Racismo e barbárie na Zona Sul
Em 3/2/2014, compartilhei no Facebook a seguinte matéria do jornal Extra:
Adolescente atacado por grupo de ‘justiceiros’ é preso a um poste por uma trava de bicicleta, no Flamengo
Um adolescente foi espancado e preso a um poste por uma trava de bicicleta, nu, na noite da última sexta-feira, na Av. Rui Barbosa, no Flamengo, Zona Sul do Rio. Ele teria sido atacado por um grupo de três homens, a quem chamou de “os justiceiros”, segundo a coordenadora do Projeto Uerê, Yvonne Bezerra de Melo, de 66 anos. A artista plástica foi chamada por vizinhos que flagraram a cena, registrou a situação e compartilhou em sua página no Facebook. Internautas afirmam que o adolescente praticaria roubos e furtos na região do Flamengo.No dia seguinte, 4, publiquei no espaço para comentários a seguinte matéria do O Globo sobre o caso:
— Eu não quero saber se ele é bandidinho ou bandidão, você não pode amarrar uma pessoa no meio da rua. Aquela área do Flamengo teve um aumento muito grande de violência e roubos recentemente. Como as coisas não melhoram, um bando de garotões se juntam e começam a fazer justiça pelas próprias mãos. Sei que tem muita marginalidade e a polícia é ineficaz, mas você não pode juntar um grupo e começar a executar pessoas — explica Yvonne, que estima que o rapaz tenha entre 16 e 18 anos. — Eu perguntei a ele quem tinha feito aquilo e ele disse que eram os “justiceiros de moto”. Ele foi espancado, levou uma facada na orelha, arrancaram a roupa dele e prenderam pelo pescoço. E ninguém na rua faz nada para impedir.
Ameaças
Bombeiros do Quartel do Catete atenderam a ocorrência de agressão e soltaram o rapaz. Ele foi levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Yvonne conta que os bombeiros precisaram usar um maçarico para abrir a trava de bicicleta.
A artista plástica já chegou a receber ameaças por ajudar e defender o rapaz:
— Eu recebo ameaças por defender, mas estamos falando de seres humanos. Recebi no Facebook a seguinte mensagem: “Pra mim essa raça tem que ser exterminada com requintes de crueldade”. De um rapaz jovem, que não deve ter nem 20 anos. Se o Estado não toma providências para resolver o problema da violência, os grupos nazistas, neonazistas se unem e essa mentalidade toma conta.
Fundadora do Projeto Uerê — ONG que oferece educação a crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem decorrentes de traumas —, Yvonne trabalha com projetos sociais no Brasil desde os anos 1980. Ela conta que, nesta época, esse tipo de ataque era comum.
— Nos anos 80 existiam, na Zona Sul, gangues de rapazes que saiam à noite para bater em mendigos e em meninos de rua. Depois, isso parou porque houve certa redução da criminalidade. Se ele rouba, que prendam, mas não pode torturar no meio da rua — conclui. — Esse tipo de crime tem muito racismo, muito preconceito. Se fosse o contrário, ia ser um Deus nos acuda. “O branquinho amarrado no poste, coitadinho!”. O que está acontecendo é que a violência está criando o ódio da população. Eu entendo, ninguém quer ser esfaqueado andando no Aterro (do Flamengo), mas você tem leis, tem uma polícia. Não pode fazer justiça com as próprias mãos.
Comentários
Nas redes sociais, internautas apoiaram a ação do grupo. "Acordem seus tapados... quem anda no Flamengo sabe... isso ai é LADRÃO que assalta senhoras e mulheres todos os dias na rua Oswaldo Cruz e adjacentes... ele tem uma gangue... geralmente anda com mais 4 pivetes homens e 2 mulheres... fizeram foi pouco... faltou álcool e isqueiro pra 'esterilizar' o meliante", disse um rapaz. "Se é bandido, pena eu não ter passado com meu pitbull pra deixar ele brincar um pouquinho... Bandido bom é bandido morto!!", comentou um jovem.
