terça-feira, 8 de outubro de 2013

O mau exemplo dos professores.

Greve é estratégia de luta egoísta quando fere os direitos dos mais pobres.

Por Silvio Melgarejo - Toda greve tem um custo social que varia conforme a categoria. Mas dentre todas, as mais socialmente onerosas são as greves na educação e na saúde pública, por afetarem exatamente a população mais pobre, que depende da ação estatal para ter seus direitos mais elementares assegurados.

A greve nesses casos é eticamente condenável, por constituir ação prejudicial de um grupo social contra outro ainda mais vulnerável que ele.

Do ponto de vista da luta de classes, tem um caráter regressivo, porque divide a classe trabalhadora ao estabelecer um evidente conflito de interesses entre servidores e usuários dos serviços públicos.

E mesmo do ponto de vista do interesse das categorias grevistas, no caso agora os professores, a greve tem se mostrado uma forma de luta ineficiente, que não tem permitido a estes trabalhadores alcançarem seus objetivos.

A lógica da greve no hospital e na escola pública é diferente da lógica da greve numa fábrica capitalista. Nesta o alvo é o capital financeiro do burguês. Naquelas o alvo é o capital político do governante.

Ao cruzar os braços, o servidor público suspende deliberadamente direitos dos usuários dos serviços públicos, e tenta atribuir essa suspensão de direitos ao governante. Com isso visa desgastar a imagem do político e do partido que estão no poder, como forma de pressioná-los ao atendimento de suas demandas.

Mas quem disse que suspender os já mal garantidos direitos dos trabalhadores pobres é a única forma de desgastar a imagem de um governo?

Há dois meses os filhos dos trabalhadores pobres estão sem aula, enquanto os filhos da burguesia e da classe media não passam um dia sem ir à escola para investir nos seus futuros. Essas crianças estão sendo sacrificadas sem necessidade. Pagam injustamente pelo corporativismo, pela burrice e pelo conservadorismo das lideranças sindicais dos professores e das vanguardas de todos os partidos de esquerda, que compartilham da mesma visão equivocada.

Do ponto de vista pedagógico, da formação do caráter dos pequenos cidadãos, que lição estarão dando os professores aos seus alunos? Ouço alguém dizer que eles merecem apoio porque lutam por direitos. Mas será justo lutar por direitos, ferindo direitos de gente indefesa? É esse o exemplo que pretendem dar a estas crianças? De que vale tudo para conquistar o que se quer, até os atos mais covardes?

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