segunda-feira, 30 de março de 2015

Renato Janine Ribeiro: A extrema direita está crescendo no Brasil? (vídeo)

Os problemas organizativos e funcionais de hoje começaram em 82.

Como era o PT e como ele gostaria de ser nos anos 80?


Resolução política do 5º Encontro Nacional, de 1987:


Uma história que precisa ser relembrada.


Aos que acreditam que o PT algum dia já foi um partido organizado, em que uma rede de diretórios e núcleos de base garantia a democracia interna e a poder de ação coordenada dos filiados nas ruas, convém ler o capítulo sobre Construção Partidária da Resolução Política do 5º Encontro Nacional do PT, de 1987.

Exatamente na época que muitos têm como a fase áurea do PT, em que a democracia interna do partido foi mais viva, saudável e vigorosa, a maioria dos delegados eleitos para aquele encontro - muito antes da invenção do PED - aprovou um texto que desmente tudo isso, descrevendo o seguinte quadro (vejam bem, esta era a situação do PT em 1987):
"Hoje, estão evidentes as limitações de nossa organização, de nossas instâncias e quadros dirigentes. A cada dia que passa, aumentam as tarefas e cresce nossa base social, mas a nossa estrutura não corresponde às necessidades da luta política.

Por vezes, caímos no espontaneísmo e subestimamos a formação política e a teoria. No anseio de criar um partido aberto, democrático e de massas, deixamos num segundo plano a organização de suas instâncias. (...)

Dessa forma, apesar da enorme influência do PT nos movimentos sociais – popular, sindical, camponês, de mulheres e estudantil –, milhares de militantes ainda permanecem alheios às suas instâncias organizativas. Com isso, privam-se da discussão e da vida partidária, e obstaculizam a sua evolução para uma militância política conseqüente e uma consciência política socialista. (...)

O PT está confrontado com a necessidade de uma revolução na sua organização, e tem os meios para isto – sobretudo a sua base social. Mas, para que possamos definir um plano de organização claro, é indispensável revermos algumas idéias difundidas no Partido, que fazem parte da nossa cultura petista, mas que não correspondem às nossas necessidades atuais. (...)

Atualmente, nossos núcleos de base são poucos e, na maioria das vezes, precários, havendo uma enorme distância entre os nossos desejos e a realidade. (...) 

Os núcleos estão abandonados. Devemos reconstruí-los como a principal base e característica do Partido. Continuamos vivendo uma crise organizativa no PT. Os núcleos, mais do que nunca, estão desprestigiados. Entendidos desde o início como a principal base e característica do Partido, têm enfrentado sérias dificuldades para se generalizarem e se constituírem em organismos de massa. Não raro, a maioria deles fica voltada para questões de ordem interna – sem refletir os interesses das comunidades ou das categorias a que se vinculam – e, portanto, sem atrair novos participantes. (...)

Um aspecto a ser observado é a carência de informação política dos militantes. Outro ponto de estrangulamento é a nossa fragilidade econômica, tendo implicações desde a questão da imprensa partidária ao fechamento de sedes de núcleos e Diretórios.

Chegamos a tal ponto não por descuido ou acidente de percurso. A fragilidade das estruturas orgânicas do PT teve início na campanha eleitoral de 1982, quando diluímos nossos núcleos e Diretórios em comitês eleitorais de candidatos que, em sua maioria, terminaram em 15 de novembro daquele ano, com o fim da campanha. De lá para cá, o PT encaminhou com relativo êxito algumas campanhas gerais, porém, até hoje, não conseguiu formular nem implementar uma política de organização que estimulasse o crescimento do Partido do ponto de vista orgânico (nucleação, formação política, finanças etc.). Essa fragmentação tem muito a ver com a postura que se tomou em relação à construção partidária. Mais que isto, tem a ver com a visão do papel do Partido que estamos construindo."
Vejam bem, companheiros. O texto que vocês acabaram de ler foi aprovado pela instância máxima do PT, que é o Encontro Nacional, no longínquo ano de 1987. Tão antigo e, no entanto, tão atual.

Segue, abaixo, o capítulo da Resolução do 5º Encontro Nacional do PT, realizado em 1987, sobre Construção Partidária, em que se vê claramente que a precaridade do funcionamento dos diretórios e núcleos de base é um problema muito mais antigo do que a maioria pensa.

Importante destacar que esta resolução aponta os problemas, mas também busca suas causas e recomenda soluções, que o PT, infelizmente, nunca levou efetivamente a sério. Por isso, por falta de tratamento, a crise organizativa que a resolução diz ter se iniciado em 82, quando o PT participou de sua primeira eleição, se tornou crônica e compromete o funcionamento do partido até os dias de hoje. É hora de os petistas retomarem essa discussão, relembrando os seus antecedentes históricos.

Vamos ler, reler e refletir sobre a resolução do 5º Encontro. É a proposta que faço aos filiados e filiadas do Partido dos Trabalhadores. O que há em comum entre o que o PT era e gostaria de ser em 1987 e o que o PT é e gostaria de ser em 2015? Ainda temos os mesmos objetivos, a mesma estratégia de luta e aquela mesma concepção de partido? Vamos pensar.

Silvio Melgarejo

30/03/2015

Resolução do 5º Encontro Nacional (1987)

A  CONSTRUÇÃO  DO  PT


196. É chegado o momento de transformar o PT e dar um salto de qualidade em sua organização. Avançar na sua construção como Partido dos Trabalhadores significa aprofundar seu caráter de partido de classe, democrático, de massas e socialista.

197. Durante estes anos, todo trabalho organizativo do Partido dirigiu-se para a garantia de sua existência (campanha de filiação, organização legal dos Diretórios); para o apoio às lutas políticas e sociais e a construção da CUT; e para a luta eleitoral (disputa das eleições de 1982, 85 e 86). Tratava-se de implantar o Partido, legalizá-lo, travar a luta contra a Ditadura (luta contra a LSN [Lei de Segurança Nacional], luta contra os pacotes econômicos, luta pelas diretas) e apoiar a luta sindical e popular.

198. Hoje, o Partido é uma realidade. Tem bases sociais e eleitorais, com caráter nacional e uma força política, e tem capacidade própria de mobilização social. Atua no Parlamento e se expressa no campo institucional com propostas e programas, como ficou patente na Constituinte e nas disputas de governo. Levantou a bandeira da luta contra a Nova República com a campanha Contra Sarney e a Dívida, Diretas-Já. É uma alternativa real de organização partidária de classe dos trabalhadores, com identidade política definida e socialista.

199. Contudo, rodeados pela política burguesa, pela legislação partidária e eleitoral e por nossas próprias condições (nível de luta e consciência do movimento sindical e popular, dos dirigentes e lideranças; escassos recursos materiais; diferentes visões sobre o Partido, [sua] construção e a luta política do País), cometemos muitos erros e não fomos capazes de dar a devida atenção às tarefas que a construção do PT exige.

200. Hoje, estão evidentes as limitações de nossa organização, de nossas instâncias e quadros dirigentes. A cada dia que passa, aumentam as tarefas e cresce nossa base social, mas a nossa estrutura não corresponde às necessidades da luta política.

201. Por vezes, caímos no espontaneísmo e subestimamos a formação política e a teoria. No anseio de criar um partido aberto, democrático e de massas, deixamos num segundo plano a organização de suas instâncias.

202. A estrutura organizativa do PT, em comparação com os partidos tradicionais da política brasileira, apresenta-se muito mais dinâmica e democrática, sem dúvida alguma. Os mecanismos de participação abertos ao conjunto dos filiados (Encontros Nacional, Regionais, Municipais e Distritais; núcleos, plenárias, seminários etc.) permitem um partido muito mais afeito às discussões de base do que os partidos tradicionais.

203. No entanto, a atual estrutura do PT ainda representa uma organização fundamentalmente internista. As lideranças petistas dos movimentos sociais organizam-se no interior dos próprios movimentos de que participam, mas têm pouca ou nenhuma participação orgânica no interior do PT. É verdade que isso se dá, bastante, pelo fato desses militantes ficarem presos, a maior parte do tempo, na dinâmica dos próprios movimentos, mas essa não é a única explicação. A outra razão é que a atual estrutura do PT não é ágil para discutir a política que esses mesmos militantes devem levar para a sua atuação dentro dos movimentos sociais de que participam. E confundimos, muitas vezes, autonomia e independência dos movimentos sociais com ausência de propostas políticas e direção.

204. Dessa forma, apesar da enorme influência do PT nos movimentos sociais – popular, sindical, camponês, de mulheres e estudantil –, milhares de militantes ainda permanecem alheios às suas instâncias organizativas. Com isso, privam-se da discussão e da vida partidária, e obstaculizam a sua evolução para uma militância política conseqüente e uma consciência política socialista.

205. É urgente desenvolver a Secretaria Agrária Nacional e implantar as Secretarias Agrárias Regionais, para concretizar e viabilizar o PT na área rural, ampliando a participação dos trabalhadores rurais (assalariados, pequenos produtores, assentados e sem-terra) nas instâncias partidárias, para desenvolver-se como instância de elaboração de políticas para o PT na área rural; para aprofundar a discussão sobre o caráter do desenvolvimento do capitalismo no campo e o papel dos trabalhadores rurais nas transformações sociais; para assessorar os parlamentares do PT no trabalho junto aos rurais; para participar da discussão das plataformas municipais e estaduais.

206. O PT está confrontado com a necessidade de uma revolução na sua organização, e tem os meios para isto – sobretudo a sua base social. Mas, para que possamos definir um plano de organização claro, é indispensável revermos algumas idéias difundidas no Partido, que fazem parte da nossa cultura petista, mas que não correspondem às nossas necessidades atuais.

PARTIDO COMO REFLEXO E DIREÇÃO

207. Já o Manifesto de Fundação do PT dizia: “O PT pretende ser uma real expressão política de todos os explorados pelo sistema capitalista”. Também, desde o início da nossa construção, afirmamos o nosso respeito à autonomia dos movimentos sociais. Essas duas idéias são corretas, e desempenharam um papel importante, na medida em que esclarecem nossa vontade de construir um partido profundamente enraizado nos movimentos, nas lutas populares e, ao mesmo tempo, capaz de um grande respeito à sua autonomia, avesso a qualquer política de aparelhismo.

