domingo, 15 de março de 2015

Notável desdém, inexplicável apatia.

Há uma conspiração contra a democracia em curso no Brasil, orientada claramente para a consecução de um golpe de Estado, e Dilma e o PT agem como se nada estivesse acontecendo. Ou, como disse recentemente o Saul Leblon, "com notável desdém" pelas próprias cabeças.

Se o desdém da presidenta e dos dirigentes petistas fosse apenas por suas cabeças, eu nem me incomodaria. O problema é que o desdém deles é também pelas cabeças da esquerda toda e do povo brasileiro, que seriam as maiores vítimas de um eventual abalo na democracia e da ascensão de um governo autoritário de direita.

Dilma saúda, como a consagração da democracia, a ocupação das ruas pelo fascismo, induzida pela cobertura jornalística tendenciosa de um uma investigação policial cheia de irregularidades, conduzida por juízes, promotores e delegados despudoradamente empenhados em forjar provas de algum ilícito que possa justificar o seu impeachment e a prisão de Lula. Como pode uma democracia sobreviver a tamanha tolerância com a anti-democracia emergente?

Já os dirigentes do PT, parece que não querem dirigir nada. A base partidária, aflita e desorientada, espera ansiosamente, até agora em vão, por uma voz de comando que a organize e mobilize para a resistência, e nenhum deles se manifesta.

Cadê os generais do PT? Onde estão os comandantes das unidades combatentes deste partido, que são os seus diretórios? Será que abdicaram de lutar e resolveram entregar nossos destinos à providência divina? Quando é que o PT vai começar a se preparar para enfrentar nas ruas os inimigos da democracia? Será que pensa em esperar pelo seu congresso? Mas isto é só em junho! Quanta coisa pode acontecer até lá!

E os filiados de base do PT? Por que não cobram dos seus dirigentes uma atitude? Por que não tomam uma atitude em relação ao desgoverno deste partido? Por que mantém-se, como os dirigentes, indiferentes à necessidade de organizar o nosso exército, diretório a diretório?

A omissão dos dirigentes e a passividade da base petista, simplesmente, paralisaram o PT. Os inimigos do partido dele se acercam, dispostos a aniquilá-lo, e o PT não esboça nenhuma reação. Espera, apático, o desfecho do cerco, rezando por um milagre. E se não vier o milagre? O que vai ser de nós? O que vai ser da esquerda? E o que vai ser do Brasil e da classe trabalhadora?

Silvio Melgarejo

15/03/2015

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