Um terceiro homem reiterou: "Sinceramente, acho q só quem mora em Botafogo sabe o quanto esses pivetes estão colocando o terror, já tá todo mundo de saco cheio, é muito fácil ficar defendendo e dizendo q foram ladrões q fizeram isso!! Pelo q vi na foto, ele não está nada machucado, só está preso, acho até q foi um ato simbólico, pois já que quando alguém reclama com a policia que foi assaltado por um bando de pivetes eles simplesmente dizem que não podem fazer nada, que não adianta prendê-los!! Então, alguém foi lá e prendeu!!"
Polícia autua 13 acusados de agredirem supostos bandidos no Flamengo
Grupo, que possui página no Facebook, estaria fazendo justiça com as próprias mãosNa mesma data, compartilhei também o link da seguinte matéria do jornal O Dia, de 1/11/2013:
RIO - Policiais da 9ª DP (Catete) estão analisando imagens de vídeo para tentar levantar provas contra um possível grupo que estaria “fazendo justiça com as próprias mãos” na região do Flamengo. Por volta das 23h desta segunda-feira, 14 pessoas — todos moradores da Zona Sul, sendo um menor — foram detidos por policiais militares no Parque do Flamengo. Dois menores denunciaram estarem sendo perseguidos pelo grupo. Treze foram autuados por formação de quadrilha, tentativa de lesão corporal e corrupção de menor.
Segundo os menores, o grupo ameaçava agredi-los e dizia não gostar “nem de mendigos nem de pobres”. Durante depoimento na 9ª DP (Catete), dois deles confirmaram que pertecem a um grupo autodenominado “Bairro do Flamengo”, criado no facebook que tem como objetivo se reunir para patrulhar o Aterro em busca de “potenciais autores de delitos”. Um dos acusados, um estudante de 22 anos, afirmou ainda que o objetivo era encontrar infratores e agredi-los. Em depoimento, um dos jovens alegou ainda que o grupo foi criado em razão do “descontentamento de moradores com os recorrentes assaltos no Aterro”. Os outros 12 envolvidos afirmaram que só falariam em juízo.
A página no Facebook do grupo Informa que seu objetivo é criar uma comunidade de amigos “para vigiar os acontecimentos e pressionar os órgãos competentes por melhorias no nosso bairro”. Também afirma que incitar a violência não é o foco do grupo, além de ser crime. Procurado pelo GLOBO, o engenheiro Luís Carlos Júnior, administrador da página, afirmou que criou o grupo em novembro para debater questões do bairro e se assustou com a violência de alguns internautas.
A delegada Monique Vidal instaurou inquérito para apurar crime de quadrilha ou bando, tentativa de lesão corporal e corrupção de menores, uma vez que um dos agressores tem apenas 15 anos. Monique também investiga se o grupo também esteve envolvido na agressão ao menor, de 15 anos, que foi encontrado algemado pelo pescoço a um poste em frente a Avenida Rui Barbosa, no final da noite de sexta-feira passada. O caso, que ganhou a rede a partir da divulgação da imagem do rapaz acorrentado, parece inspirado na série american Breaking Bad. Nela, Jesse Pinkman, personagem de Aaron Paul, aprisiona o traficante Krazy-8 (Domingo Molina) no porão de sua casa, usando um cadeado de bicicleta.
Segundo os menores, o grupo ameaçava agredi-los e dizia não gostar “nem de mendigos nem de pobres”. Durante depoimento na 9ª DP (Catete), dois deles confirmaram que pertecem a um grupo autodenominado “Bairro do Flamengo”, criado no facebook que tem como objetivo se reunir para patrulhar o Aterro em busca de “potenciais autores de delitos”. Um dos acusados, um estudante de 22 anos, afirmou ainda que o objetivo era encontrar infratores e agredi-los. Em depoimento, um dos jovens alegou ainda que o grupo foi criado em razão do “descontentamento de moradores com os recorrentes assaltos no Aterro”. Os outros 12 envolvidos afirmaram que só falariam em juízo.
