segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Não se faz justiça condenando inocentes.

Há provas robustas e irrefutáveis nos autos da AP-470 de que não houve o desvio de recursos públicos de que são acusados os condenados.

Essas provas foram intencionalmente desprezadas pelo procurador Gurgel e pela maioria dos ministros do STF.

Além disso, o próprio delegado da PF responsável pela investigação do caso, afirma categoricamente que não é possível, a partir dos documentos e depoimentos colhidos, deduzir que houve a compra de votos alegada pela acusação.

Ou seja, os réus foram condenados por crimes que não existiram, e que só passaram a ser admitidos como fatos, por parte da opinião pública, por obra da propaganda da Globo que se aproveita da péssima reputação dos políticos profissionais, de um modo geral.

Ora, não se faz justiça condenando inocentes.

Não é assim que se acaba com a impunidade.

O cidadão sinceramente interessado na justiça não quer a punição de inocentes, quer a punição dos que tenham suas culpas realmente comprovadas.

E não foi isso o que aconteceu no julgamento do mensalão.

Como tenho dito, esse julgamento foi um golpe político porcamente maquiado de legalidade.

E isso é tão flagrante, que não são só os petistas que se mostram perplexos e indignados.

Juristas, como Dalmo Dallari, e jornalistas, como Paulo Moreira Leite e Jânio de Freitas, engrossam o enorme coro de descontentes com o desempenho de nossa Suprema Corte.

Não são vozes de petistas de carteirinha, as desses críticos.

São vozes de cidadãos realmente comprometidos com a democracia no país, que enxergaram nesse julgamento do mensalão irregularidades gravíssimas que colocam a nossa Suprema Corte em pé de igualdade com as cortes supremas de países como Honduras e Paraguai.

Nesses países, como aqui, juntaram-se as grandes empresas de comunicação com os judiciários locais para derrubarem os governos legal e democraticamente constituídos.

Aqui, os derrotados nas urnas, sem perspectivas de retorno pelo voto, apostam nessa nova receita de golpe em que os agentes ao invés de fardas usam togas.

O julgamento do mensalão foi apenas um primeiro ensaio para o grande ato que se pretende levar a efeito assim que seja possível: derrubar o governo petista.

Antes disso, serve para alimentar a propaganda antipetista, tentando desgastar a imagem do partido perante a sociedade afim de enfraquecê-lo para os próximos pleitos.

A mídia oligopolizada liderada pela Globo, e o STF, dominado por juízes golpistas, são ameaças reais à democracia brasileira.

Por isso o PT encerra esse ano convocando sua militância para retornar às ruas em 2013 em defesa da democracia e dos avanços econômicos e sociais alcançados em seus três governos.

A militância petista está preparada para enfrentar qualquer debate público sobre o julgamento do mensalão e demonstrar aos cidadãos brasileiros honestamente preocupados com a justiça, que justiça ali não se fez, que ali se afrontou a Constituição por razões declaradamente políticas, inaugurando no país uma era de insegurança jurídica para todos os cidadãos, na medida em que, pelo novo padrão adotado, direitos podem ser relativizados conforme a conveniência pessoal ou a preferência politico-partidária dos juízes de plantão.

Estamos na ante-sala de um golpe de Estado.

A mesma Globo que agora aplaude Joaquim Barbosa, aplaudiu o golpe de 1964 que depôs João Goulart.

O próprio ministro Marco Aurélio Collor de Mello, do STF, chegou a declarar, durante o julgamento, sem nenhum pudor, que aquele golpe e a ditadura que a ele se seguiu, fora um mal necessário.

Talvez faça o mesmo juízo do golpe que agora dão contra a democracia.

A ameça petista, hoje, substitui a ameaça comunista de 64, como justificativa torpe para pôr freio ao avanço das forças populares no campo da política.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Debate com Marcelo Monteiro sobre o julgamento do mensalão.

Ao longo deste mês de dezembro de 2012, debati com um conhecido meu chamado Marcelo Monteiro, no Facebook, a partir de mensagens publicadas por ele, favoráveis à criminalização do PT. Seu primeiro post foi em 2 de dezembro. Era uma imagem do jornalista Joelmir Betting, com a seguinte inscrição de uma declaração atribuída a ele:
"O PT é, de fato, um partido interessante. Começou com presos políticos e vai terminar com políticos presos. (Joelmir Betting)"
No dia seguinte, 3 de dezembro, comentei este post:
"Olá, Marcelo. Agora você tocou num tema que você deve lembrar que me é caro: a política, neste caso, o mensalão.

Minha opinião: se foram condenados sem provas num julgamento orientado por critérios e objetivos claramente políticos, então serão presos políticos.

O Joelmir Betting sempre foi um 'pau mandado' do oligopólio das comunicações.

Foi, durante anos, um fiel servidor da família Marinho, da Globo, e depois da família Saad, da Bandeirantes.

Membro destacado entre os diversos porta-vozes das posições políticas de seus patrões, Joelmir traduz na frase que você acima cita, o sonho dos Saad, dos Marinho, dos Frias, dos Mesquita e dos Civita: que o PT 'termine'.

Desde 2003 não medem esforços para que isso aconteça.

E tem sido seguidamente derrotados pelo partido que odeiam.

Quanto mais batem, mais o PT cresce.

Joelmir, intrigado, diz na frase que acha o PT interessante.

No fundo ele, como seus colegas de colunismo militante, procura disfarçar a própria perplexidade diante da força e da resistência desse partido que 90% do tempo apresentam na mídia com imagem negativa.

Nem se o julgamento do mensalão tivesse sido justo, Marcelo, o PT 'terminaria', porque o PT é um partido de mais de um milhão e meio de filiados e obteve o maior número de votos nas últimas eleições municipais.

Nos doze anos em que tem ocupado a presidência da república, com Lula e Dilma, ergueu 40 milhões de pessoas da pobreza em que viviam a uma condição de classe media, e conduziu o Brasil da estagnação econômica e da submissão aos interesses americanos, a uma posição de inéditas credibilidade, respeitabilidade e influência no cenário internacional.

Não são gratuitos, portanto, os índices recordes de aprovação aos nossos governos, que as pesquisas seguidamente registram.

Como pode, então, um julgamento que sofre criticas severas de observadores independentes dos meios jurídico e jornalístico, gente que nunca demonstrou sequer simpatia pelo PT, abalar um partido que tanto fez e ainda tem feito pela nação?

Nossos companheiros não tiveram um julgamento justo, foram condenados sem provas, por juízes que fizeram do tribunal palanque político, expressando juízos de valor sobre o partido ao qual os réus são filiados, como se isso fosse a razão para condená-los.

Toda vez que encontro, Marcelo, alguém festejando a condenação dos petistas, peço permissão, como agora faço, para lançar um desafio:

Digam-me senhoras e senhores:

Onde estão as provas de que houve desvio de dinheiro público?

Onde estão as provas de que houve compra de votos?

E toda vez que lanço essas peguntas, elas ficam sem resposta.

Porque não há provas da culpa dos condenados.

O que há nos autos do processo são provas de suas inocências, provas que foram criminosamente ignoradas pelo procurador geral da república e pela maioria dos ministros dos STF.

Abraço, Marcelo."
Em 12 de dezembro, Marcelo publicou mais uma imagem, desta vez com a seguinte inscrição:
"Eu, como cidadão brasileiro, voto pela perda imediata do mandato de todos os mensaleiros condenados. Ficar preso e continuar eleito é um absurdo, nossa constituição é uma piada. O povo tem que se manifestar. Vamos mostrar nossa vontade, eleitores. Rumo a 1 milhão de compartilhamentos."
No dia seguinte, 13 de dezembro, respondi:
"Todo ato de desrespeito à Constituição é um golpe contra a democracia. 

É isso que você está propondo, Marcelo? 

Que os ministros do Supremo atropelem mais uma vez a constituição do país? 

Sob pressão da mídia já condenaram sem provas. 

Agora você quer que eles usurpem a prerrogativa constitucional do parlamento cassar mandatos? 

Que demonstração é essa de desapreço ao Estado Democrático de Direito? 

Que vocação para o golpismo é essa que vejo saltar do teu discurso? 

Eu, como cidadão brasileiro, exijo que todos os agentes públicos respeitem a Constituição, porque prezo a democracia e a democracia tem por um de seus fundamentos exatamente o respeito e o zelo pela vontade do povo inscrita na Carta Magna do país. 

A ruptura do compromisso de respeitar as regras do jogo político por uma das partes, dá à outra parte o direito legítimo de também atuar segundo suas próprias regras. 

E é assim que nascem as guerras civis. 

Custo a acreditar que você realmente queira ver o Brasil mergulhado numa guerra civil. 

Pois acredite, você, ou não, é para uma guerra civil que vamos caminhar se permitirmos a banalização da violação de direitos e prerrogativas constitucionais."
Em 14 de dezembro, Marcelo se manifestou sobre o meu comentário:
"Grande Silvio, ainda não pude com calma colocar em palavras o que penso. 

Como o amigo sabe não sou advogado mas todos os demais envolvidos o são. 

Duvido muito caro amigo que toda a procuradoria geral da união não tenha competencia para conduzir um processo como o amigo alega 'Sem Provas' para condenar homens de bem, também não creio que o Ministro Joaquim barbosa que analisou o processo durante um ano solicitasse a condenação de homens que se dedicaram ao serviço publico do pais igualmente sem 'provas', igualmente seus pares no STF o condenassem sem 'provas'. 