208. Contudo, na cultura política petista, passamos muitas vezes a ideia de que o PT deveria ser o reflexo dos movimentos sociais, representante desses movimentos no plano político – o que termina significando representante no plano institucional e parlamentar. No extremo, o PT seria uma espécie de braço parlamentar do movimento sindical ou dos movimentos populares. O PT não poderia querer dirigir as lutas dos movimentos sociais, pois assim estaria desrespeitando a sua autonomia.

209. Esta concepção é incorreta e confusa. Na verdade, se lutamos por um partido capaz de ser um instrumento real de luta pelo socialismo, esse partido tem de ser capaz de dirigir essa luta, de apontar seus rumos. Terá de se tornar o dirigente político dos trabalhadores. Para nós, trata-se de, respeitando a democracia dos movimentos, suas instâncias e características, disputar sua direção com propostas previamente debatidas nas instâncias do PT, articulando nossa atuação de luta sindical e popular com a construção partidária e nossa estratégia de luta pelo poder.

210. Fora disso, cairemos no espontaneísmo, nas lutas setoriais dispersas, de um lado, e no ativismo parlamentar, do outro. Corremos o risco de assistir a explosões sociais desorganizadas, com dificuldades de serem canalizadas para a transformação social revolucionária.

PARTIDO DE QUADROS E PARTIDO DE MASSAS

211. Outra ideia profundamente equivocada que costuma aparecer em nossos debates é a que opõe partido de quadros a partido de massas. Para essa confusão contribui, também, a cultura tradicional da esquerda, que em geral teve uma visão estreita da ideia leninista de partido de vanguarda.

212. Se exagerarmos a dicotomia, temos de um lado um partido de quadros pequeno, estreito, sectário, formado de militantes, baluartes que tudo decidem e dirigem, e de outro um partido de massas frouxo, inorgânico, sem cotizações regulares, cada um fazendo o que bem entende e chamando filiados para fazer número em convenções, como qualquer partido burguês.

213. Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo, não precisamos nem de uma coisa, nem de outra. Precisamos de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores. Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo.

214. Nossa concepção, portanto, é a de construir o PT como um partido de classe dos trabalhadores, democrático, de massas e socialista, que tenha militância organizada e seja capaz de dirigir a luta social. É a partir dessa concepção que indicamos algumas medidas necessárias no plano organizativo.

A ORGANIZAÇÃO NA BASE

215. A questão da organização na base do Partido é uma das mais sérias que enfrentamos. Todos nós já passamos pela experiência de filiar um companheiro ao Partido e depois não sabermos o que propor como forma de participação do novo filiado. A falta de participação organizada na base leva a grandes problemas: a tendência à separação entre a intervenção nos movimentos sociais (onde os petistas atuam desorganizados ou organizados apenas nas entidades do movimento de massas) e a tendência ao distanciamento entre a direção do Partido e sua base. Para enfrentar essa situação, temos de repensar nossas formas de organização na base, melhorá-las e ampliá-las. 

OS NÚCLEOS DE BASE

216. Segundo a nossa concepção, os núcleos de base devem ser a forma fundamental de organização do Partido. Cabe-lhes o papel de organização dos militantes para construir o PT, filiando e preparando trabalhadores para a militância partidária, procurando desenvolver sua capacidade de direção e mobilização política no setor em que atuam. Os núcleos deveriam ser, além disso, um canal de participação da militância nos debates e na definição do conjunto da política do PT, constituindo, portanto, um organismo de poder no Partido, aprofundando e garantindo a sua democracia interna. Os núcleos devem, desta forma, realizar a unidade da intervenção partidária, seja no nível do setor específico em que atuam, seja no nível das campanhas e questões de interesse em que todo o Partido deve se empenhar.

217. Em nossa concepção, os núcleos podem se organizar de acordo com a frente de atuação dos petistas, ou seja, por local de moradia, categoria profissional, local de trabalho ou de estudo e por movimentos sociais. Essa concepção é correta, sendo necessário apenas dar-lhe um caráter amplo: qualquer frente de atuação dos petistas pode ser a base para a formação de um núcleo, exceto por identificação política com tendência do Partido.

218. Atualmente, nossos núcleos de base são poucos e, na maioria das vezes, precários, havendo uma enorme distância entre os nossos desejos e a realidade. As razões disso são inúmeras: a pouca experiência política da maioria dos militantes petistas (o que é próprio de um partido em construção e que cresce rapidamente); de quadros organizadores; a falta de infra-estrutura para o funcionamento dos núcleos (o que nos remete à questão das finanças); a falta de maior formação política; os entraves que vêm da legislação partidária herdada da Ditadura, e que se expressam no nosso Regimento (que, na verdade, termina priorizando os Diretórios com relação aos núcleos). O funcionamento regular dos núcleos deve ser estimulado e assistido pelos órgãos de direção, que devem tanto propor orientações políticas e propostas de atividades, quanto acompanhar essas atividades. Além disso, esse funcionamento regular exige uma alimentação constante pela imprensa do Partido, única forma de propiciar uma discussão política mais rica. Um jornal de massas é indispensável.

219. Os núcleos estão abandonados. Devemos reconstruí-los como a principal base e característica do Partido. Continuamos vivendo uma crise organizativa no PT. Os núcleos, mais do que nunca, estão desprestigiados. Entendidos desde o início como a principal base e característica do Partido, têm enfrentado sérias dificuldades para se generalizarem e se constituírem em organismos de massa. Não raro, a maioria deles fica voltada para questões de ordem interna – sem refletir os interesses das comunidades ou das categorias a que se vinculam – e, portanto, sem atrair novos participantes. Além disso, constata-se que vários petistas com posição de destaque no movimento sindical e popular não mantêm uma militância propriamente partidária, estando afastados de nossa estrutura orgânica. Os Diretórios, em geral, vivem da combinação de discussão sobre as questões internas do PT com o encaminhamento das campanhas gerais do Partido. Poucos são aqueles que conseguem articular essas tarefas com o impulsionamento e a direção do movimento social e a formulação de políticas alternativas no âmbito de sua atuação.

220. Um aspecto a ser observado é a carência de informação política dos militantes. Outro ponto de estrangulamento é a nossa fragilidade econômica, tendo implicações desde a questão da imprensa partidária ao fechamento de sedes de núcleos e Diretórios.

221. Chegamos a tal ponto não por descuido ou acidente de percurso. A fragilidade das estruturas orgânicas do PT teve início na campanha eleitoral de 1982, quando diluímos nossos núcleos e Diretórios em comitês eleitorais de candidatos que, em sua maioria, terminaram em 15 de novembro daquele ano, com o fim da campanha. De lá para cá, o PT encaminhou com relativo êxito algumas campanhas gerais, porém, até hoje, não conseguiu formular nem implementar uma política de organização que estimulasse o crescimento do Partido do ponto de vista orgânico (nucleação, formação política, finanças etc.). Essa fragmentação tem muito a ver com a postura que se tomou em relação à construção partidária. Mais que isto, tem a ver com a visão do papel do Partido que estamos construindo.

222. As campanhas gerais de intervenção na conjuntura, se por um lado aumenta as simpatias pelo PT, por outro lado, dissociadas de uma correta política de construção partidária, não conseguiram traduzir-se em aumento do nível de organização e enraizamento do PT na realidade social. Ocorre, por vezes, o inverso, ou seja, o Partido geralmente sai das campanhas mais disperso e desorganizado, portanto, mais fraco para resistir a novos avanços da burguesia. O esforço de intervenção na conjuntura, por meio de campanhas gerais, não foi acompanhado por uma política clara de reforço, politização e expansão da nucleação. O resultado foi a drenagem de forças e elementos para ações gerais e conjunturais, levando a um colapso a estrutura dos núcleos e Diretórios. É necessário um esforço consciente e priorizado para que os núcleos construam e ocupem o seu espaço na vida orgânica do partido e nas lutas sociais.

223. Uma política de nucleação, portanto, exige medidas em todos estes níveis:
a) Em primeiro lugar, de formação política, de transmissão da experiência militante. Ligada a isso, uma campanha de esclarecimento sobre o caráter do Partido, sobre as necessidades de funcionamento de um partido que se propõe, como o PT, a lutar pelo socialismo (o que inclui a discussão sobre a necessidade de um partido dirigente), sobre o fato de que o partido de massas deve ser também de militância e de quadros, sobre a relação entre partido e movimentos sociais. É preciso que façamos uma verdadeira campanha no sentido de ganhar os petistas para a ideia da importância de organizar os núcleos.  
b) Uma política de nucleação deve ser acompanhada de uma política de finanças que lhe possibilite ter sua própria infra-estrutura. O êxito da nucleação exigirá uma mudança de conjunto no funcionamento do Partido, uma direção capaz de dirigir politicamente e de assistir as bases, de alimentar a militância com uma imprensa ágil e diversificada. Há necessidade de mudanças no Regimento Interno, que valorizem os núcleos, dando a eles maior poder na estrutura do Partido. Duas medidas são positivas: formar conselhos de núcleos, junto aos Diretórios Municipais e Zonais e dar aos núcleos uma representação direta nos Diretórios (formando Diretórios Ampliados, que incluiriam um certo número de representantes eleitos diretamente pelos núcleos; 1/3 do número de membros efetivos e suplentes eleitos nos Encontros dos Diretórios). 
224. O núcleo deve ter características de massa e de vanguarda. É fundamental essa convivência dentro dos núcleos. Há momentos em que os núcleos atraem o maior número possível de simpatizantes e filiados para suas decisões e atividades de massa. Essas reuniões só serão possíveis e só terão conseqüência se estiverem vinculadas a outras reuniões, voltadas ao aprofundamento político e de como os militantes devem intervir no ambiente em que o núcleo está inserido.

