Sobre a imagem acima, que tem sido por oposicionistas no Facebook, digo o seguinte:
A Globo é um partido político e Sardenberg é um militante.
É a declaração de um militante de partido político de direita e não de um jornalista de economia que passo a comentar nas próximas linhas.
Em primeiro lugar, é falsa a afirmação de que a pobreza tem sido combatida, pelos governos petistas, apenas através da transferência direta de renda, por meio de programas como o Bolsa Família e o Brasil Carinhoso. Como também é falsa a afirmação seguinte de que "a economia não consegue gerar emprego e renda para essa gente".
A verdade que a Globo tenta esconder, é que, só o governo Lula, em seus dois mandatos, gerou 15 milhões de empregos formais, contra apenas 5 milhões gerados nos dois governos de FHC. Já Dilma, em seu primeiro ano de governo, e em plena crise econômica mundial, gerou mais de 1 milhão e 300 mil empregos com carteira assinada.
Quer falar de renda, Sardenberg? Será que você desconhece que, em apenas uma década de governos petistas, o salário mínimo teve uma elevação de seu poder de compra da ordem de 70%?
Será que desconhece, além disso, que com as baixíssimas taxas de desemprego que temos tido no Brasil, a demanda por mão de obra tem sido, frequentemente, maior que a disponibilidade ociosa, e que, graças a isso, os salários, há anos e em quase todas as categorias, têm tido ganhos reais, acima da inflação?
É bom que sempre se destaque, que este cenário altamente positivo, que Sardenberg finge não ver, tem se mantido a despeito da crise gravíssima que tem destruído as economias de vários países, com repercussões sociais que vão desde o desemprego e a redução de salários, até à perda de direitos historicamente consagrados. Nada disso se verifica por aqui.
Como se vê, Sardenberg e seus patrões da Globo, fundamentam suas teses em informações cuja natureza falaciosa facilmente se demonstra. Eles contam com a desinformação das pessoas para disseminar mentiras e induzi-las a conclusões que os fatos reais, vividos pelas pessoas e mensurados pelos pesquisadores, negam-se a respaldar.
Para encerrar, quero comentar a última frase do discurso de Sardenberg, citado na imagem de abertura desse tópico:
"O fim da pobreza depende de dois outros fatores: crianças e jovens nas escolas e qualidade do ensino".
Mais uma falácia do “sábio” Sardenberg.
Em primeiro lugar, crianças e jovens famintos não aprendem nada. Se suas famílias não tiverem uma renda que lhes assegure a alimentação, a qualidade do ensino nas escolas não poderá beneficiá-los.
Em segundo lugar, pobreza é ausência ou carência de riqueza. A única maneira de combatê-la é transferir riqueza. Quando possível, essa transferência deve ser feita sob a forma de salário. Quando não, tem que ser feita sob a forma de benefício estatal. Trata-se, neste caso, de uma ação de emergência, semelhante à transfusão de sangue que se faz para salvar e manter a vida de uma pessoa vitimada por hemorragia.
Pois é isso, mesmo, o que o governo do PT tem feito. Tem transferido renda para os mais pobres através da geração continuada de empregos formais, de aumentos seguidos de salários e de benefícios emergenciais diretos, concedidos através de programas como o Bolsa Família e o Brasil Carinhoso.
A classe media de direita, caracterizada por patológico egoísmo e insensibilidade social, despreza os indiscutíveis avanços que tem sido feitos na última década. Luta, ao contrário, para que haja um retrocesso. Seu mundo ideal é o do “cada-um-por-si-e-o-Estado-pela-classe-media”. Ser burguês é o sonho dessa gente mesquinha, incapaz de perceber a dor do próximo, muito menos de se regozijar quando essa dor encontra alívio. Abominam a igualdade, enquanto sonham intimamente com injustificados e injustos privilégios.
Essa “raça de víboras” nunca deixará de resistir a qualquer esforço que se faça visando à redução das desigualdades sociais no país. Mas será derrotada, como em 2002, 2006 e 2010, nas urnas e nas ruas, pelo próprio povo brasileiro, que, em sua imensa maioria, é constituído por gente justa, generosa e solidária, que reconhece e aprova os esforços e os resultados que tem sido apresentados à sociedade pelo governo do Partido dos Trabalhadores.
"O importante agora é derrotar o Haddad porque ele é incompetente e porque sua vitória fortalece o Lula e a turma do mensalão". "O Haddad é incompetente. É só ver o estrago que foi esse Enem". "Acho péssimo ele estar na frente. Imagina o Lula se ele vencer." "O Serra tem seus problemas. Tem um gênio difícil, é meio direitoso, mas é um homem competente."
(Resposta ao comentário de minha irmã, Glória Melgarejo, a respeito de um vídeo postado no Facebook. Reproduzo o comentário e o vídeo logo abaixo do meu texto)
1) Você pode até encontrar quem não seja de classe media, mas a classe media é, sim, majoritária.
2) A Baixada também tem uma pequena-burguesia, uma classe media, quem disse que não?
3) Não disse que aprovo o modo como agiu a polícia. Disse que a polícia agiu como sabe agir, como sempre agiu. É passível de críticas. Mas quem há de dizer que, à ação errada, preferiria a omissão da polícia?