Perdoe me a comparação, mas como te disse não sou advogado e muito menos maria vai com as outras, quando o medico diz que existe uma doença e precisa ser extirpado o mal eu posso acatar ou não o mesmo vale para o processo do mensalão acato e entendo que Juizes, procuradores, delegados federais não podem todos estar errados, em algum momento estes homens acusados se perderam e a legalidade esta sendo feita. 

É assim que seu amigo pensa. 

abraço. 

Marcelo Monteiro"
Ao que eu lhe respondi na mesma data:
"Peraí, Marcelo, que são duas questões sobre as quais temos desacordo. 

Uma é essa de que você trata agora, que é 'se há ou não provas' - de que houve desvio de dinheiro público para compra de votos - que justifiquem a condenação dos réus petistas da AP-470. 

Aqui você se exime da responsabilidade cidadã de julgar os atos dos agentes públicos, inclusive do judiciário, sob a alegação de que reconhece sua ignorância e acata o parecer dos especialistas, por princípio. 

Cita, então, o exemplo do médico. 

Pois agora, Marcelo, sou em quem duvido de que você, recebendo de um médico a indicação de uma cirurgia de alto risco, não vá buscar a opinião de outros médicos prá confirmar o parecer do primeiro. 

Pois eu ouvi, Marcelo, a opinião de advogados, juízes, professores de direito e jornalistas, de várias tendências e procedências, durante todo o julgamento do mensalão, com a mesma atenção com que ouvi os principais lances do debate entre os ministros da Suprema Corte. 

E foram muitas as críticas que ouvi, desses especialistas, à maneira como foi conduzido esse julgamento. 

Não é nem na autoridade profissional desses críticos que me apoio para dizer o que tenho dito. 

Apoio-me na lógica dos raciocínios que eles externam. 

Médicos não são deuses. 

Tampouco o são os juízes. 

Se há erros médicos que causam mutilações físicas e até a morte de pacientes, há erros judiciários gravíssimos que roubam a liberdade e destroem as vidas de réus condenados injustamente. 

Esse me parece o caso do julgamento da AP-470. 

Lavar as mãos, como Poncio Pilatos, no julgamento de Jesus, é atitude cômoda que revela desprezo pela verdadeira justiça, que deve punir os que devem à lei, na medida de suas culpas, e absolver os inocentes. 

Pois estes réus petistas a que me refiro, foram condenados injustamente, já que não se apresentaram provas sequer da materialidade dos crimes que lhes foram imputados. 

Tenho como sustentar isso, baseado na opinião abalizada de especialistas, alguns dos quais diretamente envolvidos na investigação e no julgamento do caso, como o delegado Luiz Flávio Zampronha, da Divisão de Combate a Crimes Financeiros da Polícia Federal, e o próprio ministro revisor, do Supremo, Ricardo Levandowski. 

Você, Marcelo, é mais um que encontro a admitir que não é capaz de citar uma prova sequer de que tenha havido desvio de dinheiro público e compra de votos. 

Não cita provas, mas ainda assim diz acreditar na existência delas porque acredita na infalibilidade dos juízes. 

Eu não acredito, Marcelo. 

Prá mim, eles são tão humanos e falíveis quanto eu e você. 

Não são, portanto, isentos de interesses, medos e vaidades, como ficou evidente para quem viu o espetáculo que deram pela TV Justiça. 

Ao contrário de você, não tenho vocação para Poncio Pilatos. 

Não lavo as mãos diante da injustiça, ainda mais quando ela me parece flagrante e escandalosa. 

Como cidadão, sinto-me responsável. 

Por isso me manifesto. 

Só prá dar um exemplo de uma informação que a mídia oposicionista esconde mas que existe, está nos autos do processo e foi ignorada pelos juízes, cito trecho do relatório assinado pelo delegado Zampronha, da PF, responsável pela investigação do caso. Ele diz: 
'Esta sobreposição diz respeito apenas a questões pontuais sobre a metodologia de captação e distribuição dos valores manipulados por Marcos Valério e seus sócios, não podendo a presente investigação, de forma alguma, apresentar inferências quanto ao esquema de compra de apoio político de parlamentares da base de sustentação do governo federal'. 
Procure se informar, Marcelo. 

Não lave as mãos como Pilatos diante de uma injustiça. 

Se não ouviu da boca dos acusadores as provas da culpa dos acusados, dê uma chance a si mesmo de ouvir da boca dos defensores e dos que têm compromisso unicamente com a justiça. as provas da inocência dos réus condenados. 

Elas são muitas, consistentes, gritantes, embora tenham sido escandalosamente ignoradas pela maioria dos ministros do Supremo. 

A nossa outra discordância, Marcelo, é quanto à mensagem publicada por você aqui nesse post. 

Você diz que a Constituição é uma piada e que o povo deve pressionar os ministros do Supremo a desobedece-la. 

Isso é uma proposta de golpe contra a democracia. 

Eu sou contra."
A esta argumentação, Marcelo Monteiro respondeu de forma evasiva, em 15 de dezembro:
"Neste ponto eu penso diferente do querido amigo."
Eu insisti, na mesma data:
"'(...) não podendo a presente investigação, de forma alguma, apresentar inferências quanto ao esquema de compra de apoio político de parlamentares da base de sustentação do governo federal'.” (trecho do relatório do delegado Luiz Flávio Zampronha, da Divisão de Combate a Crimes Financeiros da Polícia Federal, responsável pela investigação do caso do mensalão)
Gostaria de saber o que você pensa dessa afirmação que o delegado Zampronha faz em seu relatório."
Em 17 de dezembro, ele deu sua interpretação:
"'apresentar inferências'. Entendi da seguinte forma: Ele não deu sua opinião na investigação. Deixou a quem de direito interpreta-las, ao meu ver a procuradoria e TSJ."
Respondi-lhe no dia seguinte, 18:
"Ele não tinha mesmo que dar opinião, porque não é pago prá isso, não é comentarista, é delegado. 

E o papel do delegado de polícia é exatamente apurar a materialidade e a autoria dos crimes de cuja investigação esteja encarregado. 

Ele não tem que dar opinião. 

Tem que deduzir (inferir) a partir dos dados colhidos no processo de apuração: 
1) se houve crime; 
2) que crime foi cometido; e 
3) quem cometeu o crime. 
Pois foi isso mesmo que o delegado Zampronha, da PF, fez. 

Colheu documentos, ouviu testemunhos e concluiu, ao final, que esse material comprovava a materialidade de vários crimes. 

Mas que não comprovava a compra de votos de que são acusados os réus petistas."
Em 21/12/2012, Marcelo Monteiro publicou nova imagem, desta vez com a inscrição:
"Gurgel pede ao STF prisão imediata de condenados do mensalão."
Acima da imagem, o seguinte comentário:
"Que seja rápido..."
No diz seguinte, 22/12/2012, eu comentei:
"É, Marcelo, parece que, diante da reação firme do presidente da Câmara, Barbosa, o golpista do STF, amarelou, ficou com medo de ter que encarar sozinho a crise institucional que está criando, ao usurpar a prerrogativa constitucional exclusiva do parlamento de cassar mandatos de senadores e deputados. 

O prevaricador geral da república, Roberto Gurgel, que você tem em tão alta conta, protegeu o bicheiro Carlos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres, bloqueando durante três anos uma investigação que a Polícia Federal fazia sobre eles. 

Tenta ser útil à Globo, na esperança de poder contar com a sua proteção. 

E, de fato, por estar sendo útil à Globo, ele por ela tem sido protegido. 

Quanto à rapidez da prisão dos réus petistas da AP-470, mais uma vez, Marcelo, você defende um golpe, uma violação do que determina a Carta Magna, que diz que ninguém, salvo em condições excepcionais, pode ser preso antes de sua condenação ter transitado em julgado. 

Você e o prevaricador geral da república querem afrontar mais esse principio constitucional. 

Se continuarem por esse caminho, Marcelo, de desrespeito à lei e à Constituição, às regras básicas consensualmente aprovadas em 1988 para o ordenamento social e politico do país, é bom que se prepare, porque a luta política vai fatalmente ter que ser levada para as ruas. 

Vocês são irresponsáveis. 

Ressentidos pelas derrotas políticas sucessivas que sofrem, querem incendiar o país. 

Pois saiba que nós, do PT, não nos intimidaremos diante do recrudescimento das práticas golpistas contra o nosso partido e contra o nosso governo. 

Somos bons bons de voto, mas também de rua. 

Já os derrotamos nas urnas. 

E vamos derrotá-los também nas ruas, com a ajuda do povo brasileiro, se continuarem a atentar, como tem feito, contra a democracia no Brasil."
Marcelo, mais uma vez, foi evasivo, não contra-argumentou:
"Como disse para vc, prezado amigo, vejo diferente esta questão."
Ante a sua atitude de fuga ao debate, disse-lhe, finalizando:
"Contra fatos, não há argumentos. 

E se não são os fatos, apreciados à luz da razão, que fundamentam os posicionamentos políticos, o que há de os fundamentar? 

O interesse? 

O preconceito? 

Ou o simples hábito de vestir antolhos e seguir, dócil, o berrante 'global' sem questionar prá onde se é conduzido?"

sábado, 24 de novembro de 2012

Como não se apaixonar por esta guerrilheira?

A nova imagem pública das FARCS é a imagem de uma mulher holandesa: Tanja Nijmeijer. Linda, inteligente e corajosa, ela saiu este mês das profundezas da selva colombiana, onde nos últimos dez anos tem enfrentado, de fuzil na mão, a dura luta pela sobrevivência em meio à guerra, para atuar no campo diplomático. Tanja, cujo nome político é Alexandra Nariño, faz parte da delegação que representa as FARCS na mesa de negociações com o governo colombiano, que está se dando presentemente em Cuba, onde se pretende chegar a um acordo de paz. 

