Ontem postei aqui no blog o último capítulo do projeto de diretório zonal que comecei a elaborar em 2013. O desenvolvimento do projeto na verdade acabou, digamos, vazando ao longo do tempo do documento "Projeto Ação PT de Diretório Zonal" para outros textos que fui criando e remetendo à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e para algumas páginas petistas no Facebook durante os debates de que eu participava. De tal modo que muito do que proponho no Projeto Ação PT encontra-se melhor explicado e detalhado nestes outros documentos que produzi de forma um tanto aleatória. O Ação PT acabou ficando por isso mesmo esquecido, deixei-o, por assim dizer, de lado antes de chegar a concluí-lo, embora nunca tenha pensado realmente em desistir de publica-lo, já que continha boa parte do estudo que fiz para chegar às convicções que hoje tenho.
Movido pelo desejo de retomar o trabalho aqui neste blog, que eu há tempos mantinha fechado, fiz uma rápida revisão na parte do projeto que já tinha editado e postado e conclui dois capítulos que ainda estavam pendentes, que diziam respeito às secretarias de finanças e mobilização do diretório zonal. Com isto, dou por encerrado, por ora, este documento e me preparo para abordar outros temas da política que me tem mobilizado mais ultimamente, não sem antes fazer um breve resumo do caminho percorrido nos últimos anos, em que me dediquei à concepção desta modesta, mas bem intencionada contribuição que tento dar ao PT.
Minha busca de soluções para os problemas práticos do diretório zonal começou pela procura da melhor definição possível para a palavra "organização". A pesquisa que iniciei, lá em meados de 2013, logo me remeteu a um ramo do conhecimento humano que o senso comum associa com frequência a busca de lucro, burocracia inútil, autoritarismo e empresa capitalista. Refiro-me à Administração. O estudo da Administração me levou à doutrina militar, juntando-se ambas à teoria política em minha reflexão sobre a estruturação e funcionamento do partido. O Projeto Ação PT de Diretório Zonal é apenas um dos frutos desta pesquisa e reflexão que tenho feito desde então e que, juntamente com outros documentos que tenho publicado, expressam um conceito de construção partidária baseado na ideia, até hoje muito pouco admitida, de que a política precisa da administração para se realizar.
Sem administração não se realiza a política e sem um partido corretamente administrado, todo ideal político acaba morrendo no discurso. No Projeto Ação PT e naqueles outros textos que publiquei desenvolvo este conceito e apresento outros projetos e medidas que visam garantir o funcionamento pleno e regular da máquina partidária para que ela tenha condições de garantir a realização da democracia interna do partido, garantir o poder de ação do partido na sociedade e garantir o cumprimento dos deveres e o gozo dos direitos de todos os filiados.
Mas estudando as resoluções dos congressos e encontros nacionais do PT, acabei me dando conta de que a mais de duas décadas já se discutiam estas mesmas questões dentro do PT, que se reconhecia a precariedade do funcionamento das instâncias dirigentes e que se buscou, em vão, encontrar soluções para isto. Nada deu certo e os problemas se agigantaram com o crescimento do partido. De modo que o PT tem hoje mais de 1,7 milhão de filiados, é realmente um partido de massas, mas tem uma democracia interna que é limitadíssima, não tem poder de ação coletiva nenhum na sociedade e não garante nem o cumprimento dos deveres básicos, nem o gozo dos direitos mais elementares dos seus filiados.
Já em 4 e 5 de julho de 2013, num debate de que participava na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal, eu dizia que "partido desorganizado é partido fraco, sem musculatura para enfrentar e vencer o vale-tudo da disputa política com a direita e com a burguesia", e que o PT, na verdade, "virou um gigante obeso e flácido, tem tamanho, mas não tem força, inchou, mas não ganhou musculatura, cresceu em número de filiados, mas mantém estes filiados dispersos, não os dirige, porque não tem organização". Infelizmente os fatos se sucedem e se amontoam provando que isto é verdade, que o PT era e continua sendo assim, constituindo ainda, portanto, uma ferramenta ineficaz para a realização dos objetivos que ele mesmo estabelece.
O partido continua o mesmo. Mas eu avancei de lá para cá no meu diagnóstico sobre os seus problemas. Eu acreditava que o mal funcionamento dos diretórios do PT, que em muitos casos é funcionamento nenhum, devia-se à falta de planejamento, organização, liderança e controle, ou seja, por falta de uma correta administração destas instâncias. Mas hoje eu estou convencido de que estas faltas devem-se a uma outra falta, a falta original, determinante de todas as demais. Os diretórios são mal administrados porque falta disciplina aos dirigentes do PT, desde a cúpula do partido, que é o Diretório Nacional, até os últimos elos da sua cadeia de comando, que são os diretórios zonais.
Por isso em agosto de 2015 publiquei um documento intitulado "Sete propostas de medidas e uma condição básica para garantir o funcionamento pleno e regular dos diretórios do PT". Tinha esperança de que, às vésperas do 5º Congresso do partido, algum delegado lhe desse atenção. Mas ele foi ignorado, como tudo aliás que vem da base, dos filiados que não pertencem à burocracia. As sete propostas deste documento tratam do controle - quarta e última etapa do processo administrativo - do partido e da capacitação dos dirigentes para a administração dos seus diretórios.
Já a condição básica para garantir o funcionamento pleno e regular dos diretórios é a disciplina dos seus dirigentes. E para isso, demonstro no documento, basta que o Diretório Nacional cumpra e faça cumprir o que determina o estatuto do PT em seus artigos 224, 227 e 228. Ou seja, eu estou absolutamente convencido de que há instrumentos no PT para a imposição da disciplina à cadeia de comando do partido e que o que tem faltado é vontade política do Diretório Nacional para usar estes instrumentos e impor aos dirigentes de todos os graus da hierarquia partidária a disciplina necessária para que eles garantam o funcionamento pleno e regular das suas instâncias.
Meu entendimento hoje, portanto, é de que o funcionamento dos diretórios do PT, de todos os níveis, depende de uma firme decisão do diretório nacional do partido e que esta determinação só será possível se houver um forte movimento dos filiados de base cobrando diretamente das tendências que formam maioria naquela instância uma mudança radical de atitude quanto à questão da disciplina dos dirigentes partidários.
Vamos agora falar de outros temas, como a política propriamente dita.
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