A página no Facebook do grupo Informa que seu objetivo é criar uma comunidade de amigos “para vigiar os acontecimentos e pressionar os órgãos competentes por melhorias no nosso bairro”. Também afirma que incitar a violência não é o foco do grupo, além de ser crime. Procurado pelo GLOBO, o engenheiro Luís Carlos Júnior, administrador da página, afirmou que criou o grupo em novembro para debater questões do bairro e se assustou com a violência de alguns internautas.
A delegada Monique Vidal instaurou inquérito para apurar crime de quadrilha ou bando, tentativa de lesão corporal e corrupção de menores, uma vez que um dos agressores tem apenas 15 anos. Monique também investiga se o grupo também esteve envolvido na agressão ao menor, de 15 anos, que foi encontrado algemado pelo pescoço a um poste em frente a Avenida Rui Barbosa, no final da noite de sexta-feira passada. O caso, que ganhou a rede a partir da divulgação da imagem do rapaz acorrentado, parece inspirado na série american Breaking Bad. Nela, Jesse Pinkman, personagem de Aaron Paul, aprisiona o traficante Krazy-8 (Domingo Molina) no porão de sua casa, usando um cadeado de bicicleta.
— Pelo modus operandi pode ser que eles estejam envolvidos no caso do menino, barbaramente amarrado ao poste, mas ainda não temos o depoimento da vítima, porque ela fugiu do hospital e ainda não foi localizada. Por isto, estamos pedindo a colaboração de quem tiver fotos, vídeos ou tenha presenciado a agressão que nos procure — afirmou a delegada, que também vai chamar Yvonne Bezerra de Mello para prestar depoimento sobre o caso e também requisitou o Boletim Médico do menor ao Hospital Souza Aguiar, onde o jovem foi medicado.
Coordenadora do Grupo Uerê e moradora do Flamengo, Yvonne fotografou o adolescente preso ao poste e foi quem chamou o corpo de Bombeiros para resgatá-lo. De acordo, com a Secretaria Municipal de Saúde, o jovem deu entrada aos 3 minutos do dia 1º de fevereiro, se queixando de dor no tórax. Os exames nada constataram e ele foi posto em observação, desaparecendo pouco tempo depois.
— Requisitei também o boletim médico do Hospital Souza Aguiar e vou ouvir os bombeiros que participaram do resgate do menino — afirmou Monique, que instaurou outro procedimento para apurar a agressão ao jovem , assim que tomou conhecimento do crime pelos jornais.
Já os 14 detidos no final da noite de segunda-feira foram presos por policiais do 2º BPM (Botafogo), que foram chamados pelas duas vítimas da tentativa de agressão. Na delegacia os jovens afirmaram que o grupo chegou ameaçando espancá-los e se disseram inimigos de moradores de rua. Nenhum deles carregava qualquer tipo de armamento. Nesta terça-feiram, policiais percorreram prédios do bairro atrás de imagens que possam provar a prática de crimes de tortura e agressão.
A página do grupo Bairro no Facebook, no entanto, informa que o objetivo deste grupo é criar uma comunidade de amigos “para vigiar os acontecimentos e pressionar os órgãos competentes por melhorias no nosso bairro” e garante que incitar violência não é o foco do grupo e é crime.
Relatos de violência por uma suposta onda de “justiceiros” continuam surgindo na rede e em denúncias encaminhadas por moradores ou mesmo vítimas. Foi o caso de um morador do bairro que pediu para não ser identificado:
— Eu estava na rua e vi. Eram cerca de 20 garotos entre 16 e 21 anos, com pedaços de pau e e o que eles estavam fazendo era também um arrastão homofóbico gritavam dizendo que iam "limpar o Aterro do Flamengo e o bairro dos gays, drogados e ladrões". Estavam correndo atrás de todo mundo que corresse deles. Quem não correria às 23h, meia-noite de um grupo armado de 20, 25 moleques de classe média armados com porretes? Eu corri e correram atrás de mim, e de um monte de gente que estava no caminho. Não importou se era branco, negro, gay, hetero, nada. Eles nem perguntavam.