225. O aprofundamento político com um grupo mais restrito de companheiros não se confunde com a prática da célula tradicional. Primeiro, porque visa referenciar as decisões dos núcleos nas necessidades colocadas pelos movimentos sociais; segundo, porque são reuniões abertas à participação de quem quiser, sem qualquer triagem. Assim, os núcleos teriam funções formadoras de intervenção no seu meio e de deliberação em conjunto com os Diretórios.

226. A construção do PT deve priorizar a nucleação dos filiados e militantes, a assistência aos núcleos de base já existentes e a criação de novos núcleos. Os núcleos devem desenvolver ações internas e externas: 
a) internas: de planejamento, distribuição de tarefas entre os militantes, avaliação das tarefas, formação e elaboração política;
b) externas: de ampliação das políticas planejadas, divulgação, agitação, debates etc., para amplas massas.
227. Os núcleos por local de moradia devem ter como objetivo a hegemonia política e ideológica na sua área de atuação, desenvolvendo as seguintes tarefas:
a) cadastrar os militantes e filiados por categorias profissionais, orientar politicamente e organizar seus companheiros nos locais de trabalho, visando ganhar para o campo da CUT o seu sindicato, se este ainda não for nosso;
b) mapear os movimentos sociais existentes em sua área, definir, com base nas orientações gerais do Partido, políticas específicas para cada um desses movimentos. Levantar as demandas sociais existentes que não tenham movimento tratando delas, fazer a crítica política a respeito, organizar debates e palestras com vistas a despertar interesse nos moradores para então organizar as lutas visando a solução dessas demandas;
c) tratar da formação política dos militantes, filiados e simpatizantes;
d) promover e divulgar a cultura popular, através da exibição de filmes, slides, festas, shows e eventos esportivos etc.;
e) cotizar os militantes e filiados, promover eventos para levantar recursos para o Partido, tendo em vista que a sustentação financeira do Partido é tarefa de todos os petistas;
f) tratar, de modo especial, os problemas da juventude, fazendo a ligação desses com a questão cultural, estudantil, familiar, de lazer etc.;
g) cuidar dos filiados novos, destacando no núcleo um ou mais militantes responsáveis pela formação política do conjunto do núcleo, para tratar de modo especial do engajamento dos novos filiados, transmitindo a estes as políticas gerais do Partido, os conceitos básicos dessas políticas, a estrutura orgânica, suas relações internas e com os movimentos sociais ou com a sociedade em geral – evitando, assim, a fuga dos novos filiados pelo desnível com os militantes mais antigos;
h) organizar mutirões de visita aos moradores de sua área, levando a estes a mensagem do PT e chamando-os para as atividades gerais do Partido e para o núcleo; planejar panfletagens e vendas da imprensa partidária em feiras, fábricas e unidades de serviço público.
228. Os núcleos por categorias, por extrapolarem, em geral, as esferas municipais e zonais, devem ser implementados pelos Diretórios Regionais. Esses núcleos e os por local de trabalho e por movimentos sociais devem tratar, além de suas especificidades, das questões descritas acima, naquilo que couber.

229. O detalhamento descrito neste documento não basta para garantir a nucleação e o seu fortalecimento. É evidente que a realização de tais atividades com maior conteúdo e eficácia política só poderá se dar dentro de um esforço mais amplo de politização do conjunto partidário, e neste processo a nossa imprensa [deve] desempenhar um papel fundamental. Além disso, devemos organizar secretarias e comissões, nos Diretórios, que possam dar suporte e assistência sistemática aos núcleos e ao trabalho de nucleação.

230. A mudança de qualidade dos trabalhos dos Diretórios passa, também, pela realização de reuniões ampliadas e plenárias de filiados e pela criação dos conselhos de núcleos, conforme proposta de alteração do Regimento Interno.

231. Quanto a regiões e sub-regiões, deve ser apoiado o seu fortalecimento enquanto instâncias de integração, coordenação e aplicação da linha política do PT de forma integrada com os núcleos e Diretórios, facilitando o enraizamento do PT no movimento social, a formação e o debate político, bem como a aproximação das bases com a direção partidária. Se os núcleos devem ser entendidos como elementos de organização de base, de discussão e intervenção, os Diretórios, as sub-regiões e as regiões devem ser fortalecidas como elementos de centralização política e coordenação. Para tanto, é necessário que se aprofunde o conhecimento de sua realidade específica e se elaborem planos de trabalho estabelecendo prioridades para a atuação conjunta.

OUTRAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DE BASE

232. Embora os núcleos sejam a forma mais importante de organização na base do Partido, não suprem todas as necessidades e não esgotam as possibilidades. Os núcleos são formas organizativas próprias para aqueles companheiros que têm uma militância política mais regular, mais constante. Haverá outros companheiros, filiados ao Partido, dispostos a formas de colaboração mais eventuais ou mais localizadas em alguma área.

233. Há formas organizativas eficazes, que já têm sido praticadas pelo PT e devem ser incorporadas de forma permanente à vida partidária:
a) grupos de apoio (que se formam em determinadas campanhas e que têm, portanto, uma vida mais curta);
b) plenárias de militantes: a discussão e o encaminhamento por meio de plenárias é uma forma ágil de contato entre os órgãos de direção e o conjunto dos militantes. Propiciando o encontro de militantes de frentes de atuação distintas, contribuem também para a politização geral. As plenárias podem ser realizadas em vários níveis: estaduais, municipais, por região etc.
234. Além disso, o PT deve avançar para ter um contato permanente com o maior número possível de filiados, inclusive os que não se dispõem a ter uma militância regular ou mesmo eventual. Essa ligação pode-se dar pela imprensa do Partido, em vários níveis, inclusive na imprensa local de núcleos, pelo convite para participar de plenárias e, naturalmente, pela solicitação de uma contribuição financeira para o Partido.

235. Todo militante petista que sofrer repressão policial em decorrência de atividade política deverá receber apoio jurídico da parte do PT.

CENTRALIZAÇÃO PARTIDÁRIA E FUNCIONAMENTO DA DIREÇÃO

236. Ao lado da precariedade de nossa organização na base do Partido, outro ponto de estrangulamento é a falta de uma real centralização do Partido, de unidade de ação por parte dos seus militantes. Para ser um partido dirigente, capaz de intervir de forma organizativa e coerente nos movimentos sociais, e de dar um rumo à luta das massas trabalhadoras pelo socialismo, o PT precisa de centralização.

237. Para que essa centralização contribua para o fortalecimento da democracia interna, é preciso empenho para agilizar meios que assegurem a democratização das informações e o processo de tomada de decisões em todos os níveis da estrutura partidária.

238. A capacidade de atuação centralizada envolve pelo menos três questões. Em primeiro lugar, a existência de definições políticas claras. Em segundo, a consciência, por parte da militância petista, da necessidade da centralização política do Partido. Em terceiro lugar, o funcionamento pleno das instâncias de direção partidária.

239. O funcionamento das nossas instâncias diretivas é extremamente precário, com a tendência dos Diretórios terem um caráter formal e a sobrecarregar as Comissões Executivas.

240. Precisamos, portanto, superar essas falhas, construindo uma verdadeira direção política. Isso implicará o funcionamento coletivo dos Diretórios, com a distribuição planificada e coletiva das tarefas e a responsabilização e cobrança do cumprimento das tarefas. Em vista das crescentes necessidades de desempenho prático das tarefas deliberadas, o PT também precisa definir uma política com relação à profissionalização dos dirigentes e dos funcionários.

241. Isso deve ser combinado com uma integração dos membros dos Diretórios nas diversas secretarias, comissões e grupos de trabalho (que são estruturas auxiliares da direção), deixando às Comissões Executivas seu papel próprio, de instâncias que têm enorme responsabilidade política, mas que são dirigidas pelo Diretório respectivo.

242. Além disso, precisamos conseguir que haja no Partido uma elaboração política mais coletiva, que unifique a intervenção dos militantes e instrumentalize o Partido com políticas claras para o movimento popular e sindical, integrando as distintas experiências. Nesse sentido, é preciso convocar encontros por área de atuação no movimento sindical e popular, precedendo os Encontros Regionais e Nacional, com poderes para deliberar políticas indicativas para os Encontros. Particularmente importante é que os membros dos órgãos de direção tenham todos tarefas organizativas, diretivas e de acompanhamento das organizações de base, em particular dos núcleos.

243. Entretanto, resolver o problema do funcionamento das direções implica, também, resolvermos corretamente duas questões-chave no processo de centralização do PT, o direito de representação proporcional nas Executivas e o direito de tendência. [FIM]

terça-feira, 24 de março de 2015

O PT e a frente de esquerda.

(Mensagem publicada na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal, no tópico "Por que o 1º Diretório Zonal não funciona?", tratando de artigo do jornalista Rodrigo Viana intitulado "Boulos, PSOL e petistas defendem Frente Popular para barrar avanço conservador")

Companheiro O..

Uma frente política é uma construção e construções são feitas de tijolos e argamassa. Os tijolos de uma frente são as organizações (partidos e entidades) e a argamassa é o programa que as une. Por isso é importante mesmo definir o programa, como argamassa, mas é preciso não esquecer de forjar os tijolos, que são as organizações.

O debate promovido pelo PSOL tratou da necessidade da construção da frente de esquerda e do programa que unificaria os seus componentes, que, como se sabe, diferem entre si em suas substâncias, dimensões e pesos políticos.

Uma frente de organizações fracas será, inevitavelmente, uma frente fraca, por melhor que seja o seu programa.

Por isso, não há como pensar em se fazer uma frente de esquerda, capaz de vencer a crescente onda conservadora e golpista, sem a participação do PT, que é o único partido de massas do país no campo da esquerda.

Não do PT do modo que está, com 1,5 milhão de filiados dispersos e desconectados.

Mas de um PT que tenha organização, comando e disciplina para dar impulso, coesão e coordenação a estes seus 1,5 milhão de filiados, para que eles sejam uma força indutora, organizadora e dirigente das mobilizações de outros milhões de trabalhadores.

