1) Estratégia errada
Pesquisas de vários institutos mostram que a maioria da classe trabalhadora não quer Temer, nem Dilma, quer eleger um novo presidente da república. Portanto a estratégia que pode mobiliza-los não é o “Fora Temer, volta Dilma”, é o “Fora Temer, eleição já”. A verdade é que o trabalhador não está se importando nenhum pouco com o golpe. Ele não se move para defender democracia - é o que tem-se visto -, move-se para defender direitos que compreenda, tenha consciência de fazer jus e que julgue terem sido violados ou estarem ameaçados. A imensa maioria ainda não conhece Michel Temer e por isso deve ter ainda alguma esperança de que ele possa fazer algo de bom. A esquerda deve, por isso, acompanhar pacientemente a experiência das massas com o governo Temer, denunciando o seu programa de governo, criticando as suas ações e comparando-as com as ações dos governos Lula e Dilma ou apresentando novas propostas alternativas.
É preciso que se entenda de uma vez por todas que o mandato de Dilma está perdido porque o povo não a quer de volta, e que o objetivo da esquerda agora deve ser derrubar o governo Temer e eleger um novo governo de esquerda. É preciso oferecer ao povo uma saída para a crise do país que o motive a sair do imobilismo e entrar de vez no jogo político, para restabelecer a democracia. E o caminho para isso só pode ser através da antecipação da eleição presidencial, onde a esquerda denuncie o golpe sofrido por Dilma e lance uma campanha nacional pela realização de um plebiscito por eleições gerais. A bandeira do “Fora Temer, volta Dilma” não tem potencial nenhum de mobilização, exatamente por causa do elevado índice de desaprovação do governo da presidenta. Quem não se mobilizou para impedir o afastamento de Dilma não se mobilizará pelo seu retorno.
2) Tática errada
Formas de luta mais radicais, como fechar ruas e estradas, só funcionam como fatores de propaganda e mobilização se os trabalhadores entenderem e concordarem com as suas motivações. Senão são desaprovadas e provocam antipatia e rejeição ao movimento.
3) PT e Frente Brasil Popular
A melhor maneira de o PT contribuir para o fortalecimento da Frente Brasil Popular é organizar e mobilizar a sua própria base de 1,7 milhão de filiados. É preciso que se faça um pacto nacional entre base e dirigentes pela organização e funcionamento pleno dos diretórios. Aos dirigentes do PT deve-se impor, de cima para baixo, a disciplina necessária para que cumpram adequadamente as obrigações que lhes são atribuídas pelo estatuto do PT. Porque o funcionamento do partido depende do funcionamento dos diretórios e o funcionamento dos diretórios depende da atuação dos seus dirigentes.
Sobre frente e partido, leia:
O PT e a frente de esquerda.
sexta-feira, 20 de maio de 2016
sábado, 14 de maio de 2016
Porque a burguesia descartou Dilma. (Diálogo com Mara Rocha)
STATUS DE MARA ROCHA NO FACEBOOK - "Eu concordo que a Dilma é honesta e tenho certeza que todos sabem disso, entretanto Dilma negociou sim com o congresso, negociou com a direita, negociou com os bancos, negociou com os latifundiários. Afinal como ela mesmo disse algum tempo atrás, justificando suas posições afirmando que 'ela não era presidente do PT...e que governava para todos do país', não vejo muito mal em negociar, afinal ela foi eleita, por um 'saco de gatos de partidos' e precisou ter apoio no congresso, mas todos os seus esforços nesse sentido, surtiram efeito por um tempo limitado. Depois disso, o prazo foi expirado. Uma pergunta : afinal quando ela começou a cair? Quando empossou Levy com suas mãos de tesoura.Quando resolveu fazer o que os bancos queriam e o capital internacional.Quando começou a falar em Reforma da Previdência, aumento de idade para aposentados, redução ainda que pequena em programas sociais.A Direita é muito burra, poderia ter deixado a Dilma fazer essas reformas amargas, pois ela tem legitimidade para isso. Ocorre que se de um lado, ela teria a aprovação da direita, a esquerda a abandonaria,como começou a acontecer. Os golpistas vendo a fragilidade dela, optaram então em dar o tiro de misericórdia, trazendo para si essa responsabilidade de desagradar a 'gregos e troianos",as mesmas medidas que jogaram a Europa no buraco,por isso Dilma caiu e o mesmo motivo pode também derrubar o Temer.Vou mais longe, se Dilma voltar, ficará livre desses acordos, com os golpistas desmoralizados, finalmente ela pode nos dois anos que lhe restam, fazer finalmente um governo popular."
MEU COMENTÁRIO - O programa radical de austeridade que tem unificado a burguesia, é não apenas eleitoralmente inviável, como irrealizável num regime democrático. A burguesia sabe disso. Por isso apoiou, em bloco, a deposição da Dilma, por seu compromisso democrático, e por isso apoia, em bloco, Michel Temer, que não tem compromisso nenhum com a democracia.
O que a burguesia pretende realmente é impor à classe trabalhadora o seu programa Ponte para o Futuro através de um regime político autoritário, uma ditadura, porque sabe que só assim poderá realizá-lo. Os sinais disso são mais que claros. Até o velho SNI já está para ser ressuscitado.
A Dilma foi uma péssima presidenta, admitiu renunciar ao programa de governo que tinha se comprometido a realizar durante a campanha em que foi eleita. Mas jamais admitiria servir a um regime ditatorial.
Como perdeu apoio popular em razão das opções que fez no campo da economia, acabou facilitando a vida de quem precisa da mudança de regime - através de um golpe de Estado e da investidura de um presidente da república sem escrúpulos democráticos e com vocação autoritária - para alcançar os seus objetivos.
COMENTÁRIO DE MARA ROCHA - "vc tem razão Silvio Melgarejo, a burguesia sabia que Dilma poderia atender parcialmente o capital, nunca totalmente. Jamais ela entregaria tudo o que fez em termos de programas sociais e o ajuste que querem, a exemplo do que aconteceu na Europa, exige tudo....e nada para o povo. Exige a ruptura da democracia. Nesse ponto eu concordo plenamente."
MEU COMENTÁRIO - Ela [Dilma] poderia até, não duvido, ter a intenção de atender totalmente ao capital, Mara Rocha. Mas para isso teria que esmagar a resistência dos movimentos sociais. Esse papel é que eu tenho absoluta certeza de que ela não se disporia a fazer. Por isso foi descartada.
https://www.facebook.com/mara.rocha.10297/posts/1005393546176282
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domingo, 8 de maio de 2016
Eleição abortaria ditadura e daria tribuna à esquerda para a defesa de eleições gerais.
O grande problema da esquerda hoje é não aceitar o que os trabalhadores mais querem: eleição. Dois institutos de pesquisa, Ibope e VoxPopuli, indicam que 62% dos brasileiros querem a antecipação da eleição presidencial. Só que nem as lideranças golpistas, nem as lideranças da esquerda querem e, por isso, a proposta não avança. O PCdoB chegou a propor que se abrisse discussão sobre o tema, mas o debate tem sido travado pela indisponibilidade dos demais partidos e movimentos.
Eu, de minha parte, continuo defendendo esta proposta por acreditar que o campo de batalha mais favorável à esquerda hoje seria o do debate programático amplo, possibilitado por uma campanha eleitoral. A posse de Michel Temer aumentaria sobremaneira o controle que a direita já tem sobre o Estado, dando-lhe todos os meios repressivos necessários para esmagar a resistência das ruas ao avanço do programa de austeridade.
