelo Freixo, em nome do PSOL, foi pedir ajuda a ninguém menos que o ex-governador Garotinho.
Garotinho o teria atendido prontamente, ligou de imediato para o presidente da Câmara de Itaocara, que é do seu PR, e marcou uma reunião entre ele e Freixo, com a boa vontade de quem sabe que vai poder pedir depois algo em troca.
Garotinho não é político de fazer nada de graça. Se o PR realmente der trégua ao prefeito de Itaocara, salvando-o do impeachment e proporcionando-lhe condições mínimas de governar, ele vai cobrar alguma coisa do PSOL. Se é que já não houve algum acordo prévio entre Freixo e Garotinho.
Dizem os psolistas, desses tratos de cochia, quando feitos pelos outros, que são conchavos de gabinete. Pois, ao que tudo indica, o PSOL conchavou com Garotinho. Só não se sabe ainda quais foram os verdadeiros termos desse acordo.
Experimenta o PSOL em Itaocara, e mostra à esquerda toda do Brasil, o que acontece com governos e partidos que desprezam a análise da correlação entre forças políticas, na hora de definir suas estratégias de ação no campo institucional ou social.
O PSOL está provando em Itaocara que não é capaz de governar como exige que o PT governe o país: sem fazer alianças, acordos e concessões a partidos burgueses e fisiológicos, quando está em minoria no parlamento e na sociedade. Um ano bastou prá descobrir que essa proposta é inviável, mesmo numa cidade tão pequena.
O arrego que o PSOL pediu a Garotinho, é uma derrota do esquerdismo irracional, delirante e inconsequente, que tem no PT também adeptos, empenhados em nos levar a uma derrota histórica. São felizmente minoria, e não tem força prá alcançar o seu intento, que é desfazer a coalizão que dá suporte a Dilma, isolá-la politicamente e induzi-la a adotar uma atitude de confronto com a burguesia, como se houvesse no país condições políticas para uma revolução. Evidente que não há. Mas estes padecentes da doença infantil do comunismo, chamada por Lenin de "esquerdismo", não querem saber disso. Querem levar o PT e seu governo a uma aventura irresponsável, que só pode terminar numa derrota. É preciso por isso estar atento e não deixar de apontar os equívocos de suas teses, toda vez que se manifestarem no debate interno do partido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.