4) Num Estado burguês, precariamente adaptado à democracia, como é o nosso, a polícia é guardiã do patrimônio, mais que dos direitos humanos. Prá mim, não houve desrespeito aos direitos humanos, neste caso. Mas ela de fato foi acionada com o objetivo de proteger o patrimônio público e privado que estava sendo alvo de vandalismo.
5) Todo movimento social pacífico está sujeito a infiltração de provocadores e de grupos predispostos à violência e à desordem. Se o movimento não for capaz de exercer sua própria ação policial interna, inibindo ou rechaçando os invasores, será, fatalmente, alvo da ação policial do Estado, que reprimirá violentamente a todos os manifestantes indistintamente. O movimento, portanto, que chama a massa prá rua e não trata de sua própria segurança interna, paga sempre um preço alto por esta sua negligência ou incompetência. Pacíficos, na luta social, também têm que saber usar a força prá se defender.
6) As recentes manifestações estiveram apinhadas de extremistas de esquerda e direita, pitboys de classe media e setores populares marginais. Uns acham que destruir patrimônio alheio é ato revolucionário. Outros têm a violência como filosofia de vida. Há os que extravasam a revolta que têm contra a vida, os que gostam de sentir a adrenalina. E há os oportunistas, que vão preparados pro saque. A Globo diz que é uma minoria. Mas a verdade é que não são poucos. A própria Globo tem mostrado imagens de bandos de centenas em movimento, enfrentando as polícias e destruindo as cidades. Poucos não teriam o poder de fazer tanto estrago e dar tanto trabalho a tantos policiais.
7) Pois aqui no Rio estes extremistas e bandidos misturaram-se à multidão, fazendo dela uma trincheira, de onde desferiam ataques, e um esconderijo, onde se refugiavam da repressão. Se a massa os expelisse, seria, provavelmente, poupada do ataque policial. Como não o fez, sofreu a repressão. De fato, não havia como conter ou prender os manifestantes violentos, sem atingir os pacíficos, já que aqueles abrigavam-se entre estes.
8 ) Eu não estava lá, é verdade. Mas vi uma porção de vídeos que estão rolando na internet. Uma multidão caminhou pela Presidente Vargas até o prédio da prefeitura e lá fazia um ato. O vídeo que vi, pega os manifestantes de costas e a uma certa distância. De modo que não dá prá ver o que houve lá na frente. A agressividade de setores do movimento já tinha se mostrado na Assembléia Legislativa, portanto, não duvido que tenha havido provocações e agressões aos policiais, e até ameaças de invasão do prédio. De repente, começa uma chuva de bombas e a correria. A partir de então começa um confronto entre policiais e manifestantes. Chega a cavalaria e forma uma linha, junto com o choque, prá empurrar a multidão na direção da Candelária. Acho que foi essa sucessão dos fatos, pelo que vi nos vídeos.
9) A autoridade policial se baseia na lei e na prerrogativa do uso da violência para fazer cumprir a lei. A lei estava sendo descumprida não por meia dúzia de infiltrados, mas por uma multidão abrigada dentro de uma multidão maior. Com todas as suas imensas e conhecidas limitações, a polícia carioca agiu com a máxima firmeza, para impor a própria autoridade - que vinha sendo afrontada - e restabelecer a ordem, como manda a lei. Cometeram excessos e até, possivelmente, ilegalidades, pelas quais policiais e o próprio Estado terão que responder, criminal e politicamente. Mas cumpriram a missão de botar um ponto final na bagunça em que se transformou a manifestação. Não era uma situação fácil prá polícia.
10) A repressão foi até a Praça Paris. Vi um vídeo com cenas de lá. Aparentemente a Secretaria de Segurança estabeleceu um perímetro em torno do Centro, e mandou a tropa limpar a área. Teria sido uma espécie de toque de recolher. Morador do Centro, posto prá dentro de casa; visitantes, expulsos do bairro. O Centro foi isolado.
11) A prefeitura informou que 62 feridos deram entrada no Souza Aguiar, nenhum em estado grave. Só três precisaram ficar internados. Destes 62, 8 eram guardas municipais. Isso reforça minha avaliação de que a ação policial foi mais barulhenta do que violenta. 62 feridos, numa manifestação de centenas de milhares, é muito pouco, não dá prá se considerar um massacre, uma chacina. Se você considerar que o número de policiais era infinitamente menor do que o de manifestantes, e que o número de manifestantes violentos poderia ser equivalente ao número de policiais que eles hostilizavam, acho que 62 feridos, sem gravidade, é um balanço até positivo prá polícia. Não morrer ninguém, num confronto violento como aquele, envolvendo tanta gente, é, prá mim, um milagre.
12) Tenho, por hábito, me botar no lugar dos outros, prá julgar sua conduta. Eu sei o que sente uma vítima da repressão policial a um movimento social, porque tenho a experiência de atuar no movimento social. Sentem mais os mais sensíveis, e os mais sensíveis são os menos habituados a conviver com situações de elevado stress, como são estas que se vê nos vídeos. Lamento pelas vítimas, mas tenho certeza de que a maioria saiu fisicamente ilesa. Foi mais um susto, o que sofreram. Aqueles policiais não saíram, certamente, às ruas com ordens prá matar ou machucar ninguém. Foram para espantar pessoas e dispersar uma multidão sem organização e sem comando, que estava servindo de esconderijo e de trincheira prá centenas bandidos.