A antecipação da eleição presidencial impediria a posse de Michel Temer e daria à esquerda a melhor tribuna possível para o lançamento de uma campanha nacional por eleições gerais, para a renovação da composição do Senado e da Câmara Federal. Este seria o melhor caminho para a esquerda sair da posição defensiva em que se encontra, encurralada pela pauta da corrupção imposta pela mídia da direita, e retomar a ofensiva na sociedade, virando o jogo político com uma nova pauta, a do debate programático, que responda aos reais anseios da classe trabalhadora e por isso seja capaz de mobiliza-la.
Desde o mês passado venho pensando na antecipação da eleição presidencial e na convocação de eleições gerais. Inicialmente tive-as como propostas alternativas e mutuamente excludentes. Mas acabei concluindo e penso hoje que são não só compatíveis como necessariamente complementares para atingirem o objetivo de derrotar o golpe de Estado e garantir a continuidade do projeto iniciado com Lula, em 2003. A antecipação da eleição presidencial e a convocação da eleição geral são ações que devem estar articuladas dentro de uma mesma estratégia, como etapas de um mesmo plano de lutas, para a conquista de um novo mandato presidencial e de uma nova e mais ampla bancada de esquerda no Congresso Nacional. E é isso que eu estou defendendo agora.
Ressalto a importância de impedir, através da antecipação da eleição presidencial, a posse de Michel Temer. A implementação do seu radical programa de austeridade é impossível num regime democrático e a direita tem dado sucessivos e significativos sinais de que está disposta a tudo para fazê-lo, inclusive rasgar a Constituição. Do golpe à ditadura, não será mais que um passo e os noticiários já registram movimentações nesse sentido, como as demandas pelo emprego do Exército contra as mobilizações de sem-terra e as articulações para a recriação do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), a agência de espionagem do regime militar de 1964 a 1985.
São sinais ostensivos da existência de um projeto autoritário de poder, feito sob medida para tornar possível a realização do projeto econômico antinacional e antipopular que tem unificado a burguesia. Uma ditadura está em gestação e a esquerda ainda não percebeu, porque está mais preocupada em carimbar a direita com a marca do golpismo do que em, efetivamente, evitar que o golpe atinja seu objetivo, que é a tomada do poder à revelia do povo. Quando se der conta, será tarde, vai ser engolida pelo monstro, inapelavelmente.
Cito abaixo trechos das notas em que trato das propostas de antecipação da eleição presidencial e das eleições gerais.
Silvio Melgarejo
08/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-abortaria-ditadura-e-daria-tribuna-%C3%A0-esquerda-para-a-defesa-de-elei%C3%A7%C3%B5es-/1276378872375509
Eu, de minha parte, continuo defendendo esta proposta por acreditar que o campo de batalha mais favorável à esquerda hoje seria o do debate programático amplo, possibilitado por uma campanha eleitoral. A posse de Michel Temer aumentaria sobremaneira o controle que a direita já tem sobre o Estado, dando-lhe todos os meios repressivos necessários para esmagar a resistência das ruas ao avanço do programa de austeridade.
A antecipação da eleição presidencial impediria a posse de Michel Temer e daria à esquerda a melhor tribuna possível para o lançamento de uma campanha nacional por eleições gerais, para a renovação da composição do Senado e da Câmara Federal. Este seria o melhor caminho para a esquerda sair da posição defensiva em que se encontra, encurralada pela pauta da corrupção imposta pela mídia da direita, e retomar a ofensiva na sociedade, virando o jogo político com uma nova pauta, a do debate programático, que responda aos reais anseios da classe trabalhadora e por isso seja capaz de mobiliza-la.
Desde o mês passado venho pensando na antecipação da eleição presidencial e na convocação de eleições gerais. Inicialmente tive-as como propostas alternativas e mutuamente excludentes. Mas acabei concluindo e penso hoje que são não só compatíveis como necessariamente complementares para atingirem o objetivo de derrotar o golpe de Estado e garantir a continuidade do projeto iniciado com Lula, em 2003. A antecipação da eleição presidencial e a convocação da eleição geral são ações que devem estar articuladas dentro de uma mesma estratégia, como etapas de um mesmo plano de lutas, para a conquista de um novo mandato presidencial e de uma nova e mais ampla bancada de esquerda no Congresso Nacional. E é isso que eu estou defendendo agora.
Ressalto a importância de impedir, através da antecipação da eleição presidencial, a posse de Michel Temer. A implementação do seu radical programa de austeridade é impossível num regime democrático e a direita tem dado sucessivos e significativos sinais de que está disposta a tudo para fazê-lo, inclusive rasgar a Constituição. Do golpe à ditadura, não será mais que um passo e os noticiários já registram movimentações nesse sentido, como as demandas pelo emprego do Exército contra as mobilizações de sem-terra e as articulações para a recriação do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), a agência de espionagem do regime militar de 1964 a 1985.
São sinais ostensivos da existência de um projeto autoritário de poder, feito sob medida para tornar possível a realização do projeto econômico antinacional e antipopular que tem unificado a burguesia. Uma ditadura está em gestação e a esquerda ainda não percebeu, porque está mais preocupada em carimbar a direita com a marca do golpismo do que em, efetivamente, evitar que o golpe atinja seu objetivo, que é a tomada do poder à revelia do povo. Quando se der conta, será tarde, vai ser engolida pelo monstro, inapelavelmente.
Cito abaixo trechos das notas em que trato das propostas de antecipação da eleição presidencial e das eleições gerais.
“Mas o que eu proponho não é apenas a eleição presidencial, embora eu ache que ela sozinha já sirva para abrir um espaço mais amplo para a esquerda dialogar com a sociedade e até conquistar mais um mandato, dando continuidade, com Lula, ao mandato de Dilma, que terá sido abreviado. O que eu proponho são as eleições gerais. Sei que é muito pouco provável a aprovação de uma PEC para isso, mas acho que é plenamente possível fazer uma campanha de massas, que bastaria, por si só, para botar o Congresso golpista na defensiva, criando um ambiente político mais favorável para Lula fazer os seus primeiros movimentos como presidente da república, a partir de 2017, caso seja eleito. O companheiro O. traduziu bem o desafio político que temos quando disse que 'a derrota do golpismo passa pela derrota desse Congresso', e usou uma expressão que define com precisão o efeito prático que uma campanha por eleições gerais pode ter. Nós podemos EMPAREDAR o Congresso golpista. E podemos conseguir isso exatamente porque, como bem avalia a companheira L., 'um chamamento por eleições gerais teria apoio até de parte daqueles que estavam apoiando o impeachment'."
21/04/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/contra-o-golpe-greve-geral-antecipa%C3%A7%C3%A3o-da-elei%C3%A7%C3%A3o-presidencial-ou-elei%C3%A7%C3%B5es-gerai/1265705703442826
***
“Frustrar o objetivo do golpe, que é a tomada do poder, e derrotar o agente principal do golpe, que é o Congresso Nacional, através da renovação da sua composição, são objetivos que só poderão ser alcançados através de uma eleição geral, para todos os níveis parlamentares e de governo. Se o Supremo surpreender e barrar o golpe, que, pela vontade do Senado, é mais do que certo, Dilma não conseguirá governar, porque continuará tendo este mesmo Congresso a lhe sabotar. E se apenas a eleição presidencial for antecipada, será sabotado o governo de qualquer presidente que ganhe a disputa com um projeto de esquerda. Como bem resumiu um companheiro do PT, a derrota do golpismo no Brasil, passa pela derrota do atual Congresso Nacional. E derrotar o atual Congresso, significa botá-lo abaixo e renovar a sua composição através de uma eleição para o parlamento.