Tanja - ou Alexandra - é uma mulher especial. Num tempo como o nosso, em que o interesse pragmático subjuga com frequência o idealismo, a paixão revolucionária desta holandesa só pode ser recebida, quando revelada pela imprensa internacional, com um misto de espanto, admiração e desconfiança. Sua imagem seria facilmente admitida pelos senso comum como a imagem de uma modelo de moda ou publicidade. Mas ela não é modelo. É guerrilheira. E linda, linda demais. É tão difícil para quem não é idealista entender o que passa na cabeça de Tanja, quanto para um idealista não se apaixonar por ela. Eu me apaixonei por Tanja Nijmeijer, me apaixonei por Alexandra Nariño.

Em 21 de novembro de 2012, o site G1 publicou reportagem sobre a musa da guerrilha colombiana, com algumas belas fotos da gata guerreira. Um colírio.

A guerrilheira holandesa das Farc, Tanja Nijmeijer, posa em 15 de novembro em Havana (Foto: Adalberto Roque/AFP)

A rebelde holandesa das Farc, Tanja Nijmeijer, chega para negociar em 19 de novembro (Foto: AFP)

Tanja Nijmeijer (à direita) aparece em acampamento das Farc na selva colombiana, em fotos não-datadas (Foto: AFP)

Tanja, cujo nome de guerra é Alexandra, uniu-se voluntariamente à guerrilha, em 2002 segundo sua família. Ela nasceu em 1978 e sua história foi revelada pela imprensa colombiana em 2007 (Foto: AFP)

A guerrilheira holandesa que negociará pelas Farc. (Reportagem BBC-Brasil / R7)

Em 24 de novembro de 2012, o site R7 publicou reportagem da BBC-Brasil contando a história da holandesa Tanja Nijmeijer, membro destacado das FARCS, que está hoje participando da comissão de negociadores enviada a Cuba pela organização, para um encontro de paz com os representantes do governo colombiano. Diz a reportagem da BBC-Brasil:
"'Estudei cultura e idiomas latinos na universidade de Groningen. E como parte do meu curso, tinha de fazer uma parte prática na Colômbia [em 1998]', contou Tanja anos depois durante uma entrevista à rádio Netherlands Worldwide. 
'Passei um ano na Colômbia, mas nunca pensei em viver lá ou em me unir aos guerrilheiros. Mas quando voltei à Holanda e comecei a trabalhar como ativista política, percebi que a revolução nunca iria acontecer na Holanda. Ela estava acontecendo na Colômbia. E por isso resolvi voltar [em 2002]'."

Reproduzo a seguir a íntegra da reportagem da BBC-Brasil, veiculada pelo site R7.


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A guerrilheira holandesa que negociará pelas Farc. (Reportagem R7)


Tanja Nijmeijer, de 34 anos, faz parte da guerrilha há dez anos.


Sua presença nas Farc ficou mais conhecida em 2007, quando o Exército tornou público parte de seu diário, encontrado após um ataque a um acampamento guerrilheiro

É a guerrilheira de quem todos estão falando: uma jovem holandesa que entrou nas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) faz dez anos e agora participará das negociações de paz que podem encerrar quase meio século de conflito armado.

Seu nome de batismo é Tanja Nijmeijer, mas entre os guerrilheiros ela é conhecida como Eileen, Alexandra ou Holanda.

Especula-se inclusive que a inesperada inclusão de Tanja na equipe de negociação das Farc seja uma das razões pelas quais o início do diálogo atrasou. As negociações não devem mais começar nesta quarta-feira (17) em Oslo, na Noruega, como estava previsto, mas, sim, no dia seguinte.

Tudo parece indicar que a jovem de 34 anos somente se integraria à equipe negociadora na segunda fase das conversações, marcada para a capital cubana, Havana. E isso significa que ainda estaria nas selvas colombianas, onde Tanja entrou pela primeira vez no fim de 2002.

"Estudei cultura e idiomas latinos na universidade de Groningen. E como parte do meu curso, tinha de fazer uma parte prática na Colômbia [em 1998]", contou Tanja anos depois durante uma entrevista à rádio Netherlands Worldwide.

"Passei um ano na Colômbia, mas nunca pensei em viver lá ou em me unir aos guerrilheiros. Mas quando voltei à Holanda e comecei a trabalhar como ativista política, percebi que a revolução nunca iria acontecer na Holanda. Ela estava acontecendo na Colômbia. E por isso resolvi voltar [em 2002]".

Diário na selva


Ela contou ainda que começou como miliciana em Bogotá por seis meses e depois foi fazer um curso na selva. "Lá me dei conta que a guerrilha não era como pintava a mídia".

Sua presença nas Farc ficou mais conhecida em 2007, quando o Exército tornou público parte de seu diário, encontrado após um ataque a um acampamento guerrilheiro.

Nele, a holandesa criticava duramente a promiscuidade sexual dos guerrilheiros e o comportamento egoísta de alguns comandantes. "Como será quando tomarmos o poder? As mulheres dos comandantes em Ferraris, com implantes nos seios e comendo caviar?", diz um dos trechos.

Segundo o analista Leon Valencia, co-autor de um livro sobre a vida de Tanja, isso fez com que ela quase fosse fuzilada.

"[A publicação] teve um efeito demolidor para a imagem de Tanja dentro do comando das Farc e desatou uma onda de pressões por parte de alguns guerrilheiros, que decretaram sua pena de morte", conta Valencia em Tanja, uma holandesa nas Farc.

Guerrilheira até morrer?


Segundo o autor, ela foi resgatada pelo comandante guerrilheiro Raúl Reyes, que acreditava que Tanja podia ser útil para melhorar a imagem das Farc na Europa e atrair outros combatentes de lá.

O especialista diz que ela foi subindo de posto rapidamente dentro da guerrilha e não parece deixar dúvidas sobre sua fidelidade aos rebeldes.

"Sou guerrilheira das Farc e seguirei sendo até vencer ou morrer. Isso não tem volta", disse Tanja na época da entrevista.

Agora, porém, como negociadora, parece que sua missão não será trabalhar para tomar o poder, mas sim para alcançar a paz.

Foto divulgada pelo jornal Dagblad van het Noorden mostra Tanja em 2001, antes de virar guerrilheira. Crédito: AP Photo

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

FARCS e o governo colombiano negociam em Cuba um acordo de paz.

Do G1 - "As negociações de paz, que começaram na segunda-feira (19/11) no Palácio de Convenções de Havana, têm como objetivo pôr fim a quase meio século de conflito armado na Colômbia, com Cuba e Noruega como mediadores, e Chile e Venezuela como acompanhantes.

Além do tema agrário, que deu origem ao conflito nos anos 1960, a agenda inclui outros quatro pontos: drogas ilícitas, participação política, abandono das armas e reparação às vítimas

Desde terça-feira está em vigor um cessar-fogo unilateral de dois meses decretado pelas Farc, ao qual o governo de Juan Manuel Santos não aderiu."

Entrevista de Tanja Nijmeijer / Alexandra Nariño ao jornalista Dick Emanuelsson.



Nome de batismo: Tanja Nijmeijer.

Nome de guerra - realmente de guerra : Alexandra Nariño.

A linda, muito linda, guerrilheira das FARCS, que integra a comissão de negociadores enviada a Cuba para tratar de um acordo de paz com os representantes do governo colombiano, está em Havana desde o início de novembro e deu uma longa entrevista em que fala de sua trajetória na guerrilha.

A entrevista foi concedida ao jornalista Dick Emanuelsson e publicada em seu canal no Youtube em 11 de novembro de 2012, com o seguinte texto de apresentação:
"LA HABANA / NOVIEMBRE 2012 / El gobierno de Juan Manuel Santos no lo quiso, pero no pudo impedirlo. La guerrillera holandesa Alexandra Nariño arribó al aeropuerto de José Martí el lunes 5 de noviembre y causó gran movimiento en la prensa internacional.

Muchos de los periodistas tocaron el portón donde están albergados los integrantes de la Delegación de Paz de las FARC en la Habana, sobre todo los reporteros holandeses que han sido enviados a Cuba, casi rogando para que pudieran entrevistar a la guerrillera que ha sobrevivido asaltos de los "Comandos Junglas" o fuertes bombardeos.

Ha sido víctima ella por las mentiras y manipulaciones de los mismos medios de comunicación holandeses o de otros países que ahora con la sonrisa ancha dicen que han sido siempre defensores de ella. La hipocresía florece ahora como nunca.

Delgada y con una contextura que impresiona, si tomamos en cuenta que la mochila contiene el mismo peso y contenido como para un paracaidista, todo lo necesario para poder sobrevivir en la selva. Y subraya que no es tanto el sacrificio físico que es lo duro, sino lo psíquico.

Con la llegada de Alexandra también comenzó el terrorismo mediático. El Tiempo de ayer domingo, ya tiene la primera entrega de esa guerra psicológica que tantas veces ha sido clave para sabotear un proceso de paz en Colombia.

Titula el diario de los Santos; 'El lado oscuro de Tanja, la holandesa de las Farc', sacudiendo el polvo de los viejos archivos de la inteligencia militar colombiana y de la CIA, intenta cuestionar esta guerrillera que se incorporó a las filas guerrilleras para combatir un estado reconocido mundialmente por su terrorismo de estado, aniquilando a toda oposición civil y legal.