Se queremos uma frente de esquerda forte, temos que forjar um PT forte nas ruas.

Cuidemos, portanto, da frente. Mas não esqueçamos da construção do PT como seu elemento fundamental. Este é, no momento, o maior e mais importante desafio para os petistas, a sua maior responsabilidade como militantes de esquerda.

Silvio Melgarejo

24/03/2015

sábado, 21 de março de 2015

Por que o 1º Diretório Zonal não funciona?

"O 1º Diretório Zonal não funciona por causa da indisciplina dos seus dirigentes, da passividade de sua vanguarda e da inexistência de uma oposição atuante, que represente um projeto alternativo de diretório. Dito de outra forma: o 1º Diretório não funciona porque uns não querem e outros não fazem questão que ele funcione."


A propósito da tese de que os problemas organizativos e funcionais do 1º Diretório Zonal devem-se à estratégia política nacional da tendência CNB, que seria hegemônica, supostamente, graças ao modelo PED de eleição de dirigentes, pergunto aos que assim pensam:

Este diretório foi presidido na gestão passada pelo companheiro Ricardo Quiroga, da Articulação de Esquerda.

Agora é presidido pela companheira Cláudia Le Cocq, da CNB.

Sinceramente, vocês veem alguma diferença entre as duas gestões no que se refere à administração da instância, ao seu funcionamento e à sua relação com a base de filiados local?

Eu não vejo.

Outro ponto:

Em qualquer instituição política, a oposição representa um projeto alternativo ao da situação e cumpre uma função fiscalizadora e crítica, cobrando permanentemente desempenho e resultados.

Pois, nunca vi a CNB cumprir aqui este papel durante a gestão Quiroga e não vejo a Articulação de Esquerda exercê-lo agora, na gestão Le Cocq.

O diretório não funcionava na gestão Quiroga, continua inativo na gestão Le Cocq, e as tendências dos dois, que são politicamente antagônicas, reagem exatamente da mesma forma omissa, complacente, eu diria até mesmo cúmplice, quando estão na oposição.

Nunca vi uma manifestação sequer de desaprovação, nenhuma cobrança, nenhuma proposta, nenhum projeto, nenhuma iniciativa política ou administrativa, nada.

Temos um diretório fantasma e todos agem como se isto fosse a coisa mais natural do mundo.

O estatuto do partido diz, em seu artigo 87, inciso "c", que:
"Compete aos Diretórios Zonais (...) manter em dia o cadastramento dos filiados e filiadas do Zonal";
e em seu artigo 88, inciso "g", que:
"Compete à Comissão Executiva Zonal (...) informar e atualizar TODOS os filiados e filiadas sobre políticas, propostas, publicações, materiais e demais iniciativas do Partido."
Pois o artigo 87, inciso "c", não é cumprido e o artigo 88, inciso "g", também, porque depende do cumprimento do artigo 87, inciso "c".

Já o artigo 227 do nosso estatuto diz que:
"Constituem infrações éticas e disciplinares:

(...)

V – a falta, sem motivo justificado por escrito, a mais de 3 (três) reuniões sucessivas das instâncias de direção partidárias de que fizer parte",
e
"VI – a falta de exação no cumprimento dos deveres atinentes aos cargos e funções partidárias;",
Tudo isso é simplesmente ignorado tanto pela situação, quanto pela oposição do diretório, que se revesaram nos últimos anos cometendo as mesmas faltas.

Se não me engano, hoje, 4 dos 14 membros efetivos do 1º Diretório Zonal foram da chapa da Articulação de Esquerda no último PED e, portanto, devem representar esta tendência no diretório.

Por que estes companheiros nunca se manifestaram?

A verdade é que nem CNB, nem Articulação de Esquerda demonstram qualquer compromisso com a organização e com o funcionamento do 1º Diretório Zonal. Há um acordo, aparentemente tácito, entre as duas tendências pela manutenção de uma convivência sem admoestações mútuas, sem cobranças, sem críticas, sem debate sobre temas que possam constranger ambas a terem que assumir responsabilidades com as tarefas práticas indispensáveis ao funcionamento desta instância, cuja direção formalmente compartilham. E o PED, ao contrário do que dizem membros e simpatizantes da Articulação de Esquerda, não tem nada a haver com este pacto de acomodação à inação que sua tendência mantém há anos com a CNB nesta zonal.

Em 23 de fevereiro, enviei a esta lista de e-mails uma mensagem intitulada "Junho pode ser tarde demais para reagir". No mesmo dia, recebi em meu e-mail pessoal mensagem de um companheiro da Articulação de Esquerda reconhecendo o esforço de contribuição que aquela minha mensagem representava, ressaltando a sua extensão e a minha "dedicação" à sua redação. Desconfio, no entanto, que não tenha lido nada, já que nenhum comentário fez sobre o seu conteúdo. O que fez foi repetir o mantra da Articulação de Esquerda e demais tendências auto classificadas como a "esquerda do PT" de que o PED é a fonte de todos os problemas do partido. Disse o companheiro, cujo nome omito em respeito ao seu desejo de manter anonimato:
"Se analisarmos o último PED, iremos nos deparar com uma quantidade enorme de recursos financeiros, utilizados na mobilização da militância e consequentemente na construção da atual maioria. Entendo que não é do interesse da atual maioria, mobilizar a base partidária. Simples assim. Só vai mudar no momento em que o PED mudar."
No dia seguinte, respondi-lhe com o seguinte comentário (troco o nome dele por Companheiro, com letra maiúscula):
"Olá, Companheiro.

Você diz que uma enorme quantidade de recursos financeiros foram usados no último PED para mobilizar a militância. 

Pois eu te digo que, se teve dinheiro demais, teve trabalho de menos [já que não mobilizou quase nada]. 

A maioria conseguiu manter maioria. 

Mas, uma maioria muitíssimo maior do que ela ficou fora do PED, provavelmente nem soube da sua realização e ignora até mesmo o que seja. 

Acabo de ver aqui uma tabela com os números finais do PED 2013 do 1º DZ. 

Total de votantes: 511. 

Você deve saber que peguei uma relação de todos os filiados do Rio, no Diretório Municipal. em 2013, e que preparei planilhas de filiados por bairro para toda a Zona Sul, mais o Centro, Glória e Santa Teresa. Mandei uma cópia pro Carlos Ocké Kalifa ano passado.

[esqueci de dizer nesta mensagem que usei também na preparação destas planilhas a relação de filiados aptos a votar no PED 2013 e que comparei os dados desta com a listagem geral]

Pois, bem. 

Juntando Zona Sul, Centro, Glória e Santa Teresa, são 3.314 nomes cadastrados. 

Aptos para o PED 2013, neste território, foram 916 filiados, o que representa apenas 24,64% do total. 

Este número de 511 votantes, que corresponde à base territorial total do diretório, representa 55,79% dos filiados aptos a votarem no PED, só na Zona Sul, Centro, Glória e Santa Teresa, e apenas 15,42% dos nomes cadastrados no partido com endereços neste território.

Ou seja, se incluirmos aí os filiados dos outros bairros da Zona Centro, o percentual de votantes no PED em relação ao total de nomes cadastrados na base territorial do 1º Diretório Zonal, fica ainda menor.

Isto significa, Companheiro, que a imensa maioria dos filiados da 1ª zonal não participou do PED.

E não participou porque ninguém procurou.

Nem a maioria, nem a minoria.

A minoria, na verdade, facilita a preservação da maioria constituída, quando restringe a disputa política ao ambiente do diretório, onde só tem cabeça feita, e deixa de fazer o trabalho político junto à base de filiados excluída do partido, que é muito mais numerosa do que a atendida pelo diretório e mais alguns núcleos.

Quer virar esse jogo?

Arregaça as mangas, prepara os panfletos, aquece o gogó e vai prá base, companheiro!

Não prá base que já tá dentro e que já tem posição.

Prá base que tá lá fora e que ainda não tem posição definida.

O que tá faltando prá minoria deixar de ser minoria é, como disse o Lula, tirar a bunda da cadeira e gastar saliva e sola de sapato.

Tem que ir prá rua, ao encontro dos filiados, onde eles estiverem. Telefonar prá eles, mandar carta, e-mail, sms...

Tem que estar presente na vida do filiado, fazendo discussão política permanente, e não ficar esperando que o filiado venha até o núcleo ou diretório.

O problema não é o PED, Companheiro.

O problema é o internismo, a acomodação, a preguiça e a indisciplina.

Isto, sem falar, evidentemente, da completa falta de consciência da necessidade de planejamento e organização.

A maior parte da base da 1ª zonal é um campo inexplorado.

Quem chegar primeiro, se estabelece facilmente porque não tem concorrência.

E o que faz a Articulação de Esquerda?

Disputa a diminuta parte da base que já está ocupada e vira as costas prá parte maior da base, onde o partido está ausente.

Desse jeito, companheiro, vocês nunca vão deixar de ser minoria.

Me perdoe, mas está faltando inteligência e disposição para o trabalho.

Acabar com o PED pode até levar o partido mais à esquerda.

Mas não vai trazer para dentro do partido e organizar para a ação coletiva os milhares de filiados que estão lá fora.

Política, você pensa, discute e decide. Organização é trabalho.

Vocês gostam de fazer política, mas não querem saber de organização.

Gostam de pensar, discutir e votar. Mas não querem nada que dê muito trabalho.

Isso é um problema, Companheiro, de cultura política.

A personalidade do partido são os hábitos da sua vanguarda.

O PT é o que é, por causa dos hábitos da sua vanguarda.

Se essa vanguarda tivesse o hábito de fazer trabalho político na base do próprio partido, o PT teria outra cara.

O partido seria mais organizado e com isso teria mais poder de ação e sua democracia interna funcionaria melhor.

Você diz que não é do interesse da maioria mobilizar a base partidária.

Pois eu te digo que, aparentemente, nem a minoria faz questão disso. Senão estaria tendo atitude diferente da maioria. E não está. Pense bem.

