“É importante mudar a política econômica.
É preciso que se libere crédito para investimentos, para consumo.
É uma forma de fazer a economia rodar.
Da mesma maneira,
é insustentável manter a atual taxa de juros.”
(Rui Falcão)
ENTREVISTA
Folha - Joaquim Levy é o ministro do crescimento?
Rui Falcão - É importante mudar a política econômica. É preciso que se libere crédito para investimentos, para consumo. É uma forma de fazer a economia rodar. Da mesma maneira, é insustentável manter a atual taxa de juros.
Folha - O ministro da fazenda descarta a liberação de crédito agora.
Rui Falcão - É a opinião dele. Pensamos diferente. Não estamos sozinhos. Muitos economistas e especialistas estão falando na mesma direção, em relação à taxa de juros e ao crédito. Está errada a política de contenção exagerada do crédito. Precisamos devolver esperança para a população.
Folha - Lula quer mesmo o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles na Fazenda?
Rui Falcão - Sei que precisamos mudar vários pontos da política econômica.
Folha - Inclusive o ministro?
Rui Falcão - A política... Quem nomeia e substitui é a presidente.
Folha - O sr. gaguejou... Joaquim Levy é capaz de conduzir essa política econômica que o sr. defende?
Rui Falcão - Um ministro da Fazenda não pode ficar na berlinda porque isso provoca consequências na economia. Se a presidente tiver a decisão de amanhã ou depois substituí-lo, isso não se anuncia previamente nem serei eu que sairei pedindo a substituição.
Folha - Mas o sr. defende mudanças e Levy pensa diferente.
Rui Falcão - A lógica do regime presidencialista é que os ministros devem seguir a orientação do presidente da república. Se ela entender que essa política que está sendo realizada deve ter correções, no todo ou em parte, ela determina isso.
Folha - E a presidente concorda com tudo o que Joaquim Levy diz?
Rui Falcão - Ela está preocupada com a crise política. Quer estabilidade para fazer o país voltar a crescer. E a preocupação dela é com emprego, manutenção dos ganhos de renda...
Folha - Em relação ao crédito?
Rui Falcão - Acho que ela vai determinar a liberação de crédito com responsabilidade. Há mecanismo para isso, desde crédito consignado, eventualmente mexer com o compulsório dos bancos para que os bancos privados possam liberar crédito. Mas é impressão minha, ela não disse isso. Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente, deve ser substituído. Se ele não quiser, caso ela determine.
“Acho que ela [Dilma] vai determinar a liberação de crédito com responsabilidade.
Há mecanismo para isso, desde crédito consignado,
eventualmente mexer com o compulsório dos bancos
para que os bancos privados possam liberar crédito.
Mas é impressão minha, ela não disse isso.
Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente,
deve ser substituído.
Se ele não quiser, caso ela determine.”
(Rui Falcão)
Folha - O PT vive hoje sua pior crise desde sua criação. É hostilizado. O partido se perdeu?
Rui Falcão - É inadmissível que a gente conviva com esse clima de ódio e intolerância, sendo seu ápice durante o velório do José Eduardo Dutra, em Belo Horizonte, onde esses fascistas panfletaram, num desrespeito à família, dizendo que "petista bom é petista morto".
Folha - O sr. já foi hostilizado?
Rui Falcão - Veja o Twitter diariamente. Tem baixaria contra todo mundo. Na rua, há olhares e uma pessoa passou correndo, xingou e foi embora.
Folha - Os petistas falam de intolerância mas não existe autocrítica.
Rui Falcão - Com ou sem autocrítica, nada justifica o ódio e a intolerância. Temos feito autocrítica, sim. O PT não deveria ter enveredado pelo financiamento empresarial, porque nos igualamos aos outros partidos. Não podemos ficar exclusivamente na disputa eleitoral. Ninguém combateu a corrupção como nós.
Folha - O ex-tesoureiro do PT e o ex-ministro José Dirceu estão presos, mas seguem filiados.
Rui Falcão - Nenhum deles foi condenado [em última instância]. Não há prova contra Vaccari. A não ser delações.
Folha - Se forem condenados, Dirceu e Vaccari sairão do partido?
Rui Falcão - Espero que, se isso ocorrer, tomem essa decisão.
Folha - Mas e a desfiliação?
Rui Falcão - O Vaccari não tem acusação de desvio ético. Nada se comprovou contra ele.
Folha - E Dirceu?
Rui Falcão - Estamos esperando a defesa dele. Há acusações nessa direção. Ele deve avaliar se existe essa possibilidade de deixar unilateralmente o partido. A decisão de desfiliação é pessoal. A decisão de desfiliar é do partido.
Folha - Na sua opinião, há diferença entre Vaccari e José Dirceu?
Rui Falcão - Vaccari estava no exercício da secretaria de finanças. As tarefas exigiam que captasse recursos junto às empresas. Mas ele nunca usou qualquer contato para se beneficiar.
“O PT não deveria ter enveredado pelo financiamento empresarial,
porque nos igualamos aos outros partidos.
Não podemos ficar exclusivamente na disputa eleitoral.”
(Rui Falcão)
Folha - Há um acordão entre o governo e o deputado Eduardo Cunha para protegê-lo?
Rui Falcão - Quem tem acordo declarado com ele, fotografado e reconhecido, é a oposição. Que tipo de acordo poderíamos ter, se Cunha pode, a qualquer momento, acolher o pedido de impeachment e ele não sabe como vamos nos posicionar no Conselho de Ética? Ele é o presidente da Câmara até segunda ordem. Tem que haver uma relação institucional. Isso não significa blindar investigação.
Folha - Documentos comprovam que ele tem contas na Suíça.
Rui Falcão - Com a documentação apresentada pela Procuradoria, a situação de Cunha está cada vez mais insustentável.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/10/1695359-levy-deve-sair-se-nao-quiser-mudar-a-politica-economica.shtml
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/entrevista-do-presidente-do-pt-rui-falc%C3%A3o-publicada-na-folha-de-hoje/1146910775322320
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