"Para refrescar a memória de quem anda curtindo a opinião da Cidinha Campos (que apoia o Cabral descaradamente) sobre o Marcelo Freixo. Com a palavra, Paulo Ramos, do partido dela (PDT)."
A opinião de Cidinha a que Glória se refere é a que a deputada expôs em seu artigo publicado no mesmo dia, 20, que reproduzo abaixo:
Cidinha Campos: Freixo, o intocável
Todos os homens públicos não estão sujeitos a ter a sua conduta questionada em algum momento da vida? Mas Marcelo Freixo, enfant-gaté da esquerda caviar, não
Rio - Era previsível a reunião de “desagravo” a Marcelo Freixo. Esquerdistas do Posto 9, humanistas do Leblon e turistas da política em geral gritaram: “Com ele não!!!”. Mas por que não? Todos os homens públicos não estão sujeitos a ter a sua conduta questionada em algum momento da vida? Mas Marcelo Freixo, enfant-gaté da esquerda caviar, não.
Ter dois advogados em seu gabinete, pagos com dinheiro público, trabalhando num instituto que defende black blocs, só seria questionável se o contratante fosse o Bolsonaro. Freixo não! Sem falar nos outros dois advogados na mesma situação exonerados recentemente.
Nepotismo, ainda que cruzado, só é feio quando praticado pelos outros. Freixo não! Sua mulher, Renata Stuart, é funcionária do vereador Renato Cinco (aquele que doou dinheiro para a Sininho), mas já passou pelo gabinete de Eliomar Coelho, todos do Psol. Imagina se fosse o Renan?
Taí um partido generoso com as esposas dos companheiros. A mulher do ex-deputado Milton Temer, Rosane Andrade de Aguiar, que recentemente passou com o marido temporada de três meses em Paris, é empregada no gabinete da liderança do Psol, onde também bate ponto (será?) Cristiane Pena Dutra, esposa do bombeiro Daciolo, aquele que colocou fogo na greve dos bombeiros.
Quando o telhado é do Psol, ninguém pode jogar pedra. O senador Randolfe Rodrigues (AP) — também presente ao “desagravo” a Freixo — foi acusado de receber um mensalinho. Ficou indignado porque saiu no jornal. Mas quando é o Zé Dirceu...
Conheço bem o Freixo. Fui vice-presidente da CPI das Milícias, junto com outros seis companheiros. Eu e minha família fomos ameaçados por Cristiano Girão, hoje preso fora do estado. A imprensa — essa mesma que hoje ele acusa de perseguição — nos ajudou e muito na investigação. Da parte dele, nenhuma palavra de agradecimento.
Estranhei a ausência da deputada Janira Rocha no “desagravo” a Freixo. Depois do escândalo em que meteu, não convinha mesmo dar as caras. No “desagravo”, também não vi manifestações de solidariedade à família de Santiago Andrade. No Facebook do deputado, tem uma declaração formal: “Sinto muito. Minha mulher trabalhou com ele.” E se fosse um policial a ter a cabeça estourada? Ele se solidarizaria? Ou policial só é legal na sua segurança pessoal?
O deputado tem um jeito muito particular de lidar com a democracia e a liberdade de imprensa. Para Marcelo Freixo, a mídia só é boa quando ele é a fonte ou a estrela.
Deputada estadual pelo PDT
Sobre o post de Glória, fiz o seguinte comentário, no dia 21 de fevereiro:
"As críticas da deputada Cidinha Campos a Marcelo Freixo e ao PSOL são tão válidas e consistentes que os psolistas, na impossibilidade de contestá-las, evitam abordá-las e partem para a desqualificação da própria Cidinha, como se isso pudesse invalidar o que ela diz. Não invalida. Porque quem anda curtindo a opinião da Cidinha sobre Freixo e o PSOL, não curte, necessariamente, a opinião dela sobre Sérgio Cabral. Neste seu recente artigo, ela opina sobre fatos que são, em sua maioria, de conhecimento público. Os que não são, podem perfeitamente ser contestados pelos acusados, inclusive com interpelações judiciais.
O apelo ao vídeo do Paulo Ramos, só o que 'desmascara' é a incapacidade que os militantes e simpatizantes do PSOL estão sentindo para refutar, ponto a ponto, parágrafo a parágrafo, cada um dos argumentos apresentados por Cidinha Campos, em sua contundente crítica ao PSOL, ao deputado Marcelo Freixo e a todos os que se empenham em blindá-los de críticas."
No mesmo dia, Glória ponderou:
"Tá bom. Então, se o caráter de quem 'denuncia' sem provas não importa, vamos acreditar no safado do Jefferson quando incrimina o PT. Pra começar, o Freixo não está sendo questionado. Está sendo acusado sem provas. Depois, quem está se solidarizando com ele neste lamentável episódio não são apenas "militantes e simpatizantes do PSOL". São personalidades como Leonardo Boff, Frei Betto e até parlamentares do PT, como Lindberg Farias. Não devemos, então, votar no Lindberg? Afinal, ele está apoiando o Freixo..."
