quarta-feira, 8 de junho de 2016

O povo não quer Temer, nem Dilma. Vamos fingir que não sabemos disso? (Debate 1)

Divulgado na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal do PT-Rio/RJ, o texto "O povo não quer Temer, nem Dilma. Vamos fingir que não sabemos disso?" (04/06/2016) recebeu comentários de três companheiros, que reproduzo ao final deste post. A resposta que lhes dei foi a seguinte:


Companheira E.B.


Minha análise de conjuntura não se baseia em percepções pessoais, mas nos dados disponíveis de quatro institutos de pesquisa de opinião - DataPopular, Datafolha, Ibope e VoxPopuli -, os mesmos institutos que deram no passado recente os índices recordes de aprovação ao governo Lula que nós tanto festejamos até hoje. Não dá prá dizer agora que o que eles dizem não vale nada só porque não corresponde ao nosso desejo.

Sobre a Greve Geral, se for fraca, só desgastará a resistência democrática.

E sobre a opinião de que antecipação da eleição é golpe, Globo, Michel Temer e Romero Jucá, também estão contigo,


Companheiros C.N.O. e G.S.R.


Em primeiro lugar, uma pergunta:

O que é, para vocês, "legitimidade"? Definam, por favor. No meu texto eu digo:

"Penso que, em termos jurídicos, legitimidade seja legalidade e que, em termos políticos, legitimidade signifique justiça."

Vocês concordam ou discordam? Têm outro conceito? Qual?

Companheiro C.N.O.


Todos os partidos políticos estão fragilizados, não é só o PT. Mas, atenção. No debate programático, o PT ganha, com um pé nas costas, de qualquer partido de direita, não é fraco coisa nenhuma. Por isso é que a direita precisa tanto do golpe, prá não ter que enfrentar o PT mais uma vez no debate programático que uma eleição impõe. Porque sabe que perderia de novo. Eu já disse isso num outro texto que postei aqui, no Facebook e no meu blog, em 7 de maio, intitulado "Os trabalhadores não querem o programa econômico da direita. Só uma eleição pode evitar que o golpe vire ditadura.". Digo ali que o debate programático é o campo de batalha que mais favorece ao PT, porque qualquer programa de esquerda corresponde muito mais aos interesses dos trabalhadores do que qualquer programa de direita. E não é por outra razão que a direita se empenha tanto em fugir do debate programático e reduzir a pauta do debate político ao combate à corrupção.

Mas, mesmo neste tema, a direita não tem como levar vantagem. Veja que no dia 14 de março, um dia depois de uma grande manifestação pelo impeachment realizada na avenida Paulista, o site Brasil 247 noticiava o resultado de um levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas, dando conta de que nada menos que 62% dos participantes daquele evento concordavam com a afirmação de que "o PT não é o único partido culpado pelos escândalos envolvendo a Lava Jato e a Petrobras". Não é possível que já tenhamos esquecido a recepção "calorosa" que tiveram os políticos do PSDB e do DEM nas manifestações pelo impeachment de que resolveram participar. O que tem predominado na opinião pública não é o antipetismo é o anti-partidos políticos, porque a maioria entende que a corrupção não é um mal do PT, é um mal de todos os partidos. De modo que, numa próxima eleição, como em todas as anteriores, a questão da corrupção poderá ser importante, mas não determinante do resultado do pleito. Determinantes serão sempre as respostas dos candidatos às demandas sociais por mais direitos.

Sobre a greve geral. Uma greve geral sem a maioria do povo, Osilieri, não seria uma greve geral, digo isso no meu texto, E digo mais aqui. Uma greve geral sem a maioria do povo, seria uma greve geral fracassada, um movimento que teria efeito semelhante ao que se pode esperar quando se anuncia um tiro de canhão e dispara uma espoleta. O efeito de uma greve geral fracassada pode ser traduzido numa só palavra: desmoralização.

Companheiro G.S.R.


