domingo, 8 de maio de 2016

Eleição abortaria ditadura e daria tribuna à esquerda para a defesa de eleições gerais.

O grande problema da esquerda hoje é não aceitar o que os trabalhadores mais querem: eleição. Dois institutos de pesquisa, Ibope e VoxPopuli, indicam que 62% dos brasileiros querem a antecipação da eleição presidencial. Só que nem as lideranças golpistas, nem as lideranças da esquerda querem e, por isso, a proposta não avança. O PCdoB chegou a propor que se abrisse discussão sobre o tema, mas o debate tem sido travado pela indisponibilidade dos demais partidos e movimentos.

Eu, de minha parte, continuo defendendo esta proposta por acreditar que o campo de batalha mais favorável à esquerda hoje seria o do debate programático amplo, possibilitado por uma campanha eleitoral. A posse de Michel Temer aumentaria sobremaneira o controle que a direita já tem sobre o Estado, dando-lhe todos os meios repressivos necessários para esmagar a resistência das ruas ao avanço do programa de austeridade.

A antecipação da eleição presidencial impediria a posse de Michel Temer e daria à esquerda a melhor tribuna possível para o lançamento de uma campanha nacional por eleições gerais, para a renovação da composição do Senado e da Câmara Federal. Este seria o melhor caminho para a esquerda sair da posição defensiva em que se encontra, encurralada pela pauta da corrupção imposta pela mídia da direita, e retomar a ofensiva na sociedade, virando o jogo político com uma nova pauta, a do debate programático, que responda aos reais anseios da classe trabalhadora e por isso seja capaz de mobiliza-la.

Desde o mês passado venho pensando na antecipação da eleição presidencial e na convocação de eleições gerais. Inicialmente tive-as como propostas alternativas e mutuamente excludentes. Mas acabei concluindo e penso hoje que são não só compatíveis como necessariamente complementares para atingirem o objetivo de derrotar o golpe de Estado e garantir a continuidade do projeto iniciado com Lula, em 2003. A antecipação da eleição presidencial e a convocação da eleição geral são ações que devem estar articuladas dentro de uma mesma estratégia, como etapas de um mesmo plano de lutas, para a conquista de um novo mandato presidencial e de uma nova e mais ampla bancada de esquerda no Congresso Nacional. E é isso que eu estou defendendo agora.

Ressalto a importância de impedir, através da antecipação da eleição presidencial, a posse de Michel Temer. A implementação do seu radical programa de austeridade é impossível num regime democrático e a direita tem dado sucessivos e significativos sinais de que está disposta a tudo para fazê-lo, inclusive rasgar a Constituição. Do golpe à ditadura, não será mais que um passo e os noticiários já registram movimentações nesse sentido, como as demandas pelo emprego do Exército contra as mobilizações de sem-terra e as articulações para a recriação do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), a agência de espionagem do regime militar de 1964 a 1985.

São sinais ostensivos da existência de um projeto autoritário de poder, feito sob medida para tornar possível a realização do projeto econômico antinacional e antipopular que tem unificado a burguesia. Uma ditadura está em gestação e a esquerda ainda não percebeu, porque está mais preocupada em carimbar a direita com a marca do golpismo do que em, efetivamente, evitar que o golpe atinja seu objetivo, que é a tomada do poder à revelia do povo. Quando se der conta, será tarde, vai ser engolida pelo monstro, inapelavelmente.