13) Me coloco no lugar dos policiais. Sei que, também entre eles, os bandidos são minoria. Tento me imaginar no lugar de um policial do bem, um operário da segurança pública, que recebe a missão de ir prá rua controlar uma multidão em fúria. Não é uma tarefa fácil. Polícia também deve ter medo. E controlar o medo é muito difícil quando se está sob ameaça. O descontrole de um policial armado, despreparado e apavorado, já deu ensejo a um sem número de tragédias. Aqui, os nossos policiais são mesmo despreparados e não são treinados numa cultura de respeito aos direitos humanos. E, ainda assim, mesmo durante os confrontos mais violentos, eu não vi, francamente, nenhum descontrole. Usaram, a meu ver, a força, com método e consciência. Dada a dimensão monumental dos eventos e a quantidade de participantes agressivos atuando dentro deles, acho que nem a melhor polícia do mundo teria tido uma atuação muito melhor do que a nossa.
14) A lição que deve ficar para os debutantes da cidadania é a seguinte. Movimento social não é pic-nic, não é brincadeira; é luta. Não basta encher a rua de gente, tem que organizar e dirigir a massa; senão dá a merda que deu. Organizar muita gente é difícil e dá trabalho prá cacete. Que o digam os diretores de harmonia das escolas de samba. O Facebook é bom prá convocar, mas não ajuda a organizar nada. Sem organização, a multidão não tem controle; e multidão descontrolada é risco certo de tragédia. Felizmente aqui no Rio não houve nenhuma tragédia, sobrevivemos todos ao terremoto. Aí eu te pergunto. Graças a Deus, ao acaso ou à polícia?
***
O comentário de minha irmã, Glória, e o vídeo que ela compartilhou sobre o protesto do dia 20.
"Este vídeo é bem esclarecedor sobre o que ocorreu em 20 de junho de 2013 no Rio de Janeiro. Tem cerca de 21 minutos de duração, mas vale a pena “perder” um tempinho para assisti-lo. Perguntas ficam no ar. São muitas, mas exponho aqui algumas que me vêm de pronto. São elas: 1) Um (eu disse um!) indivíduo começa a incitar a PM. Os manifestantes gritam, apoiando seu afastamento. Por que a polícia simplesmente não prendeu o sujeito e, em vez disso, optou por atacar todos os presentes indiscriminadamente? 2) Por que os ataques policiais continuaram, quando as pessoas sentaram-se no chão e pediram que a violência parasse? 3) Por que apagar as luzes da Presidente Vargas? Isso é proteger a população? Quem quer agir corretamente não prefere fazê-lo às claras? Bom, segundo um dos manifestantes que aparecem no vídeo, a resposta é simples: “Eles apagaram as luzes porque querem ocultar tudo o que eles fazem.” 4) Cercar pessoas que só querem voltar para suas casas, impendido-as de exercer o seu tão lembrado ultimamente direito de ir e ir, é protegê-las? 5) Policiais sem identificação. Por quê? Isso está certo?"
Pesquisa Mensal de Emprego (PME) - Produz indicadores mensais sobre a força de trabalho que permitem avaliar as flutuações e a tendência, a médio e a longo prazos, do mercado de trabalho, nas suas áreas de abrangência, constituindo um indicativo ágil dos efeitos da conjuntura econômica sobre esse mercado, além de atender a outras necessidades importantes para o planejamento socioeconômico do País. Abrange informações referentes à condição de atividade, condição de ocupação, rendimento médio nominal e real, posição na ocupação, posse de carteira de trabalho assinada, entre outras, tendo como unidade de coleta os domicílios.
A pesquisa foi iniciada em 1980, sendo submetida a uma revisão completa em 1982 e duas parciais, de vulto, em 1988 e 1993, por meio das quais foram realizados ajustamentos restritos somente ao plano de amostragem. Em 2001, passou por um amplo processo de revisão metodológica visando não só à captação mais abrangente das características de trabalho e das formas de inserção da mão-de-obra no mercado produtivo, como também à atualização da cobertura temática da pesquisa e sua adequação às mais recentes recomendações da Organização Internacional do Trabalho – OIT.
As principais alterações metodológicas introduzidas nesta revisão referem-se à implementação de mudanças conceituais no tema trabalho; ampliação da investigação com vistas ao melhor conhecimento da população ocupada e da população à procura de trabalho, entendendo-se como tal a tomada de providências efetivas para consegui-lo, tais como: contato estabelecido com empregadores, prestação de concurso, inscrição em concurso, consulta a agência de emprego, sindicato ou órgão similar, entre outras; além de alterações nos instrumentos e nos procedimentos de coleta, ressaltando-se, neste caso, a introdução da coleta eletrônica, bem como alterações no processo de expansão da amostra. A revisão tornou possível o aprofundamento da investigação e a agregação de alguns aspectos adicionais, permitindo estudos acerca de temas específicos, que contemplam características demográficas, sociais e econômicas do mercado de trabalho.
Periodicidade: Mensal
Abrangência geográfica: Regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Em abril segundo a ata da 175ª reunião do Copom, do Banco Central, realizada no final de maio, o Brasil registrou a segunda menor taxa de desemprego desde 2002. Enquanto no resto do mundo o desemprego cresce, aqui cai e permanece em níveis que os economistas consideram como de Pleno Emprego.