São evidentes os sinais de que a proposta de antecipação apenas da eleição presidencial é mais viável do que a de eleições gerais, já há inclusive alguma movimentação nesse sentido no Senado e ela tem, indiscutivelmente, base social para se sustentar. Segunda feira (24), o site Congresso em Foco noticiou que, segundo pesquisa Ibope, '62% dos brasileiros querem novas eleições'.
Há espaço, portanto, para que este movimento por eleições diretas cresça na sociedade como expressão de repúdio à eleição indireta de Michel Temer pelo Senado Federal. Acredito que Dilma e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo deveriam abraçar esta ideia, que já tem tão boa aceitação na sociedade. A preferência por novas eleições, contra a posse de Temer, é um dado da realidade subjetiva das massas que não podemos ignorar na definição da nossa estratégia. E os problemas de governabilidade institucional para um possível novo presidente de esquerda, por absolutamente previsíveis, deverão ser tratados com transparência, franqueza e coragem durante a própria campanha eleitoral, pelos candidatos da esquerda, com a denúncia do golpismo e da corrupção da atual legislatura do Congresso e com a apresentação da proposta de antecipação das eleições parlamentares para o Senado e a Câmara.”
26/04/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-melaria-o-jogo-do-golpe-reconhece-lideran%C3%A7a-golpista/1267351243278272***
“Ou seja, o que eu proponho é que durante a campanha presidencial os candidatos da esquerda, todos, num ato conjunto, lancem uma proposta e uma campanha pela realização de um plebiscito por eleições gerais. E eu tenho a mais absoluta certeza de que essa bandeira do plebiscito pela mudança dos atuais deputados e senadores tem tudo para mobilizar a classe trabalhadora e derrotar o golpismo do parlamento.”
04/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-contragolpe-que-pode-mobilizar-a-classe-trabalhadora-e-bot%C3%A1-la-na-ofen/1274773125869417
Silvio Melgarejo
08/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-abortaria-ditadura-e-daria-tribuna-%C3%A0-esquerda-para-a-defesa-de-elei%C3%A7%C3%B5es-/1276378872375509
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sábado, 7 de maio de 2016
Os trabalhadores não querem o programa econômico da direita. Só uma eleição pode evitar que o golpe vire ditadura.
Concordo inteiramente com a análise do economista Guilherme dos Santos Mello, da Unicamp, no programa Entre Aspas, da Globo News. Ele disse:
O projeto da direita, como bem frisou o economista da Unicamp, já foi quatro vezes seguidas derrotado nas urnas e tem sido claramente reprovado pela maioria dos trabalhadores no atual governo, que resolveu adota-lo, mesmo em versão atenuada. A conclusão é simples e cristalina. Os trabalhadores não querem o programa econômico da direita. Numa eleição, portanto, qualquer programa semelhante ao defendido hoje por Michel Temer seria a “ponte para a derrota” de qualquer candidato que a direita lançasse.
O debate programático constitui, portanto, o meio mais eficaz para se deter a ofensiva conservadora. Não é atoa que a direita se empenha tanto em sobrepor a ele a pauta do combate à corrupção. A direita não quer debater programa porque sabe que perde apoio na opinião pública, perdendo, por conseguinte, votos e eleições.
A esquerda parece que ainda não se deu conta de que está hoje completamente encurralada pela pauta do combate à corrupção, imposta e instrumentalizada pela direita, através da mídia, do Judiciário, do Legislativo, do Ministério Público e de setores da Polícia Federal. Não tem havido espaço nenhum para o debate programático que poderia dar aos trabalhadores uma visão mais clara sobre o que está realmente em jogo na presente disputa política. Só uma eleição permitiria que a esquerda introduzisse no debate público da sociedade a pauta da política econômica e suas repercussões na vida dos trabalhadores, confrontando o seu próprio programa de governo com o programa da direita, como fez de forma bem sucedida em 2002, 2006, 2010 e 2014.
Os que se opõem à antecipação da eleição presidencial, insistem no discurso da “resistência até o final”. Mas a medida real da resistência corresponde à força que se tem para resistir e é evidente que a esquerda não tem tido força suficiente para resistir ao avanço do golpe. A força que está faltando é da classe trabalhadora, que não tem se sensibilizado pelo discurso democrático da pequena burguesia. “Democracia, prá que”, deve pensar o trabalhador. Emprego, salário, saúde, educação, segurança, mobilidade urbana e outros direitos, é disso que ele quer saber e é só isso que pode empolgá-lo a ir prá rua defender a democracia.
O discurso democrático tem que responder às demandas reais, concretas, do povo, ou não será pelo povo compreendido e aceito como válido. A democracia, para ser valorizada, precisa de um conteúdo, que são os direitos que ela garante, não pode ser apenas um conjunto de princípios e regras que sejam fins em si mesmos ou que sejam destinados a alcançar objetivos abstratos. A democracia serve para criar e garantir direitos individuais e coletivos. Ocorre que, na presente luta contra o golpe, a esquerda tem falado de respeito ao voto popular e ao mandato legitimamente conquistado pela presidenta, e da ausência das condições constitucionais para a aprovação do impeachment. E estes são aspectos formais da democracia, não o conteúdo que a justifica e que interessa aos trabalhadores.
Sem mídia própria para dialogar com as massas, a esquerda está e continuará encurralada pela pauta do combate à corrupção. Na luta contra o golpe, a esquerda não tem conseguido fazer mais do que acusar a ilegitimidade do processo contra Dilma que, não obstante, avança, dia a dia, com impressionante facilidade. Enquanto isso, o cerco a Lula vai se fechando, sendo já razoável prever que ele seja em breve preso. E mesmo assim, Lula, Dilma, PT e a Frente Brasil Popular, parecem crer que ainda seja possível derrotar o golpe sem mudar a estratégia até agora adotada, que só tem conseguido mobilizar a pequena burguesia, deixando à margem da luta a maior parte da classe trabalhadora, as chamadas classes C, D e E.
Suponho que apostem na experiência que as massas vão fazer com o governo Temer, nos seis meses que Dilma estiver afastada. A experiência das massas será padecer os efeitos da aplicação do programa da direita, que terá a seu favor uma burguesia unida e o controle absoluto do Estado e da mídia. A classe trabalhadora, por sua vez, será pega quase que inteiramente desprevenida, desorganizada e desmobilizada, impossibilitada, inclusive, de lançar mão da greve, que é a sua maior arma, em razão do desemprego provocado pela recessão econômica, cujo aprofundamento é previsível, como decorrência da política implementada pelo governo.
Serão condições bem mais desfavoráveis do que as atuais para a esquerda reagir. Penso que vamos ter no país o advento de um regime autoritário, porque só um regime autoritário seria capaz de impor ao povo os sacrifícios previstos no programa de austeridade que tem sido anunciado. E a direita já mostrou que está disposta a tudo. Com os instrumentos que já tem - mídia, Judiciário, Legislativo e polícias dos estados -, acrescidos pelas Forças Armadas, pela Força Nacional de Segurança e pela Polícia Federal, a partir da conquista da presidência da república, o poder de repressão da direita para enfrentar a resistência dos movimentos sociais será descomunal e, portanto, muito difícil de ser vencido.
