Em 7/11/2014, o jornal O Globo publicou uma notícia que tinha o seguinte título:
‘Eu não represento o PT, represento a Presidência da República’, diz DilmaNo corpo da matéria, a declaração completa da presidenta:
"Eu não represento o PT.Em 9/11/2014, o companheiro Pedro Bernardes Neto, da tendência Esquerda Marxista, compartilhou o link desta notícia numa comunidade petista do Facebook, com o seguinte comentário:
Eu represento a Presidência da República.
A opinião do PT é a opinião de um partido.
Não me influencia, eu represento o país.
Sou presidente dos brasileiros.
Acho que o PT, como qualquer partido, tem posições de parte e não do todo, é deles, é típico."
"O que é isso companheira? Então porque é filiada ao PT? "No dia seguinte, 10, publiquei o seguinte texto, em resposta a ele:
"Dilma é presidenta de um governo de coalizão.
O governo não é exclusivamente do PT, é composto por outras forças, inclusive de direita.
É evidente que dentro da coalizão há disputa entre os partidos e que Dilma participa dessa disputa como defensora maior das posições petistas.
Mas não o faz de maneira ostensiva para evitar melindres e preservar a integridade dessa coalizão que já é por natureza frágil em razão de suas agudas contradições.
O desafio da nossa presidenta e da direção do PT é conseguir construir e manter uma base de sustentação parlamentar que dê um mínimo de segurança ao nosso governo de que ele pelo menos não seja interrompido por um processo de impeachment.
Já os compromissos assumidos por Dilma com os trabalhadores durante a campanha só poderão ser honrados se ela tiver uma ampla e consistente base de sustentação na própria sociedade.Compartilhei, em seguida, no mesmo dia, dois links:
E isso tem que ser construído pelo próprio Partido dos Trabalhadores.
A partir de agora, quem tem que falar pelo PT, para o governo e para o parlamento são as massas trabalhadoras organizadas e mobilizadas pelo próprio PT.
A presidenta Dilma é filiada ao PT e já afirmou e provou seu compromisso com a classe trabalhadora.
Mas não terá força política para honrar os compromissos assumidos durante a campanha se ficar refém da direita parlamentar, midiática e do Judiciário.
Neste próximo mandato de Dilma, a classe trabalhadora tem que assumir o papel de protagonista real do processo político brasileiro, para dar suporte à Dilma e protegê-la do cerco conservador que já se ergue em torno dela.
Contra o golpe de Estado, pela Reforma Política e pela Democratização da Mídia, a estratégia petista deve ser uma só:
Construir o partido e mobilizar os trabalhadores."
"Dilma Rousseff no Twitter: 'Eu tenho lado! O lado dos trabalhadores e das trabalhadoras deste país!'"Pedro Bernardes respondeu com o link abaixo, de um texto de sua tendência:
"Dilma diz que tem lado e que verdade vencerá 'pessimismo e desinfomação'"
"Não existe 'onda conservadora' no Brasil, nem em SP"Respondi-lhe com o seguinte texto:
"Soma aí, então:Disse, então, Pedro Bernardes:
70 deputados federais do PT
+ 9 do PCdoB
+ 5 do PSOL, que é oposição.
Tem mais algum partido de esquerda naquele Congresso?
Acho que não, né.
Então PT+PCdoB+PSOL totalizam 84 deputados.
Sabe quantos tem o Congresso?
513.
Isto significa que a esquerda tem apenas 16,37% das cadeiras da Câmara.
Com 83,63% das cadeiras, ou o PT faz acordo com algum setor da direita ou se isola e cava o impeachment da Dilma.
Estranho é que os que exigem uma radicalização da presidenta sejam tão moderados, prá não dizer omissos, em relação ao tema da construção partidária e da mobilização dos trabalhadores.
O que sugere que a radicalização, de fato, seja só 'gogó', retórica ultrarrevolucionária sem compromisso nenhum com luta nenhuma, nem com a realização de nada."
"Companheiro, quando o PT tinha 16 deputados e PCdoB 4, mas tinha BASE NA RUA foi o período em que os trabalhadores mais conquistaram direitos.Peguntei a ele:
O problema é que a partir de 1987 a política do partido foi COALIZÃO, COALIZÃO e mais COALIZÃO se distanciando da base e ficando a mercê desse congresso que NUNCA resolveu nada para os trabalhadores."