O pleno emprego não significa o fim do desemprego, mas ocorre quando o nível de trabalhadores sem emprego se situa em uma faixa que os especialistas definem como friccional, ou seja, quando o trabalhador fica fora do mercado de trabalho por um curto período de tempo, entre 30 e 60 dias. É isso o que tem ocorrido no Brasil, diferentemente dos demais países.
Marina, uma querida ex-aluna de violão, compartilhou o vídeo abaixo, em que o senador Cristovam Buarque critica a repressão policial aos protestos que têm havido no país. Uma amiga dela, chamada Ana Paula Azzam, comentou dizendo do discurso do senador: "Extremamente coerente". Postei, então, o seguinte comentário:
"Oi, Marina. Peço a tua licença prá dar uma opinião sobre o discurso do Cristovam Buarque e sobre o comentário de sua amiga Ana Paula Azzam. Ana, me permita discordar. Coerente seria ele terminar o discurso dizendo que os governadores deveriam tirar a polícia das ruas e deixar a 'meninada' brincar à vontade. Se não estão fazendo nada demais, prá que polícia? Essa é a conclusão lógica. Bem, mas o que fizeram os 'meninos' do Cristovam? Pouca coisa, no entender do senador. Só criaram um 'pequeno' clima de guerra, de convulsão social. na cidade. Depredaram, queimaram, picharam e roubaram patrimônio público e privado. Tentaram invadir prédios públicos, destruíram lojas, bares, restaurantes, agências bancárias, cabines da PM, postes, placas de sinalização, tocaram o terror, mas foi só um 'terrorzinho', nada de tão apavorante. (essa gente é exagerada, né?) Para o senador Cristovam, nada disso é violência. Mudaria de ideia, estou certo, se a barbárie chegasse ao seu bairro e batesse à sua porta. Valeu, Ana Paula. Um beijo, Marina."
Por Silvio Melgarejo, em 21/6/2013 - Os caras ontem tavam dando porrada em quem tava de vermelho, e rasgando e quebrando faixas e bandeiras do PT. Sentar diante dos vândalos e esperar a polícia, como se têm sugerido aos "verdadeiros manifestantes", é ridículo. Por que não dão porrada nos vândalos, como fizeram com os petistas? Será que a valentia é seletiva? Prá mim tá na cara que os leões-de-chácara dessas passeatas são intolerantes com a presença do PT - e de qualquer outro partido de esquerda - e tolerantes com os vândalos. É isso. Esse movimento é um movimento de uma classe media de direita, que não tem compromisso nenhum com a democracia. Porque não existe democracia sem partidos, não existe democracia sem liberdade de expressão e não existe democracia sem debate público. Nada disso essa gente preza e quer. Um movimento que protesta contra tudo, que não propõe nada e que não tem interlocutores com quem os governos possam negociar, o que pretende? Derrubar os governos? E quem os substitui, caso sejam depostos? Suponho que não devam ser políticos, já que tanto os odeiam, os novos "caras pintadas". Uma junta militar, quem sabe. Ou o STF, comandado pelo carrasco dos mensaleiros, Joaquim Barbosa. Não se iludam com a aparência alegre e juvenil da maioria dos participantes desses atos. Politicamente eles são a base social do fascismo emergente no país. Também as distintas senhoras da Marcha da Família Com Deus, Pela Liberdade, pareciam inofensivas. E no entanto são até hoje um símbolo do respaldo civil que foi dado ao golpe de 64. Não são inofensivos os jovens intolerantes que abominam as regras e os ritos da democracia. Não se iludam com a exaltação do patriotismo. Todo ditador fascista chora ao cantar o hino, com a mão no peito, diante da bandeira nacional. A exaltação do patriotismo é um ardil dos tiranos prá convencer as massas de que não há classes, de que não há ideologias, de que não há interesses conflitantes, de que estão todos no mesmo barco e do mesmo lado, exatamente prá que não haja conflito que dê ensejo à mudança da ordem. Lembram, os mais velhos, do "Brasil, ame-o ou deixe-o"? Lembram como eram patriotas os presidentes milicos? Atribui-se a Mussolini a seguinte frase:
"A existência de partidos fraciona a nação, e a política é o reino da divisão do povo".
Já em artigo publicado no site Correio da Cidadania, intitulado "Mussolini, o oportunista violento", Osvaldo Coggiola, historiador, economista e professor da Universidade de São Paulo, afirma:
"O fascismo cresceu apresentando-se como um 'anti-partido', usando as suas milícias de squadristi, chamadas de camicie nere (camisas negras) para instigar o terror e combater abertamente os socialistas, (...)".
E não é isso o que estamos vendo? Um anti-partido surgindo das ruas, que instiga o terror e combate abertamente os socialistas? Ontem em São Paulo, os que espancaram os militantes petistas e rasgaram e quebraram suas bandeiras, carregavam um faixa que dizia: "Meu partido é o meu país". Será tão difícil perceber que esse movimento tem uma correspondência perfeita com a definição do fascismo? A mim, isso agora parece mais do que claro.