O que abre espaço para mudanças nas regras no meio do jogo é a correlação de forças entre os que querem manter as regras e os que querem mudá-las. Por enquanto, o dado que se tem é que 62% dos brasileiros querem antecipar a eleição para a escolha de um novo presidente da república, porque não querem nem Dilma, nem Temer. Ou seja, a maioria do povo brasileiro quer mudar. E o mais extraordinário é que quer mudar contrariando a vontade tanto de Temer, quanto de Dilma e a maioria de seus respectivos apoiadores. Não é estranho que tanta gente de esquerda e direita, democratas e golpistas, esteja do mesmo lado, fazendo coro contra a antecipação da eleição que o povo quer, dizendo que a eleição é golpe?

Não se ganha jogo ou guerra ignorando a correlação de forças em disputa. Porque é assim, ignorando a correlação de forças, que em geral se definem as estratégias equivocadas que conduzem a derrotas. A metodologia que permite hoje avaliar com mais precisão a correlação de forças políticas na sociedade continua sendo a pesquisa de opinião. A alternativa a isso é o "achismo" das percepções individuais ou desse ou daquele grupo social específico. Prefiro o referencial das pesquisas, é nele que me baseio. E as pesquisas têm apresentado indicadores claros e bastante consistentes que me dão segurança para sustentar a defesa da antecipação da eleição presidencial que tenho feito. Posso mudar de opinião se as próximas pesquisas mostrarem um quadro diferente do atual, com um crescimento significativo do apoio ao retorno de Dilma à presidência. Mas acho muito pouco provável que isso aconteça. Acredito que a rejeição a ela e a Temer continuarão como estão, nas alturas, e que pode até ter aumentado o número dos que apoiam a antecipação da eleição. Vamos ver. Por enquanto, é isso que defendo, considerando os dados das pesquisas disponíveis.

Silvio Melgarejo

08/06/2016


Abaixo, os comentários a que se refere o texto acima.

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Comentário da companheira E.B. (06/06/2016)


Não sei por onde vc anda nem em que reuniões vc vai;  os companheiros que tem ido à luta, afinal é para isso que estamos em um ParTido Político, estamos vendo justo o contrário, o povo quer cada vez mais a Dilma. Cresce a adesão ao Fica Dilma, até mesmo os pelegos não tem mais coragem de em praça pública falar que não quer Dilma, ficam dando voltas em falar em "Democracia", mas não há como defender Democracia sem falar em Dilma Rousseff que foi afastada por um golpe da burguesia que corre em medidas e retrocessos absurdos para arrasar o país. O tanto de absurdo que estão fazendo tem acordado o povo pois já sentem na própria carne os absurdos na educação, na saúde e na habitação.

O povo e a classe média baixa ao contrário da burguesia zona sul, precisa do ProUni, do Fies, do Pronatec, das Farmácias Populares, do SUS, das cotas, dos concursos, dos salários, da aposentadoria...

Ao contrário do que vc tá dizendo, até vi pelegos psolistas da instituição que trabalho, na manifestação na quinta feira gritando volta Dilma... E isso porque a tinha muita gente da comunidade de Manguinhos, da biblioteca da comunidade, realizada por um projeto Lula...

Agora se tomarmos como parâmetro, a globotomia news, as faculdades Zona Sul (abrindo exceção para a maioria dos bolsistas e filhos de classe média baixa), o pstu, o sepe, (os contra tudo e contra todos), aí sim essa escória burguesa não quer nem temer nem Dilma, como se houvesse comparação...

A Greve Geral é para desgastar o golpe.

Sinceramente, tô com o Ciro Gomes, na entrevista que ele deu semana passada: Eleições é golpe e Golpista, tem que ir é pra pqp!!!!!!

E.

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Comentário do companheiro C.N.O. (06/06/2016)


Acredito que possa haver uma remota possibilidade da Dilma voltar.
Uma eleição presidencial legitimaria o golpe, além do mais o PT está fragilizado pela campanha golpista dos meios de comunicação.
Sou totalmente a favor d uma greve geral muito bem organizada.
Mesmo a maioria do povo não participando dos atos já seria uma vitória.
Saudações Democráticas,

C.N.O.

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Comentário do companheiro G.S.R. (06/06/2016)


Com certeza, C.. Pleno acordo.
Mesmo no caso de eleições gerais, com Dilma já tendo sofrido impeachment, o caminho não pode ser o de legitimar o golpe abrindo espaço para mudanças nas regras no meio do jogo, e sim forçar a renúncia do Temer ainda este ano por meio de greve geral e outros instrumentos de pressão.
Abraços,

G.

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