sexta-feira, 29 de maio de 2015

Não existe organização espontânea.

(Comentário ao texto compartilhado no Facebook por Maria Fernanda Arruda)
"A capacidade de auto-organização das massas operárias e camponesas russas com a criação dos sovietes, instituição essa que surgira espontaneamente da massa como forma de organização, mostra que espontaneidade na origem dos movimentos e na criação de novas instituições não implica desorganização.

Ao contrário, espontaneidade e organização são características das ações das massas populares há muitos anos. Só aqueles que pretendem controlar, dirigir e domesticar esses movimentos sociais é que contrapõem espontaneísmo e organização."

A Revolução Russa

MEU COMENTÁRIO:

Maurício Tragtenberg é o autor de Revolução Russa, livro citado no post de abertura deste tópico.

É legal a tese que ele defende para os dirigentes burocratas de partidos e sindicatos.

Afinal, eles podem usá-la como justificativa para esquentarem os assentos das poltronas de seus gabinetes e não fazerem trabalho de base.

Se a base não se organiza, a culpa não é do dirigente, é da própria base.

A defesa da virtude do espontaneísmo da organização das massas transforma a preguiça e indisciplina dos dirigentes em virtudes e o trabalho organizativo diligente junto às bases dos partidos e sindicatos de trabalhadores numa ação condenável, de espírito e objetivos autoritários.

Não existe organização espontânea.

Mesmo num grupo de dez pessoas, a maioria consente que uma minoria defina quem faz o que, onde, quando, como e com que meios.

Se não houver quem tenha aptidão e disposição para cumprir este papel, não se organiza coisa nenhuma.

Por que fracassou a Onda Vermelha convocada por Rui Falcão, em 2013?

E por que fracassaram os abaixo-assinados dos projetos de lei de iniciativa popular da Reforma Política e da Democratização da Mídia, que o Diretório Nacional do PT definiu, em resolução, como ações prioritárias do partido naquele ano?

Por uma razão muito simples.

Os mais de 1,5 milhão de filiados do PT não conseguiram se organizar espontaneamente para realizar estas atividades.

Faltou a ação organizadora dos dirigentes do partido.

Pela mesma razão fracassou a política de núcleos de base.

Por que não conseguimos reagir coletivamente aos golpes do mensalão e da Lava Jato?

Por que não conseguimos realizar nenhuma ação coletiva de impacto político proporcional ao número de filiados e eleitores do partido?

É evidente que não é por falta de vontade de participar e de lutar de todas estas pessoas.

É porque elas não têm uma direção que oriente a sua organização e a sua ação na sociedade.

Parece que a vanguarda do PT ainda não entendeu que é para isso que servem os diretórios.

Por isso, não se revolta com a inatividade destas instâncias, resultante da indisciplina dos seus dirigentes.

Naturalizou-se a existência de milhares de diretórios fantasmas ou moribundos.

Pois se não se sabe para que eles servem, como avaliar o prejuízo que sua inatividade impõe ao partido?

Silvio Melgarejo

29/05/2015

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Aprovado na Câmara o financiamento de campanhas eleitorais por empresas. Como votaram os deputados do RJ.

Câmara recua e aprova financiamento privado de campanhas

Do UOL, em Brasília 27/05/2015

Após bate-boca entre deputados nos microfones do plenário, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (27), a proposta que inclui na Constituição Federal a doação de empresas privadas a partidos políticos. A proposta foi aprovada por 330 votos a favor, 141 votos contra e uma abstenção.

A aprovação do financiamento privado de campanha aconteceu após uma manobra executada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que contou com o apoio de partidos de oposição, entre eles o PSDB.

Votaram [SIM]


DEM
Rodrigo Maia

PMDB
Celso Jacob
Celso Pansera
Eduardo Cunha
Fernando Jordão
Leonardo Picciani
Marquinho Mendes
Soraya Santos
Washington Reis

PP
Jair Bolsonaro
Julio Lopes

PR
Altineu Côrtes
Dr. João
Francisco Floriano

PROS
Hugo Leal

PRP
Alexandre Valle

PSD
Alexandre Serfiotis
Felipe Bornier
Indio da Costa
Sóstenes Cavalcante

PSDB
Otavio Leite

PSDC
Luiz Carlos Ramos

PTB
Cristiane Brasil
Deley
Walney Rocha

Solidariedade
Aureo
Ezequiel Teixeira



Votaram [NÃO]


PCdoB
Jandira Feghali

PDT
Marcelo Matos

PR
Clarissa Garotinho

PRB
Roberto Sales
Rosangela Gomes

PROS
Miro Teixeira

PSB
Glauber Braga

PSOL
Chico Alencar
Jean Wyllys

PT
Alessandro Molon
Benedita da Silva
Chico D Angelo
Luiz Sérgio
Wadih Damous

Por que somos este exército de impotentes?

De que adianta ter 1,7 milhão de filiados desorganizados e desmobilizados?

Por que se resiste tanto à ideia de que o partido precisa de administração?

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Quem fere com ajuste fiscal, com ajuste político será ferido. (2)

Quem fere com ajuste fiscal, com ajuste político será ferido. (1)

Ao votar no Congresso pela aprovação das MPs 664 e 665 e boicotar o Dia Nacional de Luta convocado pela CUT para 29 de maio, o PT está assumindo a inteira responsabilidade pelos efeitos da política econômica de Dilma e Levy sobre a vida dos trabalhadores.

Em 2016 e 2018 os trabalhadores é que farão um ajuste político contra os autores deste ajuste fiscal que hoje os penaliza, enquanto protege a burguesia.

O PT está cavando a própria cova.

Silvio Melgarejo

25/05/2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A saída é pela esquerda. Mas é preciso ter força para abrir a porta.

A vitória depende da execução perfeita de uma estratégia correta.

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal)

A sugestão de Marcelo Freixo, do PSOL, para candidato de uma frente de esquerda, da qual o PT faria parte, nas eleições municipais do Rio, de 2016, iniciou, há uma semana, nesta lista de e-mails, um debate que expressa bem a divisão da opinião pública petista sobre a estratégia do PT nos últimos 12 nos.

Todos concordam que agora é preciso mudar.

Uns porque acham que a estratégia adotada pelo PT esteve certa num determinado período, começou a falhar de uns tempos para cá e agora está completamente errada.

Faço parte deste grupo.

E outros porque acham que a estratégia sempre esteve errada.

Há, entre estes últimos, o caso singular e exótico de um brizolista petista que tem ódio mortal ao Lula e a tudo que ao ex-presidente possa estar associado, exceto a Dima, porque foi do PDT.

Todos aqui já devem saber que me refiro a Marcos Zarahi, a quem faço menção por ser um dos mais empenhados na defesa desta tese, durante este debate.

Entre os que acham que a estratégia do PT sempre esteve errada, parece predominar a convicção de que a estratégia da oposição de esquerda é que sempre esteve certa.

A estes dirigi as seguintes perguntas, durante o presente debate:
Se a política do PT durante os governos de Lula e Dilma foi tão errada, como é que o PT conseguiu ganhar 4 eleições presidenciais seguidas, tendo contra si a maior e mais eficiente máquina de propaganda política do mundo, que são as Organizações Globo, fazendo intensa e permanente campanha negativa contra estes seus governos, por mais de uma década?

Como é que Lula, além disso, ainda aparece pelo terceiro ano consecutivo como o melhor presidente que o país já teve, na pesquisa realizada pelo Datafolha?

Por outro lado, se a política da esquerda oposicionista é que sempre esteve certa, porque, em 12 anos, mesmo com a ajuda da Globo, esta esquerda oposicionista nunca conseguiu crescer como alternativa ao PT, aproveitando-se dos erros reais e inventados do partido e seu governo?

A bancada federal da esquerda oposicionista tem apenas 1 senador e 5 deputados, todos do PSOL.

Aliás, 4 deputados, já que o Cabo Daciolo foi expulso.

Por que PSTU, PCB e PCO nunca elegeram ninguém, nem um mísero deputado?
Ninguém, até agora, respondeu nada.

Marcos Zarahi nem tenta, porque não tem resposta.

Quase tudo que ele classifica como erro, contribuiu na verdade para que partido e governo alcançassem os resultados econômicos e sociais que os trabalhadores aprovaram, todas as vezes que tiveram ocasião de se manifestar.

O companheiro Osmar Filho disse no dia 17 de maio, a propósito destas minhas perguntas:
"Marcos e Silvio, Bom dia,

Para fugir do maniqueísmos no caso do Rio de Janeiro, Estado e  Capital, sugiro:

1) Quantos votos teve o PSOL e o PT-CNB na eleição municipal de 2012.
2) Quantos votos teve o PSOL e o PT-CNB nas eleição de 2014."
Minha resposta a ele é a seguinte:

Osmar.

Não há maniqueísmo nenhum em avaliar a correção de uma estratégia política nacional pelos seus resultados nacionais, inclusive eleitorais.

O desempenho eleitoral do PT do Rio decorre da atuação do PT do Rio, não dos governos Lula e Dilma.

Tanto que o PT ganhou todas as eleições presidenciais no Rio, apesar dos resultados pífios nas eleições estaduais e municipais.

Já o desempenho eleitoral pífio do PSOL na eleição nacional, deve-se à atuação do partido no plano nacional. Apenas 1,5% dos votos válidos para presidente e 5 deputados (tirando o Daciolo, 4).

Antes de ser posta em prática, uma estratégia se justifica pela análise das circunstâncias.

As circunstâncias é que indicam os movimentos possíveis de serem feitos e os que têm maiores chances de alcançarem êxito.

Mas, depois de executada, são os resultados que justificam ou não a estratégia escolhida.

Uma estratégia é correta quando e enquanto dá resultados.

Ora, o Lula não é um dos mais reconhecidos líderes mundiais e o mais importante líder popular do Brasil só porque quer.

Ele o é exatamente por causa dos resultados extraordinários dos seus governos, que só a direita e uma certa esquerda míope, recalcada ou invejosa não admitem.

Por que Lula é considerado pelo povo o melhor presidente da história do país, segundo o instituto Datafolha?