(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web em 21 de junho de 2013, com os números 13235 e 13273)
Os caras ontem tavam dando porrada em quem tava de vermelho, e rasgando e quebrando faixas e bandeiras do PT. Sentar diante dos vândalos e esperar a polícia, como se têm sugerido aos "verdadeiros manifestantes", é ridículo. Por que não dão porrada nos vândalos, como fizeram com os petistas? Será que a valentia é seletiva? Prá mim tá na cara que os leões-de-chácara dessas passeatas são intolerantes com a presença do PT - e de qualquer outro partido de esquerda - e tolerantes com os vândalos. É isso.
Esse movimento é um movimento de uma classe media de direita, que não tem compromisso nenhum com a democracia. Porque não existe democracia sem partidos, não existe democracia sem liberdade de expressão e não existe democracia sem debate público. Nada disso essa gente preza e quer.
Um movimento que protesta contra tudo, que não propõe nada e que não tem interlocutores com quem os governos possam negociar, o que pretende? Derrubar os governos? E quem os substitui, caso sejam depostos? Suponho que não devam ser políticos, já que tanto os odeiam, os novos "caras pintadas". Uma junta militar, quem sabe. Ou o STF, comandado pelo carrasco dos mensaleiros, Joaquim Barbosa.
Não se iludam com a aparência alegre e juvenil da maioria dos participantes desses atos. Politicamente eles são a base social do fascismo emergente no país. Também as distintas senhoras da Marcha da Família Com Deus, Pela Liberdade, pareciam inofensivas, não é mesmo? E no entanto são até hoje um símbolo do respaldo civil que foi dado ao golpe de 64. Não são inofensivos os jovens intolerantes que abominam as regras e os ritos da democracia.
Não se iludam com a exaltação do patriotismo. Todo ditador fascista chora ao cantar o hino, com a mão no peito, diante da bandeira nacional. A exaltação do patriotismo é um ardil dos tiranos prá convencer as massas de que não há classes, de que não há ideologias, de que não há interesses conflitantes, de que estão todos no mesmo barco e do mesmo lado, exatamente prá que não haja conflito que dê ensejo à mudança da ordem. Lembram, os mais velhos, do "Brasil, ame-o ou deixe-o"? Lembram como eram patriotas os presidentes milicos?
Atribui-se a Mussolini a seguinte frase:
"A existência de partidos fraciona a nação, e a política é o reino da divisão do povo".
Já em artigo publicado no site Correio da Cidadania, intitulado "Mussolini, o oportunista violento", Osvaldo Coggiola, historiador, economista e professor da Universidade de São Paulo, afirma:
"O fascismo cresceu apresentando-se como um 'anti-partido', usando as suas milícias de squadristi, chamadas de camicie nere (camisas negras) para instigar o terror e combater abertamente os socialistas, (...)".
E não é isso o que estamos vendo? Um anti-partido surgindo das ruas, que instiga o terror e combate abertamente os socialistas?
Ontem em São Paulo, os que espancaram os militantes petistas e rasgaram e quebraram suas bandeiras, carregavam um faixa que dizia: "Meu partido é o meu país". Será tão difícil perceber que esse movimento tem uma correspondência perfeita com a definição do fascismo? A mim, isso agora parece mais do que claro.
Por Silvio Melgarejo - Ninguém neste país pode, honestamente, afirmar que previa os
protestos da última semana, na dimensão em que ocorreram. Nem os que o
convocaram através da internet tinham ideia do tamanho da adesão que haveria. Muito
menos os partidos da esquerda oposicionista, PSOL e PSTU. Os observadores mais
experientes e atentos da política e dos movimentos sociais foram igualmente
pegos de surpresa. O país está perplexo diante de um fenômeno novo que desafia
partidos, parlamentos e governos a interpretá-lo e a dar-lhe respostas. Três
dias após o ápice dos protestos, que a essa altura já acumulam vitórias
importantes, algumas observações podem ser feitas com relativa segurança.
Em primeiro lugar, a de que trata-se de um movimento de
caráter nacional, pacífico e apartidário, composto majoritariamente por jovens
de classe media e caracterizado pela ausência de pauta e direção unificadas,
mesmo em suas expressões locais.
A segunda observação que pode ser feita é sobre a evolução do
movimento. E é aí que, talvez, se possa explicar a proporção que ele tomou. As
manifestações começam como expressão de uma demanda local contra o aumento das
tarifas de ônibus, em São Paulo, e se expandem para todo o país, depois da
violenta repressão policial, numa onda nacional e incontrolável de solidariedade
aos manifestantes paulistas.
A liberdade de expressão e o direito cidadão de protestar em
via pública foram alvos de bombas e tiros de balas de borracha, produzindo
imagens que chocaram e revoltaram, pela brutalidade e pela gratuidade dos
ataques. Aos olhos da juventude brasileira, a democracia, em São Paulo, sofrera
uma grave e covarde agressão. Era preciso reagir para defendê-la. E a reação
não tardou. Veio, com a força de todas as revoltas represadas, à feição de um
tsunami súbito e devastador, para afrontar polícias violentas e ocupar e
garantir o espaço da cidadania.