Ao que eu lhe respondi:
"Leonardo Boff, Frei Betto e os tais parlamentares do PT, como Lindberg Farias, denunciaram a farsa do mensalão e participaram de atos de solidariedade e desagravo aos condenados no julgamento fraudado da AP-470. O PSOL participou de algum desses atos? Não. Ao contrário, até hoje divulga e endossa a mentira do safado do Jefferson, junto com o STF, a Globo, o PSDB e o DEM, com o claro intuito de criminalizar o PT e tirar proveito político, apresentando uma falsa imagem de virtude e ética, que a denúncia comprovada do roubo de dinheiro do sindicato dos previdenciários, para financiamento de suas campanhas eleitorais, jogou definitivamente por terra. Até o PCO teve uma posição mais honesta em relação ao caso do mensalão. Dirceu, Genoíno, João Paulo, Delúbio e Pizzolato foram condenados sem provas. Aliás, as provas de suas inocências são fartas e estão há quase um ano disponíveis na internet. E o que tem feito o PSOL? Tem aplaudido as condenações injustas e chamado os petistas de mensaleiros, em coro afinadíssimo com a direita golpista. Não é incoerente reclamarem agora de serem vítimas daquilo mesmo que fazem ao partido que tem por maior rival?
O PSOL tem o PT como inimigo principal a ser batido. Ele não quer saber de disputar agora o governo do país, quer disputar a direção do campo da esquerda e, para isso, alia-se à direita e vale-se dos mais sórdidos métodos, para tentar desestabilizar o governo Dilma, destruir a imagem do PT e levá-los à uma derrota eleitoral e política, mesmo que isto represente o retorno dos tucanos à presidência do país. O apoio de Plínio de Arruda Sampaio, candidato do PSOL na eleição presidencial de 2010, a José Serra, contra Fernando Haddad, na última eleição municipal de São Paulo, ilustra muito bem o que digo.
Eu quero ver as tais acusações contra Marcelo Freixo e o PSOL serem contestadas uma a uma. Que o PSOL foi fundado e teve suas campanhas eleitorais financiadas por dinheiro roubado do sindicato dos previdenciários, isto está provado, a deputada Janira confessa isso numa gravação. Não vou dar colher de chá prum partido que é inimigo declarado do PT e que tem um histórico desses. Quero respostas e que elas sejam convincentes. Se os psolistas querem boa vontade e solidariedade dos petistas, que tomem vergonha na cara, deixem de ser desonestos, oportunistas e desleais na disputa política, e façam autocritica da mentira do mensalão, que há anos tem corroborado. A militância do PT, em sua imensa maioria, não será solidária com quem trata o PT como inimigo maior a ser batido, com quem festeja a desgraça de nossos companheiros presos, à revelia de todas as provas que os inocentam."
E prossegui:
"Dirceu, Genoíno, João Paulo, Delúbio e Pizzolato foram condenados sem provas. Aliás, as provas de suas inocências são fartas e estão há quase um ano disponíveis na internet. E o que tem feito o PSOL? Veja abaixo:
No dia seguinte, 22/2/2014, Glória disse:
"Diante de tudo isso, pergunto: a presença do Lindberg Farias no ato de desagravo foi puro oportunismo político?"
No dia 23, postei o seguinte texto explicando a atitude de Lindberg e analisando a relação entre PT e PSOL:
"Existe antipetismo na direita e na esquerda, e ele é nos dois casos tão forte que chega a unir os dois polos extremos contra o Partido dos Trabalhadores. Já o antipsolismo é um fenômeno, que acredito só haver dentro do PT, que resulta da oposição raivosa e desonesta que o PSOL tem feito ao partido desde a sua fundação, em 2004.
Quando o PSOL foi fundado, muita gente no PT tinha simpatia e torcia, até, prá que conseguisse se constituir como alternativa de esquerda ao próprio PT, na esperança de que sua existência fortalecesse a esquerda brasileira e ajudasse o PT a governar o país sem precisar fazer alianças com os partidos de direita. Mas não foi isso que ocorreu. O PSOL, como se tem há anos visto, acabou virando uma mera força auxiliar da direita golpista.
O ódio da imensa maioria da militância do PT pelo PSOL foi plantado e cultivado pelos próprios psolistas durante quase 10 anos de hostilidades. Não me refiro a críticas, que estas são naturais e desejáveis na democracia, mas à oposição sistemática e à colaboração permanente com os atos de sabotagem da direita golpista ao nosso governo e com as agressões de todo tipo que essa mesma direita nos dirige.
O que quero dizer é que o PSOL é um partido essencialmente antipetista e que o PT não é essencialmente antipsolista. Destruir o PT faz parte da estratégia política do PSOL para hegemonizar a esquerda brasileira. O PT, ao contrário, não quer, nunca quis destruir o PSOL, apenas reage às suas ofensivas, responde à altura, como é justo, a uma declaração de guerra que partiu dos psolistas.
