sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Debate sobre o post "Por eleição, o povo já teria abortado a ditadura". (II)

O debate sobre meu texto "Por eleição, o povo já teria abortado a ditadura", que fazia no Facebook em 16 de agosto com o companheiro Beto Mafra, continuou naquele dia e aqui o registro.

Disse o companheiro Beto Mafra:
Vamos concordar numa coisa. QUALQUER solução futura terá de ser forçosamente com ampla e irrestrita participação popular, sob o comando da presidenta Dilma, a ÚNICA com legitimidade suficiente para dar base a uma iniciativa. por isso, para não perder esse foco, tenho me recusado a qualquer conjetura a respeito do "pós golpe". Em um estado de normalidade constitucional tudo é possível. Portanto, FORA TEMER e VOLTA DILMA, para não corrermos o risco de outro golpe dentro do golpe. Abraço.
Eu lhe respondi:
Não é solução futura, Beto Mafra. Aliás, não seria, porque agora já perdeu viabilidade. A campanha pela antecipação da eleição seria uma mobilização por algo que aconteceria depois do desfecho do processo de impeachment, mas que teria influencia imediata sobre a evolução do próprio processo. E como se daria esta influencia? Através da ampla e intensa mobilização popular que esta proposta tem potencial para provocar, como demonstram as pesquisas.

"A ampla e irrestrita participação popular", que você cita, não é condição para a solução, é a própria solução. Só que o "Fora Temer, Volta Dilma" e o discurso sobre a legitimidade não convencem a maioria da classe trabalhadora e não a empolgam a participação nenhuma. Não é possível que você e os demais até hoje não tenham se dado conta disso. O golpe só chegou onde está porque a resistência democrática foi e tem sido fraca. E a resistência democrática foi e tem sido fraca porque a esquerda escolheu uma estratégia que não mobiliza a maioria do povo.

Em um estado de ANORMALIDADE constitucional, como o que teremos depois que o golpe se consumar, muito menos poderá ser feito pela esquerda do que tem sido possível até agora, Beto Mafra. O que nós não fizemos até agora, muito dificilmente teremos condições de fazer depois, quando estivermos sob uma ditadura.

Pense bem, companheiro. Por que você acha que Globo, Estadão, Folha, Temer, Jucá, Alckmin e agora Gilmar Mendes, são tão contrários à antecipação da eleição presidencial e até mesmo ao plebiscito sobre ela? Você não acha estranho defender a mesma posição que eles, embora por razões diversas? Não te passa pela cabeça que eles podem estar certos e você errado?

Um abraço.
Beto Mafra disse:
O que tenho visto é que, por falta de direção das esquerdas, no tocante às prioridades, estamos todos batendo cabeça sem chances de um mínimo de consenso. seria, sim, essa chamada feita pela liderança do governo, o que seria um cavalo de pau nas pretensões golpistas do vice e seus asseclas. Prometo refletir mais a fundo e mudar minha postura, se eu me convencer. O problema maior tem sido "combinar com os russos" e implementar uma bandeira que seja aglutinadora e eficaz para efeito de mobilização. Mas... acho que o tempo até para isso nós perdemos por falta de iniciativa. Já penso em como fazer oposição à canalha bandida que usurpou nosso estado de direito.
Eu respondi:
Eu também. Mas, com os "russos" a gente não tem que combinar nada, tem é que dar combate. A gente tem combinar é com a classe trabalhadora, isso é o que faltou e tem faltado nessa história toda, a esquerda combinar com a classe.
Beto Mafra retrucou:
Rirrirri... "Combinar..." foi retórico, pelo descompasso. eles tiveram 13 anos para armar o bote enquanto a gente cantava as maravilhas do novo país que aparecia sob a direção democrática e popular sem a consequente vinculação aos novos atores emersos da miséria, bem como o aprofundamento de nossos vínculos históricos com a classe trabalhadora. Os "russos" citados são os beneficiados pelas nossas políticas que se uniram ao berreiro puxado pela mídia e pelo púlpito.

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