Certamente, não por obra da maior máquina de propaganda política do mundo, que são as Organizações Globo, e sim porque o povo reconhece que, durante os dois mandatos do ex-presidente, melhorou suas condições de vida, muito mais do que em qualquer outra época.

Portanto, não só essa percepção dos trabalhadores, mas os indicadores econômicos e sociais que as confirmam, indicam que a atual estratégia do PT, que é de colaboração de classes, teve, realmente, resultados extremamente positivos durante os dois mandatos de Lula.

Só que durante os mandatos de Dilma as circunstâncias, no país e no mundo, foram mudando e os resultados começaram a minguar.

A coalizão que possibilitou a realização de governos que corresponderam às expectativas dos trabalhadores, a ponto deles votarem pela continuidade, passou a ser, cada vez mais, uma trava ao avanço do projeto iniciado e até um fator de risco para a manutenção do que já se havia construído no país.

Sinais claros de que a estratégia do PT precisava mudar.

Mas aí surge a questão: a quem caberia tomar a iniciativa da mudança de estratégia?

À presidenta da república ou ao seu partido?

Há quem pense que isto caberia à presidenta.

Minha convicção, no entanto, é de que a iniciativa de mudar de estratégia teria que ser do partido.

E por que o partido não o fez?

Aí é que está o problema.

Na minha avaliação, a direção nacional do PT tentou.

Mas não conseguiu.

Explico.

Houve em 2013, a meu ver, uma tentativa da direção nacional do PT de investir na mobilização social por reformas que sabia não terem o apoio dos partidos da coalizão, exceto o PCdoB.

O problema é que a máquina partidária não funcionou quando acionada, frustrando todas as suas iniciativas.

No primeiro semestre daquele ano, foram lançadas três campanhas, com status de prioritárias para o partido:
- o abaixo assinado do projeto de lei de iniciativa popular da Reforma Política;

- o abaixo assinado do projeto de lei de iniciativa popular da Democratização da Mídia; e

- a pressão sobre o Congresso pela aprovação do projeto de lei do governo que destinava para a educação recursos resultantes da exploração do Pré Sal.
E, no segundo semestre, houve a convocação de uma Onda Vermelha em resposta aos ataques sofridos por petistas durante os protestos de junho.

Pois, para nada disso o PT conseguiu se mover. Tudo fracassou.

"Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo", diz a resolução política do 5º Encontro Nacional do PT, de 1987, "precisamos de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores. Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo".

Só é possível ter êxito numa estratégia de enfrentamento com a burguesia, com um partido que seja capaz de organizar e mobilizar multidões para a luta nas ruas. É este o pressuposto deste trecho da resolução do 5º Encontro.

Ora, é evidente, Osmar e demais companheiros, que o PT está há anos luz disso.

Um partido que não funciona nem para fazer um abaixo assinado, não será nunca capaz de mobilizar milhões de trabalhadores em defesa do seu projeto político.

Onde estão os quadros organizadores que a resolução do 5º Encontro aponta como essenciais para a construção de um partido capaz de enfrentar e vencer a luta de classes?

É evidente que não estão nos diretórios, senão os diretórios funcionariam, e todos sabemos que não funcionam.

O PT não tem quadros organizadores, esta é que é a realidade.

E, no entanto, uma base de mais de 1,5 milhão de filiados deve ter, certamente, milhares de trabalhadores com talento, vocação e conhecimento para a administração do partido.

O problema é que ainda não faz parte da cultura política do PT a consciência da importância de elementos da administração como organização, comando e disciplina, para a realização de qualquer estratégia política que exija a mobilização de grandes volumes de recursos humanos, materiais e financeiros.

E como não há esta consciência, acaba-se evitando o debate sobre a administração partidária, que possibilitaria a emergência de quadros organizadores e a concepção de uma política administrativa para o partido que garantisse o seu funcionamento regular e pleno.

A minha impressão é de que a maioria da atual direção do PT tem medo de fazer o giro da estratégia de colaboração para a estratégia de enfrentamento com a burguesia, porque sabe que não tem partido para realizar essa estratégia.

O medo da direção nacional do PT é de dar um passo em falso e comprometer completa e irremediavelmente a já frágil governabilidade institucional, sem garantir a Dilma a governabilidade social necessária para dar rumo novo e seguro ao seu governo.

Esse medo acaba paralisando a direção do partido, como se tem visto.

Há, já, no PT, de fato, um consenso quanto à necessidade de mudar a estratégia política.

A tensão, me parece, se dá é quanto à possibilidade, à oportunidade e à maneira de fazê-lo.

Lula e Dilma dão sinais claros de que não querem esta mudança para agora.

E não acredito que Rui Falcão assuma qualquer posição contrária à deles.

Do outro lado, estão as tendências da autodenominada esquerda petista, que querem a mudança de estratégia já, apostando na organização e mobilização espontânea da base do partido e da classe trabalhadora.

Esta crença na organização e mobilização espontânea da base do partido e da classe, aliás, parece ser o grande e, desgraçadamente, inabalável consenso entre as tendências petistas.

Acreditam, pelo que dizem, que basta declarar guerra à burguesia, anunciando pela internet um programa avançado de reformas, que espontaneamente a base do partido iria sair fundando núcleos, aos montes, e que o povo, em convulsão, bateria, freneticamente, às portas destes núcleos e se auto-organizaria, com elevado espírito revolucionário, para desespero dos ricaços.

A diferença entre as tendências é que umas têm mais fé, outras menos, nessa rebelião espontânea a partir do anuncio puro e simples de um programa.

Eu não acredito nenhum pouco em organização e mobilização espontânea das massas.

Por isso defendo que o partido adote uma estrutura interna e formas de funcionamento que lhe permitam desempenhar as funções essenciais de indutor, organizador e dirigente das mobilizações dos trabalhadores.

A concepção de partido que defendo é exatamente aquela que está na resolução do 5º Encontro:
"Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo, (...) precisamos de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores. Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo.

(...)

Nossa concepção, portanto, é a de construir o PT como um partido de classe dos trabalhadores, democrático, de massas e socialista, que tenha militância organizada e seja capaz de dirigir a luta social.” (5º Encontro Nacional - 1987)
Já expus de maneira resumida a razão da prioridade que dou à construção e administração do partido, no final do ano passado, quando publiquei um texto em que dizia:
"O partido está para a luta política, assim como o exército está para a guerra. 

Não se atinge o objetivo político sem um partido, como não se atinge o objetivo militar sem um exército.

O partido é o instrumento da ação política daqueles que o constituem para realizar algum projeto. 
         Por isso, considero que a construção do PT e a administração de seus diretórios - que são suas unidades combatentes - deve ser a principal preocupação e a principal ocupação dos petistas, e que descuidar dessa tarefa, é renunciar, na prática, a qualquer possibilidade de ver realizado o projeto petista de conquistar, efetivamente, o poder político e construir no Brasil o socialismo democrático."
No PT dá-se enorme importância à definição da estratégia e importância nenhuma à preparação do partido para a execução da estratégia.

É notável a capacidade que se tem de ignorar que isto é caminho certo para o fracasso.

Minha posição é de que é preciso evoluir da estratégia de colaboração para uma estratégia de enfrentamento com a burguesia.

Não apenas pela manutenção das políticas públicas criadas até agora.

Mas pela realização de reformas que ampliem e aprofundem a democracia política brasileira, como fim em si, mas também como meio para o avanço do projeto socialista do PT.

Sei que, quanto a isto, devo estar de acordo com a maioria dos petistas.

O desacordo, creio, é quanto à necessidade e urgência de se conceber um modelo de administração do partido que lhe permita executar esta estratégia.

Isto, me parece, ninguém tem visto e me preocupa, companheiros.

Porque a derrota de um partido, muitas vezes decorre da escolha de uma estratégia errada.

Mas, com bastante frequência, advém da má execução de uma estratégia correta.

Em maio de 2013, enviei a esta lista de e-mails uma mensagem intitulada "Para avançar mais, é preciso mais democracia", em que já defendia este ponto de vista que defendo hoje, de que era preciso mudar de estratégia, enquanto saudava as iniciativas da direção nacional do partido que, a meu ver, apontavam neste sentido.

Dizia naquele texto que era preciso preparar o partido para executar os primeiros movimentos propostos pelo Diretório Nacional, de inflexão para uma nova estratégia em que o partido buscasse influenciar o processo político de fora para dentro da institucionalidade, através da mobilização social.

Lamentavelmente, esta preparação acabou não sendo feita pelo PT e o partido se mostrou completamente incapaz de executar as políticas definidas. E olha que eram políticas simples, nada de muito complexo ou arrojado.

Agora, imaginem se um partido assim, que não consegue fazer nem um abaixo assinado entre seus filiados, se tem condições de organizar e mobilizar milhões de trabalhadores. É evidente que não tem.

Os que acreditam na organização e mobilização espontânea do partido e das massas, devem lembrar que nem as massas, nem a base do PT se mobilizaram espontaneamente para assinar e colher assinaturas para os abaixo assinados da Reforma Política e da Democratização da Mídia, embora eles tenham sido divulgados na internet e fossem tratados como políticas prioritárias pelo nosso diretório nacional.

Tampouco aderiram espontaneamente os filiados do PT à Onda Vermelha convocada pelo presidente do partido, Rui Falcão, que acabou sendo uma constrangedora marola, retrato fiel da incapacidade do PT de realizar qualquer ação coletiva envolvendo sua base de filiados.

Todas as teses apresentadas ao 5º Congresso do PT refletem de alguma forma o anseio por mudanças na atitude do partido, manifestado diariamente pela militância petista nas redes sociais.

A militância não quer mais um partido de conchavo ou só de disputa eleitoral e parlamentar.

A militância quer um partido que lute nas ruas.

Mas, isto o PT não pode ser hoje, nem amanhã, porque não está preparado, nem está se preparando para esta forma de atuação, que é imprescindível na luta de classes.

O medo da direção do PT justifica-se porque, de fato, o partido, com sua atual forma de funcionamento, não tem poder de ação nas ruas nenhum e nenhuma capacidade ofensiva, nem sequer defensiva.