Discordo, por isso, da opção feita por Dilma e pela Frente Brasil Popular de recusar a proposta de antecipação da eleição presidencial. A insistência na luta pela preservação de um mandato que já está perdido será, na prática, um consentimento para que Michel Temer assuma a presidência da república, atingindo o objetivo da direita de tomar o poder, instaurar uma ditadura e botar em execução o seu programa, sem precisar passar pelo processo eleitoral, no qual este programa poderia ser julgado e, certamente, rejeitado pelos trabalhadores, como foi nas quatro eleições anteriores. Porque, como já foi dito, o povo brasileiro não quer o projeto da direita. A direita sabe disso, por isso apela para o golpe e a ditadura. Mas, e a esquerda? O que ganha evitando a eleição antecipada, desejada por 62% dos brasileiros? A meu ver, não ganha nada. Prepara apenas o caminho para a consumação de uma derrota histórica, da qual dificilmente poderá ser refazer.
Silvio Melgarejo
07/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/os-trabalhadores-n%C3%A3o-querem-o-programa-econ%C3%B4mico-da-direita-s%C3%B3-uma-elei%C3%A7%C3%A3o-pode-/1275106232502773
"A agenda que o Temer está propondo e representa não passou pelo crivo das urnas. Ao contrário, agendas muito similares a esta tem passado pelo crivo das urnas e tem sido sistematicamente rejeitadas. Então eu fico muito preocupado quando nós, economistas, ou um grupo da elite política – sob investigação, diga-se de passagem – quer colocar para a população uma agenda econômica, de como deve ser o país, à revelia do que a população vem falando há algum tempo. Ela não quer isso."É exatamente isso que eu venho dizendo, que o projeto da direita não passa nas urnas. Por isso a direita precisa tanto do golpe. E por isso a melhor resposta ao golpe seria exatamente a antecipação da eleição presidencial. Uma eleição agora levaria a disputa política para o campo do debate programático, onde a esquerda leva, indiscutivelmente, vantagem sobre a direita, porque tem um programa que responde muito melhor aos anseios da classe trabalhadora.
http://g1.globo.com/globo-news/entre-aspas/videos/t/entre-aspas/v/entre-aspas-o-momento-economico-do-pais-e-o-impacto-de-um-possivel-novo-governo/5000146/
O projeto da direita, como bem frisou o economista da Unicamp, já foi quatro vezes seguidas derrotado nas urnas e tem sido claramente reprovado pela maioria dos trabalhadores no atual governo, que resolveu adota-lo, mesmo em versão atenuada. A conclusão é simples e cristalina. Os trabalhadores não querem o programa econômico da direita. Numa eleição, portanto, qualquer programa semelhante ao defendido hoje por Michel Temer seria a “ponte para a derrota” de qualquer candidato que a direita lançasse.
O debate programático constitui, portanto, o meio mais eficaz para se deter a ofensiva conservadora. Não é atoa que a direita se empenha tanto em sobrepor a ele a pauta do combate à corrupção. A direita não quer debater programa porque sabe que perde apoio na opinião pública, perdendo, por conseguinte, votos e eleições.
A esquerda parece que ainda não se deu conta de que está hoje completamente encurralada pela pauta do combate à corrupção, imposta e instrumentalizada pela direita, através da mídia, do Judiciário, do Legislativo, do Ministério Público e de setores da Polícia Federal. Não tem havido espaço nenhum para o debate programático que poderia dar aos trabalhadores uma visão mais clara sobre o que está realmente em jogo na presente disputa política. Só uma eleição permitiria que a esquerda introduzisse no debate público da sociedade a pauta da política econômica e suas repercussões na vida dos trabalhadores, confrontando o seu próprio programa de governo com o programa da direita, como fez de forma bem sucedida em 2002, 2006, 2010 e 2014.
Os que se opõem à antecipação da eleição presidencial, insistem no discurso da “resistência até o final”. Mas a medida real da resistência corresponde à força que se tem para resistir e é evidente que a esquerda não tem tido força suficiente para resistir ao avanço do golpe. A força que está faltando é da classe trabalhadora, que não tem se sensibilizado pelo discurso democrático da pequena burguesia. “Democracia, prá que”, deve pensar o trabalhador. Emprego, salário, saúde, educação, segurança, mobilidade urbana e outros direitos, é disso que ele quer saber e é só isso que pode empolgá-lo a ir prá rua defender a democracia.
O discurso democrático tem que responder às demandas reais, concretas, do povo, ou não será pelo povo compreendido e aceito como válido. A democracia, para ser valorizada, precisa de um conteúdo, que são os direitos que ela garante, não pode ser apenas um conjunto de princípios e regras que sejam fins em si mesmos ou que sejam destinados a alcançar objetivos abstratos. A democracia serve para criar e garantir direitos individuais e coletivos. Ocorre que, na presente luta contra o golpe, a esquerda tem falado de respeito ao voto popular e ao mandato legitimamente conquistado pela presidenta, e da ausência das condições constitucionais para a aprovação do impeachment. E estes são aspectos formais da democracia, não o conteúdo que a justifica e que interessa aos trabalhadores.
Sem mídia própria para dialogar com as massas, a esquerda está e continuará encurralada pela pauta do combate à corrupção. Na luta contra o golpe, a esquerda não tem conseguido fazer mais do que acusar a ilegitimidade do processo contra Dilma que, não obstante, avança, dia a dia, com impressionante facilidade. Enquanto isso, o cerco a Lula vai se fechando, sendo já razoável prever que ele seja em breve preso. E mesmo assim, Lula, Dilma, PT e a Frente Brasil Popular, parecem crer que ainda seja possível derrotar o golpe sem mudar a estratégia até agora adotada, que só tem conseguido mobilizar a pequena burguesia, deixando à margem da luta a maior parte da classe trabalhadora, as chamadas classes C, D e E.
Suponho que apostem na experiência que as massas vão fazer com o governo Temer, nos seis meses que Dilma estiver afastada. A experiência das massas será padecer os efeitos da aplicação do programa da direita, que terá a seu favor uma burguesia unida e o controle absoluto do Estado e da mídia. A classe trabalhadora, por sua vez, será pega quase que inteiramente desprevenida, desorganizada e desmobilizada, impossibilitada, inclusive, de lançar mão da greve, que é a sua maior arma, em razão do desemprego provocado pela recessão econômica, cujo aprofundamento é previsível, como decorrência da política implementada pelo governo.
Serão condições bem mais desfavoráveis do que as atuais para a esquerda reagir. Penso que vamos ter no país o advento de um regime autoritário, porque só um regime autoritário seria capaz de impor ao povo os sacrifícios previstos no programa de austeridade que tem sido anunciado. E a direita já mostrou que está disposta a tudo. Com os instrumentos que já tem - mídia, Judiciário, Legislativo e polícias dos estados -, acrescidos pelas Forças Armadas, pela Força Nacional de Segurança e pela Polícia Federal, a partir da conquista da presidência da república, o poder de repressão da direita para enfrentar a resistência dos movimentos sociais será descomunal e, portanto, muito difícil de ser vencido.
Discordo, por isso, da opção feita por Dilma e pela Frente Brasil Popular de recusar a proposta de antecipação da eleição presidencial. A insistência na luta pela preservação de um mandato que já está perdido será, na prática, um consentimento para que Michel Temer assuma a presidência da república, atingindo o objetivo da direita de tomar o poder, instaurar uma ditadura e botar em execução o seu programa, sem precisar passar pelo processo eleitoral, no qual este programa poderia ser julgado e, certamente, rejeitado pelos trabalhadores, como foi nas quatro eleições anteriores. Porque, como já foi dito, o povo brasileiro não quer o projeto da direita. A direita sabe disso, por isso apela para o golpe e a ditadura. Mas, e a esquerda? O que ganha evitando a eleição antecipada, desejada por 62% dos brasileiros? A meu ver, não ganha nada. Prepara apenas o caminho para a consumação de uma derrota histórica, da qual dificilmente poderá ser refazer.