Ainda segundo o relato do morador, a perseguição continuou até que ele entrasse no carro de polícia que passava no local. Segundo ele, não houve registro. A polícia apenas mandou o grupo dispersar e o levou até a esquina de casa.
Na manhã desta terça-feira, Guardas Municipais detiveram seis jovens, entre eles, um maior de idade, que estava armado com uma faca e é foragido da Justiça. Eles estariam praticando arrastões no Aterro. Enquanto esperava para prestar depoimento o homem identificado como Márcio de Oliveira da Silva, afirmou que não era ladrão, mas catador de lixo e falou que vem sendo vítima constante de “patrulhas de playboys”:
— Eles estão dizendo que eu sou Márcio. Mas digo que meu nome é Marcelo. Eu estava com essa faca porque a encontrei no lixo. Se não tem vítima, eles não podem me prender. Têm que prender os playboys que andam por aí batendo em tudo que vêm pela frente.
Funcionária de um estacionamento no Aterro, Rosineide Barbosa de Oliveira acompanhava atenta o discurso do suspeito. Ela contou que tinha sido furtada pela manhã por outro morador de rua. Segundo ela, eles estão sempre próximos do lago em frente ao MAM.
— A situação é muito difícil. A todo instante eles roubam e furtam moradores e quem trabalha ali. É uma guerra.
'Mendigo não tem direito de cidadão', afirma vereadora Leila do Flamengo
Fala de parlamentar na Câmara Municipal causou polêmica
Rio - Menos de um mês após um vereador de Piraí sugerir que mendigo deveria virar ração para peixe, uma outra declaração envolvendo o mesmo assunto voltou para as rodas de discussão, por revelar a falta de sensibilidade social de alguns políticos no país. A vereadora Leila do Flamengo (PMDB), em discurso na quarta-feira no plenário da Câmara do Rio, afirmou que mendigo não tem o mesmo direito que os cidadãos. Nesta quinta-feira, ao comentar o assunto, ela não hesitou ao afirmar que a grande maioria das pessoas mora na rua porque quer.
“Defendo as famílias e os moradores, não os desocupados. (...) Não estamos falando aqui em discursos hipócritas, de querer dizer que o mendigo tem o mesmo direito que os cidadãos”, afirmou ela, no plenário. Questionada, a vereadora garantiu que a sua fala é reprodução do que ouve das pessoas nas ruas.
Segundo a vereadora, o público que perambula nas calçadas é formado principalmente por homens fortes e bêbados, prontos para o trabalho, mas que preferem ficar sem fazer nada. Suas falas pesam inclusive sobre sua própria origem e história de vida. Nascida em Natal, capital do Rio Grande do Norte, mas criada no Rio, ela defende o retorno de pessoas que vivem de mendicância para sua terra natal. “Eu, com 16 anos, tomava três ônibus para trabalhar. Mas tinha uma base boa. Minha família tinha condições, mas perdemos tudo. Fomos à luta. Não fomos para a rua”, compara.
Leila critica programas populares
Apesar de dizer que defende uma política social e o retorno do projeto da Fazenda Modelo — casas de vivências mantidas pelo município —, para abrigar quem vive na rua, a vereadora escorrega de novo no preconceito para justificar como o problema de moradores de rua surgiu na cidade:
“Aumentou a mendicância no Rio devido a esses programas de R$ 1. Faltou também controlar crescimento de moradias nas áreas verdes. A população achava que vir para o Rio era só para invadir. O comerciante que paga impostos, gera emprego, tem que competir com o mercado que surge na porta dele”.
Proposta de plano de ação para o 1º Diretório Zonal
No dia seguinte, 5, publiquei o seguinte comentário:
"Minha gente, não vamos perder de vista que este fato, como outros semelhantes, se deu no âmbito da jurisdição do 1º Diretório Zonal do PT. Portanto, essa é uma briga nossa, não é possível que não se deem conta disso.O companheiro Sebastian, da base do 1º Diretório, comentou:
Existe uma forte cultura de apartheid racial e social e de desrespeito a direitos humanos na zona sul do Rio de Janeiro, que tem inclusive uma expressão política muito atuante na institucionalidade, que é a vereadora Leila do Flamengo, do PMDB, como se pode ver no link que postei acima. Essa cultura, companheiros, precisa ser dura e permanentemente combatida por nós.
