O maior obstáculo para a unidade da esquerda hoje é a intolerância mútua entre importantes setores das vanguardas do PT e do PSOL. Mas, com o abandono da estratégia de conciliação de classes pelo PT, imposto ao partido pelo desastre da primeira metade do mandato de Dilma, pela tentativa de golpe ainda em curso e pelo consenso nacional já estabelecido quanto à falência do presidencialismo de coalizão, a tendência é que esta intolerância, mais conhecida como sectarismo, vá se arrefecendo e que haja uma natural aproximação entre os dois partidos.
Pensando exclusivamente no potencial de cada um, não como candidato, mas como chefe de poder executivo, acredito que Marcelo Freixo, pela natureza das pautas a que se dedica e pelas posições que expressa, poderia fazer uma gestão renovadora e de grande impacto na segurança pública do Estado, como governador, com repercussões positivas em todo país.
Pela mesma razão, acredito que Jandira teria o seu melhor desempenho como prefeita, especialmente na área da saúde, cuja maior parcela de responsabilidade pela gestão é atribuída, pela legislação do SUS, aos municípios.
O ideal seria que houvesse um acordo entre PT e PSOL para apoiarem juntos a candidatura de Jandira na eleição municipal deste ano e depois a de Marcelo Freixo para governador, em 2018. Mas acho isso pouquíssimo provável, em razão da força que o sectarismo ainda mantém nas vanguardas dos dois partidos.
Eu diria que um acordo assim, que unificasse a esquerda, é desejável e possível mas, no momento, prematuro. Vamos de Jandira. Quem sabe durante a campanha, a própria relação entre os candidatos nos debates - eles já fizeram um pacto de apoio ao que chegar no segundo turno - já não contribua para começar a desarmar os espíritos e arrefecer as mágoas e desconfianças mútuas das suas respectivas militâncias.
Tenho absoluta convicção de que a mudança de estratégia política do PT quebrará as resistências da maior parte dos psolistas quanto a um projeto de aliança com o PT. A maioria dos militantes de esquerda quer a unidade da esquerda. Mas é um processo e não se pode prever exatamente o tempo que será preciso para se chegar a bom termo. Tenho um palpite de que será menor do que se supõe.
Vá lá, que talvez nem palpite seja, talvez seja torcida. Eu torço mesmo, admito, pela reconciliação entre o PT e sua costela rebelde, o PSOL, e que esta reconciliação seja rápida, para que a esquerda ganhe logo o vigor necessário para enfrentar e derrotar a direita em todas as disputas.
Silvio Melgarejo
28/06/2016
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