Silvio Melgarejo
07/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/os-trabalhadores-n%C3%A3o-querem-o-programa-econ%C3%B4mico-da-direita-s%C3%B3-uma-elei%C3%A7%C3%A3o-pode-/1275106232502773
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quinta-feira, 5 de maio de 2016
Eleição com debate programático é o campo de disputa política que mais favorece à esquerda hoje.
Ontem, uma companheira no Facebook me fez a seguinte pergunta:
E de que análise de conjuntura alguém pode tirar a conclusão inversa, de que a direita teria alguma chance, mesmo remota, de ganhar uma eleição com um programa como a Ponte para o Futuro? A direita investe no golpe com tanto empenho exatamente porque sabe que não tem chance nenhuma de ganhar com esse programa ou qualquer outro que a ele se assemelhe.
O que eu tenho dito é que a campanha que tem sido feita contra o golpe chegou no seu limite, não está conseguindo se expandir da pequena burguesia para o restante da classe trabalhadora. Para impedir o impeachment nós teríamos que fazer mobilizações muito maiores e muito mais impactantes do que as que tem sido feitas até agora, algo como junho de 2013 ou uma greve geral. Sem ações de grande magnitude, o impeachment, que já está contratado entre burguesia, Senado e Supremo, vai acontecer, é inevitável.
Muita gente acha que um governo Temer seria um governo fraco, que seria fácil de derrubar. A minha avaliação é outra, estou convencido que, se Temer toma posse, muda o regime político do país, exatamente porque o programa radical de austeridade, em torno do qual tem se unificado a burguesia, só pode ser imposto à classe trabalhadora por um regime autoritário. A opção pelo golpe não é casual, tampouco a escalada dos ataques ao estado de direito. A direita já mandou, como Passarinho no AI-5, todos os escrúpulos às favas. Até agora estes ataques tem se destinado a desestabilizar o governo e preparar o golpe. Mas com a posse do Temer, eles se generalização e terão como objetivo esmagar a reação popular ao programa de austeridade. E o poder, ou seja, os meios de repressão para isso seriam totais, porque a direita já controla as polícias dos estados e passaria a ter também o controle das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal. Imagine uma repressão como as do Richa ou do Alckmim, só que em escala nacional e com a cobertura favorável da mídia, do Judiciário e do Legislativo. A esquerda e a classe trabalhadora colheriam derrota atrás de derrota. Por isso é que eu estou convencido de que o objetivo principal da esquerda hoje deve ser impedir a posse de Michel Temer.
Tenho dito que o golpe, ou seja, a derrubada do governo Dilma, não é fim, é meio para a tomada do poder à revelia do povo. A derrubada do governo nós não temos mais como evitar, porque a campanha contra o golpe não mobiliza as massas. Mas é possível mobilizar as massas para impedir a posse do governo golpista, através de uma campanha pela realização de uma eleição em que o povo possa escolher o seu novo presidente e decidir com que programa ele deve governar. As eleições tem sido as únicas ocasiões em que a esquerda tem conseguido dialogar com as massas. Fora delas o diálogo não tem sido nunca possível, porque a direita tem o controle absoluto da mídia. E a esquerda, por razões óbvias, tende sempre a levar vantagem sobre a direita no debate nacional programático. Tanto que, mesmo errando muito, foi possível ganhar quatro eleições presidenciais sucessivas. A classe trabalhadora pode ser de direita nas questões de gênero, orientação sexual e segurança pública, mas é de esquerda quando se trata de direitos sociais e trabalhistas.
A esquerda tem que procurar levar a disputa política para o campo em que ela pode ter mais vantagem e não para o campo onde a vantagem é da direita. E, para mim, o debate político programático numa eleição é o campo de disputa política que mais favoreceria hoje à esquerda, podendo inclusive potencializar a mobilização social nas ruas, que ainda tem sido insuficientes, contra a ofensiva da direita. Nunca conclui que a esquerda sairá vitoriosa de uma eleição antecipada. O que tenho dito é que a esquerda tem muito mais chances de vencer uma eleição hoje do que de impedir o impeachment da Dilma, que já está claramente consolidado no Senado e no Supremo. Eu não tenho dúvida nenhuma de que a esquerda tem melhores candidatos e programas de governo que correspondem muito mais aos anseios dos trabalhadores do que a direita.
A batalha do impeachment nós já perdemos. O objetivo agora deve ser impedir a posse do governo ilegítimo da direita e eleger um novo governo de esquerda, numa eleição presidencial antecipada, em cuja campanha os candidatos da esquerda, todos, num ato conjunto, lançariam a proposta de um plebiscito por eleições gerais, para a renovação da composição do Senado e da Câmara.
Silvio Melgarejo
04/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-com-debate-program%C3%A1tico-%C3%A9-o-campo-de-disputa-pol%C3%ADtica-que-mais-favorece-/1274818822531514
- "Sivio Melgarejo, de que analise de conjuntura vc tira a conclusão de que a esquerda ou mesmo a centro-esquerda seria vitoriosa?"Respondi-lhe:
E de que análise de conjuntura alguém pode tirar a conclusão inversa, de que a direita teria alguma chance, mesmo remota, de ganhar uma eleição com um programa como a Ponte para o Futuro? A direita investe no golpe com tanto empenho exatamente porque sabe que não tem chance nenhuma de ganhar com esse programa ou qualquer outro que a ele se assemelhe.
O que eu tenho dito é que a campanha que tem sido feita contra o golpe chegou no seu limite, não está conseguindo se expandir da pequena burguesia para o restante da classe trabalhadora. Para impedir o impeachment nós teríamos que fazer mobilizações muito maiores e muito mais impactantes do que as que tem sido feitas até agora, algo como junho de 2013 ou uma greve geral. Sem ações de grande magnitude, o impeachment, que já está contratado entre burguesia, Senado e Supremo, vai acontecer, é inevitável.
Muita gente acha que um governo Temer seria um governo fraco, que seria fácil de derrubar. A minha avaliação é outra, estou convencido que, se Temer toma posse, muda o regime político do país, exatamente porque o programa radical de austeridade, em torno do qual tem se unificado a burguesia, só pode ser imposto à classe trabalhadora por um regime autoritário. A opção pelo golpe não é casual, tampouco a escalada dos ataques ao estado de direito. A direita já mandou, como Passarinho no AI-5, todos os escrúpulos às favas. Até agora estes ataques tem se destinado a desestabilizar o governo e preparar o golpe. Mas com a posse do Temer, eles se generalização e terão como objetivo esmagar a reação popular ao programa de austeridade. E o poder, ou seja, os meios de repressão para isso seriam totais, porque a direita já controla as polícias dos estados e passaria a ter também o controle das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal. Imagine uma repressão como as do Richa ou do Alckmim, só que em escala nacional e com a cobertura favorável da mídia, do Judiciário e do Legislativo. A esquerda e a classe trabalhadora colheriam derrota atrás de derrota. Por isso é que eu estou convencido de que o objetivo principal da esquerda hoje deve ser impedir a posse de Michel Temer.