Como si fuera poco, el diario de los Santos incluso publica una foto de ANNCOL y de este reportero, que era el único periodista en la llegada de Alexandra a la Habana, cortando la foto para quitar el sello de "ANNCOL", dando la autoría a la agencia francesa AFP.

Con Alexandra conversamos e invitamos para que veas y escuches una internacionalista que los mismos gringos quieren tapar la boca, y ella solo se ríe sobre esa amenaza."

Tanja Nijmeijer, das FARCS, chega a Cuba para negociar acordo de paz com governo colombiano. (vídeo)


A guerrilheira holandesa das Farcs, Tanja Nijmeijer, conhecida como Alexandra, chegou a Cuba no início de novembro e se juntou à comissão de negociação enviada pela organização insurgente para tratar de um acordo de paz com o governo da Colômbia. No dia 7 de novembro (de 2012) ela deu uma entrevista em que falou de sua expectativa em relação ao encontro. Ela diz não querer qualquer paz, mas paz com justiça social.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Guerrilheira holandesa, recebe visita da mãe na selva colombiana.

Tanja Nijmeijer, a guerrilheira holandesa das FARCS, recebe visita da mãe na selva, em 2005.

Uma lutadora holandesa das FARCS.

(reportagem colhida no site da Al Jazeera, traduzida pelo Google)

Uma mulher holandesa marca da Holanda "guerrilha na selva uma e só" pensa-se que foram mortos no ataque última quarta-feira do exército colombiano a um acampamento das Farc.

Trinta e dois anos de idade Tanja Nijmeijer, que se acredita ter sido a trabalhar como assistente pessoal de alto comandante das Farc Jorge Briceño, foi o tema de um documentário e um livro. Apelidado de "garota de guerrilha" pela imprensa holandesa, ela foi pensado para ter sido o único membro europeu do grupo.

Luduin Zumpolle, um holandês ativista de direitos humanos e especialista Farc que vive na capital colombiana Bogotá, co-autor do livro sobre Nijmeijer e trabalha com as mãos para a Paz - uma organização que se esforça para reabilitar ex-combatentes das Farc.

Ela diz que ex-combatentes, muitas vezes desde a com trechos de informações sobre o paradeiro de Nijmeijer e bem-estar, mas o tempo de "última vez que ouvi sobre ela era há três semanas. Ela ainda estava trabalhando ao lado de [apelido Briceno eo nome de floresta-moradia verme] Mono Jojoy . "

"Ela é mais provável entre os cerca de 100 combatentes das Farc que foram mortos no ataque", Zumpolle afirma.

O acampamento, descrito por Rodrigo Rivera, defesa da Colômbia ministro, como "a mãe de todos os acampamentos das Farc" era um labirinto de túneis e incluiu um bunker de concreto para proteção contra ataques aéreos.

Helicópteros colombianos recuperados oito homens e três corpos femininos, supostamente incluindo Briceno, desde o local queimado e fortemente armadilhado, mas Nijmeijer não era declaradamente entre eles.

"Muitos dos túneis desabou sob o impacto da batida. Maioria dos corpos dentro nunca será recuperado", explica Zumpolle.

Tornar-se politizado

Nijmeijer cresceu em uma família de classe média em Denekamp, uma pequena vila holandesa perto da fronteira alemã. Ela estudou espanhol na Universidade de Groningen, onde ela associada esquerdistas, agachou-se em casas abandonadas e já foi preso por participar de um protesto violento.

Em 1998, ela viajou para a Colômbia em um estágio como professor de Inglês em uma escola particular em Pereira. Mas foi a sua experiência de voluntariado na periferia atingidas pela pobreza da cidade que se diz moldaram suas visões políticas.

Depois de completar seus estudos na Holanda, ela voltou para a Colômbia, onde trabalhou para uma organização de ajuda.

Ela se juntou a ala urbana das FARC em Bogotá em 2002 e, de acordo com o serviço de inteligência colombiano, foi envolvido em vários ataques mortais contra delegacias de polícia e alvos civis na cidade. Após isso, ela disse ter se juntou a uma unidade das Farc na selva do sul da Colômbia.

Em 2003, o governo colombiano lançou "prova de vida" imagens de vídeo de três reféns norte-americanos detidos pelos rebeldes das Farc. Nas imagens Nijmeijer é visto atuando como tradutor para os reféns e dois comandantes das Farc. Após a sua libertação, os reféns descrito Nijmeijer como sendo um membro ativo do grupo.

Diário rebelde

Nijmeijer primeiro fez manchetes em 2007, quando trechos de seus diários, encontrados pelo exército colombiano durante um ataque a um acampamento das Farc, foram tornadas públicas.

Neles ela descreveu seu envolvimento em ataques das Farc em Bogotá, eo tédio da vida na selva. Ela também se queixou do machismo de seus comandantes e questionou o que o grupo estava lutando.

"O que vai acontecer quando tomar o poder? Será que as esposas do comandante conduzir Ferrari, tem implantes mamários e come caviar?" , escreveu ela.

"Uma mora aqui mais ou menos como um prisioneiro. Isso valeria a pena se eu sabia que eu estava lutando por alguma coisa, mas eu realmente não acredito que isso."

Zumpolle diz Nijmeijer foi punido com a liderança das Farc por suas observações críticas. "Ela perdeu seus privilégios por um tempo e foi feito para fazer algum trabalho duro, mas logo ela foi perdoado e até conseguiu chegar ao círculo interno da liderança das Farc".

"Não se esqueça de que ela era uma mulher culta entre os agricultores em sua maioria analfabetos. Usaram-la por sua inteligência."

A busca por Tanja

Nijmeijer pais haviam sido tentar convencer a filha a voltar para casa e, em 2005, mesmo sua mãe a visitou na selva colombiana - algo que a Farc raramente permite.

Um vídeo feito durante essa visita mostra uniforme de combate Nijmeijer vestindo campo, um chapéu e batom. Nele, ela envia suas saudações a sua família e diz a sua mãe: "Eu estou muito feliz que você está aqui Agora você pode ver como eu vivo eo que fazer Você vai ver que ele não é como os meios de comunicação estão dizendo..."

Em 2008, Ingrid Betancourt, que foi refém das Farc por mais de seis anos, pediu ao governo holandês para intervir para Nijmeijer "livre". Um porta-voz das Farc respondeu dizendo os meios de comunicação holandeses que ela não estava sendo mantido em cativeiro e estava livre para voltar para a Holanda em férias se quisesse fazê-lo.

No encerramento documentário holandês em em Tanja diretor Leo de Boer levou a mãe ea irmã Nijmeijer para a Colômbia, onde eles se encontraram com Zumpolle e viajou profundamente na selva. Uma vez lá eles transmitem uma mensagem de rádio com instruções para Nijmeijer sobre como escapar das Farc.

Mas De Boer chegou à conclusão de que ela não queria deixar as Farc. "Em todos esses anos que passou na selva, ela deve ter tido pelo menos uma ou duas oportunidades para escapar", diz ele. "Ela cruzou o ponto de não retorno".

"Eu não acho que vamos ouvir de Tanja de novo", Zumpolle afirma. "Exceto, talvez, quando encontrar o seu corpo."

(Fonte: Al Jazeera)

Tanja Nijmeijer, codinome Alexandra.

Tanja Nijmeijer em Cuba, na Praça da Revolução. "A guerrilheira, que viajou a Cuba depois que a Promotoria colombiana suspendeu duas ordens de captura contra ela, uma pelo crime de rebelião e outra com fins de extradição, espera que através das negociações 'por fim se possa fazer a paz' na Colômbia, mas 'uma paz com justiça social, com educação para todo o povo'." (fonte: Carta Capital)

Tanja Nijmeijer, inimiga do Império.

"Nijmeijer é acusada nos Estados Unidos do sequestro, em 2003, de três empreiteiros americanos, que foram libertados em uma operação das forças militares da Colômbia em 2008 juntamente com a ex-candidata à Presidência Ingrid Betancourt, de nacionalidade colombiana e francesa." (fonte Carta Capital)

A bela guerrilheira das FARCS, Tanja Nijmeijer.

Tanja Nijmeijer

Tanja Nijmeijer, a musa das FARCS, participa das negociações pela paz na Colômbia.

Tanja Nijmeijer, em Cuba, posa na Praça da Revolução. 
Tanja Nijmeijer é uma bela holandesa, de 34 anos, filóloga, membro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCS), onde atua há 10 anos fazendo trabalhos de tradução, comunicação e ensino de marxismo. Foi recentemente nomeada pela organização para integrar a comissão de negociadores que presentemente negocia com o governo colombiano um acordo de paz.

Leia reportagem de Carta Maior:
Holandesa das Farc diz não querer voltar atrás.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Joaquim Barbosa, o Joseph McCarthy brasileiro.

Sobre o macartismo americano, diz a Wikipédia:
"As suspeitas eram freqüentemente dadas como certas mesmo com investigações baseadas em conclusões parciais e questionáveis, além da magnificação do nível de ameaça que representavam os investigados. Muitos perderam seus empregos, tiveram a carreira destruída e alguns foram até mesmo presos e levados ao suicídio". 
O macartismo brasileiro tem o PT como alvo.

O escândalo da ocultação de provas por Joaquim Barbosa.