O 1º Diretório Zonal não pode deixar de se manifestar publicamente, sobre fatos como este que foi noticiado, mas também sobre declarações como a da vereadora Leila do Flamengo, que já expressava claramente, no fim do ano passado, as disposições hostis de setores da classe media da região contra a população de rua.
O 1º Diretório Zonal não pode se omitir, deve assumir a defesa intransigente dos direitos humanos e civis dessa parcela da classe trabalhadora que o querido padre Júlio Lancelotti costuma chamar de Povo da Rua.
Essa briga é nossa, companheiros, do 1º Diretório Zonal do Partido dos Trabalhadores contra a direita que está atuando de forma cada vez mais organizada na zona sul do Rio de Janeiro, especialmente no Flamengo. Notem que a vereadora Leila e a gangue de linchadores estão sediados neste mesmo bairro e comungam dos mesmos valores e disposições."
"Já aconteceram outras tantas e poucos se deram conta!"Eu retruquei:
"Quer dizer que se depender de você..."Sebastian:
"Já interpelei o partido por diversas vezes e o próprio ministério público!"O companheiro Edsel, também da base, publicou relato de um morador do Flamengo sobre a ação violenta de crianças e adolescentes moradores de rua. Disse-lhe:
"É evidente que tá faltando policiamento. Nós temos que cobrar. Mas não dá prá admitir que se espalhe aqui uma cultura de Ku Klux Klan."Sebastian prosseguiu:
"Como assim, se ainda estão em período de festas! Tivemos 22 pessoas torturadas na Rocinha. Tivemos agressões policiais na Babilônia e o setorial de DH ou SP não se pronunciaram.Respondi-lhe no mesmo dia, 5:
Só uma pergunta: qual será sua ação concreta o caso?
Por falar se depender hoje temos ações em algumas áreas precarizadas, provavelmente vc. esteja em todas Silvio Melgarejo."
"Acho engraçado que, na lista de emails, a Eugênia me acusa de querer 'aplicar soluções individuais', e aqui você, ao contrário, me cobra uma ação individual. Eu sempre propus e continuo propondo ações coletivas ou institucionais.
E acho que, neste caso, a primeira ação tem que ser institucional. O diretório zonal tem que lançar uma nota à imprensa se posicionando em relação ao episódio em questão, fazendo a vinculação dele com a declaração da vereadora Leila do Flamengo, e cobrando do governo do estado punição dos linchadores e mais policiamento para o bairro do Flamengo.
A outra medida seria a seguinte. Quando eu criei esta comunidade, criei também uma página aberta com o mesmo nome, que está em desuso. O que eu proponho é que o 1º Diretório Zonal assuma também esta página, para seu uso exclusivo em manifestações oficiais dirigidas à sociedade. Através desta página, o diretório poderia se posicionar oficialmente sobre este caso.
Ações institucionais como estas podem ser executadas imediatamente, não estamos tratando de uma questão polêmica no partido, até eu e você concordamos. Não precisamos esperar pela festa do dia 14 para lançar uma nota à imprensa. O diretório tem toda legitimidade para fazer isso.
No mais, qualquer ação física e coletiva exige planejamento e organização, algo que ainda nos falta. Por exemplo, a mesma nota divulgada pela imprensa e pelo Facebook, poderia ser impressa e panfletada nas ruas do Flamengo. Mas para isso precisaríamos mobilizar recursos humanos e financeiros.
Estes recursos, a meu ver, deveriam ser procurados no próprio bairro do Flamengo, entre os filiados do PT ali residentes, como forma de estimular a organização partidária por bairro, de que ainda somos tão carentes. Os filiados residentes em outros bairros poderiam participar como forças auxiliares.No dia seguinte, 6, Sebastian falou:
Agora, o diretório não pode ficar esperando que a base venha até ele. Tem que ir até à base, prá fazer o trabalho político e organizativo. Senão nada acontece, como vimos nos últimos quatro anos."