Tenho dito que o golpe, ou seja, a derrubada do governo Dilma, não é fim, é meio para a tomada do poder à revelia do povo. A derrubada do governo nós não temos mais como evitar, porque a campanha contra o golpe não mobiliza as massas. Mas é possível mobilizar as massas para impedir a posse do governo golpista, através de uma campanha pela realização de uma eleição em que o povo possa escolher o seu novo presidente e decidir com que programa ele deve governar. As eleições tem sido as únicas ocasiões em que a esquerda tem conseguido dialogar com as massas. Fora delas o diálogo não tem sido nunca possível, porque a direita tem o controle absoluto da mídia. E a esquerda, por razões óbvias, tende sempre a levar vantagem sobre a direita no debate nacional programático. Tanto que, mesmo errando muito, foi possível ganhar quatro eleições presidenciais sucessivas. A classe trabalhadora pode ser de direita nas questões de gênero, orientação sexual e segurança pública, mas é de esquerda quando se trata de direitos sociais e trabalhistas.
A esquerda tem que procurar levar a disputa política para o campo em que ela pode ter mais vantagem e não para o campo onde a vantagem é da direita. E, para mim, o debate político programático numa eleição é o campo de disputa política que mais favoreceria hoje à esquerda, podendo inclusive potencializar a mobilização social nas ruas, que ainda tem sido insuficientes, contra a ofensiva da direita. Nunca conclui que a esquerda sairá vitoriosa de uma eleição antecipada. O que tenho dito é que a esquerda tem muito mais chances de vencer uma eleição hoje do que de impedir o impeachment da Dilma, que já está claramente consolidado no Senado e no Supremo. Eu não tenho dúvida nenhuma de que a esquerda tem melhores candidatos e programas de governo que correspondem muito mais aos anseios dos trabalhadores do que a direita.
A batalha do impeachment nós já perdemos. O objetivo agora deve ser impedir a posse do governo ilegítimo da direita e eleger um novo governo de esquerda, numa eleição presidencial antecipada, em cuja campanha os candidatos da esquerda, todos, num ato conjunto, lançariam a proposta de um plebiscito por eleições gerais, para a renovação da composição do Senado e da Câmara.
Silvio Melgarejo
04/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-com-debate-program%C3%A1tico-%C3%A9-o-campo-de-disputa-pol%C3%ADtica-que-mais-favorece-/1274818822531514
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quarta-feira, 4 de maio de 2016
Eleição é contragolpe que pode mobilizar a classe trabalhadora e botá-la na ofensiva contra a direita e seu projeto.
O objetivo da esquerda e do PT deve ser derrotar o golpe e derrotar o golpe significa impedir que ele atinja o seu objetivo. O objetivo do golpe contra Dilma não é a destituição da presidenta, nem a antecipação da eleição presidencial. O objetivo do golpe é a tomada do poder à revelia do povo, ou seja, sem passar pelo crivo das urnas. Isso é que muita gente ainda não conseguiu entender e por isso rejeita a proposta de antecipação da eleição presidencial, como se esta antecipação fosse o objetivo da direita. Não é. O objetivo é tomar o poder.
Outra coisa que muita gente parece não estar se dando conta é que a atual estratégia de luta não está impedindo que o golpe avance. O processo de impeachment está em curso, mas é viciado, já tem resultado contratado entre burguesia, Senado e Supremo, e não poderá ser detido porque a mobilização contra o golpe continua restrita à pequena burguesia, como já reconheceu João Pedro Stédile e como já comprovaram, com pesquisas, os institutos Datafolha e DataPopular. A imensa maioria da classe trabalhadora, o povão, a massa das chamadas classes C, D e E, está completamente alheia à atual polarização política, que considera uma briga entre gente da elite.
Estes trabalhadores não têm a mesma consciência democrática que a pequena burguesia de esquerda e por isso não estão nem aí para o golpe. Eles só se importariam e se moveriam se soubessem como a Ponte para o Futuro, de quem quer suceder Dilma, pode afetar concretamente às suas vidas. O problema é que não sabem. E não sabem porque a esquerda não tem mídia para dialogar com a massa trabalhadora, enquanto a direita mantém um controle absoluto sobre as rádios e TVs do país que lhe permite disseminar sistematicamente a sua propaganda política.
A defesa que eu faço da eleição é exatamente porque em toda eleição presidencial abre-se na mídia da direita uma janela de oportunidade para que a esquerda dialogue com as massas, através da propaganda eleitoral obrigatória. É a partir deste diálogo e confrontando o nosso programa de governo com o programa de governo da direita, que nós vamos dar motivos à classe trabalhadora para se juntar à pequena burguesia de esquerda que já está nas ruas, em defesa da democracia e em defesa da continuidade do projeto iniciado em 2003, com Lula.
Evidentemente, vamos ter que explicar aos 54 milhões de eleitores da Dilma porque ela resolveu abandonar o programa que defendeu na campanha de 2014 e implementar o programa do Aécio. Foi ou não foi uma traição? Vai ou não vai ter gente de pé atrás, quando dissermos que “não foi bem assim” ou que “da próxima vez vai ser diferente”?
Falar em eleição agora é estar sintonizado com o pensamento da maioria dos trabalhadores. Afinal, 62% querem votar para a eleição de um novo presidente, segundo pelo menos dois institutos de pesquisa: Ibope e VoxPopuli.
Na luta de classes, diante de cada circunstância é preciso definir objetivos e os meios para alcançá-los. Avaliar mal as circunstâncias e fazer as escolhas erradas é quase sempre caminho para a derrota. No caso do golpe, estamos insistindo numa batalha perdida, que é tentar evitar o impeachment. Essa bandeira não mobiliza as massas e por isso não tem chance de levar à vitória. A bandeira que mobiliza é a luta pela eleição direta para presidente, porque corresponde ao anseio da maioria, registrado pelos institutos de pesquisa.
Qual o sentido de lutar por lutar? O sentido de toda luta é o objetivo de alcançar a vitória e não se alcança a vitória lutando com uma estratégia errada, concebida com desprezo pelas circunstâncias reais em que a luta se dá. Há várias formas de luta e quem quer a vitória tem que ser capaz de escolher a que melhor responde às circunstâncias. A luta de classes se dá na sociedade e nas instituições do Estado e o partido socialista da classe trabalhadora tem que ser capaz de atuar com a mesma competência e bravura nestes dois níveis de forma combinada, buscando sempre fazer com que luta social e luta institucional se potencializem mutuamente. Não há que se ter preconceitos quanto a formas de luta ou frentes de batalha. Já citei recentemente mas, como parece que alguns não leram, repito o que disse Lenin:
Por que acham, os companheiros, que Globo, Temer e Romero Jucá se opõem à antecipação da eleição presidencial, chamando-a de golpe? Porque uma eleição abortaria a posse do vice golpista e permitiria que a esquerda conquistasse um novo mandato presidencial, dando sequência ao de Dilma, que terá sido abreviado.
O que diremos aos trabalhadores brasileiros e ao mundo, se a eleição for antecipada? É simples. Diremos a verdade! Que Dilma foi vítima de um golpe de Estado, mas que decidiu não entregar seu mandato aos golpistas e sim ao povo brasileiro, que a elegeu, para que o povo brasileiro, e não o Supremo e o Senado golpistas, decida soberanamente quem vai governar o país e com que programa. Diremos que Dilma não admitiu a hipótese de permitir que o objetivo do golpe, que é a tomada o poder à revelia do povo, fosse alcançado por seus autores, cujo propósito declarado é a implementação de um programa de governo absolutamente antinacional e antipopular.