Em 1986, José Dirceu publicou um artigo sobre a construção do PT, em que dizia:
"O que se quer é um partido que não se desmantele ao primeiro golpe militar."
Pois, meus amigos, é preciso reconhecer, antes de nos permitirmos ou darmos ouvidos a bravatas tolas, que o PT hoje não aguenta golpe nenhum.

Nem militar, nem civil, seja parlamentar, judiciário ou midiático.

O julgamento do mensalão foi um golpe, que levou, inclusive, Dirceu para a cadeia.

A operação Lava Jato é outro golpe, que levou para a cadeia João Vaccari.

E o que fizeram e fazem PT, direção e base?

Nada.

Quando muito protestam ou lamentam, mas nenhuma reação houve ou há que possa ser categorizada como luta.

O PT não existe, até hoje, de fato, como unidade coletiva de combate político.

Por isso os pequenos golpes de Estado se sucedem, sem que o partido consiga reagir para detê-los ou revertê-los.

O que encoraja, cada vez mais, os golpistas a engendrarem novos pequenos golpes, como ensaios de um golpe último e fatal, que seria o impeachment de Dilma e a cassação do registro do partido no TSE.

Tem razão a Articulação de Esquerda, de Valter Pomar, quando diz que precisamos de um partido para tempos de guerra.

Mas, mais correto e exato ainda seria dizer que precisamos de uma administração partidária para tempos de guerra.

Porque tão importante ou mais que definir uma nova estratégia política, é definir exatamente como o partido usará os recursos humanos, materiais e financeiros presentes em sua base de filados, na execução da estratégia estabelecida.

E sobre isto, sobre a administração partidária, nada dizem as teses apresentadas ao 5º Congresso.

Acreditam todos, pelo visto, no espontaneísmo da organização partidária, a partir da definição de uma estratégia política.

Não precisa ser profeta para saber que, indo por este caminho, o PT vai dar com os burros n'água.

Porque, sem uma correta administração partidária, nenhuma estratégia de confronto com a burguesia tem chance de dar certo.

Pela razão única e simples de ser irrealizável.

Não tem jeito, companheiros. Sem comando, organização e disciplina - que são elementos da administração - não se realiza nada na política.

Exceto, é claro, discursos.

Por isso, é que, sobre a proposta de uma frente de esquerda, eu assim me manifestei, na mensagem que enviei a esta lista de e-mails, em 15 de maio:
"As críticas que faço ao PSOL não me impedem de reconhecer que é um partido de esquerda e que o Rio e o Brasil precisam de uma frente de esquerda para enfrentar e vencer a onda neoliberal e religiosa fundamentalista, que é, sem dúvida nenhuma, uma forte reação do conservadorismo aos avanços democráticos e sociais ocorridos durante os governos de Lula e Dilma.

Acho, entretanto, que uma frente de partidos com baixa capacidade de mobilização social, por falta de comando, organização e disciplina em suas estruturas internas, acabará frustrando rapidamente às expectativas que forem criadas.

Pelo que sei, o PSOL tem os mesmos problemas administrativos que o PT. 

Aliás, eu não conheço nenhum partido de esquerda cuja administração permita uma execução minimamente satisfatória da sua política.

Para fazer um governo realmente de esquerda, as máquinas partidárias vão ter que ser capazes de superar estes problemas administrativos, para se tornarem realmente indutoras, organizadoras e dirigentes de mobilizações sociais frequentes e de grande magnitude, que deem sustentação política e impulsionem a realização do projeto vitorioso.

Como digo sempre, repito:

Sem partido organizado e mobilizado, todo ideal político morre no discurso.

Portanto, sou a favor de uma frente de esquerda, mas uma frente de partidos fortes, porque dotados de elevada capacidade de mobilização social, em razão da disciplina e da organização de seus dirigentes e de suas militâncias.

Uma frente de partidos fracos, será uma frente fraca, incapaz de realizar o seu programa e atender satisfatoriamente às expectativas dos seus apoiadores."
Quero agora tratar de um outro ponto, que é a relação do PT com o PSOL.

Sem renunciar à crítica aos equívocos do esquerdismo, o PT também não pode permitir que sectarismo e mágoas de sua parte inviabilizem a construção de uma relação melhor com este setor da esquerda.

O PSOL pode vir a ser, sim, um importante aliado do PT nos próximos anos.

Quem duvida que isto seja possível, dado o grau de animosidade deste partido contra o PT na última década, precisa saber - ou apenas lembrar - que nos anos 1980 a relação entre PT e PCdoB também era de intensa e permanente porrada. Muitas vezes, literalmente porrada.

Quem dissesse, naquele tempo, que PT e PCdoB viriam a ser aliados e amigos, como hoje são, seria taxado de louco ou então de zombeteiro.

Ninguém poderia imaginar que esta aproximação se desse e, no entanto, se deu. As coisas mudam na política.

O PSOL nasceu do PT.

É, na verdade, como você bem disse, recentemente, Osmar, uma tendência do PT que se institucionalizou.

Tendência esquerdista, é bom que se diga.

Mas, petista, de fato, porque partícipe de toda elaboração política das duas primeiras décadas de vida do PT, quando se constituiu aquilo que se pode chamar de doutrina do partido, que são as suas resoluções mais fundamentais, aprovadas nos congressos e encontros nacionais daquele período.

O problema do PSOL é o esquerdismo, aquela "doença infantil do comunismo" que, segundo Lenin, é a incapacidade - típica, segundo ele, do revolucionarismo pequeno burguês - de "compreender a necessidade de levar em conta, com estrita objetividade, as forças de classe e suas relações mútuas antes de empreender qualquer ação política".

A formação de uma frente de esquerda como a que tem sido defendida, até com o lançamento de um candidato a prefeito, não depende, evidentemente, só do PT.

Depende também da vontade e de uma decisão do PSOL.

A impressão que se tem, pelo discurso de alguns frentistas aqui, é de que o PSOL já topou e que só está esperando uma manifestação do PT.

Não é bem assim, companheiros.

O esquerdismo, o antipetismo longamente cultivado e a perspectiva de conquistarem a hegemonia da esquerda com uma eventual derrota do PT para a direita, podem, penso eu, frustrar nossos desejos e expectativas.

Acredito que o caminho mais realista para um apaziguamento entre os dois partidos, que criasse um ambiente mais favorável à construção de uma frente, seria PT e PCdoB lançarem um candidato coligados e, se eventualmente o PSOL for para o segundo turno, apoiarem incondicionalmente e com vigor o seu candidato.

Agora, se o PT resolve apoiar o candidato do PMDB para a prefeitura, como querem Lula, Dilma e Quaquá, aí a paz, o diálogo e a frente com o PSOL vão de vez pro brejo.

Dou-me conta agora de que, sobre a eleição municipal, não vi nenhuma notícia quanto à posição do presidente do Diretório Municipal, Bob Calazans.

Não é o Diretório Municipal que tem que tratar da campanha eleitoral do município?

O Quaquá deu entrevista anunciando que já fez todos os arranjos, prometeu que o PT vai apoiar o afilhado de Eduardo Paes, posou para foto com o atual prefeito e seu candidato e não se vê nenhuma manifestação pública do Bob Calazans?

Que situação estranha esta, não é, companheiros?

Será que Calazans concorda com o Quaquá?

Agradeço a quem jogar luz sobre este mistério.

Acabo de ver no site 247 a seguinte curiosa notícia:

CONFUSÃO DE TARSO NO RIO NÃO TEM APOIO DO PT

21 DE MAIO DE 2015 - Desembarque do ex-governador gaúcho Tarso Genro no Rio de Janeiro, que chega com planos de implodir a aliança PT-PMDB, é rechaçado por lideranças petistas; "O pensamento dele (Tarso Genro) não é o da maioria do PT. Ele não terá o apoio do PT. A ideia é manter o acordo (com o PMDB)", afirmou o vice-prefeito de Eduardo Paes, Adilson Pires (PT); o presidente regional do PT, Washington Quaquá, acredita que, "por questão de respeito, ele deveria dialogar"; Tarso realizará amanhã a plenária "A saída é pela esquerda", com o apoio do senador Lindberg Farias e do deputado Alessandro Molon; "O PT do Rio, em nenhum momento, discutiu a ruptura. O PMDB é a base da governabilidade da Dilma. Será que isso não diz nada?", questionou a deputada Benedita da Silva.

O movimento do ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, que pretende criar uma frente de partidos de esquerda para as eleições municipais em 2016 no Rio de Janeiro, tem recebido críticas de dirigentes petistas do Estado. 

A Executiva do PT regional defende a manutenção da aliança com o PMDB, que tem a prefeitura, com Eduardo Paes, e o governo, com Luiz Fernando Pezão. Tarso desembarca amanhã no Rio para realizar a plenária "A saída é pela esquerda", com o apoio do senador Lindberg Farias e do deputado federal Alessandro Molon, ambos petistas.

"O pensamento dele (Tarso Genro) não é o da maioria do PT. Eu me encontrei com ele na semana passada e fui bastante claro: ele não terá o apoio do PT. A ideia é manter o acordo (com o PMDB)", afirmou o vice-prefeito de Eduardo Paes, Adilson Pires (PT), segundo reportagem do jornal O Globo.

De acordo com Pires, a parceria com o PMDB "está consolidada" e "tem o aval do ex-presidente Lula e da própria Dilma". "Paes foi o político mais leal com Dilma. Não apoiou o Aezão", acrescentou, em referência ao movimento criado no ano passado dentro do PMDB para pedir votos a Aécio Neves (PSDB) e Pezão.

O presidente regional do PT, Washington Quaquá, disse não ter sido convidado por Tarso para a plenária e defendeu o diálogo. "Por questão de respeito, ele (Tarso) deveria dialogar. Apoiamos uma frente ampla de esquerda para discutir as reformas políticas, mas ele está tentando criar uma frente eleitoral", opinou.