Um abraço, companheiro, e obrigado por me honrar com seu comentário.

Silvio Melgarejo

24/02/2015"
Penso, portanto, que não é o PED a fonte dos problemas maiores que o PT carrega, sem efetivamente enfrentar, desde longuíssima data.

Querem acabar com o PED porque ele seria uma processo eleitoral despolitizado e viciado que favoreceria às posições conservadoras.

Esta é uma visão completamente equivocada.

O PED apenas reflete o que o partido é.

Quebrar e jogar no lixo o espelho não livra ninguém da fealdade, dando beleza a quem não tem.

Pode, no máximo, ajudar o feio a esquecer que é feio.

O PED reflete o que o PT é, como resultado das ações e omissões dos seus dirigentes e da sua vanguarda. É um processo que objetiva permitir a todos os filiados do partido participarem da eleição direta dos seus dirigentes e isto, a meu ver, é muito bom e deve ser preservado.

O problema é que, entre um PED e outro, os dirigentes e a vanguarda petista não fazem trabalho político nenhum junto à base do partido.

Nem durante o próprio PED a maioria dos filiados é procurada, o que resulta também num baixíssimo número de filiados aptos a votarem e num número ainda menor de filiados que efetivamente acabam indo à urnas.

A base do PT não é politicamente cultivada por ninguém, nem pela direção do partido, nem pela sua vanguarda, nem pela CNB, nem pela Articulação de Esquerda; não recebe de ninguém formação e informação política nenhuma e não exercita nunca o debate político.

Por isso é despolitizada.

E essa despolitização reflete-se no PED, favorecendo às posições mais conservadoras e à possibilidade do emprego com sucesso de métodos condenáveis de aliciamento e manipulação.

A politização da base depende do seu envolvimento no debate político permanente.

O debate político,permanente depende do funcionamento pleno e regular dos diretórios.

E o funcionamento pleno e regular dos diretórios depende da disciplina dos dirigentes e da vanguarda partidária no trabalho político e organizativo cotidiano junto ao conjunto dos filiados.

Além do PED, outros dois fatores são frequentemente apontados como causas da degeneração do PT como partido socialista, num processo que se poderia chamar de "pe-eme-de-be-ização do PT": a estratégia política do partido e a política de alianças dela decorrente.

Estes dois fatores seriam, segundo quem pensa assim, as causas de todos os vícios adquiridos pelo PT e que afetam de um modo geral o funcionamento do partido, inclusive os seus processos eleitorais internos..

No dia 25 de fevereiro, debatendo sobre isso, pelo Facebook, com um companheiro de São Paulo, eu disse:
"Vou te dizer o que penso, Companheiro. Na verdade, pego carona no caso que você relata e no comentário que faz em seguida, para apresentar uma pequena tese.

Em primeiro lugar, botar na conta da política de alianças os problemas todos do PT é como atribuir doenças a bactérias e vírus, esquecendo o papel do sistema imunológico. 

O PT foi, de fato, contaminado pela cultura política dos partidos com os quais fez aliança. Mas isto aconteceu porque os hábitos de sua vanguarda não o ajudaram a criar anticorpos contra os elementos nocivos dessa cultura política estranha.

O PT é um partido socialista de baixíssima imunidade às doenças dos partidos burgueses, porque aquilo que poderíamos chamar de doutrina partidária, que são as resoluções dos seus congressos e encontros nacionais, é desconhecido pela imensa maioria da vanguarda partidária. 

O resultado desse desconhecimento é que cada militante representa o PT na sociedade com sua concepção própria do que o partido seja, o que inviabiliza, naturalmente, a unidade dos discursos e das ações.

Desconhecimento da doutrina do partido é falta de formação política. 

Mas por que falta formação política? 

Porque não há política de formação política? 

Eu creio que não. 

A mim parece que a falta de formação política decorre da falta de comunicação da direção com a base, e que a falta de comunicação entre direção e base deve-se á falta de organização e disciplina dos dirigentes e do conjunto da vanguarda.

O PT precisa de uma política de formação política. 

Só que uma política de formação política só pode funcionar se houver uma política de comunicação partidária interna. 

A realização de uma política de comunicação interna depende do funcionamento dos diretórios.

E o funcionamento dos diretórios depende da existência de uma política administrativa que garanta o melhor emprego possível dos recursos de cada diretório nas ações que o partido estabeleça. 

Tudo é um processo, tudo está interligado, numa relação de interdependência.

A imunidade de um organismo aos ataques de agentes patológicos presentes no ambiente em que ele vive ou transita, ou seja, a saúde de um organismo, depende da qualidade dos seus hábitos, inclusive alimentares. 

Do que se alimenta o pensamento petista? 

Qual é a rotina de trabalho partidário dos membros do PT, direção e base? 

É isso que pode ou não tornar o partido capaz de atuar na democracia burguesa sem se contaminar pela cultura política dos partidos burgueses.

O partido socialista se imuniza contra o contágio da cultura política burguesa quando fortalece a sua própria cultura política socialista. 

O que eu chamo de cultura política - só prá deixar claro - são valores, conceitos, objetivos e práticas.

A doutrina petista, constante dos documentos produzidos pelos congressos e encontros nacionais do PT e que, segundo o seu próprio estatuto, deve orientar a atuação do partido, é uma doutrina socialista. 

O problema é que a quase totalidade da base partidária, mesmo a maior parte da vanguarda, desconhece essa doutrina chamada em nossas resoluções de Socialismo Petista. 

Desconhece, além disso, os problemas organizativos do passado que não foram resolvidos e que estão aí até hoje. 

E estão aí até hoje porque, ignorando reflexões, diagnósticos e receitas que o próprio partido formulou naqueles congressos e encontros do passado, resolveram muitos dos que estavam de acordo na identificação dos sintomas, produzir outros diagnósticos apontando causas e soluções diferentes daquelas. 

Dizem agora que a precariedade do funcionamento das instâncias partidárias é um produto da estratégia política adotada pela corrente hegemônica a partir de 1995, quando o próprio partido reconhecia em 1987, no 5º Encontro, que já vivia uma crise organizativa crônica desde 1982 [quando participou de sua primeira eleição]. 

A ideia, portanto, de que a hiper-institucionalização do partido foi responsável pela sua desorganização interna não tem fundamento lógico, nem histórico. O PT já era uma bagunça muito antes de 95 e continua uma zorra total até hoje.

O mal funcionamento dos diretórios e, em muitos casos, a completa inatividade destas instâncias, não decorre de uma estratégia política errada, decorre da falta de estratégia administrativa, algo que é desprezado não por uma, mas por todas as tendências atuantes no PT. 

Nunca houve decisão de ninguém de sabotar os diretórios, de apartar deles a base partidária, e não há diferença nenhuma entre as gestões de tendências da esquerda ou da direita do partido, ou mesmo de quem se posiciona como independente. 

É tudo a mesma coisa, os resultados são, de um modo geral, ruins e são raríssimos os diretórios que conseguem ter desempenho pelo menos razoável.

O não funcionamento dos diretórios é um problema administrativo que gera problemas políticos como o não funcionamento da democracia partidária e a falta de poder de ação coletiva do partido na sociedade.

Mas quando se procura soluções políticas para problemas administrativos, o que acontece é que os problemas administrativos nunca são enfrentados e superados e continuam a gerar problemas políticos como os acima citados.

A comunicação interna do PT, que permitiria o amplo debate democrático e a organização de sua base para a ação, é também indispensável para transmitir a doutrina petista à base partidária e fortalecer a cultura política do partido, garantindo a unidade de valores, conceitos, objetivos e práticas. 

Se não for permanentemente alimentada, a cultura política do partido se fragiliza e se torna permeável à infiltração de elementos de culturas políticas estranhas à sua essência. 

E aí o partido se desvirtua.

A integridade ideológica do partido depende da fidelidade do partido à doutrina que ele mesmo concebeu. 

Para tanto é necessário que todos os seus membros conheçam essa doutrina e, para que ela seja conhecida, é preciso que seja comunicada. 

A comunicação interna do partido depende do funcionamento dos seus diretórios. 

E o funcionamento dos diretórios, ao contrário do que muitos supõem, não depende apenas de vontade política, depende de conhecimentos e técnicas administrativas que a maioria dos dirigentes partidários não domina. 

Isto se dá porque entre os critérios para a formação das chapas que vão disputar os cargos de direção, não está incluída a necessidade de incorporar quadros administrativos, com vocação e talento para o adequado tratamento das questões práticas da atividade partidária. 

A resolução do 5º Encontro, de 1987, já falava da necessidade de identificar e recrutar quadros organizadores. Mas eu acho mais apropriado falar em quadros administrativos, porque entendo que não é só organização que falta, falta planejamento e monitoramento de desempenho e resultados. E tudo isso é parte do processo administrativo.

A cultura de qualquer organização se desenvolve no seu cotidiano e, do cotidiano do PT, lamentavelmente, só uma minoria ínfima de filiados participa. O resto, a maioria, quase totalidade, permanece à margem. Não vejo, infelizmente, perspectiva desse quadro mudar, porque as alternativas de direção existentes, desprezam tanto a administração partidária quanto os atuais dirigentes.

De modo que, mesmo que o PT mude a composição política de sua direção, a tendência é a continuidade de todos os problemas decorrentes do mal funcionamento dos diretórios, inclusive a falta de controle da base do partido sobre os mandatos parlamentares que ajudou a conquistar,
Um abraço, companheiro.

Silvio Melgarejo "
As práticas internas do partido resultam da forma como seus dirigentes exercem a organização, o comando e a disciplina. Mas estes elementos, a organização, o comando e a disciplina, que são indispensáveis para que o partido realize os seus objetivos, de acordo com seus valores e conceitos, não dizem respeito à função política e sim à função administrativa do partido.

Administrar o partido é decidir como o partido deve empregar os recursos que tem - humanos, materiais e financeiros - na realização de ações destinadas à conquista dos seus objetivos e garantir que as decisões tomadas sejam, na prática, cumpridas. Esta arte ou ciência do emprego dos recursos do partido não faz parte do saber político, faz parte do saber administrativo. O problema do PT é que ele tem um saber político que não se realiza por lhe faltar o saber administrativo, pelo qual nunca teve o menor entusiasmo.