Sobre oportunismo político, não é um mal em si, embora o termo carregue o sentido pejorativo atribuído a quase tudo relacionado à atividade política. Oportunismo é a capacidade de perceber e tirar proveito de uma oportunidade para atingir algum objetivo. Oportunidade é um conjunto de circunstâncias favoráveis ao sucesso de alguma iniciativa.
O oportunismo político é de fato negativo quando, divorciado da ética, serve a propósitos injustos e vale-se de meios moral e legalmente condenáveis. Não é o caso da presença de Lindbergh ao ato de desagravo a Freixo, tampouco da nota do PT do Rio, do dia 17 de fevereiro, que trata da proposta da lei-antiterrorismo, na qual o partido posiciona-se enquanto se solidariza, em primeiro lugar, com os familiares e amigos de Santiago Andrade, e depois com Freixo e com o PSOL ante uma suposta perseguição que eles estariam sofrendo da mídia, algo que, francamente, eu não vi.
Há, nos dois casos, oportunismo político, sim, mas positivo, a meu ver, na medida em que são movimentos inspirados pela identificação de uma circunstância favorável à aproximação e à superação do clima de guerra entre os dois partidos, PT e PSOL, uma guerra que foi provocada pelo próprio PSOL. Não há nada de antiético ou ilegal nisso.
O PT precisa mesmo do fortalecimento da esquerda no parlamento, sobretudo na base de sustentação ao governo Dilma, porque é a composição dessa base e do parlamento como um todo que vão, não só garantir a governabilidade do país, como determinar os rumos do próprio governo. Como diz o Mino Carta, até o reino mineral sabe disso.
O PT tem um projeto de esquerda que não tem podido se realizar plenamente porque a esquerda brasileira toda, incluindo a oposicionista, não chega a ter nem 29% das cadeiras do parlamento. O PSOL tem apenas 0,58% dos deputados da Câmara Federal. PSTU, PCO e PCB não têm nenhum. Cobram do PT um governo com um perfil de esquerda mais radical, desprezando completamente o fato de que, com 70% do parlamento e com o controle da mídia, do judiciário e das forças armadas, a direita facilmente nos derrubaria, seja pela inviabilização da gestão governamental através de sabotagens e boicotes, ou pelas vias do impeachment e do golpe.
Ao PT interessa o fortalecimento da esquerda porque disso depende a sobrevivência e o avanço do seu projeto. Ao PT interessa ter o PSOL como aliado e que o PSOL cresça enquanto realiza conosco aquilo que a correlação entre as forças políticas das classes sociais permite a cada momento.
O PSOL não cresce porque exige do PT o que ele próprio não teria condições de fazer se estivesse no governo, com a presente correlação de forças. Lenin chamava esse desprezo pela correlação de forças, de esquerdismo, dizia que era a doença infantil do comunismo. Eu chamo de burrice.
O PSOL precisa superar o esquerdismo, mas também precisa superar o ódio ao PT que traz e cultiva desde sua origem. Caso contrário, continuará sendo esse partido pequeno, sectário e moralista, com composição e eleitorado predominantemente de classe média, incapaz de dialogar com as massas e de oferecer a elas um projeto alternativo ao que condenam, um projeto que atenda aos interesses populares e que seja exequível nas atuais circunstâncias políticas.
Lindbergh e o PT do Rio, o que fizeram foi um movimento de aproximação e um convite ao PSOL para o diálogo e para uma mudança de postura. Não se diga que essa mudança de postura não é possível, porque o PSOL tem se mostrado bastante flexível e pragmático quando lhe convém. Haja visto o pedido de ajuda de Marcelo Freixo a Garotinho para que ele salvasse do impeachment o prefeito psolista de Itaocara. O PR, do ex-governador, tem a presidência da câmara de lá e quase metade dos vereadores.
Lindbergh e a direção do PT do Rio querem, evidentemente, criar as condições para conquistar o apoio do PSOL em um eventual segundo turno, na eleição deste ano, contra os candidatos dos partidos de direita. Aí vamos ver que tipo de acordo o Marcelo Freixo realmente fez com Garotinho para preservar o mandato do prefeito de Itaocara, se houve na ocasião algum compromisso de contrapartida, de manter pelo menos uma postura de neutralidade, num eventual segundo turno da eleição estadual.
Portanto, como eu disse, há oportunismo na presença de Lindbergh ao ato de apoio ao Freixo, assim como há oportunismo na manifestação de solidariedade do PT do Rio a ele e ao PSOL. Mas considero esse oportunismo positivo - embora ele não corresponda às disposições da maioria da militância petista - porque tem como perspectiva a superação de desarmonias no campo da esquerda que só tem favorecido à direita, inimiga por natureza de todo ideal de igualdade.
A militância do PT vai continuar em guerra contra o PSOL enquanto este partido não der sinais de que pretende ter conosco outro tipo de relação. Dito de outro modo: se querem guerra, vão ter guerra; se querem paz, então vamos conversar."
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