Para a deputada federal Benedita da Silva, "em nenhum momento" o PT do Rio "discutiu a ruptura" com o PMDB. "O PMDB é a base da governabilidade da Dilma. Será que isso não diz nada?", questionou.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) pretende lançar à prefeitura, pelo PMDB, o secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo. Internamente, peemedebistas não veem Tarso como ameaça, com base em seu desempenho nas últimas eleições, quando não conseguiu se reeleger governador.
No O Globo, que foi a fonte original do 247, a notícia é a seguinte:

PT do Rio ataca articulação de Tarso Genro 

Vice-prefeito e presidente regional defendem aliança com PMDB 
POR CÁSSIO BRUNO - 21/05/2015 6:00
RIO - A direção do PT do Rio criticou o plano do ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) de criar no estado uma frente com partidos de esquerda para as eleições de 2016. Integrantes da executiva do partido defendem a manutenção da aliança no estado com o PMDB. O vice-prefeito Adilson Pires (PT) reprovou a estratégia de Tarso:

— O pensamento dele (Tarso Genro) não é o mesmo da maioria do PT. Eu me encontrei com ele na semana passada e fui bastante claro: ele não terá o apoio do PT. A ideia é manter o acordo (com o PMDB) — afirmou o vice-prefeito.

A intenção de Tarso é enfraquecer o PMDB fluminense, que dá as cartas na Câmara dos Deputados, com o presidente da Casa, Eduardo Cunha, e o líder do partido Leonardo Picciani. Nos bastidores, os peemedebistas não veem Tarso como ameaça. O argumento é o desempenho do petista nas últimas eleições no Rio Grande do Sul ano passado, quando ele não conseguiu se reeleger.

Adilson disse que o apoio do prefeito Eduardo Paes (PMDB) à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) foi “fundamental”. Segundo Pires, a parceria com o PMDB no Rio “está consolidada" e “tem o aval do ex-presidente Lula e da própria Dilma". Paes pretende emplacar como candidato o secretário municipal Pedro Paulo (Coordenação de Governo).

— Paes foi o político mais leal com Dilma. Não apoiou o Aezão — disse Pires, referindo-se ao movimento do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), para pedir votos ao candidato tucano derrotado à Presidência, Aécio Neves , e ao governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB).

O presidente regional do PT, Washington Quaquá, contou que não foi convidado por Tarso para a plenária “A saída é pela a esquerda”, que será realizada amanhã, com o apoio do senador Lindbergh Farias e do deputado Alessandro Molon, ambos do PT. O encontro debaterá propostas da frente de esquerda para 2016.

— Por questão de respeito, ele (Tarso) deveria dialogar. Apoiamos uma frente ampla de esquerda para discutir as reformas políticas, mas ele está tentando criar uma frente eleitoral — criticou Quaquá.

DIRIGENTE DO RIO CRITICA TARSO

O presidente regional do PT desafiou Tarso:

— Se ele reunir 200 pessoas (na plenária), eu reúno duas mil na semana seguinte.

A deputada Benedita da Silva também defendeu a aliança com os peemedebistas:

— O PT do Rio, em nenhum momento, discutiu a ruptura. O PMDB é a base da governabilidade da Dilma. Será que isso não diz nada?

Além de negociar a compra de um apartamento no Rio, o que gerou especulações de que poderia transferir seu domicílio eleitoral para concorrer à prefeitura, Tarso quer criar um instituto na cidade para promover debates e palestras, além de um centro de estudos.

Procurado pelo GLOBO, Tarso não quis dar entrevista. Lindbergh e Molon não retornaram as ligações.
Bem, eu duvido que os dirigentes do PT do Rio estejam realmente tranquilos com a possibilidade de terem que enfrentar uma rebelião da base do partido liderada por um quadro político da estatura de Tarso Genro. Não estão. Só se fossem burros ou loucos e não acredito que sejam.

As reações de repúdio destes dirigentes contra algo que deveria ser considerado absolutamente natural num partido democrático - que é a proposta de debate sobre mudanças na orientação política e eleitoral -, mostram que eles temem, de fato, a presença do ex-governador gaúcho e ex-presidente nacional do PT.

E isto é um bom sinal para os que desejam mudanças.

Por isso, dou boas vindas a Tarso Genro e digo-lhe que estou pronto para ser um soldado da sua causa.

A mim, pessoalmente, sua chegada enche de esperanças de um futuro melhor para o PT, a partir dos embates que vamos travar com o conservadorismo do partido.

Que assim seja.

Chamo, no entanto, a atenção de todos os que se animam, como eu, com a vinda deste importante aliado para o Rio.

Se a vitória na luta de classes exige do partido comando, organização e disciplina, a vitória na disputa interna do partido exige o mesmo de qualquer movimento de oposição.

É muito importante que nós tenhamos esta consciência:

De que comando, organização e disciplina são condições fundamentais para a vitória da política de frente de esquerda.

Primeiro, dentro do PT, contra os aliados do PMDB.

E, depois, fora do PT, contra a burguesia e o conjunto da direita, inclusive o PMDB.

A saída é pela esquerda.

Mas é preciso ter força para abrir a porta.

Não se vence disputa política só com discurso.

Se vence com força política.

E força política só se constrói com muito trabalho de equipe, onde não faltem estas três coisas:

Comando.

Organização.

E disciplina.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

22/05/2015

domingo, 17 de maio de 2015

Re: A saída é pela esquerda.....POR UM FRENTE DE ESQUERDA COM FREIXO EM 2016!!! (6)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Marcos Zarahi.

Por que, ao invés de tentar me rotular, você não tenta destruir os meus argumentos?

Por que, ao invés de mentir descaradamente, você não encara o debate político comigo?

Eu não sou da CNB, nem pertenço a nenhum desses grupos que você cita, e já expressei claramente a minha posição favorável a uma frente de esquerda.

Agora me diga.

Se a política do PT durante os governos de Lula e Dilma foi tão errada, como é que o PT conseguiu ganhar 4 eleições presidenciais seguidas, tendo contra si a maior e mais eficiente máquina de propaganda política do mundo, que são as Organizações Globo, fazendo intensa e permanente campanha negativa contra estes seus governos, por mais de uma década?

Como é que Lula, além disso, ainda aparece pelo terceiro ano consecutivo como o melhor presidente que o país já teve, na pesquisa realizada pelo Datafolha?

Explica esse fenômeno, Marcos Zarahi.

Explica também uma outra coisa.

Se política da esquerda oposicionista é que sempre esteve certa, porque, em 12 anos, mesmo com a ajuda da Globo, esta esquerda oposicionista nunca conseguiu crescer como alternativa ao PT, aproveitando-se dos erros reais e inventados do partido e seu governo?

A bancada federal da esquerda oposicionista tem apenas 1 senador e 5 deputados, todos do PSOL.

Aliás, 4 deputados, já que o Cabo Daciolo foi expulso ontem.

Por que PSTU, PCB e PCO nunca elegeram ninguém, nem um mísero deputado?

Suponho que você tenha explicação prá tudo isso, Marcos Zarahi.

E espero que possa compartilhar com os participantes desta lista de e-mails.

Silvio Melgarejo

17/05/2015

sábado, 16 de maio de 2015

Re: A saída é pela esquerda.....POR UM FRENTE DE ESQUERDA COM FREIXO EM 2016!!! (5)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Se a política do PT durante os governos de Lula e Dilma foi tão errada, como é que o PT conseguiu ganhar 4 eleições presidenciais seguidas, tendo contra si a maior e mais eficiente máquina de propaganda política do mundo, que são as Organizações Globo, fazendo intensa e permanente campanha negativa contra estes seus governos, por mais de uma década?

Como é que Lula, além disso, ainda aparece pelo terceiro ano consecutivo como o melhor presidente que o país já teve, na pesquisa realizada pelo Datafolha?

Explica esse fenômeno, Marcos Zarahi.

Silvio Melgarejo

16/05/2015

Re: A saída é pela esquerda.....POR UM FRENTE DE ESQUERDA COM FREIXO EM 2016!!! (4)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

"Viver apenas da política de assistencialismo social e do Bolsa Família, que é um programa elaborado por D. Ruth Cardoso e implementado no governo FHC...." (Marcos Zarahi)

Incrível. Tenho que fazer o mesmo debate que faço com os tucanos dentro do PT.

Bendita internet, que nos ajuda a combater tanta desinformação e mentira.

Vamos por partes.


1º) "(...) Bolsa Família, que é um programa elaborado por D. Ruth Cardoso e implementado no governo FHC" (Marcos Zarahi)


Será? Acho que não. Vejam a seguinte notícia.

O dia em que FHC rejeitou a Bolsa Família 

SEX, 01/08/2014 - 06:00
ATUALIZADO EM 01/08/2014 - 06:00
Luis Nassif

A Bolsa Família é uma política de universalização da renda mínima com contrapartida de exigência de matricular as crianças na rede escolar.

Ao longo dos anos, tornou-se a principal vitrine do governo Lula, garantiu sua imagem internacional e pelo menos 12 anos de governo ao PT.

O consolo do PSDB é tentar atribuir a origem da política a FHC.

Analisando-se documentos da época, no entanto, constata-se que o cavalo do Bolsa Família passou duas vezes encilhado para o então presidente Fernando Henrique Cardoso – e nas duas vezes, ele deixou de montar.

A última vez foi dois anos apenas antes de Lula apostar na política e se consagrar.

Mais que isso: toda a política de educação do Ministério da Educação implementado a partir do segundo governo Lula, com ampliação das vagas escolares, aumento dos gastos com educação, ampliação dos campus universitários, expansão do instituto técnico, estava presente no Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001, aprovado pela Câmara e pelo Senado. E todos esses itens foram vetados por FHC.

***

No início do primeiro governo FHC, o senador Eduardo Suplicy tentou avançar seu Programa de Renda Mínima. No dia 28 de abril de 1996 a Folha entrevistou os diversos Ministérios envolvidos com o tema.

Do Ministro do Trabalho Paulo Paiva (PTB) ouviu que "não podemos simplesmente criar um novo programa que se sobreponha aos atuais". Do Ministro da Previdência Reinhold Stephanes (PFL), ouviu que o governo já tinha programas de renda mínima "e pode aperfeiçoá-los". O Ministro do Planejamento José Serra saiu-se com um não-argumento típico dele. Não era contra, mas o projeto "não tem sido discutido no âmbito do governo". Era só começar a discutir.

Foi a primeira oportunidade perdida.

***

A ideia continuou crescendo. Anos depois, foi apropriada pelo então senador Antônio Carlos Magalhães (ACM ) que a incluiu no Plano Nacional de Educação.