A doutrina do PT, que é o conjunto das resoluções dos seus congressos e encontros nacionais, trata quase que exclusivamente dos objetivos do partido, dos valores e conceitos que os justificam, e das estratégias que o partido pretende usar para alcançar estes objetivos. Mas raramente trata da maneira como o partido deve empregar os seus recursos na realização de suas estratégias.

Historicamente o PT tem discutido e decidido a sua política e desprezado o debate e as decisões sobre como viabilizá-la a partir do uso racional dos seus recursos. E por isso, a reflexão coletiva pouco ou nada avançou até hoje neste campo. Muito pouco disso se fala, nas resoluções de seus inúmeros encontros e congressos, e quando se fala, desde os anos 1980, é para tratar de uma crise organizativa crônica que tem comprometido, deste então e até agora, o funcionamento e até a sobrevivência de diretórios e núcleos de,base.

Essa carência de reflexão sobre a administração partidária e a gravidade dos efeitos que essa falta tem tido sobre o funcionamento do PT, é o que me leva a tomar este tema como prioritário em minha pauta pessoal de reflexões sobre o partido e como objeto dos meus maiores esforços no sentido de contribuir para a superação dos seus problemas e para a conquista dos seus objetivos.

Busco insistentemente o debate sobre a administração partidária porque estou absolutamente convencido de que sem administração, o PT nunca conseguirá realizar a sua política, seja ela qual for, e porque vejo - confesso que estarrecido - o desprezo que os dirigentes e a vanguarda do partido ainda têm por esta atividade e ramo do conhecimento humano.

Resumindo, vejo a administração como a única atividade capaz de garantir, na prática, o cumprimento das resoluções políticas do PT, mediante o uso racional dos recursos do partido nas ações necessárias para que estas resoluções sejam cumpridas. Vejo, portanto, a politica como definidora dos fins e dos meios e a administração como garantidora do melhor emprego possível dos meios para alcançar os fins. Política e administração, uma sem a outra, não chegam a lugar nenhum.

Uma das etapas do processo administrativo é a organização, que é a definição de quem faz o que, onde, quando, como e com que meios, dentro da ação coletiva. Tenho dito que o último elo da cadeia de comando do partido em cada região deve ser o maior responsável pela organização dos filiados de sua jurisdição. Nas capitais com mais de 500 mil habitantes e nos municípios com mais de 1 milhão, este último elo, segundo o estatuto do PT, é o diretório zonal. Nas demais cidades é o diretório municipal. Aqui no Rio, portanto, o último elo da cadeia de comando do PT é o diretório zonal.

Pois bem. A missão dos membros dos diretórios zonais é garantir a democracia e o poder de ação das suas instâncias, seja qual for a estratégia do partido. E, para isso, estes dirigentes precisam ter disciplina, organização e rotinas de trabalho. Isso não é política, é administração. Os diretórios zonais do PT têm que funcionar bem e a gravidade da situação politica do país hoje, exige que seja já, como eu já alertava na mensagem "Junho pode ser tarde demais para reagir", que enviei a esta lista de e-mails em 23 de fevereiro.


CONCLUSÃO

O 1º Diretório Zonal não funciona por causa da indisciplina dos seus dirigentes, da passividade de sua vanguarda e da inexistência de uma oposição atuante, que represente um projeto alternativo de diretório.

Dito de outra forma: o 1º Diretório não funciona porque uns não querem e outros não fazem questão que ele funcione.

Nenhuma força política tem compromisso com o funcionamento pleno e regular desta instância, razão pela qual todo projeto que se apresenta e todo debate que se propõe acerca deste tema encontra sempre resistência e desinteresse.

Aí eu me pergunto e pergunto aos companheiros:

Para que CNB e Articulação de Esquerda lançam chapas no PED?

O que passa pela cabeça dos que aceitam integrar estas chapas, fazem campanha, são eleitos, empossados e depois somem, nunca assumem as obrigações que seus novos cargos lhes impõem por determinação do,Estatuto?

E o que passa pela cabeça dos que assistem a tudo isso sem se escandalizarem e indignarem?

Será que não veem o prejuízo que isto causa ao PT?

Como eu disse lá no início desta mensagem, o PED, despolitizado e cheio de vícios que temos, é um retrato fiel do que o PT é hoje, como resultado das ações e omissões dos seus dirigentes e da sua vanguarda. O PED não é causa, simplesmente reflete os efeitos, no caráter do PT, dos valores, conceitos, objetivos e práticas que o partido, direção e base, cultiva ou deixa de cultivar no seu cotidiano politicamente pobre e tedioso.

Nenhuma tendência se salva, todas se igualam no descaso pela organização e funcionamento dos diretórios, descaso que resulta numa omissão que é uma verdadeira sabotagem ao PT, já que os diretórios, principalmente zonais, são exatamente os agentes responsáveis pela promoção da democracia interna do partido e da organização de sua intervenção, como unidade coletiva, na sociedade.

Digo na mensagem "Junho pode ser tarde para reagir":
"Há problemas nacionais, no partido e no governo, cuja solução não depende exclusivamente de nós. Mas depende exclusivamente de nós a solução dos problemas deste diretório que têm nos impedido de contribuir, mesmo que modestamente, para que o partido e o governo superem os seus problemas."
E, mais adiante:
"Sem disciplina, qualquer dirigente partidário, por mais honesto e bem intencionado que seja, torna-se um obstáculo ao bom desempenho da sua instância."
Eu acrescento a isto, que se a vanguarda da base do diretório não reage firmemente à indisciplina dos seus dirigentes e, se ao contrário, assume diante desta indisciplina atitude complacente, ela, vanguarda, ao invés de parte da solução, torna-se parte do problema, contribuindo para que o problema se perpetue.

Encerro com mais esta citação da mensagem "Junho pode ser tarde demais para reagir", em que digo:
"Há, de fato, uma dura luta a ser travada dentro do PT para dotá-lo da organização, do comando e da disciplina, que são indispensáveis para o êxito de qualquer organização combatente, seja de natureza militar, seja de natureza política. Não é uma luta entre tendências, é uma luta pela superação de uma cultura política e pela assimilação de outra. Uma luta pela superação da cultura política sem sentido prático, que despreza a administração partidária, e pela assimilação de uma cultura política focada na ação, que tenha a administração partidária como elemento essencial, capaz de transformar ideias em atos e projetos em realizações."
Comando, organização e disciplina não são, em verdade, elementos da politica, são elementos da administração, dos quais o PT e este diretório precisam para realizarem suas políticas e se tornarem mais democráticos e efetivos em suas ações nas ruas. Sem administração, não se realiza a política. Na verdade, pensando bem, o que tenho até aqui chamado de cultura política é a cultura partidária, composta pela cultura política e pela cultura administrativa do partido. O PT tem cultura política mas não tem uma cultura administrativa que dê consequência à sua cultura política, ou seja, que dê sentido prático às decisões tomadas no debate político. É com esta ideia que concluo a presente mensagem.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

21/03/2015

domingo, 15 de março de 2015

Notável desdém, inexplicável apatia.

Há uma conspiração contra a democracia em curso no Brasil, orientada claramente para a consecução de um golpe de Estado, e Dilma e o PT agem como se nada estivesse acontecendo. Ou, como disse recentemente o Saul Leblon, "com notável desdém" pelas próprias cabeças.

Se o desdém da presidenta e dos dirigentes petistas fosse apenas por suas cabeças, eu nem me incomodaria. O problema é que o desdém deles é também pelas cabeças da esquerda toda e do povo brasileiro, que seriam as maiores vítimas de um eventual abalo na democracia e da ascensão de um governo autoritário de direita.

Dilma saúda, como a consagração da democracia, a ocupação das ruas pelo fascismo, induzida pela cobertura jornalística tendenciosa de um uma investigação policial cheia de irregularidades, conduzida por juízes, promotores e delegados despudoradamente empenhados em forjar provas de algum ilícito que possa justificar o seu impeachment e a prisão de Lula. Como pode uma democracia sobreviver a tamanha tolerância com a anti-democracia emergente?

Já os dirigentes do PT, parece que não querem dirigir nada. A base partidária, aflita e desorientada, espera ansiosamente, até agora em vão, por uma voz de comando que a organize e mobilize para a resistência, e nenhum deles se manifesta.

Cadê os generais do PT? Onde estão os comandantes das unidades combatentes deste partido, que são os seus diretórios? Será que abdicaram de lutar e resolveram entregar nossos destinos à providência divina? Quando é que o PT vai começar a se preparar para enfrentar nas ruas os inimigos da democracia? Será que pensa em esperar pelo seu congresso? Mas isto é só em junho! Quanta coisa pode acontecer até lá!

E os filiados de base do PT? Por que não cobram dos seus dirigentes uma atitude? Por que não tomam uma atitude em relação ao desgoverno deste partido? Por que mantém-se, como os dirigentes, indiferentes à necessidade de organizar o nosso exército, diretório a diretório?

A omissão dos dirigentes e a passividade da base petista, simplesmente, paralisaram o PT. Os inimigos do partido dele se acercam, dispostos a aniquilá-lo, e o PT não esboça nenhuma reação. Espera, apático, o desfecho do cerco, rezando por um milagre. E se não vier o milagre? O que vai ser de nós? O que vai ser da esquerda? E o que vai ser do Brasil e da classe trabalhadora?

Silvio Melgarejo

15/03/2015

Dia 13 e os próximos passos. A internet é a nossa mídia.

A mobilização do dia 13 de março pode ser considerada um sucesso se tomada como ponto de partida para se chegar a mobilizações maiores.

Os objetivos declarados pelos manifestantes nas ruas exigem, evidentemente, um acúmulo de forças muito maior, em novos e reiterados atos, para serem alcançados.