Foi a violência do Estado, portanto, a meu ver, o fermento das
manifestações desse conturbado junho. A polícia bateu e a massa cresceu, porque
os ingredientes do bolo da insatisfação, em verdade, também já estavam lá, não
poderiam deixar de estar. Porque, se muito foi feito, e muito se avançou na última
década, muito ainda resta a fazer, ninguém o nega. O impulso inicial de
solidariedade às vítimas da repressão, acabou dando vazão à expressão de um conjunto
de anseios populares que as instituições tradicionais da política não tiveram
sensibilidade para escutar, entender e atender. Rompendo a inércia de décadas
de paralisia, a juventude se mobilizou, tomou as ruas e se fez notar.
Na segunda, 17 de junho, o país ouviu um coro gigantesco de
vozes que, certamente, não gritavam e cantavam em uníssono. Mas o feixe de
notas entoadas resultava, indiscutivelmente, num acorde, cuja fundamental era a
antiga e bem conhecida demanda por mais e melhores serviços públicos, uma
demanda nunca antes expressada com tamanha intensidade. O que se viu foi, acima
de tudo, um ato de desobediência civil frente a um Estado autoritário, que
ainda não se adaptou completamente à democracia. Ou, como alguém já disse, um vigoroso
protesto pelo direito de protestar.
A questão de fundo, colocada pelos protestos, portanto, não
é a pauta, em si, dos problemas mencionados nas palavras de ordem, e sim a
demanda não declarada por mais democracia, num contexto de crise de
representatividade das instituições políticas. O alto grau de desconfiança e
rejeição a todos os partidos decorre da percepção, alimentada pela mídia, de
que são todos máfias que, ou se locupletam para saquear o erário, ou disputam
cargos na administração pública com este mesmo fim.
Sem reconhecer representantes confiáveis no interior das
instituições do Estado, a classe media jovem invadiu as ruas e praças para dali
dirigir sua mensagem diretamente aos governos e parlamentos de todo o país. Quer
transporte, saúde, educação e segurança gratuitos e de qualidade, para todos os
brasileiros. A novidade não é essa pauta, nem a forma como ela tem sido
vocalizada, mas o meio pelo qual as manifestações foram convocadas – pela
internet – e a ausência de uma organização capaz de dar direção e consequência
ao movimento.
O pequeno e frágil MPL (Movimento Passe Livre) foi engolido
pelo gigantismo das ações desencadeadas, ações cuja condução passou a ser
disputada pela direita, com sua conhecida pauta da criminalização do PT e do
impeachment de Dilma. O MPL, manteve-se fiel à sua pauta original, mas não pode
evitar que ela fosse diluída na pauta difusa das ruas, reforçada pela poderosa
mídia golpista.
A força das recentes mobilizações não se traduzirá em
conquistas maiores do que a revogação do aumento das tarifas de transportes,
simplesmente porque esta foi a única reivindicação objetiva apresentada aos
governos, a única que tinha interlocutores para negociar com as autoridades, a
única que tinha possibilidade de obter uma resposta imediata. Tudo mais foi
desabafo coletivo, protesto sem proposta concreta, negação de tudo e
demonstração de força para a afirmação de nada.
Sem direcionamento, a energia da revolta, por maior que
seja, se dissipa, se esgota, e não produz resultados compatíveis com o seu potencial
transformador. As passagens baixaram. Mas aquela multidão poderia e ainda pode
obter muito mais. Há nas ruas um exército disposto a lutar. O problema é que
ainda está sem comando.
A rebelião da juventude sacudiu o país e deixou já uma lição
para todos. Se não houver unidade de ação das esquerdas no movimento de massas,
a direita ocupa o espaço, impõe a sua pauta e assume a direção. O PT sabe disso
e o PCO emitiu nota ontem expressando esse mesmo entendimento. Espera-se que
PSOL e PSTU vençam o sectarismo e colaborem na construção de uma direção
unificada das esquerdas para a condução das grandes mobilizações deste que
aparenta ser o início de um novo período de ascenso do movimento de massas do
país.
Quero terminar dizendo algumas palavras sobre o MPL. A luta
contra o aumento das passagens projetou nacionalmente o Movimento Passe Livre,
sua causa e suas lideranças. Politicamente, são eles os maiores vitoriosos
dessa empreitada. Não só pela conquista da revogação dos aumentos das passagens,
mas, sobretudo, por terem conseguido elevar os temas do transporte público e da
mobilidade urbana, aos quais a anos se dedicam, para o topo da pauta da
cidadania – ao lado de saúde, educação e segurança –, bem como pela enorme
publicidade dada à sua luta pelo transporte público gratuito. A “tarifa zero”
entrou definitivamente na pauta do debate público. Essa foi a grande vitória
dos meninos.
(Comentário publicado na página do Facebook de uma ex-companheira do PT)
Por que a surpresa, Geisy? A polícia sempre agiu assim com os pobres. Quando atinge a classe media...
Criaram um clima de guerra, de convulsão social. na cidade. Depredaram, queimaram, picharam e roubaram patrimônio público e privado. Tentaram invadir prédios públicos, destruíram lojas, agências bancárias, cabines da PM, postes, placas de sinalização, tocaram o terror.
Em qualquer lugar do mundo civilizado a polícia agiria da forma como a nossa agiu. A polícia é sempre mais truculenta em situações críticas do que em situações ordinárias. E, nesses dias, houve vários momentos críticos, em que a polícia foi chamada, pela própria classe media, a restabelecer a ordem perturbada.