A antecipação da eleição presidencial não é uma rendição, é um contragolpe que pode mobilizar a base social da esquerda e botá-la na ofensiva contra a direita e seu projeto. E não abre precedente nenhum para novas tentativas de golpe, porque o que encorajou, na verdade, este golpe que estamos enfrentando foi a extrema fragilidade política do governo Dilma, decorrente de uma série de graves erros cometidos pela própria presidenta, por Lula e pelo nosso Partido dos Trabalhadores. Governo forte e combativo impõe respeito e desencoraja tentativas de golpe de Estado.
E sobre este tema da governabilidade e do golpismo, eu vou simplesmente reproduzir o trecho de um texto que publiquei aqui nesta lista e que alguns companheiros que me contestam, pelo visto, não se deram ao trabalho de ler. Eu disse:
Silvio Melgarejo
04/05/2016
(Texto publicado na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal do PT - Rio de Janeiro/RJ, em resposta a objeções de alguns companheiros à proposta que defendo de antecipação da eleição presidencial)
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-contragolpe-que-pode-mobilizar-a-classe-trabalhadora-e-bot%C3%A1-la-na-ofen/1274773125869417
Outra coisa que muita gente parece não estar se dando conta é que a atual estratégia de luta não está impedindo que o golpe avance. O processo de impeachment está em curso, mas é viciado, já tem resultado contratado entre burguesia, Senado e Supremo, e não poderá ser detido porque a mobilização contra o golpe continua restrita à pequena burguesia, como já reconheceu João Pedro Stédile e como já comprovaram, com pesquisas, os institutos Datafolha e DataPopular. A imensa maioria da classe trabalhadora, o povão, a massa das chamadas classes C, D e E, está completamente alheia à atual polarização política, que considera uma briga entre gente da elite.
Estes trabalhadores não têm a mesma consciência democrática que a pequena burguesia de esquerda e por isso não estão nem aí para o golpe. Eles só se importariam e se moveriam se soubessem como a Ponte para o Futuro, de quem quer suceder Dilma, pode afetar concretamente às suas vidas. O problema é que não sabem. E não sabem porque a esquerda não tem mídia para dialogar com a massa trabalhadora, enquanto a direita mantém um controle absoluto sobre as rádios e TVs do país que lhe permite disseminar sistematicamente a sua propaganda política.
A defesa que eu faço da eleição é exatamente porque em toda eleição presidencial abre-se na mídia da direita uma janela de oportunidade para que a esquerda dialogue com as massas, através da propaganda eleitoral obrigatória. É a partir deste diálogo e confrontando o nosso programa de governo com o programa de governo da direita, que nós vamos dar motivos à classe trabalhadora para se juntar à pequena burguesia de esquerda que já está nas ruas, em defesa da democracia e em defesa da continuidade do projeto iniciado em 2003, com Lula.
Evidentemente, vamos ter que explicar aos 54 milhões de eleitores da Dilma porque ela resolveu abandonar o programa que defendeu na campanha de 2014 e implementar o programa do Aécio. Foi ou não foi uma traição? Vai ou não vai ter gente de pé atrás, quando dissermos que “não foi bem assim” ou que “da próxima vez vai ser diferente”?
Falar em eleição agora é estar sintonizado com o pensamento da maioria dos trabalhadores. Afinal, 62% querem votar para a eleição de um novo presidente, segundo pelo menos dois institutos de pesquisa: Ibope e VoxPopuli.
Na luta de classes, diante de cada circunstância é preciso definir objetivos e os meios para alcançá-los. Avaliar mal as circunstâncias e fazer as escolhas erradas é quase sempre caminho para a derrota. No caso do golpe, estamos insistindo numa batalha perdida, que é tentar evitar o impeachment. Essa bandeira não mobiliza as massas e por isso não tem chance de levar à vitória. A bandeira que mobiliza é a luta pela eleição direta para presidente, porque corresponde ao anseio da maioria, registrado pelos institutos de pesquisa.
Qual o sentido de lutar por lutar? O sentido de toda luta é o objetivo de alcançar a vitória e não se alcança a vitória lutando com uma estratégia errada, concebida com desprezo pelas circunstâncias reais em que a luta se dá. Há várias formas de luta e quem quer a vitória tem que ser capaz de escolher a que melhor responde às circunstâncias. A luta de classes se dá na sociedade e nas instituições do Estado e o partido socialista da classe trabalhadora tem que ser capaz de atuar com a mesma competência e bravura nestes dois níveis de forma combinada, buscando sempre fazer com que luta social e luta institucional se potencializem mutuamente. Não há que se ter preconceitos quanto a formas de luta ou frentes de batalha. Já citei recentemente mas, como parece que alguns não leram, repito o que disse Lenin:
“A crítica - a mais implacável, violenta e intransigente - deve dirigir-se não contra o parlamentarismo ou a ação parlamentar, mas sim contra os chefes que não sabem - e mais ainda contra os que não querem - utilizar as eleições e a tribuna parlamentares de modo revolucionário, comunista. “ (Lenin: Esquerdismo, a doença infantil do comunismo)A eleição pode servir à revolução se dela participarmos de modo revolucionário. Se o que nos falta hoje é mídia para dialogar com as massas e mobilizá-las para a luta e se a antecipação da eleição nos dá essa mídia de que precisamos, por que rejeitar a eleição? Para nos mantermos apartados das massas e, abraçados a um mandato presidencial perdido, assistindo impotentes ao advento de uma ditadura civil de direita?
Por que acham, os companheiros, que Globo, Temer e Romero Jucá se opõem à antecipação da eleição presidencial, chamando-a de golpe? Porque uma eleição abortaria a posse do vice golpista e permitiria que a esquerda conquistasse um novo mandato presidencial, dando sequência ao de Dilma, que terá sido abreviado.
O que diremos aos trabalhadores brasileiros e ao mundo, se a eleição for antecipada? É simples. Diremos a verdade! Que Dilma foi vítima de um golpe de Estado, mas que decidiu não entregar seu mandato aos golpistas e sim ao povo brasileiro, que a elegeu, para que o povo brasileiro, e não o Supremo e o Senado golpistas, decida soberanamente quem vai governar o país e com que programa. Diremos que Dilma não admitiu a hipótese de permitir que o objetivo do golpe, que é a tomada o poder à revelia do povo, fosse alcançado por seus autores, cujo propósito declarado é a implementação de um programa de governo absolutamente antinacional e antipopular.
A antecipação da eleição presidencial não é uma rendição, é um contragolpe que pode mobilizar a base social da esquerda e botá-la na ofensiva contra a direita e seu projeto. E não abre precedente nenhum para novas tentativas de golpe, porque o que encorajou, na verdade, este golpe que estamos enfrentando foi a extrema fragilidade política do governo Dilma, decorrente de uma série de graves erros cometidos pela própria presidenta, por Lula e pelo nosso Partido dos Trabalhadores. Governo forte e combativo impõe respeito e desencoraja tentativas de golpe de Estado.