Cito abaixo trechos das notas em que trato das propostas de antecipação da eleição presidencial e das eleições gerais.
“Mas o que eu proponho não é apenas a eleição presidencial, embora eu ache que ela sozinha já sirva para abrir um espaço mais amplo para a esquerda dialogar com a sociedade e até conquistar mais um mandato, dando continuidade, com Lula, ao mandato de Dilma, que terá sido abreviado. O que eu proponho são as eleições gerais. Sei que é muito pouco provável a aprovação de uma PEC para isso, mas acho que é plenamente possível fazer uma campanha de massas, que bastaria, por si só, para botar o Congresso golpista na defensiva, criando um ambiente político mais favorável para Lula fazer os seus primeiros movimentos como presidente da república, a partir de 2017, caso seja eleito. O companheiro O. traduziu bem o desafio político que temos quando disse que 'a derrota do golpismo passa pela derrota desse Congresso', e usou uma expressão que define com precisão o efeito prático que uma campanha por eleições gerais pode ter. Nós podemos EMPAREDAR o Congresso golpista. E podemos conseguir isso exatamente porque, como bem avalia a companheira L., 'um chamamento por eleições gerais teria apoio até de parte daqueles que estavam apoiando o impeachment'."

21/04/2016

https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/contra-o-golpe-greve-geral-antecipa%C3%A7%C3%A3o-da-elei%C3%A7%C3%A3o-presidencial-ou-elei%C3%A7%C3%B5es-gerai/1265705703442826

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“Frustrar o objetivo do golpe, que é a tomada do poder, e derrotar o agente principal do golpe, que é o Congresso Nacional, através da renovação da sua composição, são objetivos que só poderão ser alcançados através de uma eleição geral, para todos os níveis parlamentares e de governo. Se o Supremo surpreender e barrar o golpe, que, pela vontade do Senado, é mais do que certo, Dilma não conseguirá governar, porque continuará tendo este mesmo Congresso a lhe sabotar. E se apenas a eleição presidencial for antecipada, será sabotado o governo de qualquer presidente que ganhe a disputa com um projeto de esquerda. Como bem resumiu um companheiro do PT, a derrota do golpismo no Brasil, passa pela derrota do atual Congresso Nacional. E derrotar o atual Congresso, significa botá-lo abaixo e renovar a sua composição através de uma eleição para o parlamento.

São evidentes os sinais de que a proposta de antecipação apenas da eleição presidencial é mais viável do que a de eleições gerais, já há inclusive alguma movimentação nesse sentido no Senado e ela tem, indiscutivelmente, base social para se sustentar. Segunda feira (24), o site Congresso em Foco noticiou que, segundo pesquisa Ibope, '62% dos brasileiros querem novas eleições'.

Há espaço, portanto, para que este movimento por eleições diretas cresça na sociedade como expressão de repúdio à eleição indireta de Michel Temer pelo Senado Federal. Acredito que Dilma e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo deveriam abraçar esta ideia, que já tem tão boa aceitação na sociedade. A preferência por novas eleições, contra a posse de Temer, é um dado da realidade subjetiva das massas que não podemos ignorar na definição da nossa estratégia. E os problemas de governabilidade institucional para um possível novo presidente de esquerda, por absolutamente previsíveis, deverão ser tratados com transparência, franqueza e coragem durante a própria campanha eleitoral, pelos candidatos da esquerda, com a denúncia do golpismo e da corrupção da atual legislatura do Congresso e com a apresentação da proposta de antecipação das eleições parlamentares para o Senado e a Câmara.”

26/04/2016

https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-melaria-o-jogo-do-golpe-reconhece-lideran%C3%A7a-golpista/1267351243278272

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“Ou seja, o que eu proponho é que durante a campanha presidencial os candidatos da esquerda, todos, num ato conjunto, lancem uma proposta e uma campanha pela realização de um plebiscito por eleições gerais. E eu tenho a mais absoluta certeza de que essa bandeira do plebiscito pela mudança dos atuais deputados e senadores tem tudo para mobilizar a classe trabalhadora e derrotar o golpismo do parlamento.”

04/05/2016

https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-contragolpe-que-pode-mobilizar-a-classe-trabalhadora-e-bot%C3%A1-la-na-ofen/1274773125869417

Silvio Melgarejo

08/05/2016


https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-abortaria-ditadura-e-daria-tribuna-%C3%A0-esquerda-para-a-defesa-de-elei%C3%A7%C3%B5es-/1276378872375509

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