Considerando os problemas que tem a nossa polícia, que todos bem conhecemos, é até uma surpresa, isto sim, que não ela tenha agido de modo pior. É possível haver algo pior do que o exibido em vídeos como este postado por você? Sim, é possível. Um clima como o que foi criado ontem, associado ao despreparo de policiais, já deu ensejo a eventos trágicos, como o massacre do Eldorado de Carajás.
Aqui o que se fez foram ações de dispersão. No meu tempo, não havia gás de pimenta nem bala de borracha, mas tinha gás lacrimogênio e bomba de efeito moral. Usava-se mais o cacetete do que tenho visto. Tudo isso incomoda e machuca. Quem não tá acostumado se assusta. E a maioria de nós não esta acostumada, mesmo, com isso, e nem poderia estar. Afinal, não é todo dia que o Rio tem convulsão social. Uma menina palestina tiraria isso aqui de letra e 'inda daria risada.
Não dava prá esperar nada melhor do que vimos, da polícia. Pior, sim, e, felizmente, não aconteceu.
(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web em 20 de junho de 2013 com os números 13219 e 13220)
Rio, 20 de junho de 2013.
Prezad@s Companheir@s.
Ninguém neste país pode, honestamente, afirmar que previa os protestos da última semana, na dimensão em que ocorreram. Nem os que o convocaram através da internet tinham ideia do tamanho da adesão que haveria. Muito menos os partidos da esquerda oposicionista, PSOL e PSTU. Os observadores mais experientes e atentos da política e dos movimentos sociais foram igualmente pegos de surpresa. O país está perplexo diante de um fenômeno novo que desafia partidos, parlamentos e governos a interpretá-lo e a dar-lhe respostas. Três dias após o ápice dos protestos, que a essa altura já acumulam vitórias importantes, algumas observações podem ser feitas com relativa segurança.
Em primeiro lugar, a de que trata-se de um movimento de caráter nacional, pacífico e apartidário, composto majoritariamente por jovens de classe media e caracterizado pela ausência de pauta e direção unificadas, mesmo em suas expressões locais.
A segunda observação que pode ser feita é sobre a evolução do movimento. E é aí que, talvez, se possa explicar a proporção que ele tomou. As manifestações começam como expressão de uma demanda local contra o aumento das tarifas de ônibus, em São Paulo, e se expandem para todo o país, depois da violenta repressão policial, numa onda nacional e incontrolável de solidariedade aos manifestantes paulistas.
A liberdade de expressão e o direito cidadão de protestar em via pública foram alvos de bombas e tiros de balas de borracha, produzindo imagens que chocaram e revoltaram, pela brutalidade e pela gratuidade dos ataques. Aos olhos da juventude brasileira, a democracia, em São Paulo, sofrera uma grave e covarde agressão. Era preciso reagir para defendê-la. E a reação não tardou. Veio, com a força de todas as revoltas represadas, à feição de um tsunami súbito e devastador, para afrontar polícias violentas e ocupar e garantir o espaço da cidadania.
Foi a violência do Estado, portanto, a meu ver, o fermento das manifestações desse conturbado junho. A polícia bateu e a massa cresceu, porque os ingredientes do bolo da insatisfação, em verdade, também já estavam lá, não poderiam deixar de estar. Porque, se muito foi feito, e muito se avançou na última década, muito ainda resta a fazer, ninguém o nega. O impulso inicial de solidariedade às vítimas da repressão, acabou dando vazão à expressão de um conjunto de anseios populares que as instituições tradicionais da política não tiveram sensibilidade para escutar, entender e atender. Rompendo a inércia de décadas de paralisia, a juventude se mobilizou, tomou as ruas e se fez notar.
Na segunda, 17 de junho, o país ouviu um coro gigantesco de vozes que, certamente, não gritavam e cantavam em uníssono. Mas o feixe de notas entoadas resultava, indiscutivelmente, num acorde, cuja fundamental era a antiga e bem conhecida demanda por mais e melhores serviços públicos, uma demanda nunca antes expressada com tamanha intensidade. O que se viu foi, acima de tudo, um ato de desobediência civil frente a um Estado autoritário, que ainda não se adaptou completamente à democracia. Ou, como alguém já disse, um vigoroso protesto pelo direito de protestar.
A questão de fundo, colocada pelos protestos, portanto, não é a pauta, em si, dos problemas mencionados nas palavras de ordem, e sim a demanda não declarada por mais democracia, num contexto de crise de representatividade das instituições políticas. O alto grau de desconfiança e rejeição a todos os partidos decorre da percepção, alimentada pela mídia, de que são todos máfias que, ou se locupletam para saquear o erário, ou disputam cargos na administração pública com este mesmo fim.
Sem reconhecer representantes confiáveis no interior das instituições do Estado, a classe media jovem invadiu as ruas e praças para dali dirigir sua mensagem diretamente aos governos e parlamentos de todo o país. Quer transporte, saúde, educação e segurança gratuitos e de qualidade, para todos os brasileiros. A novidade não é essa pauta, nem a forma como ela tem sido vocalizada, mas o meio pelo qual as manifestações foram convocadas – pela internet – e a ausência de uma organização capaz de dar direção e consequência ao movimento.