E sobre este tema da governabilidade e do golpismo, eu vou simplesmente reproduzir o trecho de um texto que publiquei aqui nesta lista e que alguns companheiros que me contestam, pelo visto, não se deram ao trabalho de ler. Eu disse:
“E se apenas a eleição presidencial for antecipada, será sabotado o governo de qualquer presidente que ganhe a disputa com um projeto de esquerda. Como bem resumiu um companheiro do PT, a derrota do golpismo no Brasil, passa pela derrota do atual Congresso Nacional. E derrotar o atual Congresso, significa botá-lo abaixo e renovar a sua composição através de uma eleição para o parlamento.Ou seja, o que eu proponho é que durante a campanha presidencial os candidatos da esquerda, todos, num ato conjunto, lancem uma proposta e uma campanha pela realização de um plebiscito por eleições gerais. E eu tenho a mais absoluta certeza de que essa bandeira do plebiscito pela mudança dos atuais deputados e senadores tem tudo para mobilizar a classe trabalhadora e derrotar o golpismo do parlamento.
São evidentes os sinais de que a proposta de antecipação apenas da eleição presidencial é mais viável do que a de eleições gerais, já há inclusive alguma movimentação nesse sentido no Senado e ela tem, indiscutivelmente, base social para se sustentar. Segunda feira (24), o site Congresso em Foco noticiou que, segundo pesquisa Ibope, '62% dos brasileiros querem novas eleições'.
Há espaço, portanto, para que este movimento por eleições diretas cresça na sociedade como expressão de repúdio à eleição indireta de Michel Temer pelo Senado Federal. Acredito que Dilma e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo deveriam abraçar esta ideia, que já tem tão boa aceitação na sociedade. A preferência por novas eleições, contra a posse de Temer, é um dado da realidade subjetiva das massas que não podemos ignorar na definição da nossa estratégia. E os problemas de governabilidade institucional para um possível novo presidente de esquerda, por absolutamente previsíveis, deverão ser tratados com transparência, franqueza e coragem durante a própria campanha eleitoral, pelos candidatos da esquerda, com a denúncia do golpismo e da corrupção da atual legislatura do Congresso e com a apresentação da proposta de antecipação das eleições parlamentares para o Senado e a Câmara.”
Silvio Melgarejo
04/05/2016
(Texto publicado na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal do PT - Rio de Janeiro/RJ, em resposta a objeções de alguns companheiros à proposta que defendo de antecipação da eleição presidencial)
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/elei%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-contragolpe-que-pode-mobilizar-a-classe-trabalhadora-e-bot%C3%A1-la-na-ofen/1274773125869417
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terça-feira, 3 de maio de 2016
O otimismo de Prestes na véspera do golpe de 64.
O otimismo dos que acreditam ser possível derrubar um governo Temer empossado, através da mobilização social, contra todo o aparato repressivo do Estado, lembra-me uma declaração do Prestes, numa palestra que deu no PCUS, no início de 1964. Ele disse:
Silvio Melgarejo
03/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/o-otimismo-de-prestes-na-v%C3%A9spera-do-golpe-de-64/1273100446036685
"Se a reação arrastar o Brasil para um confronto de classes sociais, (...) estará levando nosso povo para a batalha que culminará com a implantação de um governo socialista. Em outras palavras, se a reação levantar a cabeça, nós a cortaremos de imediato. Os reacionários poderão cometer loucuras, mas mesmo as loucuras deles têm limites"E todos sabemos como terminou essa história.
Silvio Melgarejo
03/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/o-otimismo-de-prestes-na-v%C3%A9spera-do-golpe-de-64/1273100446036685
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Só eleição pode impedir que o golpe atinja seu objetivo, que é a tomada do poder à revelia do povo.
A proposta de antecipação da eleição não é desespero, é realismo. A conjuntura é clara. O movimento Não vai ter Golpe chegou ao seu limite e a situação no Senado e no Supremo já se consolidou a favor do golpe. A atual estratégia não vai nos ajudar a mudar isto. Mas a proposta de antecipação da eleição presidencial, convocada através de um plebiscito, tem um potencial extraordinário para mobilizar a classe trabalhadora, que tem estado à margem da atual disputa. Vejam que, segundo o Datafolha, 62% dos brasileiros já apoiam a antecipação da eleição., sem que tenha havido nenhuma campanha ainda defendendo essa proposta.
O sentido político da eleição agora seria de repúdio ao governo que pretende ser empossado, exatamente por não se reconhecer nele legitimidade. A eleição impediria a posse do vice golpista e abriria caminho para a conquista de um novo mandato pela esquerda, através do debate programático durante a campanha. A eleição antecipada é de fato o que se pode chamar de contragolpe democrático a um golpe autoritário, porque tira da mãos do Senado e do Supremo e devolve ao povo a prerrogativa de decidir quem vai governar o país e com que programa.
A preocupação e objetivo da esquerda deve ser derrotar o golpe, impedindo que ele atinja o seu objetivo, que é tomar o poder à revelia do povo, e não apenas marcar um governo golpista vitorioso com o carimbo da ilegitimidade. Porque a ilegitimidade não tornaria um governo Temer menos eficaz na aplicação do seu programa, que já conta com o apoio de uma direita unida e que já tem o controle da mídia, do Judiciário, do Legislativo e parte do próprio Executivo. Com Temer empossado, a direita terá também as Forças Armadas, a Força Nacional de Segurança e a Polícia Federal. Ou seja, terá a direita o controle total do aparato repressivo do Estado.
Lembra-me esta discussão, e sobretudo o otimismo dos que acreditam ser possível derrubar um governo Temer empossado, uma declaração de Prestes, numa palestra que deu no PCUS, no início de 1964. Ele disse:
Silvio Melgarejo
03/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/s%C3%B3-elei%C3%A7%C3%A3o-pode-impedir-que-o-golpe-atinja-seu-objetivo-que-%C3%A9-a-tomada-do-poder-/1273268599353203
O sentido político da eleição agora seria de repúdio ao governo que pretende ser empossado, exatamente por não se reconhecer nele legitimidade. A eleição impediria a posse do vice golpista e abriria caminho para a conquista de um novo mandato pela esquerda, através do debate programático durante a campanha. A eleição antecipada é de fato o que se pode chamar de contragolpe democrático a um golpe autoritário, porque tira da mãos do Senado e do Supremo e devolve ao povo a prerrogativa de decidir quem vai governar o país e com que programa.
A preocupação e objetivo da esquerda deve ser derrotar o golpe, impedindo que ele atinja o seu objetivo, que é tomar o poder à revelia do povo, e não apenas marcar um governo golpista vitorioso com o carimbo da ilegitimidade. Porque a ilegitimidade não tornaria um governo Temer menos eficaz na aplicação do seu programa, que já conta com o apoio de uma direita unida e que já tem o controle da mídia, do Judiciário, do Legislativo e parte do próprio Executivo. Com Temer empossado, a direita terá também as Forças Armadas, a Força Nacional de Segurança e a Polícia Federal. Ou seja, terá a direita o controle total do aparato repressivo do Estado.
Lembra-me esta discussão, e sobretudo o otimismo dos que acreditam ser possível derrubar um governo Temer empossado, uma declaração de Prestes, numa palestra que deu no PCUS, no início de 1964. Ele disse:
"Se a reação arrastar o Brasil para um confronto de classes sociais, (...) estará levando nosso povo para a batalha que culminará com a implantação de um governo socialista. Em outras palavras, se a reação levantar a cabeça, nós a cortaremos de imediato. Os reacionários poderão cometer loucuras, mas mesmo as loucuras deles têm limites"E todos sabemos como terminou essa história.
Silvio Melgarejo
03/05/2016
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/s%C3%B3-elei%C3%A7%C3%A3o-pode-impedir-que-o-golpe-atinja-seu-objetivo-que-%C3%A9-a-tomada-do-poder-/1273268599353203
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