Trecho do editorial de Saul Leblon, no site Carta Maior.
"A ocultação deliberada para condenar o PT.
(...)  Há questões de gravidade adicional que não devem mais ser silenciadas. 
Elas arguem não apenas a interpretação enviesada dos autos, mas escancaram algo que pela insistência em se manter oculto sugere a deliberada sonegação de informações. Elas 'atrapalhariam' a coesão narrativa do relator e o furor condenatório da mídia que lhe serve de abrigo e pauta. 
A persistência dessas omissões constituirá desvio de gravidade suficiente para sancionar quem enxerga no julgamento em curso as tinturas de um tribunal de exceção. 
Fatos: 
a) as mesmas operações realizadas através do Fundo Visanet no âmbito do Banco do Brasil, idênticas na sistemática mas todavia superiores no valor, foram registradas nos anos 2001 e 2002. Governava o país então o tucano Fernando Henrique Cardoso; 
b) a liberação dos recursos do Fundo Visanet para a DNA só poderia ser feita mediante solicitação, por escrito, do GESTOR DO FUNDO, na época, representado pelo sr. Léo Batista dos Santos, nomeado no dia 19.08.2002, portanto, no governo Fernando Henrique Cardoso, tendo permanecido no exercício dessa função até 19.04.2005. 
Ou seja, quando o Pizzolato ingressou na Diretoria de Marketing do BB, Léo Batista já era gestor do Fundo e assim se manteve até abril de 2005, como único responsável para cuidar dos assuntos relacionados às iniciativas do fundo de Incentivo Visanet. (*) 
c) no voto do Ministro Relator fica cristalizado que os documentos comprobatórios dos ditos “desvios dos recursos “ do BB, que levaram à condenação do réu Henrique Pizzolato, teriam se dado a partir de quatro notas técnicas internas; 
d) esses documentos são assinados por dois Gerentes de Marketing e Varejo e por dois Diretores de Marketing e Varejo, sendo as assinaturas da área de Varejo (responsável pelos Cartões de Crédito e Gestor do Fundo) emitidas sempre pelas pessoas de Léo Batista ou Douglas Macedo; 
e) frise-se que essas notas técnicas internas não são documentos hábeis para liberação de recursos. Não há como deixar de mencionar que um outro Gerente Executivo de Marketing, o sr. Claudio Vasconcelos, é a terceira pessoa que assina as referidas notas; 
f) o relator Joaquim Barbosa excluiu esses três outros participantes das notas técnicas de sua descarga condenatória. A eles reservou um processo que corre em segredo de Justiça e no qual o sr. Claudio Vasconcelos teve seus sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados pelo Juiz da causa.Trata-se de um processo indissociável da Ação Penal 470, mas cuja existência é omitida nos autos.Um processo sobre o qual os demais ministros do Supremo Tribunal Federal, nada sabem. Um processo que a imprensa ignora. Um processo cuja transparência pode mudar os rumos do julgamento em curso; 
e) o único dos quatros assinantes das notas técnicas internas denunciado pelo relator Joaquim Barbosa, que o manipula como se fosse o lastro operacional do 'esquema' atribuído ao PT, é o ex-diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato. 
f) o que distingue Pizzolato dos demais? Ele é petista. 
A narrativa esfericamente blindada de Joaquim Barbosa, ingerida sem água por colunistas 'isentos', ao que parece não se sustenta se Pizzolato for alinhado aos demais e se os demais forem nivelados a ele. Daí, talvez, a ocultação escandalosa do processo em segredo de justiça que Joaquim Barbosa recusa-se a quebrar, embora requerida há mais de dez dias pelo advogado de Pizzolato. 
Pode-se duvidar da palavra de Pizzolato. 
Há que se considerar, todavia, que ele de fato não detinha poderes para facilitar ou favorecer a empresa de Marcos Valério junto ao Fundo Visanet, conforme a demonstração acima. 
Por que, então, seria ele o corrompido? 
Pizzolato não tinha poderes junto ao Fundo Visanet; não participou individualmente de nenhuma decisão; portanto, é a ocultação dos demais diretores do comitê que permite distorcer a verdade impondo-lhe práticas e responsabilidades fantasiosas, impossíveis de serem comprovadas dentro ou fora dos autos. 
Distingue Pizzolato e o privilegia na argumentação condenatória do relator o fato de ser um petista num comitê de marketing composto de nomeações feitas durante o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. 
Tirá-los do esconderijo judicial ao qual foram abrigados por Joaquim Barbosa poderá, talvez, fazer ruir toda a alvenaria estrutural do julgamento. 
E mais que isso: colocar em xeque as emissões de tintura macartista com as quais a mídia tem amparado, vocalizado e orientado o conjunto da obra." (Saul Leblon, no Carta Maior)

Sobre a condenação sem provas dos petistas.

O golpe político maquiado de legalidade que estamos testemunhando, não prova que as instituições são óbices à democracia. Prova que nossas instituições democráticas são ainda precárias e que precisam ser aperfeiçoadas. Os prêsos políticos podem se transformar nos grandes inspiradores dessa constatação e da reflexão para a qual a sociedade deve chamada, afim de que sejam impulsionadas as necessárias reformas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Lewandowski, juiz. Barbosa, capacho da Globo.

Acabei de passar lá no velho Orkut e me senti provocado pela afirmação feita por um membro da comunidade em que estava. Ele disse o seguinte sobre o julgamento do mensalão: 
"Todos tiveram bons advogados, e foi feita justiça. E juiz indicado não deve ser um CAPACHO! Só o Lewandowski que perdeu a noção do ridículo". 

Quero compartilhar com vocês a resposta que dei ao cidadão, em defesa da verdadeira justiça, que não foi feita, e do ministro Ricardo Lewandowski, único dentre os juízes do STF realmente comprometido com ela, no julgamento da AP-470.
Minha resposta: É ridículo condicionar a condenação dos réus à apresentação de provas da materialidade e da autoria dos crimes a eles imputados?  
É ridículo homenagear o direito, mantendo inabalável fidelidade a ele, enquanto outros o profanam? 
Se a justiça foi feita, onde estão as provas de que houve compra de votos?  
De que vale ter bons advogados num tribunal que subverte os princípios mais elementares do direito penal, como o da presunção de inocência e o do ônus da prova? 
Joaquim Barbosa e seu bando estupraram a Justiça, rasgaram a constituição brasileira, sob os aplausos e gritos histéricos dos inimigos da democracia e da justiça social.  
O único magistrado digno desse nome no STF é o ministro Ricardo Lewandowski, que não se curvou às pressões orquestradas pelo movimento macartista brasileiro, nem se deixou corromper, como os outros, em troca de alguns agrados à própria vaidade.
Juiz não deve ser capacho. 
Você tem razão. Lewandowski foi o único que não admitiu ser capacho dos macartistas brasileiros, capitaneados pelas Organizações Globo, do filho de anticomunista e antipetista visceral, Roberto Irineu Marinho. 
Barbosa e seu bando, estes sim são verdadeiros capachos dos inimigos do povo, executores de um golpe político maquiado de legalidade, que joga na lama a imagem da suprema corte brasileira, e ainda encherá de vergonha o povo brasileiro quando ele se der conta do escândalo que ali ocorreu. 
Viva a Justiça verdadeira, com J maiúsculo!!! 
Viva aquele que melhor a encarnou no julgamento da AP-470, o ministro Ricardo Lewandowski!!!

Domínio do fato tem que ser provado, diz formulador da teoria que se pretendia usar para condenar Dirceu.

Quem assistiu a íntegra do voto de Ricardo Lewandowski, que absolveu José Dirceu da acusação de corrupção ativa, cujo vídeo publiquei neste blog há pouco, pode ver que o ministro citou Claus Roxin, jurista alemão considerado um dos mais importantes formuladores da teoria do 'domínio do fato', para manifestar sua preocupação com a forma distorcida como o STF introduziu esta teoria no julgamento da AP-470. Agora é o próprio Claus quem faz críticas ao mau uso da teoria do ‘domínio do fato’, indicando o modo como ela deveria ser aplicada.

Da entrevista publicada ontem no site da Folha, destaco o seguinte trecho:
Folha - É possível usar a teoria para fundamentar a condenação de um acusado supondo sua participação apenas pelo fato de sua posição hierárquica? 
Claus Roxin - Não, em absoluto. A pessoa que ocupa a posição no topo de uma organização tem também que ter comandado esse fato, emitido uma ordem. Isso seria um mau uso. 
Folha - O dever de conhecer os atos de um subordinado não implica em co-responsabilidade? 
Claus Roxin - A posição hierárquica não fundamenta, sob nenhuma circunstância, o domínio do fato. O mero ter que saber não basta. Essa construção ["dever de saber"] é do direito anglo-saxão e não a considero correta. No caso do Fujimori, por exemplo, foi importante ter provas de que ele controlou os sequestros e homicídios realizados. 
Folha - A opinião pública pede punições severas no mensalão. A pressão da opinião pública pode influenciar o juiz? 
Claus Roxin - Na Alemanha temos o mesmo problema. É interessante saber que aqui também há o clamor por condenações severas, mesmo sem provas suficientes. O problema é que isso não corresponde ao direito. O juiz não tem que ficar ao lado da opinião pública.

Entrevista completa AQUI.

Voto de Lewandowski, que absolveu José Dirceu da acusação de corrupção ativa.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Um valerioduto, dois partidos e uma corte de incoerentes.

Por Silvio Melgarejo - O esquema chamado 'valerioduto', era um só e serviu a dois partidos rivais, o PSDB e o PT, em momentos distintos. O 'mensalão' do PSDB foi descoberto quando se investigava o 'mensalão' do PT. Justo seria, portanto, que os dois tivessem sido incluídos na mesma denúncia. Não foi isso o que aconteceu. Por razões que ninguém conhece, o procurador Gurgel separou os dois episódios como se não fizessem parte da mesma história, para dar tratamentos desiguais aos dois partidos. O relator do processo contra os petistas, ministro Joaquim Barbosa, poderia ter corrigido isso, juntando em seu voto e levando ao plenário da corte as duas denúncias, que seriam julgadas num mesmo voto. Não o fez, também, não se sabe porque.

