terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sem organização social e partidária, não há revolução, nem reformas.

(Mensagem enviada em 21 de janeiro de 2014 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada, na mesma data, na página da web desta lista, com o número 15279, e na página da comunidade do diretório no Facebook)

Rodrigo Cesar, autor do artigo “Prá não dizer que não falei de Floris”, publicado no site Página 13, da tendência do PT Articulação de Esquerda, confunde organização partidária com burocratização política, e, pelo visto, ainda não entendeu que não há formação política, mobilização social, trabalho de base, comunicação, etc., sem organização partidária. Aliás, ele mistura tudo, como se estas atividades fossem processos independentes, como se algumas delas não condicionassem o desenvolvimento das outras.

Parece ignorar que formação política, mobilização social e trabalho de base (que são as atividades citadas por ele) dependem não só da capacidade que o partido tenha de se comunicar com sua base de filiados, mas também da capacidade que o partido tenha de arrecadar recursos financeiros para as financiar; e que essa capacidade de se comunicar com a base, para fazer o trabalho político e arrecadar recursos financeiros, depende da existência de um cadastro de filiados, permanentemente atualizado, com dados para contato, como endereço, telefone, e-mail, redes sociais, etc. E manter esse cadastro de filiados atualizado é um trabalho organizativo.

Portanto, em relação à organização, as outras atividades são, sim, secundárias, no sentido de que dela são dependentes, de que a organização tem que ser, necessariamente, a primeira etapa do trabalho político do partido. Se as outras atividades são fins, a organização é a atividade-meio sem a qual elas não podem ser realizadas com a devida eficiência. E, ao não serem realizadas, aí sim, o partido se burocratiza, porque inviabiliza inteiramente a sua democracia interna e fica completamente sem poder de ação nas ruas.

É essa a realidade do PT hoje em dia, por falta de organização: elevadíssimo déficit de democracia interna e incapacidade total de atuar nas ruas com força proporcional ao seu número de filiados e eleitores. Mas já era assim nos anos 80, como atestam os documentos aprovados nos encontros nacionais de então. O PT nunca teve política organizativa e, por isso, suas instâncias de base sempre funcionaram mau e sua capacidade de ação política, como partido, sempre foi limitadíssima. Dos programática e estrategicamente mais moderados, aos programática e estrategicamente mais radicais, o desprezo, no PT, tem sido, historicamente, o mesmo, por este tema. Como se fosse possível fazer reformas profundas no capitalismo e até revolução socialista sem que as massas trabalhadoras e seu partido dirigente estejam muito bem organizados.

Ouçam Gramsci, que disse certa vez que “todo problema organizativo é um problema político”. E ouçam Lenin, que no funeral de Sverdlov, considerado por ele o maior organizador do partido bolchevique, acabou falando da importância da organização para a luta política revolucionária. Disse ele, na ocasião:
“(...)  Sem a violência revolucionária, o proletariado não poderia, evidentemente, ter vencido. Porém, não existe dúvida de que a violência revolucionária se apresenta como necessária e lícita tão somente em determinadas circunstâncias, enquanto que o atributo muito mais essencial na revolução, bem como o pressuposto de sua vitória, é a organização das massas proletárias. Nessa organização reside a profunda fonte de sua vitória. 
Precisamente esse lado da revolução proletária também produziu, no processo das lutas, os seus dirigentes que incorporaram a particularidade da Revolução Proletária: a organização das massas. Esse traço da Revolução Proletária produziu, igualmente, o Companheiro Sverdlov que foi, antes de tudo e em primeira linha, um organizador. 
(...) 
Companheiros. Particularmente nos tempos difíceis da preparação incessante, dolorosa e incomensuravelmente longa da revolução, nós, russos, tivemos de sofrer sobretudo em razão da divergência entre teoria, princípios, programa e prática. A história do nosso movimento revolucionário conhece, ao longo de muitas décadas, personagens dedicados à revolução que, entretanto, não puderam assegurar aplicação prática ao seu ideal revolucionário. Apenas a Revolução Proletária forneceu a base autêntica, o fundamento verdadeiro, o auditório real. E aqui, acima de tudo, destacaram-se aqueles dirigentes que conseguiram conquistar para si um lugar proeminente como organizadores práticos. Por direito, esse lugar pertenceu ao Companheiro Sverdlov. 
(...) 
Nesse sentido, encontro-me profundamente seguro de que a Revolução Proletária na Rússia e no mundo inteiro gerará diversos grupos de pessoas, inúmeras camadas de proletários e de camponeses trabalhadores que aportarão à vida significado prático e talento de organização, senão individual, então coletivo, sem o qual não será possível atingir a vitória." 
[Discurso de Vladimir I.U. Lenin, proferido na sessão extraordinária de 18 de março de 1919, dedicada à memória do presidente do Comitê Executivo Central dos Sovietes de Toda a Rússia (VTsIK), companheiro J.M. Sverdlov, publicado no Pravda (A Verdade) e no Izvestia (Notícias), em 20 de março de 1919] 
http://www.scientific-socialism.de/SverdDiscursoLenin.htm 

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