O projeto foi aprovado na Câmara e no Senado e chegou para a sanção presidencial. Dizia o item 1.3, subitem 22: "Ampliar o Programa de Garantia de Renda Mínima associado a ações socioeducativas, de sorte a atender, nos três primeiros anos deste Plano, a 50% das crianças de 0 a 6 anos que se enquadram nos critérios de seleção da clientela e a 100% até o sexto ano."

E aí FHC mostrou sua pequena dimensão de homem público.

O item foi vetado sob o argumento de "contrariar o interesse público". E contrariava devido ao fato de "as metas propostas (...) implicam conta em aberto para o Tesouro Nacional, (...) o que não se compadece com o quanto estabelecido nos arts. 16 e 17 da Lei de Responsabilidade Fiscal".

***

Não ficou nisso.

Pelas mesmas razões de "interesse público" foram vetados o item que  definia uma meta mínima de 40% do ensino público superior através de parcerias com Estados; o Item que criava um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Superior, para expansão da rede de instituições federais; o item que ampliava o programa de crédito educativo, associando-o ao processo de avaliação de instituições privadas.

E aí por diante.

Dois anos depois Lula assumiria o poder e montaria nos dois cavalões rejeitados por FHC.



2º) "Viver apenas da política de assistencialismo social e do Bolsa Família" (Marcos Zarahi)


Só que não. E a geração de empregos?

Geração de empregos (RAIS): 


1994 / 2002 ===>  5 milhões de empregos


2003 / 2013 ===>  20,4 milhões de empregos



Por: José Prata Araújo

O indicador do mercado de trabalho formal mais amplo é a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS. 

Os dados da RAIS são divulgados anualmente, representam cerca de 97% do mercado de trabalho formal brasileiro e são aproximadamente 7 milhões de empresas declarantes. 

De forma diferente do CAGED, que se restringe ao trabalho celetista, a RAIS também recolhe dados dos estatutários, dos trabalhadores regidos por contratos temporários e dos empregados avulsos. 

Na tabela abaixo, utilizamos os dados do CAGED somente em 2013 e 2014, já que os dados da RAIS não foram ainda divulgados para estes dois anos.



Empregos formais: Lula e Dilma dão goleada em FHC


Veja na tabela os dados da RAIS dos últimos 20 anos, sendo os dados de 2014 até maio. Sob Lula e Dilma foram criados 20 milhões 435 mil empregos formais em onze anos e cinco  meses, uma média de 1 milhão 789 mil empregos por ano. Já sob FHC, os números foram bem mais baixos: 5 milhões 17 mil vagas em oito anos, com uma média de 627 mil contratações anuais. Assim, a média anual de geração de empregos nos governos do PT foi três vezes maior que no governo do PSDB.

Como explicar tamanha disparidade na geração de empregos formais entre os governos Lula/Dilma e FHC? As teorias dos tucanos e de seus aliados são risíveis. Veja o que disse o economista Edward Amadeo: “O emprego com carteira assinada cresceu como não fazia desde a década de 1970. Quem imagina que isso se deva ao aumento da taxa de crescimento econômico pode estar enganado. Foi o aumento no crescimento econômico, ou a redução da incerteza com um Lula prudente, que fez as empresas sentirem-se à vontade para contratar mais trabalhadores com carteira? Um bom debate”. (…) “Enfim, a redução da inflação e o arquivamento da política econômica do PT fez muito bem ao país” (Valor 26/12/2007). Ora, se prudência e a confiança dos empresários gerasse empregos, FHC, e não Lula e Dilma, seria o campeão na geração de empregos formais.

O emprego formal no Brasil vem crescendo de forma consistente nos governos do PT e não é por causa das reformas neoliberais, como afirmam os tucanos. Com o PT, a economia acelerou o seu crescimento, o que explica em parte a criação de milhões de empregos formais. O forte impulso da distribuição de renda e do mercado interno de massas, onde se sobressaem empresas fortemente geradoras de mão de obra sejam pequenas, micros, médias e até mesmo grandes empresas, também contribuiu. Os governos do PT têm como diretriz o trabalho de carteira assinada, seguida pela fiscalização do Ministério do Trabalho, ao contrário de FHC que estimulava as empresas a adotarem novas formas de contratação, visando reduzir o que chamavam de “custo Brasil”. Com o PT, os sindicatos foram valorizados, ao contrário de FHC que tinha como objetivo impor-lhes uma dura derrota.

Não podemos permitir a volta dos fantasmas do passado. Como diz a propaganda do PT: “Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás”.

Como disse o presidente do PT, Rui Falcão: “A sociedade brasileira quer mudar, mas pensando no futuro e não em um passado que ela repudiou de forma reiterada e contundente nas três últimas eleições presidenciais”.

José Prata Araújo, é economista e autor dos livros Um retrato do Brasil – Editora Fundação Perseu Abramo (2006) e O Brasil de Lula e o de FHC – Bis Editora (2010)

Veja outros posts da série “Futuro X Passado” no www.blogdojoseprata.com.br, seção “O Brasil do PT e o do PSDB”.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Re: A saída é pela esquerda.....POR UM FRENTE DE ESQUERDA COM FREIXO EM 2016!!! (3)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal)

Companheiras e companheiros.

As críticas que faço ao PSOL não me impedem de reconhecer que é um partido de esquerda e que o Rio e o Brasil precisam de uma frente de esquerda para enfrentar e vencer a onda neoliberal e religiosa fundamentalista, que é, sem dúvida nenhuma, uma forte reação do conservadorismo aos avanços democráticos e sociais ocorridos durante os governos de Lula e Dilma.

Acho, entretanto, que uma frente de partidos com baixa capacidade de mobilização social, por falta de comando, organização e disciplina em suas estruturas internas, acabará frustrando rapidamente às expectativas que forem criadas.

Pelo que sei, o PSOL tem os mesmos problemas administrativos que o PT.

Aliás, eu não conheço nenhum partido de esquerda cuja administração permita uma execução minimamente satisfatória da sua política.

Para fazer um governo realmente de esquerda, as máquinas partidárias vão ter que ser capazes de superar estes problemas administrativos, para se tornarem realmente indutoras, organizadoras e dirigentes de mobilizações sociais frequentes e de grande magnitude, que deem sustentação política e impulsionem a realização do projeto vitorioso.

Como digo sempre, repito:

Sem partido organizado e mobilizado, todo ideal político morre no discurso.

Portanto, sou a favor de uma frente de esquerda, mas uma frente de partidos fortes, porque dotados de elevada capacidade de mobilização social, em razão da disciplina e da organização de seus dirigentes e de suas militâncias.

Uma frente de partidos fracos, será uma frente fraca, incapaz de realizar o seu programa e atender satisfatoriamente às expectativas dos seus apoiadores.

Sonhar é bom e necessário.

Mas é preciso ter os pés no chão.

Senão o sonho vira pesadelo.

Silvio Melgarejo

15/05/2015

Re: A saída é pela esquerda.....POR UM FRENTE DE ESQUERDA COM FREIXO EM 2016!!! (2)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Marcos Zarahi.

Se o PT prometeu e não fez, como é que conseguiu ganhar 4 eleições presidenciais seguidas, tendo contra si a maior e mais eficiente máquina de propaganda política do mundo, que são as Organizações Globo, fazendo intensa e permanente campanha negativa contra os seus governos, por mais de uma década? Explica esse fenômeno.

Silvio Melgarejo

15/05/2015

Re: A saída é pela esquerda.....POR UM FRENTE DE ESQUERDA COM FREIXO EM 2016!!! (1)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Marcos Zarahi.

Olha, eu vou te citar só dois exemplos do que fez o lulopetismo, que são estes das notícias aqui abaixo.

Agora, eu te pergunto: o que fazia o PSOL enquanto o lulopetismo trabalhava para alcançar estes resultados?

Eu te digo: lutava contra, junto com a Globo, o PSDB, o DEM e o PPS, para inviabilizar tudo que estava sendo feito.

Lembra dos 40 bilhões que esta coalizão oposicionista tirou da saúde com a derrubada da CPMF?

Lembra do endosso que o PSOL deu e dá à fraude jurídica do mensalão?

Pois é. O PSOL fez de tudo prá sabotar os governos do PT.

Mas nem o PSOL, nem o Brizola ou o brizolopetismo, conseguiram realizar nada, mas nada mesmo, que possa ser comparado ao que foi feito durante os governos do lulopetismo, que incluem o da ex-pedetista Dilma Rousseff.

Eu não sou lulopetista, sou petista. E considero o PSOL um partido esquerdista de classe média, com discurso moralista, mas um tremendo telhado de vidro, que a Globo só não estilhaça porque o tem como aliado contra o PT.

Refiro-me ao desvio de recursos do sindicato dos previdenciários do Rio que, segundo a deputada Janira Rocha, foram usados para fundar o PSOL e financiar suas campanhas eleitorais. Enquanto a executiva do partido no Rio recomendou a expulsão da deputada, o PSOL nacional arquivou o processo e encerrou o caso. Por que será?

Portanto, não me venha com essa de que o lulopetismo não tem moral prá criticar o PSOL, porque tem, sim, e muita, porque fez muito, mas muito mais pela classe trabalhadora do que o PSOL sequer sonhou em fazer em tão curto prazo.

Sei que deve ser um tanto sofrido prá você, que odeia o Lula, mas leia as notícias abaixo.

Faz uma coisa prá doer menos. Esquece o Lula e imagina que foi um governo do Brizola que conseguiu fazer isto e me diz:

É ou não é uma façanha para encher de orgulho qualquer partido ou militante de esquerda?

Seguimos falando sobre PT, Lula, PSOL e quem tem mais moral que quem, se você quiser.

Silvio Melgarejo

15/05/2015

Brasil reduz a pobreza extrema em 75%, diz FAO.


UOL - O Mapa da Fome 2013, apresentado na manhã desta terça-feira (16), em Roma, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), mostra que o Brasil conseguiu reduzir a pobreza extrema - classificada com o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1 ao dia - em 75% entre 2001 e 2012.