O pequeno e frágil MPL (Movimento Passe Livre) foi engolido pelo gigantismo das ações desencadeadas, ações cuja condução passou a ser disputada pela direita, com sua conhecida pauta da criminalização do PT e do impeachment de Dilma. O MPL, manteve-se fiel à sua pauta original, mas não pode evitar que ela fosse diluída na pauta difusa das ruas, reforçada pela poderosa mídia golpista.
A força das recentes mobilizações não se traduzirá em conquistas maiores do que a revogação do aumento das tarifas de transportes, simplesmente porque esta foi a única reivindicação objetiva apresentada aos governos, a única que tinha interlocutores para negociar com as autoridades, a única que tinha possibilidade de obter uma resposta imediata. Tudo mais foi desabafo coletivo, protesto sem proposta concreta, negação de tudo e demonstração de força para a afirmação de nada.
Sem direcionamento, a energia da revolta, por maior que seja, se dissipa, se esgota, e não produz resultados compatíveis com o seu potencial transformador. As passagens baixaram. Mas aquela multidão poderia e ainda pode obter muito mais. Há nas ruas um exército disposto a lutar. O problema é que ainda está sem comando.
A rebelião da juventude sacudiu o país e deixou já uma lição para todos. Se não houver unidade de ação das esquerdas no movimento de massas, a direita ocupa o espaço, impõe a sua pauta e assume a direção. O PT sabe disso e o PCO emitiu nota ontem expressando esse mesmo entendimento. Espera-se que PSOL e PSTU vençam o sectarismo e colaborem na construção de uma direção unificada das esquerdas para a condução das grandes mobilizações deste que aparenta ser o início de um novo período de ascenso do movimento de massas do país.
Quero terminar dizendo algumas palavras sobre o MPL. A luta contra o aumento das passagens projetou nacionalmente o Movimento Passe Livre, sua causa e suas lideranças. Politicamente, são eles os maiores vitoriosos dessa empreitada. Não só pela conquista da revogação dos aumentos das passagens, mas, sobretudo, por terem conseguido elevar os temas do transporte público e da mobilidade urbana, aos quais a anos se dedicam, para o topo da pauta da cidadania – ao lado de saúde, educação e segurança –, bem como pela enorme publicidade dada à sua luta pelo transporte público gratuito. A “tarifa zero” entrou definitivamente na pauta do debate público. Essa foi a grande vitória dos meninos.
De um total de 513 deputados federais, o PT tem 89 (17,3%). De um total de 81 senadores, o PT tem 12 (14,8%). É esta, apenas, a força que o PT tem no Congresso. E em política não se faz milagre.
Para conseguir a diminuição da pobreza, da desigualdade social e étnica no país - o que não é pouca coisa -, o PT teve que fazer alianças e concessões. Não abandonou bandeira nenhuma, ao contrário do que alguns dizem, isso é uma bobagem. Não faltou vontade, o que faltou foi força política no parlamento e na sociedade para transformar em realidade, no governo, aquelas suas bandeiras históricas de luta. A esquerda no país é minoria, a sociedade é majoritariamente conservadora, despolitizada e desorganizada. O que fazer?
"Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado", dizia Marx em seu 18 Brumário.
E Lenin, em seu "Esquerdismo: a doença infantil do comunismo", assevera: "O bolchevismo fez sua e continuou a luta contra o partido que mais fielmente representava as tendências do revolucionarismo pequeno-burguês (isto é, o partido dos 'socialistas revolucionários') em três pontos principais. Em primeiro lugar, esse partido, que repudiava o marxismo, obstinava-se em não querer compreender (talvez fosse mais justo dizer que não podia. compreender) a necessidade de levar em conta, com estrita objetividade, as forças de classe e suas relações mútuas antes de empreender qualquer ação política".
O PT não escolheu as condições em teria que fazer o seu governo. A correlação de forças lhe favorece para realizar algumas coisas, outras, não. O que o PT deveria fazer? Ignorar que é minoria e que não tem força para fazer tudo o que quer? Aonde isso nos levaria? Suponho que a uma derrota histórica da esquerda e a um dramático retrocesso em relação aos passos que se tem podido dar.
Aos padecentes do esquerdismo, a "doença infantil" descrita e combatida por Lenin, isso não importa. Vale para eles mais o prazer de um aventura inconsequente e a possível glória de um martírio inútil na derrota procurada, que a real melhoria das condições de vida das massas e o avanço da consciência dos trabalhadores quanto aos seus interesses de classe e quanto às formas de defendê-los.
As revoluções são produtos da história. E a história não é escrita apenas por partidos. O projeto de um partido socialista e democrático só pode se realizar efetivamente se corresponder ao desejo das massas.
Ímpeto e retórica revolucionária nunca fizeram revoluções. Os partidos não criam as condições para as revoluções. Eles apenas as reconhecem e aproveitam, ou não. Se há condições, dá-se o passo. Se não, espera-se mantendo o diálogo com as massas.
O importante é caminhar junto com a classe trabalhadora, no ritmo dos seus passos, um pouco à frente, mas sempre próximo. Ser vanguarda demais distancia alguns partidos de esquerda do povão que não os entende e não se identifica com eles. Descolam-se tanto que chega-se ao ponto de a vanguarda acabar sendo ouvida apenas pela própria vanguarda. É o caso do PSOL e do PSTU. Não é o caso do PT.