Contratantes de um esquema exatamente igual, composto pelo mesmíssimo núcleo operacional – para usar a linguagem do relator Barbosa – conseguiu-se o notável, por absurdo, feito de acusar os núcleos políticos - única diferença que havia afinal entre os dois 'mensalões' - por crimes absolutamente diferentes. Aos petistas imputou-se a acusação de corrupção ativa e formação de quadrilha, pelas quais eles acabaram sendo condenados. Quanto aos tucanos, aceitou-se a alegação de suas defesas de que se tratava de um esquema de caixa 2 de campanha, tese rejeitada no caso do PT.

A partir desse primeiro encaminhamento distinto, rigoroso ao extremo com o PT e, na mesma medida, generoso com o PSDB, dificilmente o mal feito será reparado. Ainda assim, é bom que essas injustificáveis discrepâncias sejam denunciadas à opinião pública e que seus autores, tanto o procurador Gurgel quanto os ministros dos STF, tenham seus atos, carregados de uma alta dose de suspeição, por incoerentes, julgados pela sociedade. É hora, portanto, de dar visibilidade ao 'dois pesos, duas medidas' adotado pelo MPF e pela suprema corte do país. É hora de expor, sem dó, suas hipocrisias. Mas é hora, sobretudo, de admitir, depois do escândalo que foi o julgamento da AP 470, pelo STF, que nossas instituições democráticas ainda são falhas e que precisam ser aperfeiçoadas para o bem da nação e da cidadania. JULGAMENTO DO MENSALÃO TUCANO, JÁ!!!!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Condenados sem provas, petistas serão prêsos políticos.

Por Silvio Melgarejo - O repasse de dinheiro pelo PT a partidos de sua aliança política foi admitido pelos réus e provado nos autos da AP 470. O que não foi provado, apesar da maioria dos ministros do STF ter considerado que sim, foi a razão desses repasses. A quem eles se destinavam: membros do próprio PT e de partidos aliados. Mas a que se destinava esse dinheiro recebido por eles? O Supremo aceitou a tese do Ministério Público de que o dinheiro se destinava a compra de votos. Mas onde estão as provas de que houve a tal compra de votos? Eu, francamente, não vi. Se as há, que se as divulgue. Porque a ausência delas, ou a falta de conhecimento da opinião pública sobre essas provas, caso elas existam, dá margem a que se pense que os ministros dos STF se pautaram por critérios exclusivamente políticos prá tomarem suas decisões, que as condenações foram, portanto, injustas, e que, por conseguinte, Dirceu, Genoíno, João Paulo e Delúbio, serão os primeiros presos políticos do Brasil, no período pós-ditadura militar.

[Publicado originalmente ontem no status de meu Facebook]

terça-feira, 30 de outubro de 2012

PT e o povo brasileiro: uma aliança temida que se fortalece e resiste ao ódio da direita.

Por Silvio Melgarejo - Meu partido, o PT, sempre foi odiado pelos grandes empresários - a burguesia - e por todos os que são avessos ao ideal de uma sociedade, sob todos os aspectos, mais igualitária - a direita. Era odiado antes de chegar ao poder e tornou-se ainda mais odiado depois que chegou. Verdade que setores mais radicais – ou apressados – da esquerda, odeiam o PT por acharem que ele poderia ter feito mais e melhor do que fez até agora. Mas a classe dominante, a burguesia, aquela que fala através dos colunistas da Globo fomentando diuturnamente o ódio contra o partido na sociedade, essa odeia o PT porque o teme.

Quanto mais o PT cresce, mais ameaçador parece aos olhos dos beneficiários e defensores da injusta ordem política, econômica e social vigente no país. O crescimento do PT indica o reconhecimento popular de que o partido tem sabido representar bem os interesses da classe trabalhadora, tanto na condição de oposição como na condição de governo. O PT tem, por isso mesmo, conseguido conquistar milhares de novos filiados e milhões de novos eleitores, a cada eleição. E não se pode deixar de considerar isso notável. Afinal, o partido tem tido contra si a quase totalidade da mídia (TVs, rádios, jornais e revistas), que atua desde a primeira eleição de Lula, em 2002, até hoje como um autêntico partido de oposição. Ainda assim, o PT segue acumulando vitórias e reforçando seus laços com a classe que pretende representar na política, que é a classe trabalhadora. E é exatamente o fortalecimento desses laços o que mais preocupa a burguesia e a direita.

Os discursos inflamados dos partidos de esquerda mais radicais ou apressados, não assustam a burguesia e a direita porque elas sabem que esses partidos são fracos, e que são fracos porque têm pouco ou nenhum enraizamento na sociedade. Sabem que qualquer mudança estrutural mais profunda na ordem político-econômico-social em favor das massas só poderá ser feita pelas próprias massas organizadas e mobilizadas sob o comando de um partido que lhes dê direção. E sabem que, pela relação que vem construindo com a classe trabalhadora, esse partido pode muito bem vir a ser o Partido dos Trabalhadores. Por isso temem o PT. Porque acreditam no compromisso e na disposição do partido de avançar com o povo, no ritmo do povo, até onde o povo quiser transformar o país. E porque o temem, o odeiam, o têm como inimigo mortal a ser destruído.

O PT sabe que as mudanças mais importantes, que podem tornar a sociedade realmente justa e democrática, não serão conquistadas pelo partido sozinho. Sabe que precisa da força do povo para realizá-las, mas sabe também que o povo só se move pela própria consciência e vontade. O PT respeita o povo. Não diz o que ele deve fazer, mas demonstra, na prática dos governos que conquista pelo voto, o reconhecimento dos seus direitos e a ideia de que o Estado tem o dever de assegurá-los.

É assim que tem se fortalecido os vínculos do PT com a classe trabalhadora. Com o partido respeitando a vontade do povo, não exigindo que ele dê passos que não está preparado prá dar, mas fazendo, com os meios institucionais precários que tem, o máximo prá dar-lhe o possível, e tornar sua vida um pouco melhor. E a verdade, que fere a sensibilidade dos antipetistas e os deixa desconsolados, é que o povo brasileiro tem demonstrado, em sucessivos pleitos eleitorais e nas pesquisas de opinião, o seu reconhecimento por esse esforço que o Partido dos Trabalhadores tem feito.

Desde que o PT foi fundado, a Globo tentou convencer os trabalhadores de que o partido era um bando de bandidos. Ocultou a corrupção dos adversários do PT para dar relevo a denúncias contra o partido e seus membros que nunca se comprovaram, como se viu no recente julgamento do Supremo. Ali, diante de milhões de olhos perplexos, Dirceu, Genoíno, Delúbio e João Paulo, foram condenados sem que nenhuma prova sequer tenha sido apresentada, de que eles realmente tenham cometido os crimes de que foram acusados. Perderão, estes companheiros, injustamente suas liberdades depois de terem sido julgados num tribunal corrompido pela vaidade e pela covardia de seus juízes, incapazes de resistir ao assédio da Suprema Globo, de Roberto Irineu Marinho.

Mas nem os discursos dos colunistas-militantes da Globo conseguiram impedir as vitórias do PT nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, nem os militantes togados do STF conseguiram impedir que o PT fosse o partido mais votado nas recentes eleições municipais. O povo conhece a Globo e conhece o PT. Sabe que aquela nunca lhe deu nada além de boas novelas, mas que este, desde que chegou ao governo, tem mudado a sua vida e pode lhe ajudar a construir um futuro ainda melhor para o Brasil. O ódio cultivado pelas Organizações Globo e suas parceiras políticas na mídia, contra o PT, não tem conseguido abalar a aliança entre o partido e o povo brasileiro, que, ao contrário, cada vez mais se fortalece.

A burguesia e a direita veem como um risco para os seus interesses a consolidação de uma tal parceria, entre a classe trabalhadora e um partido como o PT, que acreditam estar disposto a caminhar junto com ela e falar em seu nome nas ruas e no interior das instituições do Estado. Não sabem aonde isso pode parar. Ao contrário do que dizem, não temem pela democracia; temem a democracia, porque acreditam que através dela o povo brasileiro pode optar pelo socialismo, pelo fim da ordem economicossocial que lhes tem assegurado os injustificáveis privilégios, razão pela qual não só pediram, como apoiaram o golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart.

O antipetismo de direita, encarnado por Roberto Irineu Marinho, é o herdeiro político do anticomunismo visceral de seu pai Roberto Marinho. O PT não é um partido comunista, mas a direita o vê como tal. Durante a ditadura, chamavam Dom Helder Câmara de comunista. Apelidaram-no de ‘bispo vermelho’. Ele dizia mais ou menos o seguinte: ‘se dou esmola ao pobre, me aplaudem; mas se ataco as razões de sua pobreza, me chamam de comunista’.

O PT, no governo, nem de longe chegou a atacar as razões mais profundas da pobreza. Não dá esmolas ao povo, ao contrário do que diziam os antipetistas de direita e esquerda, referindo-se ao Bolsa Família, ideia que acabou sendo repudiada pelo próprio povo através do voto. O PT, no governo, busca, isto sim, garantir os direitos de todos os cidadãos brasileiros, especialmente os mais pobres, através de políticas públicas de inclusão, dentro dos limites do capitalismo. Isso basta prá que a direita o acuse de comunista. De fato, o PT pode até um dia vir a ser comunista, se o debate interno entre os seus militantes levá-lo à conclusão de que o comunismo é um bom caminho para o Brasil e de que o povo realmente deseja trilhá-lo. Por enquanto, nada disso aconteceu, ele é só um partido que tenta representar os interesses da classe trabalhadora e promover reformas no país que possam lhe proporcionar uma vida melhor. É só e já é muito.