No mesmo período, a pobreza foi reduzida em 65%. Apresentado como um dos casos mundiais de sucesso na redução da fome, o Brasil, no entanto, ainda tem mais de 16 milhões de pessoas vivendo na pobreza: 8,4% da população brasileira vive com menos de US$ 2 por dia.

O relatório da FAO mostra que o Brasil segue sendo um dos países com maior progresso no combate à fome e cita a criação do programa Fome Zero, em 2003, como uma das razões para o progresso do país nessa área. Não por acaso, foi criado pelo então ministro do governo Lula, José Graziano, hoje diretor-geral da FAO.

De acordo com o documento, a prioridade dada pelo governo Lula ao combate à fome - citando a fala do ex-presidente de que esperava fazer com que todos os brasileiros fizessem três refeições por dia - no Fome Zero é a responsável pelos avanços.

Inicialmente concebido dentro do Ministério de Segurança Alimentar, o programa era um conjunto de ações nessa área que tinha como estrela um cartão alimentação, que permitia aos usuários apenas a compra de comida. Logo substituído pelo Bolsa Família, o Fome Zero foi transformado em um slogan de marketing englobando todas as ações do governo nessa área.

"O resultado desses esforços são demonstrados pelo sucesso do Brasil em alcançar as metas estabelecidas internacionalmente", diz o relatório, ressaltando que o Brasil investiu aproximadamente US$ 35 bilhões em ações de redução da pobreza em 2013.

A América Latina é a região onde houve maior avanço na redução da pobreza e da fome entre 1990 e 1992, especialmente na América do Sul, com os países do Caribe ainda um pouco mais lentos. O relatório mostra que o número de pessoas subnutridas na região passou de 14,4% da população para cerca de 5%. Além do Brasil, a Bolívia é citada como exemplo. Apesar de ainda ter quase 20% da população abaixo da linha da pobreza, saiu de um porcentual próximo a 40%.

No mundo todo, 805 milhões de pessoas ainda passam fome. São 100 milhões a menos do que há uma década, e 200 milhões a menos do que há 20 anos, mas ainda muito abaixo da velocidade que permitiria ao mundo cumprir a primeira meta dos objetivos do milênio, de reduzir a pobreza extrema à metade até 2015. Atualmente, apenas 63 países cumpriram a meta. Outros 15 estão no caminho e devem alcançá-la. O relatório completo está disponível no site da FAO.


"O BRASIL SAIU DO MAPA DA FOME PELO FRUTO DE UMA DECISÃO POLÍTICA"


"Esse resultado não é uma casualidade", afirma durante encontro na FAO o vice-ministro do Desenvolvimento Social e Luta contra a Fome do Brasil

13 outubro de 2014, em Roma - O Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva, realizou hoje uma reunião com o vice-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do Brasil, Marcelo Cardona, que está em Roma para participar do Comissão de Segurança Alimentar (CFS), que começou nesta segunda-feira na sede da Organização.

O notável progresso feito pelo Brasil na luta contra a fome e a insegurança alimentar foi o tema do encontro. "Esse é o lugar onde nós estamos agora, fora do Mapa da Fome da FAO", disse o vice-ministro Cardona após a reunião.

"Este resultado alcançado pelo Brasil não é uma coincidência", afirmou o vice-ministro. "É o resultado de muito trabalho e de uma decisão política do governo brasileiro, que investiu nos mais pobres por meio de políticas que possam realmente contribuir para a redução da fome."

Cardona destacou o "conjunto de ações do sistema coordenado de políticas de segurança alimentar e nutricional com transferência condicional de renda", citando como exemplos o programa Bolsa Família e o benefício da prestação continuada, para a população de renda mais baixa.

"É com esse conjunto de políticas coordenadas ligadas às ações em torno da agricultura familiar que o Brasil conseguiu superar a pobreza extrema e deixar o mapa da FAO", acrescentou o vice-ministro.

Apoio à agricultura familiar  

Cardona explicou também as iniciativas que o Governo do Brasil desenvolveu para facilitar o acesso ao crédito, prestar assistência técnica e proporcionar maior segurança aos agricultores familiares.

Cooperação Sul-Sul

 "O Brasil tem um conjunto de experiências que podem ser compartilhadas e tem o absoluto interesse em conhecer outras políticas que podemos desenvolver internamente", disse Cardona em referência aos programas de cooperação Sul-Sul, por meio do qual o país apoia os países africanos e os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre outros.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Só uma rebelião da militância pode salvar o PT do suicídio político.

Contra o ajuste injusto e a terceirização. Todo apoio ao Dia Nacional de Paralisações da CUT, em 29 de maio, como preparação para uma greve geral.


Ao votar nos dias 6 e 7 de maio pela aprovação do ajuste fiscal da presidenta Dilma, a bancada do PT simplesmente botou o partido em rota de colisão direta com a CUT e com as demais centrais sindicais.

A CUT publicou no dia 7 mesmo, no final da tarde, em seu site uma resolução que diz o seguinte:
"A CUT reprova a atual política econômica do governo por ser incoerente com o projeto que os/as trabalhadores apoiaram e que foi vitorioso nas últimas eleições, por levar o país à recessão e por penalizar a classe trabalhadora com o desemprego, a retirada de direitos, a precarização das relações de trabalho e a regressão de políticas públicas. 

Considera inaceitáveis as perdas de direitos contidas nas MPs 664 e 665 e posiciona radicalmente contra sua aprovação no Congresso Nacional. 

No lugar de penalizar os setores menos favorecidos da população, as medidas de ajuste deveriam incidir sobre os setores mais abastados da sociedade que concentraram renda e poder sonegando impostos e se beneficiando de uma política tributária regressiva.

A CUT questiona igualmente a eficácia da elevação da taxa de juros como medida de combate à inflação e seu efeito deletério na economia, ao provocar a elevação da dívida pública, limitar o investimento do Estado em infraestrutura e políticas públicas e inibir o investimento privado na produção. 

Reafirma a posição, explicitada na Plataforma da CUT, a favor de uma política que promova o crescimento econômico com inclusão social, proteja o emprego e a renda, preserve e amplie os direitos dos/as trabalhadores/as." 
Ou seja, a CUT avançou da crítica pontual para a oposição ao conjunto da política econômica do governo Dilma.

E é mais do que evidente que seus argumentos são infinitamente mais convincentes do que os argumentos do governo.

Lula defende o ajuste fiscal.

Mas seu único argumento é que devemos confiar na Dilma pela sua história.

Ora, a história da Dilma é nada perto do fato real, concreto, de que o ajuste penaliza apenas os trabalhadores, enquanto isenta de sacrifícios a burguesia.

Esconder isto dos trabalhadores e tentar convencê-los de que esta política é justa, quando evidentemente não é, é uma traição que mancha a história do PT e o desmoraliza como partido da classe.

A CUT está convocando um dia nacional de paralisações, para 29 de maio, como preparação para uma greve geral contra a terceirização e o ajuste fiscal da Dilma.

Que posição o PT vai ter neste dia 29 e numa eventual greve geral, depois de ter votado a favor do ajuste que estas mobilizações pretendem derrubar?

O PT vai boicotar esta iniciativa da CUT?

Se quiser ser coerente com a votação das MPs 664 e 665, sim, é isto que tem que fazer.

Mas se quiser ser coerente com sua história e com o objetivo de ser um partido socialista dos trabalhadores, não pode de maneira nenhuma deixar de apoiar estas mobilizações, fazendo autocrítica pública pela posição assumida por sua bancada na Câmara.

É bem verdade que a falta de poder de ação do PT nas ruas, decorrente da indisciplina generalizada dos dirigentes do partido, inviabilizaria a materialização de qualquer apoio que se decidisse dar à CUT, como foram inviabilizadas a Onda Vermelha de 2013 e as campanhas de coleta de assinaturas para os abaixo-assinados dos projetos de lei de iniciativa popular da reforma política e da democratização da mídia.

O máximo que o PT conseguiria fazer é orientar seus filiados a participarem individualmente das mobilizações.

Como os dirigentes não fazem trabalho de base nenhum e os diretórios não funcionam para nada, acaba sendo impossível ter uma intervenção do partido, com ações coordenadas envolvendo o conjunto dos seus filiados.

Desorganizado e sem comando como está, o PT só pode dizer "vai" e cada filiado que se vire para encontrar uma frente de luta e parceiros e meios para o engajamento.

Mas acho que nem isso o partido vai fazer.

E sabem por que, companheiros?

Sabem por que o PT não vai apoiar as mobilizações da CUT contra o ajuste antipopular de Dilma, nem verbalmente?

Porque Lula não quer.

Porque a maioria da direção nacional do partido não quer.

Porque a bancada do PT na Câmara não quer.

E porque a base do partido é omissa, não assume o protagonismo que lhe cabe na luta pela conquista da democracia interna do PT, que poderia salvar o partido da política suicida que vem adotando.

Esperam todos, inclusive Lula, por um milagre.

Que o plano Levy, apesar de injusto com os trabalhadores, lhes traga em breve tempo compensações que os façam esquecer que pagaram sozinhos o preço desse ajuste fiscal, que da burguesia nenhum sacrifício exige.

Enquanto o milagre não acontece, há dois caminhos para a militância petista.

Ou fura a greve geral da CUT para apoiar o governo Dilma de maneira irrestrita.

Ou adere à greve geral da CUT para derrubar a política econômica da presidenta, como pretende a central.

Eu opto pela rebelião contra a direção do PT, contra a bancada do partido na Câmara e contra a política econômica antipopular da Dilma.

Fico com os trabalhadores e com a CUT porque acredito que esta deve ser a posição do PT e de todos os petistas.

O PT, infelizmente, está se deixando conduzir por Lula e Dilma a uma aventura que pode levar o partido, a esquerda e a classe trabalhadora à ruína.

Um milagre pode acontecer?

Pode.

Mas, depois de esperar em vão, por meses, que o governo explicasse porque só dos trabalhadores exige que carreguem a cruz de um sacrifício supostamente redentor, chego à conclusão de que razão não há para o ajuste fiscal estar sendo feito desta forma, poupando os ricos e penalizando os pobres.

Dilma está errada.

E o PT, conduzido por Lula, está embarcando nesta canoa furada.

