De um total de 513 deputados federais, o PT tem 89 (17,3%). De um total de 81 senadores, o PT tem 12 (14,8%). É esta, apenas, a força que o PT tem no Congresso. E em política não se faz milagre.
Para conseguir a diminuição da pobreza, da desigualdade social e étnica no país - o que não é pouca coisa -, o PT teve que fazer alianças e concessões. Não abandonou bandeira nenhuma, ao contrário do que alguns dizem, isso é uma bobagem. Não faltou vontade, o que faltou foi força política no parlamento e na sociedade para transformar em realidade, no governo, aquelas suas bandeiras históricas de luta. A esquerda no país é minoria, a sociedade é majoritariamente conservadora, despolitizada e desorganizada. O que fazer?
"Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado", dizia Marx em seu 18 Brumário.
E Lenin, em seu "Esquerdismo: a doença infantil do comunismo", assevera: "O bolchevismo fez sua e continuou a luta contra o partido que mais fielmente representava as tendências do revolucionarismo pequeno-burguês (isto é, o partido dos 'socialistas revolucionários') em três pontos principais. Em primeiro lugar, esse partido, que repudiava o marxismo, obstinava-se em não querer compreender (talvez fosse mais justo dizer que não podia. compreender) a necessidade de levar em conta, com estrita objetividade, as forças de classe e suas relações mútuas antes de empreender qualquer ação política".
O PT não escolheu as condições em teria que fazer o seu governo. A correlação de forças lhe favorece para realizar algumas coisas, outras, não. O que o PT deveria fazer? Ignorar que é minoria e que não tem força para fazer tudo o que quer? Aonde isso nos levaria? Suponho que a uma derrota histórica da esquerda e a um dramático retrocesso em relação aos passos que se tem podido dar.
Aos padecentes do esquerdismo, a "doença infantil" descrita e combatida por Lenin, isso não importa. Vale para eles mais o prazer de um aventura inconsequente e a possível glória de um martírio inútil na derrota procurada, que a real melhoria das condições de vida das massas e o avanço da consciência dos trabalhadores quanto aos seus interesses de classe e quanto às formas de defendê-los.
As revoluções são produtos da história. E a história não é escrita apenas por partidos. O projeto de um partido socialista e democrático só pode se realizar efetivamente se corresponder ao desejo das massas.
Ímpeto e retórica revolucionária nunca fizeram revoluções. Os partidos não criam as condições para as revoluções. Eles apenas as reconhecem e aproveitam, ou não. Se há condições, dá-se o passo. Se não, espera-se mantendo o diálogo com as massas.
O importante é caminhar junto com a classe trabalhadora, no ritmo dos seus passos, um pouco à frente, mas sempre próximo. Ser vanguarda demais distancia alguns partidos de esquerda do povão que não os entende e não se identifica com eles. Descolam-se tanto que chega-se ao ponto de a vanguarda acabar sendo ouvida apenas pela própria vanguarda. É o caso do PSOL e do PSTU. Não é o caso do PT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.