A burguesia tem uma porção de partidos que a representam. E a classe trabalhadora estaria órfã de representação política se só pudesse contar com os partidos da esquerda socialista revolucionária, com os quais não concorda e não se identifica. Prá quem acha que o advento de um mundo de justiça, paz e prosperidade depende da destruição do capitalismo, e que o PT não é um partido anticapitalista, eu digo que os objetivos e os métodos do PT buscam ser expressões da vontade do povo brasileiro com quem o partido faz o possível prá manter a maior e a melhor sintonia. Por isso é que o partido cresce, a despeito das críticas. Por isso sou petista.

Mensagem de divulgação do blog no Facebook.

Por Silvio Melgarejo - Ao mesmo tempo que trabalho na construção e na produção de conteúdo para este blog, dou continuidade hoje à experiência que estou iniciando como usuário do Facebook. Daqui a pouco, devo postar lá a seguinte mensagem de divulgação do 'Cartas Públicas':

Meu blog 'Cartas Públicas'. 

Oi, pessoal. A maioria de vocês já deve saber do meu enorme interesse por política e de que eu sou filiado ao Partido dos Trabalhadores. Sei que alguns têm verdadeira aversão tanto a um quanto a outra. Previno-os, então, de que, sendo estes os assuntos da minha predileção, eu, com muita frequência devo usar este Facebook para compartilhar notícias e opiniões minhas, na intenção, evidentemente, de divulgá-las para o maior número possível de pessoas e provocar ou contribuir com o debate público indispensável à formação de uma opinião pública realmente esclarecida, capaz de exercer com consciência, autonomia e responsabilidade a sua cidadania. Espero não aborrecê-los demais, mas imagino que deva haver – torço mesmo prá que haja – algum mecanismo no Facebook que permita aos usuários defenderem-se dos chatos. Se acharem muito chato o meu papo, acionem, por favor, o tal mecanismo. Não quero fazer ninguém sofrer.
Dado esse aviso, eu quero informar a vocês que reativei um blog que criei há muito tempo e que estava abandonado, prá registrar e permitir acesso fácil às minhas ideias e opiniões. Nele vou publicar os textos que de vez em quando faço, e que ficarão disponíveis para os que tiverem interesse no que eu penso. Chama-se "Cartas Públicas" e fica no endereço [silviomelgarejo.blogspot.com.br].
Não trato só de política nesse meu blog, que nem só de política vive o homem. Falo, já nos primeiros posts, do que sinto e do que penso em relação ao ato de escrever, de participar de debates em blogs na internet e do que me levou a criar um blog pessoal. A religião também é um tema que me interessa. Sou espírita, como muitos de vocês devem saber. No post ‘Meu caminho até o Espiritismo’, procurei registrar com o máximo de fidelidade, as lembranças que tenho de como a religião entrou na minha vida, desde a infância e juventude, e de como ela tem sido importante prá mim até hoje.
Mas há outros três temas, sobre os quais ainda não me detive, que me interessam muito e que, desde já, estão na minha pauta: a música, o dia a dia do bairro onde moro e o futebol. Como qualquer blog pessoal, o meu será mesmo um ‘x-tudo’ com tudo que sai da cabeça do autor. Não sei se terei tempo de escrever sobre tanta coisa, dou aqui apenas uma ideia prá vocês do que poderão encontrar lá se e quando quiserem me dar a honra de uma visita. Que o assunto dominante será a política, disso eu tenho absoluta certeza. Os outros temas estarão presentes em doses menores, proporcionais à minha disposição de pensar e escrever sobre eles.
Enfim, meus amigos, eu quero convidar vocês a conhecerem o meu blog ‘Cartas Públicas’. Embora ele ainda esteja em construção, já tem alguma coisa lá que eu gostaria de compartilhar com vocês. Os dois posts mais recentes tratam de política. Daqui a pouco, vou divulgar os links aqui no Facebook. Até breve.
Silvio Melgarejo

domingo, 28 de outubro de 2012

Condenação sem provas fortalece PT, fere credibilidade do STF e exige debate sobre a Lei dos Meios de Comunicação.

Por Silvio Melgarejo - Festejam Globo, Veja, Folha e Estadão, a condenação de José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, pelo STF. Comemoram, note-se, com especial entusiasmo a condenação de Dirceu. É que julgam ser a decisão recentemente anunciada pelos ministros daquela corte o ponto final da história política de um dos mais importantes e, por isso mesmo, mais odiados líderes do partido de esquerda mais odiado, porque mais temido, pela direita brasileira, o Partido dos Trabalhadores.

Desejam ardentemente os dirigentes-donos desses verdadeiros partidos informais midiáticos que a condenação de Dirceu, Genoíno, Cunha e Delúbio, torne-se uma mancha perpétua na história do PT, motivo de vergonha para seus eleitores e militantes, a ser apontada e eficazmente explorada nas disputas eleitorais. Prá desespero deles e de seus colunistas-militantes, nem uma coisa, nem outra aconteceu ou vai acontecer. Nem Dirceu está morto politicamente, nem a militância petista baixou ou baixará a cabeça ante seus inimigos. Os petistas, ao contrário, cada vez mais numerosos, têm um orgulho imenso da história do Partido dos Trabalhadores, dos dois governos de Lula e do atual governo de Dilma; e depois de terem acompanhado o julgamento de seus antigos dirigentes, tiveram mais do que reforçada a certeza de que eles são realmente inocentes das acusações que lhes foram imputadas.

A condenação sem provas de José Dirceu, alvo principal da ira anti-petista na Ação Penal 470, de José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, não é uma mancha na história do PT. É uma mancha na história do próprio STF que demonstra o quanto ainda precisam ser aperfeiçoadas as instituições democráticas brasileiras. Quem acompanhou, com um mínimo de isenção, o desenrolar dos debates no tribunal, pela TV ou pela internet, tomando ciência dos argumentos apresentados pela defesa e pela acusação, bem como das tortuosas e frágeis justificativas dos ministros para os seus votos, só pode concluir que Dirceu e os demais réus não tiveram o julgamento justo que todos os brasileiros desejávamos.

Demonizado pelos partidos midiáticos em quase uma década de furiosa e infame campanha de destruição de sua imagem, José Dirceu tem caminhado desde 2005 até aqui sozinho, sofrendo os ataques covardes das maiores e mais poderosas empresas de comunicação do país. Desde 2005, ele já fora condenado pela Globo e demais órgãos da imprensa oposicionista partidarizada. O veredicto repetido a partir de então, de modo sistemático, pelos porta-vozes destes órgãos, sem a garantia do justo e democrático contraditório, possibilitou o estabelecimento da crença em sua culpabilidade nos setores da opinião pública menos atentos e menos afeitos ao exercício da análise crítica dos conteúdos jornalísticos.

Criou-se desse modo, artificialmente, o ambiente social mais favorável possível à sua condenação na mais alta corte do país. Uma turma de juízes pusilânimes, vaidosos e irresponsáveis, garantiu o desfecho antecipado e exigido pelos partidos midiáticos, valendo-se das mais exdruxulas e controversas doutrinas jurídicas para tentar em vão justificar a limitação do direito de defesa, a inversão do ônus da prova, o desrespeito à presunção de inocência e a escandalosa condenação sem provas, baseada somente em indícios e deduções.

O desrespeito aos princípios mais fundamentais do direito, conhecidos até pelo mais leigo dos cidadãos, foi perpetrado à luz dos holofotes, diante das câmeras da TV Justiça, transmitido em tempo real para todo o Brasil, cumprindo com rigor um calendário meticulosamente preparado para permitir o que só os tolos admitem poder ser casual: que os réus petistas tenham sido julgados exatamente nas semanas do 1º e do 2º turno das eleições municipais. O presidente da corte, Aires Britto, não fez questão de esconder o esforço para que isso ocorresse. E o procurador Gurgel chegou a afirmar com todas as letras que gostaria mesmo que o resultado do pleito fosse influenciado pelas condenações.

As capas das publicações impressas dos partidos midiáticos oposicionistas e os discursos de seus colunistas-militantes expressaram exultante aprovação à confirmação de suas teses pelos respeitáveis e até então insuspeitos ministros da suprema corte. Vislumbram nesse endosso, Globo, Veja, Folha e Estadão, a possibilidade de recuperarem um pouco da credibilidade perdida em anos de corrupção do bom jornalismo. Mas, sobretudo, uma outra possibilidade vislumbram, a de usar a decisão dos juízes como material de propaganda contra o partido de esquerda tri-campeão em eleições presidenciais.

Precipitam-se os anti-petistas e sua imprensa comemorando uma vitória que, a meu ver, é apenas aparente. O triunfo obtido no Supremo tem tudo para provocar efeito inverso ao que esperam. Digo isso porque desde o início do julgamento venho lendo na internet manifestações de qualificados e experientes observadores apontando, entre indignados e preocupados, erros e incoerências graves dos ministros do Supremo, cujas implicações altamente negativas podem, segundo eles, ir muito além de uma, por si só, lamentável condenação de inocentes. Nota-se que não há, de fato, consenso nos meios jurídicos e jornalísticos de que o processo tenha ocorrido de forma regular. Há, ao contrário, muitas e bem fundamentadas críticas ao modo como tem sido conduzido, despertando e alimentando a convicção de amplos setores da opinião pública de que, pressionados pela mídia, os ministros deixaram de lado o direito e protagonizaram um julgamento meramente político.