Se a base do partido os acompanhar sem resistir, será responsável, tanto quanto eles pelo desastre político que se anuncia.

Não há como um militante do PT sustentar perante os trabalhadores que é justo esse ajuste fiscal de Dilma, que poupa os ricos e penaliza os pobres.

Se houvesse democracia interna no PT, se a base do partido tivesse efetivamente controle sobre a atuação de seus dirigentes e parlamentares, nós nunca teríamos chegado a uma situação como esta.

Porque sendo trabalhadores, os filiados deste partido jamais permitiriam que seus dirigentes e parlamentares atuassem contra os trabalhadores, como estão atuando.

Infelizmente, o que se vê é que, em verdade, não existe "a base" do partido, porque, dispersos, os filiados do PT não formam um corpo, são como átomos soltos no espaço, incapazes de unir intenções e esforços para realizar qualquer coisa, mesmo as ações mais simples.

Seria necessário uma rebelião destes filiados, uma rebelião não só contra a direção do partido e contra a política econômica do governo.

Mas uma rebelião contra o fatalismo e conformismo dos próprios filiados, contra a apatia e covardia que os tem deixado inertes, sem reação ante as estarrecedoras ações e omissões dos dirigentes e parlamentares deste partido.

Companheiras e companheiros.

O PT está sendo enterrado vivo, junto com os sonhos dos que ajudaram a construí-lo ao longo de 35 anos.

Nós vamos tentar salvá-lo ou vamos apenas contemplar sua agonia?

O que precisa ser discutido e decidido o quanto antes é:
1) os petistas vão ou não vão apoiar e participar do dia nacional de paralisações da CUT, em 29 de maio, como preparação para a realização de uma greve geral? E

2) com que ações os petistas vão ajudar a CUT a construir estas mobilizações?
É isso que precisamos discutir e decidir aqui e agora, companheiros, para iniciarmos imediatamente os encaminhamentos práticos.

É pensar, discutir, decidir e botar mãos à obra, sem demora.

Porque falta apenas uma semana para o primeiro ensaio da greve geral contra o ajuste injusto e a terceirização, convocado pela CUT.

Não há, portanto, tempo a perder.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

14/05/2015

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Re: Virou zona, tá valendo tudo. (2)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal)

Marcos Zarahi.

Lá vem você com sua obsessão pelo Lula. Isso te mobiliza tanto que você nem lê o texto direito. Se você se der ao trabalho de reler o que eu escrevi com um pouquinho mais de atenção, vai, com certeza, constatar que:
1) O fato que está em questão não é a liberação dos transgênicos e sim a cassação do direito dos trabalhadores de decidirem se querem ou não consumir produtos que contenham transgênicos.

2) A Câmara Federal deu um passo para a cassação desse direito dos trabalhadores, quando aprovou, semana passada, um projeto de lei que libera o agronegócio da obrigatoriedade de informar, com destaque, nos rótulos dos produtos, a presença de transgênicos em qualquer quantidade.

3) A orientação aprovada pela bancada do PT na Câmara foi votar contra este projeto de lei. Mas dois deputados desrespeitaram esta orientação: José Guimarães, do Ceará, e Luíz Sérgio, do Rio de Janeiro.

4) É, portanto, do voto do deputado Luíz Sérgio - por ser do nosso estado - e do contexto de generalizada indisciplina partidária em que este voto se dá, que estou tratando, e não da posição do governo Dilma na questão dos transgênicos.

5) Minha crítica a Dilma é a crítica de todos os críticos do seu ajuste fiscal. Não digo que seja desnecessário. O que digo é que é injusta e, por isso mesmo, politicamente insustentável perante os trabalhadores a forma como este ajuste está sendo feito, poupando os ricos e penalizando os pobres.Tanto assim que todas as centrais sindicais estão se opondo a ele.

6) Minha crítica a Lula é apoiar uma política econômica que cria um antagonismo radical entre a presidenta petista e a classe trabalhadora.

7) Minha crítica ao PT é deixar-se conduzir por Lula ao apoio desta política que coloca o partido também em posição de antagonista da classe.

8) Minha crítica aos parlamentares e dirigentes do PT é quanto à falta de disciplina.

9) E minha crítica aos filiados de base do PT é quanto à falta de apetite para o exercício de suas cidadanias partidárias.
É disso que trato em minhas duas postagens recentes, que você parece não ter lido com a devida atenção.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

08/05/2015

Re: Virou zona, tá valendo tudo. (1)

Em resposta à mensagem que enviei ontem à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal, sob o título "Virou zona, tá valendo tudo", uma companheira postou o seguinte:
"Questionei o Luiz Sergio a respeito e colo abaixo a sua resposta:
'Tenho sido questionado por alguns companheiros sobre meu posicionamento em relação ao PL 4.148/2008 que altera o texto da a Lei 11.105/2005. Em relação a essa questão tenho a informa o que segue:
1 – É preciso que fique claro que a modificação no texto da Lei MANTÉM a obrigatoriedade de que o consumidor seja informado no caso de presença de alimentos geneticamente modificados “ou derivados com presença superior a 1% (um por cento) de sua composição final”. Repetindo: os produtores “deverão informar ao consumidor a natureza transgênica do alimento”. Portanto, não é verdade que o projeto veda ao consumidor essa informação.
2 – O texto aprovado determina ainda que tal informação “deverá atender ao tamanho mínimo de letra definida no Regulamento Técnico de Rotulagem Geral de Alimentos Embalados.” Para conferir a íntegra do texto aprovado acesse o link http://goo.gl/xycFzb
3 – Há quem defenda que mesmo valores mínimos, menores que 1%, de alimentos chamados transgênicos, sejam informados aos consumidores. Esse foi o entendimento do Partido dos Trabalhadores, mas não do Governo. Essa é uma discussão que se dará, agora, no Senado federal.
4 – Meu voto seguiu a orientação da Liderança do Governo na Câmara.
Brasília, 5 de maio de de 2015
Luiz Sérgio
Deputado federal
PT_RJ'
O que me preocupa agora é a tentativa de alteração do marco regulatório do pré-sal e o impedimento do Banco Central da entrada do Brasil no banco dos Brics.
Sonia.
7 /5/2015"
MINHA TRÉPLICA:

Parece que a resposta dele te satisfez, Sonia, a ponto até de você querer virar essa página.

Pois a mim não satisfaz nenhum pouco.

Quer dizer que qualquer coisa que o governo mande votar, o deputado Luiz Sérgio vota, mesmo que contrarie a posição do partido?

Vejam bem, companheiras e companheiros o que diz o deputado Luiz Sérgio:
"3 – Há quem defenda que mesmo valores mínimos, menores que 1%, de alimentos chamados transgênicos, sejam informados aos consumidores. Esse foi o entendimento do Partido dos Trabalhadores, mas não do Governo. (...)

4 – Meu voto seguiu a orientação da Liderança do Governo na Câmara."
Agora vejam o que diz o estatuto do PT:
"Art. 227. Constituem infrações éticas e disciplinares:

(...)

II – o desrespeito à orientação política ou a qualquer deliberação regularmente tomada pelas instâncias competentes do Partido, inclusive pela Bancada a que pertencer o ocupante de cargo legislativo;"
Ora, o deputado Luíz Sérgio assume com todas as letras que desrespeitou a orientação política da bancada do PT.

Isto significa que ele incorreu numa infração disciplinar prevista no estatuto do partido, que é passível do tratamento e das sanções no estatuto previstas.

E o que o partido vai fazer?

O mesmo que fez com Vaccarezza, ou seja: NADA?

Reitero o que disse em minha mensagem de anteontem.

Considero que o voto do deputado Luíz Sérgio, neste caso, foi não só uma violação da disciplina partidária, mas um ato de traição a este partido, aos seus eleitores e à classe trabalhadora, com proveito único e exclusivo para os capitalistas do agronegócio.

Os trabalhadores têm o direito de decidir se querem ou não consumir produtos que podem trazer prejuízo às suas saúdes.

E o que o deputado Luíz Sérgio fez foi exatamente ajudar os empresários do agronegócio a cassarem este direito dos trabalhadores.

E ainda por cima, desrespeitando a orientação do partido.

Este fato - que por si só já é de extrema gravidade - aliado a outros, como:
1) o anúncio do presidente regional do PT de que seu diretório apoiará o candidato do PMDB na próxima eleição municipal do Rio de Janeiro;

2) a sabotagem da reforma política liderada por Cândido Vaccarezza e, agora,

3) o apoio da bancada petista na Câmara Federal a um ajuste fiscal cuja justiça não convenceu a ninguém neste partido, por penalizar apenas os trabalhadores;
todos estes fatos mostram, como eu disse ontem, o imenso grau de descontrole da base do PT sobre a atuação dos seus parlamentares e dirigentes.

E onde não há controle da base sobre parlamentares e dirigentes, não há democracia partidária.

O que me preocupa, Sonia, é a falta de preocupação da base deste diretório zonal com isto, com a falta de democracia no partido, que tem permitido que nossos parlamentares e dirigentes atuem como inimigos da classe trabalhadora.

Ao votar ontem e anteontem pela aprovação do ajuste fiscal da Dilma, a bancada do PT simplesmente botou o partido em rota de colisão direta com a CUT e com as demais centrais sindicais.

A CUT publicou ontem, no final da tarde, em seu site uma resolução que diz o seguinte:
"A CUT reprova a atual política econômica do governo por ser incoerente com o projeto que os/as trabalhadores apoiaram e que foi vitorioso nas últimas eleições, por levar o país à recessão e por penalizar a classe trabalhadora com o desemprego, a retirada de direitos, a precarização das relações de trabalho e a regressão de políticas públicas.

Considera inaceitáveis as perdas de direitos contidas nas MPs 664 e 665 e posiciona radicalmente contra sua aprovação no Congresso Nacional.

No lugar de penalizar os setores menos favorecidos da população, as medidas de ajuste deveriam incidir sobre os setores mais abastados da sociedade que concentraram renda e poder sonegando impostos e se beneficiando de uma política tributária regressiva.