"O que a Esquerda Marxista tem a dizer sobre a construção partidária? Isso é o que eu gostaria de saber."Bernardes disse:
"Essa é a posição da EM quanto à construção do partido Silvio Melgarejo:Ao que eu lhe respondi:'Carta Aberta ao companheiro Lula, à Presidente Dilma Rousseff e ao Diretório Nacional do PT' '"
"Pedro Bernardes Neto. Eu já tinha lido essa carta, reli agora, e não achei uma linha sequer tratando de construção partidária."
Uma companheira chamada Carmem Mascarenhas ponderou:
"Devemos entender que uma presidente deve governar para toda a população e não só para os que votaram nela. Dilma é bastante consciente de seu papel e está certa ao dizer que na presidência ela não representa o PT, pois seria o mesmo que dizer que só governaria para os petistas, assim como o PSDB sempre governou para a elite."
O companheiro Miranda JC, da Esquerda Marxista, retrucou:
"Ah tá, então vai governar para os ricos... também? Alguém aí acha possível governar para os ricos e pobres ao mesmo tempo?"
Em resposta a ele, compartilhei de novo a declaração que Dilma tinha dado no Twitter:
"Dilma Rousseff no Twitter: 'Eu tenho lado! O lado dos trabalhadores e das trabalhadoras deste país!'"
E disse:
"'Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado', dizia Marx em seu 18 Brumário."
Mais um outro companheiro, chamado Arthur Martinatti Penna, intervem:
"Antes da vitória, quando ela corria sério risco de perder, ela disse mesmo que estava do lado dos trabalhadores. Depois que o segundo mandato está garantido, ela chama a imprensa burguesa para garantir que não representa o PT, e vai seguir mantendo todos os compromissos com os ricos... Discurso eleitoreiro não vale!"
Eu lhe disse:
"A defesa do emprego, do salário e dos direitos sociais e trabalhistas em plena crise econômica mundial não é discurso. É fato."
Arthur prosseguiu:
"É mesmo? Só se for nos dados do governo federal, porque a própria CUT exibe dados que contestam essa tal 'defesa'."
Eu:
"Ah é? E onde estão estes dados?"
Arthur:
"Procure-os, é fácil de achar. E se você acha que os direitos sociais são defendidos, é porque nunca viveu nem trabalhou na periferia..."
Eu:
"Mostre-me. É um desafio."
Miranda JC opinou:
"Olha, sou militante do PT desde 1981 e sinceridade... A cúpula está cada vez mais a direita (o governo então nem se fale...). E como dizia o velho ditado: 'quanto mais se agacha, mais apanha'."
Eu:
"O problema é que a Esquerda Marxista é, pelo visto, tão conservadora quanto a CNB em termos de construção partidária. Omissão total. E o pior é que é esquerdista."
Miranda JC:
"E as massas sentem isso, e a perda de mais de 20% das bancadas estaduais e federais e a votação do primeiro turno são o FATO!"
Eu:
"O fato é que desemprego, arrocho salarial e cortes de direitos sociais e trabalhistas tem sido pauta de tudo quanto é manifestação que tem tido pelo mundo durante essa crise econômica.
No Brasil, não houve um protesto sequer contra desemprego, arrocho e corte de direitos, e nenhum desses temas pode surgir no debate eleitoral, simplesmente porque o povo sabe que eles não existem. Se existissem a oposição os teria usado contra Dilma durante a disputa."
Pedro Bernardes Neto retorna ao debate dizendo:
"Romper com a burguesia é o primeiro passo para a construção partidária de qualquer partido operário. O programa de um partido é o primeiro ponto para qualquer tática de construção e a carta coloca as condições para que o PT volte a crescer."
Eu, então, lhe disse, encerrando minha participação na discussão:
"Quanto menos partido tivermos, mais dependentes ficamos da tal coalizão.
Se o tempo que se gasta cobrando radicalidade da Dilma fosse empregado na execução de uma política radical de construção partidária, nós teríamos condições de mobilizar até 1,5 milhão de filiados que hoje estão dispersos por esse país afora, sem receber uma carta, um telefonema sequer de seus dirigentes ou de qualquer militante.
Antes de tentarem mudar a Dilma, olhem para o partido, e vejam quanta mudança precisa ser feita para torná-lo capaz de cumprir a missão para a qual realmente foi criado, que é a luta pelo socialismo democrático.
A coalizão governamental não impede que a direção do PT e suas diversas tendências invistam na construção do partido. Se não o fazem é porque não querem. É mais fácil criticar a Dilma do que fazer auto-crítica e mudar de atitude."
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