13 de março tem que ser só o começo, o primeiro passo, o dia da arrancada para a mobilização nacional dos trabalhadores contra o golpe e em defesa das reformas democratizantes, dos direitos sociais e da Petrobras.

A CUT, o MST, a UNE e demais entidades fizeram a sua parte, com este movimento inicial.

É hora agora de o PT organizar os seus mais de 1,5 milhão de filiados e prepará-los para engrossar os próximos atos.

Mas como organizar o partido? Isto é o que precisa, a meu ver, ser discutido e decido, com a maior urgência, pelos petistas.

Porque quanto mais tardia for a reação ao avanço das forças conservadoras, mais difícil será detê-las e impedir que alcancem seus intentos.

Eu defendo a organização dos filiados do PT em comitês de bairro, que sejam criados, mantidos e dirigidos pelos diretórios zonais ou municipais.

Cada diretório deve organizar o seu cadastro, classificando os filiados de sua base por bairro, logradouro, CEP, edificação e unidade habitacional, atualizando dados para contato, como endereço, telefone e e-mail.

Este cadastro deve ser o instrumento principal para a criação dos comitês de filiados por bairro.

Os comitês não devem ser pontos passivos de convergência de filiados e, sim, núcleos irradiadores de informação e de energia mobilizadora.

Para tanto, devem construir, como instrumentos de sua ação, redes que permitam a comunicação permanente entre comitê e filiados e entre cada filiado e os demais residentes no seu bairro.

Estas redes devem usar todas as formas possíveis de comunicação, como a internet, o telefone, o SMS, a carta, a visita domiciliar e os encontros presenciais.

As redes de comunicação dos comitês de bairro interligadas formariam redes de comunicação zonais e municipais, que permitiriam o comando centralizado de ações coordenadas envolvendo o conjunto dos comitês.

Os comitês de filiados por bairro e suas respectivas redes de comunicação seriam como tijolos de uma construção, que é a unidade de objetivos e de ação do partido nas ruas de todo o país.

Forjar os comitês de bairro, como tijolos, para serem usados nesta construção é o primeiro passo que o partido precisa dar para organizar os seus membros.

E a organização pode ser o fator decisivo para o que o partido tenha condições de alcançar a vitória sobre os inimigos de suas causas.

Porque a desorganização que reina hoje no PT dispersa os filiados e pulveriza o partido, enfraquecendo-o, enquanto a organização, ao contrário, quando houver, terá o poder de concentrar os filiados, dando ao partido coesão, capacidade de coordenação e força na ação coletiva.

É hora de o PT começar a fazer a sua parte, na construção da unidade nacional dos trabalhadores para a luta de classes, organizando a sua base de filiados, para botá-la em movimento no trabalho cotidiano de organização e mobilização dos trabalhadores, nos bairros de cada cidade deste país.

É hora de multiplicar, de transformar dezenas em centenas, centenas em milhares e milhares em milhões de cidadãos nas ruas, em defesa da democracia e das reformas necessárias para o seu avanço e para o avanço da justiça social no Brasil.

A organização do partido nos bairros, através da criação de comitês pelos diretórios zonais e municipais, é o melhor caminho para organizar o partido e dar chance a todos os filiados de participarem da sua democracia interna e de contribuírem na luta pela conquista dos seus objetivos.

Quem se filia ao PT o faz porque quer contribuir com algo além do voto.

O filiado do PT quer ser mais do que apenas eleitor.

Quer ser militante, oferecer ao partido o seu tempo, sua energia física e intelectual e algo de seus recursos materiais e financeiros.

O dever dos dirigentes partidários é exatamente corresponder à expectativa destes filiados, dando-lhes a chance que desejam de serem úteis às causas do PT que eles também abraçam.

E os comitês de bairro podem permitir que os dirigentes do PT cumpram esta missão.

Mas para isso é preciso que estes dirigentes tenham disciplina.

Quando o PT conseguir botar os seus dirigentes zonais e municipais prá fazer trabalho político e organizativo permanente junto às suas bases de filiados, o partido vai, finalmente, começar a se preparar para ser uma organização realmente militante, voltada para a ação coletiva nas ruas.

Neste momento, o poder indutor da organização e mobilização das massas, pela ação concentrada dos mais de 1,5 milhão de filiados do partido, poderá ser finalmente demonstrado na prática.

Quanto maior o volume e o peso de um objeto, maior a onda que ele provoca quando se move na água, ou maior o deslocamento de ar, quando se move no espaço.

Só um partido de massas, como o PT, é capaz de mobilizar massas maiores ainda, desde que tenha organização e disciplina.

Organizar e mobilizar o partido para que o partido organize e mobilize os trabalhadores nos bairros, esta deve ser a estratégia do PT para construir a unidade de ação dos trabalhadores em todo o país contra o golpe e em defesa das reformas democratizantes, dos direitos sociais e da Petrobras.

Só desta maneira o partido poderá dar uma contribuição realmente relevante para a continuidade do esforço iniciado no dia 13 de março pela CUT, pelo MST, pela UNE e demais entidades que participaram daqueles atos.

Que os dirigentes do nosso partido tenham consciência do papel decisivo que lhes cabe cumprir e que assumam efetivamente as suas responsabilidades sem hesitações e sem adiamentos.

A guerra já começou.

Falta ao PT preparar-se adequadamente para enfrentá-la e vencê-la.

Não há mais tempo a perder.

Ilude-se quem pensa que a burguesia e a direita vão nos dar trégua.

Não vão.

Este ano todo, o PT e o governo Dilma serão bombardeados incessantemente por forças políticas que têm o claro objetivo de destruí-los.

A militância do PT precisa, por isso mesmo, incorporar, urgentemente, o tema da organização partidária à sua pauta de debates nas redes sociais, como uma questão prioritária, vital para a sobrevivência do partido e do governo Dilma e para o avanço da luta por mais democracia e justiça social.

O debate sobre a organização partidária não pode mais ficar confinado às reuniões dos diretórios, que são isoladas entre si e costumam ter baixíssima frequência.

Este debate tem que envolver todos os petistas e tem que ser amplo, público, aberto, sem censura, como sempre foram os debates do PT sobre suas questões internas.

Não se organiza um partido de massas sem usar uma mídia de massas que permita fluxo intenso e permanente de informação, entre o maior número possível de pessoas e no mais amplo possível espaço geográfico.

Esta mídia hoje é a internet com suas redes sociais.

É nas redes sociais, que ligam filiados de norte a sul e de leste a oeste do país, que a militância do PT deve se encontrar para apresentar propostas, relatar experiências e exercer livremente a reflexão crítica.

Se os diretórios são fóruns locais, as redes sociais são fóruns nacionais de debates entre petistas.

Constituem, além disso, quase sempre, os únicos canais de comunicação existentes entre filiados e simpatizantes residentes em estados diferentes ou até num mesmo bairro, já que mesmo sendo vizinhos, muitos filiados do partido sequer se conhecem.

É hora de pensar na organização do PT e de falar sobre este tema exaustivamente, para que do debate amplo e democrático surja o consenso quanto ao que fazer e como fazer, assim como a decisão de entrar em ação para botar os planos traçados em prática.

Num só lugar pode a multidão de filiados dispersa se encontrar,  discutir e decidir o que fazer para deixar de ser dispersa e agir como um só corpo.

Este lugar é a internet com suas redes sociais.

É nas redes sociais, e só nelas, que se poderá criar um movimento coletivo capaz de influenciar as decisões dos diretórios, que hoje só abrigam minorias, para tornar o partido aquilo que ele deve e precisa ser hoje: uma poderosa máquina de organizar e mobilizar multidões de trabalhadores para a luta de classes.

“A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas”, diz o Manifesto de Fundação do PT, de 1980, “é a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou não virá”.

Pois o PT nasceu, exatamente, para ser uma ferramenta  dos trabalhadores a serviço desta construção, que é a democracia social e política, mais conhecida como socialismo democrático.

Mas à medida que o trabalho avança e as circunstâncias impõem mais graves desafios, esta ferramenta precisa ser aperfeiçoada para ser capaz de ser útil na realização de novas e mais difíceis tarefas.

Pois as tarefas que hoje estão colocadas para os trabalhadores na luta de classes exigem que o PT seja um partido muito mais organizado e disciplinado do que já foi em toda a sua história.

O PT precisa hoje revolucionar-se administrativamente para robustecer e dar vitalidade à sua democracia interna e para se tornar capaz de realizar uma estratégia política que tenha como eixo principal a mobilização das massas trabalhadoras contra a burguesia e a favor da ampliação crescente da democracia social e política do país, no rumo do socialismo democrático.

O dia nacional de luta da última sexta-feira, 13 de março, foi um bom primeiro passo da esquerda democrática numa caminhada que, em verdade, não irá muito longe sem a participação do PT, que é o seu maior partido.

Não deste PT pequeno e frágil, medroso e preguiçoso, apático e hesitante que cochila nos diretórios.

Mas do PT grande e vigoroso, valente e disposto, vibrante e decidido que está pulverizado em 1,5 milhão de fragmentos que são os seus filiados dispersos pelo país, ansiosos por serem convocados para atuarem nas frentes de batalha.

É este PT, que está fora dos diretórios, vagando pelas redes sociais, que precisa ser organizado para ganhar coesão e capacidade de atuar coletivamente nas ruas, de forma coordenada.

A força de um partido está na organização e disciplina dos seus membros e no funcionamento pleno e regular de sua cadeia de comando.

Pois é isto que o PT precisa perseguir para ser um partido forte. Impor disciplina aos seus dirigentes, para que eles realizem o trabalho para o qual foram eleitos, que é fazer funcionar os seus diretórios e organizar a base partidária.

Enquanto o PT não tomar esta decisão, vai continuar sendo uma organização incapaz de atingir os seus fins, com sua direção inoperante e uma base pulverizada, um partido, enfim, cuja força não corresponde, nem de longe, ao seu tamanho.

O PT é grande, é hoje o segundo maior partido em número de filiados.

Mas precisa ser forte para ser capaz de influenciar o processo político do país.