A CUT questiona igualmente a eficácia da elevação da taxa de juros como medida de combate à inflação e seu efeito deletério na economia, ao provocar a elevação da dívida pública, limitar o investimento do Estado em infraestrutura e políticas públicas e inibir o investimento privado na produção.

Reafirma a posição, explicitada na Plataforma da CUT, a favor de uma política que promova o crescimento econômico com inclusão social, proteja o emprego e a renda, preserve e amplie os direitos dos/as trabalhadores/as."
Ou seja, a CUT avançou da crítica pontual para a oposição ao conjunto da política econômica do governo Dilma.

E é mais do que evidente que os argumentos da CUT são infinitamente mais convincentes do que os argumentos do governo.

Lula defende o ajuste fiscal.

Mas seu único argumento é que devemos confiar na Dilma pela sua história.

Ora, a história da Dilma é nada perto do fato real, concreto, de que o ajuste penaliza apenas os trabalhadores, enquanto isenta de sacrifícios a burguesia.

Esconder isto dos trabalhadores e tentar convencê-los de que esta política é justa, quando evidentemente não é, é uma traição que mancha a história do PT e o desmoraliza como partido da classe.

A CUT está convocando um dia nacional de paralisações, para 29 de maio, como preparação para uma greve geral contra a terceirização e o ajuste fiscal da Dilma.

Que posição o PT vai ter neste dia 29 e numa eventual greve geral, depois de ter votado a favor do ajuste que estas mobilizações pretendem derrubar?

O PT vai boicotar esta iniciativa da CUT?

Se quiser ser coerente com a votação das MPs 664 e 665, sim, é isto que tem que fazer.

Mas se quiser ser coerente com sua história e com o objetivo de ser um partido socialista dos trabalhadores, não pode de maneira nenhuma deixar de apoiar estas mobilizações, fazendo autocrítica pública pela posição assumida por sua bancada na Câmara.

É bem verdade que um outro efeito da indisciplina partidária, especificamente dos dirigentes, que é a falta de poder de ação do PT nas ruas, inviabilizaria a materialização de qualquer apoio que se decidisse dar à CUT, como foram inviabilizadas a Onda Vermelha de 2013 e as campanhas de coleta de assinaturas para os abaixo-assinados dos projetos de lei de iniciativa popular da reforma política e da democratização da mídia.

O máximo que o PT conseguiria fazer é orientar seus filiados a participarem individualmente das mobilizações.

Como os dirigentes não fazem trabalho de base nenhum e os diretórios não funcionam para nada, acaba sendo impossível ter uma intervenção do partido, com ações coordenadas envolvendo o conjunto dos seus filiados.

Desorganizado e sem comando como está, o PT só pode dizer "vai" e cada filiado que se vire para encontrar uma frente de luta, parceiros e meios para o engajamento.

Mas acho que nem isso o partido vai fazer.

E sabem por que, companheiros?

Sabem por que o PT não vai apoiar as mobilizações da CUT contra o ajuste antipopular de Dilma, nem verbalmente?

Porque Lula não quer.

Porque a maioria da direção nacional do partido não quer.

Porque a bancada do PT na Câmara não quer.

E porque a base do partido é omissa, não assume o protagonismo que lhe cabe na luta pela conquista da democracia interna do PT, que poderia salvar o partido da política suicida que vem adotando.

Esperam todos, inclusive Lula, por um milagre.

Que o plano Levy, apesar de injusto com os trabalhadores, lhes traga em breve tempo compensações que os façam esquecer que pagaram sozinhos o preço desse ajuste fiscal, que da burguesia nenhum sacrifício exige.

Enquanto o milagre não acontece, há dois caminhos para a militância petista.

Ou fura a greve geral da CUT para apoiar o governo Dilma.

Ou adere à greve geral da CUT para derrubar a política econômica da presidenta, como pretende a central.

Eu opto pela rebelião contra a direção do PT, contra a bancada do partido na Câmara e contra a política econômica antipopular da Dilma.

Fico com os trabalhadores e com a CUT porque acredito que esta deve ser a posição do PT e de todos os petistas.

O PT, infelizmente, está se deixando conduzir por Lula e Dilma a uma aventura que pode levar o partido, a esquerda e a classe trabalhadora à ruína.

Um milagre pode acontecer?

Pode.

Mas, depois de esperar em vão, por meses, que o governo explicasse porque só dos trabalhadores exige que carreguem a cruz de um sacrifício supostamente redentor, chego à conclusão de que razão não há para o ajuste fiscal estar sendo feito desta forma, poupando os ricos e penalizando os pobres.

Dilma está errada.

E o PT, conduzido por Lula, está embarcando nesta canoa furada.

Se a base do partido os acompanhar sem resistir, será responsável, tanto quanto eles pelo desastre político que se anuncia.

Não há como um militante do PT sustentar perante os trabalhadores que é justo esse ajuste fiscal de Dilma, que poupa os ricos e penaliza os pobres.

Se houvesse democracia interna no PT, se a base do partido tivesse efetivamente controle sobre a atuação de seus dirigentes e parlamentares, nós nunca teríamos chegado a uma situação como esta.

Porque sendo trabalhadores, os filiados deste partido não permitiriam que seus dirigentes e parlamentares atuassem contra os trabalhadores, como tantas vezes tem atuado.

Infelizmente, o que se vê é que, em verdade, não existe "a base" do partido, porque, dispersos, os filiados do PT não formam um corpo, são como átomos soltos no espaço, incapazes de unir intenções e esforços para realizar qualquer coisa, mesmo as ações mais simples.

Seria necessário uma rebelião destes filiados, uma rebelião não só contra a direção do partido e contra a política econômica do governo.

Mas uma rebelião contra o fatalismo e conformismo dos próprios filiados, contra a apatia e a covardia que os tem deixado inertes, sem reação ante as estarrecedoras ações e omissões dos dirigentes e parlamentares deste partido.

Companheiras e companheiros.

O PT está sendo enterrado vivo, junto com os sonhos dos que ajudaram a construí-lo ao longo de 35 anos.

Nós vamos tentar salvá-lo ou vamos apenas contemplar sua agonia?

Vamos botar a mão na consciência.

Nenhum de nós está isento de responsabilidade pelo que está acontecendo com o PT.

Nenhum de nós está isento de responsabilidade quanto aos atos equivocados deste partido e do dever e direito de tentar corrigi-los.

Vamos refletir, companheiros.

E vamos ver se aqui mesmo nesta lista de e-mails que é, efetivamente, o único fórum de debates desta zonal, conseguimos tirar uma posição e uma estratégia de ação imediata.

O que precisa ser discutido e decidido o quanto antes é:
1) o 1º Diretório Zonal vai ou não vai apoiar e participar do dia nacional de paralisações da CUT, em 29 de maio, como preparação para a realização de uma greve geral?

2) com que ações o 1º Diretório Zonal vai ajudar a CUT a construir estas mobilizações?
É isso que precisamos discutir e decidir aqui e agora, companheiros, para iniciarmos imediatamente os encaminhamentos práticos.

É pensar, discutir, decidir e botar mãos à obra, sem demora.

Porque faltam só 21 dias para o primeiro ensaio da greve geral contra o ajuste injusto e a terceirização, convocado pela CUT.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

08/05/2015

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sou petista do Rio e não vou votar, nem fazer campanha para Pedro Paulo, do PMDB

Virou zona, tá valendo tudo.

Em menos de uma semana, duas notícias absurdas.

Primeiro, de que o deputado Luiz Sérgio votou a favor do projeto de lei que dispensa as indústrias de informarem no rótulo se o produto comercializado tem origem transgênica.

E agora o presidente regional do PT, Washington Quaquá, anuncia que os petistas vão apoiar a candidatura de Pedro Paulo Carvalho, do PMDB, na eleição para prefeito, do ano que vem.

Pergunto aos companheiros:

Quando foi que a base do partido foi consultada pelo parlamentar e pelo dirigente citados?

Nunca, que eu saiba.

Então como é que eles podem tomar decisões de tamanha gravidade, assim, como se os mandatos lhes pertencessem e não devessem satisfações a ninguém?

Companheiros e companheiras.

Estes fatos só mostram, mais uma vez, o imenso grau de descontrole da base do PT sobre a atuação de seus parlamentares e dirigentes.

E onde não há controle da base sobre parlamentares e dirigentes, não há democracia partidária.

Quero expressar aqui, em primeiro lugar, minha total desaprovação ao voto do deputado Luíz Sérgio e ao desprezo que ele demonstrou por este partido e pela classe trabalhadora, quando o concedeu em favor do agronegócio, sem sequer se preocupar em justificar este ato,

Mas também quero repetir aqui o que já anunciei hoje no Facebook, para conhecimento de todos, inclusive do presidente regional do partido, Washington Quaquá:

Sou petista do Rio, filiado, e não vou votar, nem fazer campanha para Pedro Paulo, do PMDB, muito menos para Leonardo Picciani.

Ainda tenho fé que, graças ao instinto de sobrevivência política da militância petista do Rio, esta minha rebelião não será solitária.

A democracia não é um regime de concessão, é um regime de conquista.

Se a base quiser ser ouvida, vai ter que gritar.

Se a base quiser ser atendida, vai ter que se organizar e lutar.

Enquanto não houver esta disposição, não haverá democracia interna prá valer no Partido dos Trabalhadores.

E a força que este partido precisa ter para enfrentar e vencer os embates lá fora, com a direita e com a burguesia, só poderá ser produzida por esta militância, se houver neste partido uma democracia interna robusta, saudável e vigorosa.

E isto só poderá ser conquistado pela iniciativa e pelo esforço intenso e permanente da própria militância petista desde a base do partido.

A vitória do PT sobre seus inimigos e a conquista de seus objetivos, depende da superação pelo partido dos problemas de funcionamento interno que o paralisam e fragilizam.

E um destes problemas é, indiscutivelmente, a falta de controle da atuação de seus dirigentes e parlamentares, que desfrutam de um grau de autonomia em relação ao partido e sua base absolutamente incompatível com o propósito do PT de realizar internamente a democracia que propõe para o país.

Sem controle, parlamentares e dirigentes do partido dizem e fazem o que querem.

Como Quaquá, Luíz Sérgio e o famigerado Vaccarezza, da antirreforma política.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

06/05/2015