sábado, 15 de fevereiro de 2014

A "bomba do Riocentro" do PSOL.

Militantes e simpatizantes do PSOL têm reclamado muito da repercussão que se tem dado ao assassinato do cinegrafista da Band. Dizem que nove manifestantes morreram desde junho e não se deu tanta atenção. Estaria havendo, segundo eles, perseguição política ao PSOL. A Globo, de quem o partido tem sido aliado desde 2005, na sustentação da mentira do mensalão, contra o PT, subitamente teria passado a vê-los como inimigos, iniciando a campanha insidiosa. Acostumados a ser pedra, não estão gostando nada de virar vidraça. Parece que a Globo está descartando mesmo o PSOL. Não precisa mais dos amarelos.

Mas a queixa dos psolistas de que a indignação da imprensa, de um modo geral, está sendo seletiva, porque não dá tratamento igual a outros casos, não se justifica. Pergunto: quantas dessas outras mortes, ocorridas desde junho em protestos, foram fotografadas e filmadas? Quantas foram tão espetaculares quanto a de Santiago Andrade? Descrevo brevemente. Um rojão, chamado de Treme-Terra, explodiu na cabeça dele, afundando-lhe o crânio, arrancando-lhe uma orelha e partes do cérebro. Enquanto ele arriava o corpo em direção ao chão, luzes coloridas emolduravam a sua queda. A cabeça literalmente aberta, o sangue jorrando e um socorrista tentando estancá-lo, sem sucesso, em meio à confusão e aos gritos dos que se precipitaram a acusar a polícia. Imagens impactantes, captadas de vários ângulos, e que ganharam o mundo através das agências de notícias. Que outra morte de manifestante se deu nessas circunstâncias? Acho que nenhuma. Como então lhe ser indiferente? Não dá. Como tratá-la do mesmo modo que às outras mortes em protestos? Acresce o fato de a vítima ser um trabalhador da imprensa, algo que mobiliza estes profissionais, preocupados com a segurança da categoria, e o oportunismo dos donos das empresas de comunicação, que logo alardeiam, como se tem visto, ameaças à liberdade de expressão.

Se os precipitados manifestantes que cercaram o corpo de Santiago Andrade tivessem razão, se ele tivesse sido atingido por um disparo da polícia, Cabral seria chamado de assassino. Como as imagens mostraram black blocs, ninguém fala em assassinato e surgem as teorias de conspiração contra o PSOL. Ora o PSOL sempre apoiou os black blocs, nunca os condenou por suas ações violentas e sempre lhes deu assistência jurídica quando foram presos. Isso é do conhecimento público. Sempre houve uma associação. Cabral seria assassino se a polícia tivesse matado Santiago Andrade. Os black blocs matam o cinegrafista e o PSOL, que sempre os apoiou, não tem nada a haver com isso? A morte de Santiago Andrade é a bomba do Riocentro do PSOL. Estourou, no colo do partido, a morte cinematográfica de um trabalhador, uma morte brutal que chocou a sociedade e bota em xeque a opção política do PSOL de apoiar a violência gratuita e desnecessária dos black blocs.

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