"Eu não lhe cobrei uma ação individual! Lhe cobrei uma ação!"Ao que eu lhe respondi:
"Que ação? Se não é uma ação individual que me cobra, deve ser a participação em alguma ação partidária física e coletiva que esteja ocorrendo e da qual você, certamente, deve estar participando. Que ação é esta?
Não há ação nenhuma. Enquanto isso o caso ganha repercussão nacional, a direita deita e rola e o 1º Diretório Zonal do Rio, em cuja jurisdição os fatos se deram simplesmente silencia, não dialoga com a sociedade, não contradiz a direita local, não cobra nada do estado."
Quem é o menino de 15 anos, vítima da Ku Klux Klan do Flamengo
No dia 6, postei o link da seguinte reportagem da revista Veja:
Jovem preso a poste por ‘justiceiros’ perambula há dois anos pelas ruas do Rio
Proibido de voltar para casa por ter furtado uma furadeira, adolescente de 15 anos conta ter sido perseguido por cerca de 30 ‘playboys’ na madrugada de sábado, acusado de roubar bicicletas e cometer assaltos.
Pai foi assassinado na guerra do tráfico.
Avó foi localizada, mas recusa-se a ficar com o neto
A história de vida do jovem encontrado amarrado a um poste no Rio de Janeiro, com o pescoço preso a uma tranca de bicicleta, é uma coleção de tragédias da infância. O adolescente cuja imagem ganhou as redes sociais no último domingo prestou depoimento à delegada Monique Vidal, na 9ª DP (Catete) na noite desta quarta-feira, e revelou os detalhes da madrugada de horrores vivida na calçada da Avenida Rui Barbosa, um endereço nobre do Rio.
O rapaz afirmou que tem condições de reconhecer alguns dos agressores, e disse, desta vez, que cerca de 30 jovens o perseguiram - ele não sabe precisar quantos efetivamente o agrediram. A delegada também ficou sabendo a verdadeira idade da vítima: 15 anos, não 17, como acreditava a Polícia Civil até então.
Ele tem mãe e dois irmãos, de 12 e 9 anos, mas atualmente pouco sabe da família. O pai morreu há tempos, assassinado por ter envolvimento com o tráfico de drogas. Morador de uma favela do bairro de Campo Grande, na Zona oeste, até dois anos atrás, o menor passou a perambular pelas ruas depois que ficou marcado em sua região, por furtar uma furadeira elétrica de um vizinho. Sem poder voltar para casa, ele perambula pelas ruas da Zona Sul, tendo passado cinco vezes por abrigos da prefeitura desde novembro.
O rapaz negou ser usuário de drogas e admitiu ter participado "uma vez" de um furto, de uma motocicleta - sem dar detalhes do caso. Assistentes sociais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social conseguiram localizar a avó paterna do garoto, em um morro da cidade. Ela, no entanto, recusou-se a receber ou abrigar o neto.
O adolescente detalhou, em depoimento, seus passos na noite de sexta-feira. Contou que seguia para Copacabana com três amigos, também moradores de rua, para tomar "banho de mar". Depois de passar pelo local onde funciona uma academia ao ar livre, no Aterro do Flamengo, o grupo foi perseguido pelos cerca de 30 jovens que estavam no local, alguns deles motociclistas, segundo conta.
Um dos homens estava armado com uma pistola, disse. Dois dos amigos moradores de rua escaparam. Com o rapaz que não conseguiu fugir, ele passou a ser agredido e ameaçado. Em dado momento, o outro jovem também escapou, e passou a ser ele o único em poder do grupo. Os homens o acusavam de roubar bicicletas e praticar assaltos naquela região.
Os agressores aplicaram uma "banda" e ele foi ao chão. Começaram, então, agressões com capacetes, pontapés e várias humilhações. Acusado de roubos, ele acreditava que seria morto pelos jovens que descreveu como "brancos e fortes" e "playboys" - apenas um deles era "pardo", segundo contou o rapaz a um funcionário da Secretaria Municipal de Desenvolvimento social. O pardo, segundo conta, pediu desculpas.
