sábado, 29 de novembro de 2014

Correlação de forças e administração partidária: Dois temas que precisam ser estudados e discutidos pela vanguarda petista.

(Resposta ao comentário de um companheiro no Facebook)

Luiz Claudio. É evidente que usamos critérios diferentes para avaliar a correlação de forças e acho que seria útil explicitarmos estes critérios para julgar suas validades. Acredito que boa pate das divergências no campo da esquerda decorrem da relevância maior ou menor que se dá a este fator da luta da classes, a correlação de forças, para a concepção das ações políticas, mas também da aparente diferença de critérios usados para avaliá-lo. Por isso acho que o conceito da correlação de forças deveria ser mais estudado e debatido, não só dentro do PT, mas no conjunto da esquerda. Acho que ter mais clareza sobre o que é correlação de forças contribuiria para que os debates fossem mais produtivos, no sentido da unidade de ação.

A outra questão que precisa ser discutida é sobre o aspecto administrativo das organizações de esquerda. O PT vive uma crise organizativa crônica desde 1982, segundo diagnósticos aprovados em resoluções de vários encontros nacionais. Os problemas, portanto, vêm de muito antes de 1987. A deficiência administrativa tem gerado desde aquela época graves problemas políticos, dentre os quais o precário funcionamento da democracia partidária e uma total incapacidade de mobilizar o conjunto dos filiados para as ações mais simples. Veja o exemplo do abaixo-assinado da Reforma Política.

Nada mais fácil do que colher assinaturas. A meta estabelecida pelo PT desde março ou abril de 2013 era colher 1,5 milhão de assinaturas. Ora bolas, o PT tem 1,5 milhão de filiados. Bastava colher as assinaturas desses filiados que a gente batia essa meta. Por que não o fizemos? Por que não o fazemos? Porque falta planejamento, organização, direção e controle nos diretórios para a execução dessa tarefa. E planejamento, organização, direção e controle são etapas do processo administrativo.

É isso que falta ao PT para se tornar uma ferramenta realmente útil à luta dos trabalhadores: capacidade de administrar os  recursos presentes em sua base de filiados. Falta ADMINISTRAÇÃO PARTIDÁRIA. Este é um tema fundamental que precisamos discutir e que encontra, não obstante, uma enorme resistência na vanguarda do partido.

A política precisa da administração para se realizar. Este é o conceito que defendo e que considero ser a chave para a solução destes dois problemas crônicos que o PT tem tido desde a sua fundação, que são a precariedade da democracia interna e a falta de poder de ação coletiva, e para que vençamos o desafio de construir um partido que seja realmente indutor, organizador e dirigente de grandes mobilizações de trabalhadores.

Correlação de forças e administração partidária. Estes, Luiz Cláudio, são a meu ver os dois temas mais importantes que precisam ser discutidos pelos que compreendem a importância da ação política partidária na luta de classes. Um abraço, companheiro.

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