O STF condenou João Paulo Cunha por corrupção passiva sem apresentar à sociedade nenhuma prova de que ele tenha influído no processo licitatório que levou à contratação da agência publicitária de Marcos Valério pela Câmara Federal, no período em que a presidia. E condenou Dirceu, Genoíno e Delúbio por corrupção ativa e formação de quadrilha, sem apresentar uma prova sequer de que tenha havido a compra de votos de que são acusados. Pior que isso, as provas apresentadas pelas defesas dos acusados não foram sequer contestadas, foram, isto sim, solenemente ignoradas. Não convenceu, por isso, o  STF, ao conjunto da sociedade brasileira – como era de se esperar que fizesse, principalmente por se tratar de um julgamento público tão divulgado e esperado – da procedência das justificativas apresentadas para a condenação daqueles líderes petistas. É grande, por conta disso, a desconfiança e o inconformismo na opinião pública. Há um sentimento e uma convicção, especialmente entre militantes e eleitores do PT, mesmo entre os que, como eu – filiado ao partido –, sempre discordaram das posições de Dirceu, de que ele, Genoíno, João Paulo e Delúbio Soares estão sendo condenados por crimes que não foram provados sequer em sua materialidade, de que estão sendo vítimas de um golpe político que tem Lula e o Partido dos Trabalhadores como alvos.

Dirceu, dos quatro injustiçados, desde o eclodir das denúncias, o mais politicamente ativo, malgrado o desejo de seus inimigos, ganhou uma vitalidade e uma força políticas ainda maiores depois que o julgamento tomou seus contornos definitivos. Com isso não deviam contar os inimigos do PT. Se tiverem, ele, Dirceu, e os outros petistas, que cumprir pena com privação de liberdade, muitos, na opinião pública, os considerarão presos políticos, porque têm a nítida percepção de que foram exclusivamente políticas as motivações dos que os condenaram. Por serem petistas foram condenados e por mais nenhuma outra razão além desta. A simples comparação do tratamento dado a eles, tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo STF, com o tratamento dispensado aos suspeitos e réus do mensalão do PSDB, evidencia o critério político a favorecer os operadores e beneficiários do ‘valerioduto’ tucano, em tudo igual ao petista.

Dirceu, Genoíno, Delúbio e João Paulo, massacrados sem chance de defesa por partidos midiáticos como a Globo, foram julgados publicamente e finalmente puderam apresentar à sociedade respostas às acusações e provas de suas inocências. Os argumentos usados em suas defesas foram infinitamente mais consistentes do que os apresentados pelos acusadores. Condenados por juízes mais empenhados em destruir inimigos do que em fazer justiça em nome da sociedade, Dirceu, Genoíno, João Paulo e Delúbio, foram absolvidos por importante parcela da opinião pública, que passa doravante a considera-los vítimas de uma feroz campanha política que extrapolou os limites impostos pelas regras do jogo democrático, e feriu gravemente  um dos fundamentos mais importantes da democracia que é o das garantias individuais inscritas na Constituição. As maiores vítimas deste julgamento tão cheio de falhas não foram, portanto, nenhum dos réus condenados sem provas, nem aqueles que através deles se pretendeu atingir, que são Lula e o PT. As maiores vítimas desse julgamento foram a própria justiça e a democracia brasileira. Porque, diante dos olhos da sociedade, a Constituição do país foi desrespeitada, e desrespeitada exatamente por aqueles que tem a missão de defendê-la.

O que se viu e o que se tem visto é que a Suprema Corte do Brasil curvou-se, servil e obediente, à Suprema Mídia, detentora exclusiva do poder de criar e destruir reputações. Tremem os ministros, por certo, diante do poder potencialmente devastador concentrado nas mãos de Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo. Ou, pior que isso, sentem-se, com certeza, irresistivelmente seduzidos diante da possibilidade de ser por ele homenageados, tratados como heróis e até deuses diante do povo. A soberba dos ministros do Supremo só não é maior do que a sua vaidade. Por tributos a ela, parecem ter vendido seus votos, numa espécie de mensalão em que a bajulação é moeda de propina.

Por não terem tido um julgamento justo, Dirceu, Genoíno, João Paulo e Delúbio, ganham a solidariedade de toda a militância petista e de expressiva parcela da opinião pública não petista. O PT, vencedor inconteste das presentes eleições municipais, a despeito de toda a propaganda negativa sofrida, nunca esteve tão unido e fortalecido como agora. Se havia dúvidas sobre a inocência de seus antigos dirigentes quanto as acusações que lhes foram imputadas, essas dúvidas foram inteiramente dirimidas pelo próprio Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, pelo revisor, Ricardo Lewandovisk, e pelos demais ministros do STF. Porque mesmo quando votaram pela condenação dos réus, suas justificativas pediam a absolvição, tamanha era a carência de elementos realmente comprobatórios das hipóteses engendradas.

A discurseira vazia do procurador e a performance teatral, por vezes patética, dos ministros acusadores só serviu para conduzir os observadores sinceramente interessados em que se fizesse justiça à conclusão inescapável de que não houve mesmo compra de votos, de que Delúbio Soares não mentiu quando afirmou na CPMI dos Correios, e depois, em juízo, que o ‘valerioduto’ era um esquema de caixa 2 e que os repasses de dinheiro aos parlamentares, do seu e de outros partidos, destinavam-se ao pagamento de dívidas de campanha. A abundância retórica e a eloquência virulenta dos ministros daquela corte suprema, são índices de uma enorme vontade de condenar os réus, mas não foram suficientes para disfarçar, perante a parcela da sociedade mais civilizada, comprometida com a justiça, com a verdade e com o direito, a ausência absoluta de provas que fundamentassem a acusação de compra de votos.

Tratados como bandidos durante anos, Dirceu, Genoíno, Delúbio e João Paulo, saem do julgamento injusto a que foram submetidos, como vítimas do poder paralelo, ilegítimo e ilimitado, das Organizações Globo, de Roberto Irineu Marinho, que influenciaram de modo grosseiro e ostensivo os procedimentos, os discursos e os votos equivocados da maioria dos magistrados. A vergonhosa submissão do STF à vontade do supremo midiático Marinho é mais uma mancha na história daquela corte e nas biografias de seus ministros, com a honrosa exceção do bravo e esforçado Lewandovisk.

Ficou patente, neste como em outros casos, a ascendência do oligopólio das empresas de comunicação sobre os três poderes da República, num desequilíbrio de forças que representa clara e permanente ameaça à democracia, ao chamado Estado Democrático de Direito. Supremo, por ilimitado, tem sido o poder da Globo, razão pela qual é preciso, é urgente, que sejam retomadas as mobilizações pela votação no Congresso de um novo Marco Regulatório das Comunicações, que proporcione ao poder executivo os meios legais de dar cumprimento à proibição constitucional do monopólio e do oligopólio neste setor, de modo a democratizá-lo, através da garantia da livre expressão da pluralidade e da diversidade existentes na sociedade, que tem sido sufocadas pela concentração dos meios de comunicação nas mãos de algumas poucas famílias. Só assim será possível dar cumprimento a outro preceito constitucional frequentemente desrespeitado por detentores de concessões de rádio e TV, como Roberto Irineu Marinho: o direito democrático do cidadão à informação.

A luta pela democratização das comunicações deve ganhar um novo e, quem sabe, até decisivo impulso com as prováveis prisões de Dirceu, Genoíno, João Paulo e Delúbio Soares. De dentro de suas celas, estes homens serão fonte abundante de inspiração para os verdadeiros combatentes da causa social e democrática, como foram no passado outros mártires. O injusto, violento e arbitrário sacrifício de suas liberdades será como chaga aberta na consciência de quantos compartilhem dos ideais pelos quais eles foram condenados.

O homem justo, que já sofre e se revolta ante a simples perspectiva ou suspeita de uma injustiça, sofre e revolta-se ainda mais quando a injustiça se consuma de modo claro ante seus olhos. Não há de ser em vão, portanto, o martírio em vida – desde 2005 e a partir de agora no cárcere – daqueles companheiros. Em nome deles, vítimas mais recentes e conhecidas do poder sem regras e sem limites do oligopólio das comunicações, liderado pelas Organizações Globo, é que a militância do PT deve exigir das direções e dos parlamentares do partido a imediata retomada das mobilizações sociais pela votação no Congresso do novo marco regulatório das comunicações. Se a militância do Partido dos Trabalhadores não tiver essa atitude e se nossos dirigentes e parlamentares não a encamparem, será em vão o sacrifício da liberdade dos companheiros agora condenados.

Por isso, eu me dirijo agora aos militantes e simpatizantes do Partido dos Trabalhadores e lhes digo com a mais absoluta segurança. Não é hora de se lamentar, nem de se queixar. É hora de agir. É hora de lutar. Não vamos permitir que, encorajadas pela vitória no Supremo e por nossa apatia e imobilismo, as forças da direita, eleitoralmente derrotadas, deem curso ao projeto de voltar ao poder via golpes judiciários como os que depuseram os presidentes de Honduras e Paraguai, e como este que acabamos de testemunhar agora no Brasil. Dirceu, Genoíno, Delúbio e João Paulo serão presos políticos. É assim que os devemos considerar e é isso o que temos que denunciar ao povo brasileiro e à opinião pública internacional. O Brasil voltou a ter presos políticos, como no tempo da ditadura. E não há porque duvidar de que os próximos alvos dos golpistas são o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff.