sexta-feira, 21 de junho de 2013

A emergência do fascismo no Brasil.

Por Silvio Melgarejo, em 21/6/2013 - Os caras ontem tavam dando porrada em quem tava de vermelho, e rasgando e quebrando faixas e bandeiras do PT. Sentar diante dos vândalos e esperar a polícia, como se têm sugerido aos "verdadeiros manifestantes", é ridículo. Por que não dão porrada nos vândalos, como fizeram com os petistas? Será que a valentia é seletiva? Prá mim tá na cara que os leões-de-chácara dessas passeatas são intolerantes com a presença do PT - e de qualquer outro partido de esquerda - e tolerantes com os vândalos. É isso.

Esse movimento é um movimento de uma classe media de direita, que não tem compromisso nenhum com a democracia. Porque não existe democracia sem partidos, não existe democracia sem liberdade de expressão e não existe democracia sem debate público. Nada disso essa gente preza e quer.

Um movimento que protesta contra tudo, que não propõe nada e que não tem interlocutores com quem os governos possam negociar, o que pretende? Derrubar os governos? E quem os substitui, caso sejam depostos? Suponho que não devam ser políticos, já que tanto os odeiam, os novos "caras pintadas". Uma junta militar, quem sabe. Ou o STF, comandado pelo carrasco dos mensaleiros, Joaquim Barbosa. 

Não se iludam com a aparência alegre e juvenil da maioria dos participantes desses atos. Politicamente eles são a base social do fascismo emergente no país. Também as distintas senhoras da Marcha da Família Com Deus, Pela Liberdade, pareciam inofensivas. E no entanto são até hoje um símbolo do respaldo civil que foi dado ao golpe de 64. Não são inofensivos os jovens intolerantes que abominam as regras e os ritos da democracia.

Não se iludam com a exaltação do patriotismo. Todo ditador fascista chora ao cantar o hino, com a mão no peito, diante da bandeira nacional. A exaltação do patriotismo é um ardil dos tiranos prá convencer as massas de que não há classes, de que não há ideologias, de que não há interesses conflitantes, de que estão todos no mesmo barco e do mesmo lado, exatamente prá que não haja conflito que dê ensejo à mudança da ordem. Lembram, os mais velhos, do "Brasil, ame-o ou deixe-o"? Lembram como eram patriotas os presidentes milicos?

Atribui-se a Mussolini a seguinte frase:
"A existência de partidos fraciona a nação, e a política é o reino da divisão do povo".
Já em artigo publicado no site Correio da Cidadania, intitulado "Mussolini, o oportunista violento", Osvaldo Coggiola, historiador, economista e professor da Universidade de São Paulo, afirma: 
"O fascismo cresceu apresentando-se como um 'anti-partido', usando as suas milícias de squadristi, chamadas de camicie nere (camisas negras) para instigar o terror e combater abertamente os socialistas, (...)".
E não é isso o que estamos vendo? Um anti-partido surgindo das ruas, que instiga o terror e combate abertamente os socialistas?

Ontem em São Paulo, os que espancaram os militantes petistas e rasgaram e quebraram suas bandeiras, carregavam um faixa que dizia: "Meu partido é o meu país". Será tão difícil perceber que esse movimento tem uma correspondência perfeita com a definição do fascismo? A mim, isso agora parece mais do que claro.

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