Forte no parlamento, onde ainda tem baixa representação – 13,65% das cadeiras da Câmara Federal e 14,81% das cadeiras do Senado – e força nas ruas, de onde tem estado ausente há mais de uma década, pelo menos.

O fortalecimento do PT no parlamento depende do aumento do seu número de deputados e senadores e isto só poderá acontecer nas próximas eleições, em 2018.

Já o fortalecimento do PT nas ruas depende da organização do partido nos bairros, e isto pode e deve ser feito imediatamente, com a criação dos comitês de filiados pelos diretórios zonais e municipais.

A única possibilidade de o PT evitar a sua própria destruição e a derrota do seu governo, seja por via do golpe de Estado, seja pela sabotagem sistemática de suas iniciativas pela direita, é fazer das ruas o palco principal de suas ações, organizando os seus filiados para que eles organizem a classe trabalhadora nos bairros.

Para deter o avanço do conservadorismo golpista, vencê-lo e conseguir avançar na realização do projeto iniciado por Lula, o PT não pode mais contar apenas com a coalizão parlamentar que tem mantido, em estado de crescente apodrecimento.

É preciso construir uma forte coalizão social que tenha como núcleo a classe trabalhadora organizada nos bairros, nos sindicatos, nas associações camponesas e nas demais entidades do movimento social.

O maior partido de esquerda do país não pode mais ser apenas um partido de ações eleitorais, parlamentares e governamentais, tem que ser antes e sobretudo um partido indutor, organizador e dirigente de grandes manifestações populares.

Porque o caminho para a conquista do socialismo democrático é a radicalização da democracia e a democracia só se radicaliza quando a classe trabalhadora avança no controle do Estado, seja através da conquista de mandatos em governos e parlamentos pelos seus partidos, seja através da influência exercida sobre os eleitos com a realização de comícios, passeatas, greves e outras formas de manifestação legítimas da vontade coletiva.

Vejo agora as notícias e imagens do dia nacional de luta dos golpistas e elas mostram exatamente aquilo que venho dizendo aqui e em outras mensagens recentes que postei nas redes sociais. A guerra já estava declarada, a direita veio agora com tudo e não vai nos dar trégua, vai tentar derrubar o governo Dilma e, se possível até, cassar o registro do Partido dos Trabalhadores.

Petistas, acordem.

A unidade que precisamos não é na acomodação aos erros clamorosos que tem sido cometidos pelo PT e pelo governo Dilma e que permitiram que a situação chegasse até este ponto que chegou.

Os petistas precisam se unir para corrigir seus erros, que não são evidentemente, aqueles erros apontados pela oposição.

Nós erramos porque não vemos e não tratamos o PT como uma organização, ou seja, como uma unidade social deliberadamente constituída para atingir algum objetivo.

O PT é uma organização e toda organização, independentemente  dos fins a que destine, precisa de administração, ou seja, precisa de planejamento, organização, disciplina na ação e monitoramento do desempenho e dos resultados de cada ação para as devidas correções de planos ou da forma de executá-los.

Se continuarmos cometendo este erro, vamos ser dizimados.

Só com administração será possível transformar 1,5 milhão de petistas filiados dispersos numa unidade coletiva forte e coesa capaz de influenciar o processo político do país – influenciar, inclusive, o próprio governo e a bancada petista no parlamento –, deter o golpe e dar sustentação a Dilma para que ela lidere a continuidade do avanço da democracia e da justiça social no país.

O maior partido de esquerda do Brasil, que é o PT, tem que ser tão bem administrado quanto o maior partido de direita, que é a Globo. Porque se não for, vai ser derrotado por ela.

Não basta ter uma boa estratégia de luta, a estratégia correta. Para vencer o inimigo é preciso ser capaz de fazer o melhor uso possível dos próprios recursos na implementação dessa estratégia.

E é este, exatamente, o maior problema do PT. Não administrar corretamente os seus recursos.

Há quem diga que o problema real é a estratégia errada.

Pois eu digo que estratégia nenhuma pode ser bem sucedida se não houver emprego correto dos recursos do partido.

Se a cadeia de comando formada pelos diretórios não funcionar e se a base partidária não estiver organizada, vai acontecer sempre o que aconteceu em 2013. O presidente do PT convocou uma Onda Vermelha e o partido não conseguiu fazer mais que uma marola.

Força política, companheiras e companheiros, é algo que não resulta apenas da quantidade de apoios que se tem. É algo que depende, sobretudo, da organização e da mobilização destes apoios.

A direita golpista se organizou e está conseguindo, neste dia 15 de março, mostrar uma notável capacidade de mobilização dos seus apoios. E o oligopólio da mídia, liderado pelas Organizações Globo, está tendo um papel fundamental na realização destes protestos.

Contra o poder de organização e mobilização do oligopólio da mídia, nenhuma outra força poderá se contrapor senão a do poder de organização e mobilização de um partido de massas.

O PT precisa ser para a esquerda aquilo que a Globo tem sido para a direita: um partido indutor, organizador e dirigente de grandes manifestações de rua.

E se a Globo tem o rádio e a TV como mídias, a mídia principal do PT só pode e deve ser a internet.

Repito, para encerrar, o texto que postei no Facebook no dia 11 de março, em que dizia:

“SE HOUVESSE UM GOLPE HOJE, não haveria reação capaz de detê-lo, porque a esquerda e as massas estão, como em 64, inteiramente desorganizadas.

Jango tinha 70% de aprovação ao seu governo quando foi deposto, muito mais do que tem Dilma hoje.

O povo não queria o golpe, mas não teve força para evitá-lo porque faltava organização que permitisse a implementação de qualquer ação coletiva realmente significativa de resistência.

A esquerda brasileira não aprendeu com seus erros do passado e, graças a isto, caminha a passos largos para mais uma derrota histórica.

Ou o golpe virá ou Dilma sangrará junto com o PT até 2018.

A não ser, é claro, que a direção do PT e sua vanguarda acordem já para a necessidade da organização e da disciplina partidária como condições para que o PT possa assumir definitivamente o papel fundamental de indutor, organizador e dirigente das mobilizações populares contra o avanço dos golpistas. Porque se esta consciência continuar nos faltando como agora, a derrota será praticamente inevitável, como foi inevitável em 64.

Sem comando, organização e disciplina, o PT não conseguirá resistir ao golpe.”


Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

15/03/2015

quarta-feira, 11 de março de 2015

Se houvesse um golpe hoje.

Se houvesse um golpe hoje, não haveria reação capaz de detê-lo, porque a esquerda e as massas estão, como em 64, inteiramente desorganizadas.

Jango tinha 70% de aprovação ao seu governo quando foi deposto, muito mais do que tem Dilma hoje.

O povo não queria o golpe, mas não teve força para evitá-lo porque faltava organização que permitisse a implementação de qualquer ação coletiva realmente significativa de resistência.

A esquerda brasileira não aprendeu com seus erros do passado e, graças a isto, caminha a passos largos para mais uma derrota histórica.

Ou o golpe virá ou Dilma sangrará junto com o PT até 2018.

A não ser, é claro, que a direção do PT e sua vanguarda acordem já para a necessidade da organização e da disciplina partidária como condições para que o PT possa assumir definitivamente o papel fundamental de indutor, organizador e dirigente das mobilizações populares contra o avanço dos golpistas. Porque se esta consciência continuar nos faltando como agora, a derrota será praticamente inevitável, como foi inevitável em 64.

terça-feira, 10 de março de 2015

Sem dirigentes disciplinados, não há organização partidária.

Tenho dito que a força de um partido está na organização e disciplina dos seus membros e no funcionamento pleno e regular de sua cadeia de comando. Pois, nada disso existe hoje no PT.

A cadeia de comando do partido não funciona e a desorganização e indisciplina imperam da cúpula à base partidária.

O partido está frouxo, do ponto de vista disciplinar e cabe às suas instâncias superiores estabelecer a disciplina, usando os instrumentos que o Estatuto prevê, para que os diretórios de todos os níveis, mas muito especialmente aqueles que constituem o último elo da cadeia de comando do partido em cada região, passem a cumprir realmente suas atribuições, garantindo o funcionamento da democracia interna e o poder de ação do partido em suas jurisdições.

Os dirigentes do PT estão relaxados em relação ao cumprimento dos seus deveres, porque não sofrem nenhuma cobrança, nem de suas bases, nem de seus pares e nem de suas instâncias superiores.

E como os dirigentes não cumprem seus deveres, os diretórios que os têm à frente não funcionam, o que tem comprometido gravemente o funcionamento da democracia partidária e anulado quase que inteiramente o poder de ação do partido na sociedade.

O PT é hoje um gigante obeso e flácido. Tem tamanho, mas não tem força. Inchou, mas não ganhou musculatura. Cresceu em número de filiados, mas mantém estes filiados dispersos, não os dirige, porque não tem organização. E não tem organização, porque seus dirigentes não têm  tido a menor disciplina no exercício de suas funções políticas e administrativas.

Este quadro só mudará quando houver um rigor maior da direção nacional do PT na cobrança de disciplina aos membros dos diretórios de todos os níveis, mas particularmente daqueles que constituem o último elo da cadeia de comando do partido em cada região.

O PT só vai ser um partido forte se conseguir organizar a sua base de filiados. E só será possível organizar a sua base de filiados se conseguir fazer funcionar adequadamente os seus diretórios zonais e municipais. Impor disciplina aos membros destas instâncias é algo, portanto, imprescindível para que o PT transforme o seu volume de filiados em força política real e atuante, capaz de influenciar o processo político do país.

Mais de 1,5 milhão de filiados tem sido mantidos pela direção do PT como meros espectadores do processo político, como uma reserva militante ociosa, embora ardentemente desejosa de mais participação. Temos, portanto, soldados de sobra para enfrentar e vencer qualquer guerra. O que falta ao PT é disciplinar os seus comandantes, para que eles façam o que lhes compete fazer.

Silvio Melgarejo

10/03/2015

O estatuto do PT e a disciplina dos dirigentes.