quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ameaça de golpe é extorsão política. O medo tem paralisado a esquerda governista.

Disse FHC recentemente:
"Impeachment é como bomba atômica.

É para dissuadir.

Não para usar.” 
Para entender o sentido exato de qualquer texto, antes de tudo é preciso que se saiba o significado das palavras.

Nesta afirmação de FHC, a palavra chave é "dissuadir".

E o que é "dissuadir"?

Meu velho e sempre solícito companheiro Aurélio, explica:
DISSUADIR

1. Tirar de um propósito; despersuadir; desaconselhar.

2. Desistir, despersuadir-se (Antônimo: persuadir)

***

DISSUASÃO - Despersuasão. 

<> DISSUASÃO PELO MEDO - A que decorre do medo, receio ou temor das consequências de se cometer um ato que possa gerar represália muito violenta.

O ato de dissuadir pelo medo, remete a uma outra palavra, que ajuda a compreender com mais clareza ainda a ideia expressada por FHC. A palavra é "extorsão".

Consulto de novo o Aurélio.
EXTORSÃO

1. Ato ou efeito de extorquir.

2. Crime de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intento de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer algo.

***

EXTORQUIR

1. Obter por violência, ameaças ou ardil.

2. Adquirir com violência; obter por extorsão.

***

EXTORSIONÁRIO - Aquele que pratica extorsão.

O que FHC quis dizer, portanto, é que, para ele, o impeachment nada mais é do que um meio ou instrumento de extorsão política.

Bem entendida a afirmação do maior líder da oposição de direita, fica mais fácil compreender as contradições e hesitações do seu campo político e mais fácil ainda de entender o que acontece entre os petistas.

A campanha pelo impeachment de Dilma é realmente um movimento de golpistas, mas também e sobretudo de extorsionários, que não têm a menor intenção de chegar às vias de fato, usando a ameaça de impeachment apenas e tão somente para tentar dissuadir Dilma, seu partido e seus eleitores de lutarem pela implementação do programa de governo vitorioso na campanha de 2014.

E o pior é que eles estão conseguindo.

A primeira a se curvar à pressão foi a própria presidenta eleita, que antes do galo cantar, negou o PT, três vezes. Ou mais. Para espanto dos seus eleitores, nomeou para a Fazenda, o tucano Joaquim Levy, e deu-lhe carta branca para implementar a política econômica derrotada.

O PT, por sua vez, influenciado por Lula, ao invés de exigir da presidenta respeito aos compromissos assumidos, resolveu apoiá-la, traindo igualmente a confiança dos trabalhadores.

E nas redes sociais petistas, a preocupação maior tem sido com a segurança do mandato da presidenta, não importando o que ela faça ou deixe de fazer.

Exortações à luta para evitar um golpe, prevalecem sobre os poucos chamados para a luta em defesa da realização do programa de governo vitorioso na última eleição.

E, no entanto, não se pode negar que a realização do programa escolhido pelas urnas é a razão de ser de qualquer governo, e que é o objetivo de ver o programa realizado que dá sentido à defesa de qualquer governo contra uma ameaça de golpe.

O trabalhador não defende a democracia pela democracia, nem o governo pelo governo. Defende um projeto que acredita atender aos seus anseios e os meios e condições para realiza-lo.

O golpe hoje só é possível porque o governo é politicamente fraco.

O governo é politicamente fraco porque Dilma perdeu boa parte de sua base social de apoio.

E a presidenta perdeu boa parte de sua base social de apoio porque resolveu implementar a política econômica que condenou durante toda a campanha eleitoral.

Para se reconciliar com seus eleitores, Dilma tem que romper com a atual política econômica.

Reconciliando-se com os seus eleitores, a presidenta recompõe a sua base social de apoio, com isso se fortalece politicamente e inviabiliza qualquer tentativa de golpe.

Mas para que isso aconteça, os eleitores de Dilma não podem ter uma postura passiva, como tem tido, perante a presidenta. Têm que cobrar dela a mudança de rumo que desejam para o governo, não se deixando intimidar pelas ameaças da direita golpista e extorsionária.

Aparentemente a presidenta acredita mesmo na correção das decisões que tem tomado. A maioria dos seus eleitores não. Mas ninguém a contesta, por medo de enfraquecê-la e facilitar a consumação de um golpe. Cedem todos, assim, à extorsão da oposição, e desistem de lutar pelo projeto em que votaram. E se não lutam, como hão de conquistar o que desejam?

É preciso que os eleitores de Dilma, principalmente petistas, entendam que se a burguesia pressiona Dilma a atender suas demandas, é necessário que os trabalhadores façam, de sua parte, o mesmo, ou então este governo será mais orientado pelos interesses da burguesia do que pelos interesses dos trabalhadores, que é o que temos visto.

Desvirtuado pela própria presidenta, com ajuda de Lula e do PT, o governo Dilma precisa ser reconquistado pelos trabalhadores. Este governo é nosso, nós o elegemos e por isso temos o direito de exigir que respeite o nosso voto e lute para implementar o programa defendido na campanha. Se o fizer, lutaremos lado a lado e estaremos juntos na vitória ou na derrota, reforçando o compromisso que nos une, para enfrentarmos as batalhas do futuro.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

12-8-2015

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