Depois do fim da sessão de agressões, ele foi atado ao poste, e passou a sentir medo de ser assassinado por um dos jovens agressores, que poderiam retornar para terminar o "serviço". O rapaz foi localizado e socorrido por alguns moradores do Flamengo - entre eles a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello, fundadora da ONG Projeto Uerê, de educação infantil. Depois de medicado, ele se desvencilhou e procurou ajuda em um abrigo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social no Centro, onde estava desde então, sem ser identificado. Outro dos quatro perseguidos também ficou no abrigo, anonimamente.
Na tarde desta quarta-feira, segundo contou, a diretora do abrigo o reconheceu, e comunicou o caso à Secretaria, que auxiliou o rapaz a prestar depoimento. A delegada Monique Vidal apresentou a ele fotografias dos 14 detidos na noite da última segunda-feira, em um tumulto no Flamengo, no qual dois menores disseram ter sido ameaçados. O jovem não reconheceu nenhum deles, o que, por ora, descarta a suspeita de que os casos estejam conectados e que sejam grupos de agressores com integrantes em comum.
A delegada Monique Vidal tenta, agora, encontrar imagens das cenas de perseguição, tortura e humilhações ocorridas entre a noite de sexta-feira e madrugada de sábado, para tentar chegar aos agressores. A Polícia Civil informou que o adolescente tem uma passagem pela Delegacia Especial de Proteção à Criação e ao Adolescente, que cuida de crimes cometidos por menores, mas não detalhou que delito foi atribuído a ele.
Funcionários da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social descreveram o jovem como um menino calado, pacato e muito querido pelas assistentes sociais. Ao ser identificado pela diretora do abrigo, ele chorou compulsivamente.
Quem são os agressores
Na mesma data, compartilhei o link da reportagem a seguir, do Diário do Centro do Mundo:
Rapaz que ficou preso a poste narra as agressões que sofreu
O adolescente de 15 anos torturado e preso pelo pescoço a um poste do Aterro do Flamengo com uma tranca de bicicleta, na sexta-feira, 31, estava desde sábado em um abrigo da prefeitura no centro do Rio. Ele já conhecia a diretora dessa unidade e aguardou a funcionária voltar de férias, ontem, para narrar as agressões que sofreu.
Após conversar com a diretora, o adolescente prestou depoimento à Polícia Civil e, nesta quarta-feira, 5, à noite, seria conduzido a abrigo que a prefeitura não vai divulgar onde fica, por segurança.
Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, responsável pelo abrigo onde o adolescente estava, ele foi para a unidade logo após fugir do Hospital Souza Aguiar, no centro, onde foi atendido após ser libertado por bombeiros do poste em que ficou preso. O menor já foi apreendido duas vezes pela polícia por furto e agressão.
Para a diretora da unidade, o adolescente contou que estava com três amigos na avenida Rui Barbosa, seguindo para a praia de Copacabana, na sexta à noite, quando foi abordado por cerca de 30 pessoas em 15 motos.
O quarteto tentou fugir, mas ele e outro menino pararam ao ver um dos homens armado com pistola 9 mm. A arma não chegou a ser usada, mas os dois adolescentes foram agredidos a socos. Um deles conseguiu fugir depois de apanhar, mas o outro foi deixado nu e preso a um poste. Os agressores fugiram.
O morador do Flamengo de 22 anos que admitiu em depoimento 'patrulhar o Aterro em busca de autores de delitos' publicou no Twitter, no dia 9 de janeiro, o 'novo esporte' que tinha começado a praticar com os amigos: “caçar vagabundo roubando para meter a porrada”. Lucas Correia Pinto Felício afirmou que estava com “vontade de comprar uma arma e dar tic tac nesses vagabundos todos”.
Em seu perfil no Twitter, ele também publicou a seguinte mensagem: 'Vou caçar mais de um milhão de vagabundo (sic) por aí, eu só quero bater em você e quando acordar vou te matar rs'. Nenhum dos 220 seguidores de Felício comentou ou replicou as postagens."
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