Lula e o PT estão tranquilos. Por incrível que pareça, ainda confiam nas instituições do Estado burguês.
Silvio Melgarejo
31/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/ilus%C3%A3o-de-alto-risco/1153354578011273
sábado, 31 de outubro de 2015
Ilusão de alto risco.
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quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Quem confia na burguesia...
Mensalão, Lava Jato e Zelotes. O PT está pagando um elevado preço pela confiança irrestrita que tem alimentado, ao longo de mais de um década, nas instituições do Estado burguês. É pedir prá levar porrada. E tá levando. Mas, pelo visto, nem Lula, nem o partido estão aprendendo nada com a surra que estão levando. Continuam acreditando no republicanismo e na democracia da burguesia. Então... segue a sova.
Silvio Melgarejo
29/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/quem-confia-na-burguesia/1152101794803218
Silvio Melgarejo
29/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/quem-confia-na-burguesia/1152101794803218
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terça-feira, 27 de outubro de 2015
Enquanto miram Lula, PIG, MP e Judiciário blindam Santander, Bradesco, Safra, Gerdau e a Globo do Rio Grande do Sul, na Zelotes.
( Transcrição de trechos do pedido de prisões preventivas e temporárias, buscas e apreensões e sequestro de bens e valores, feito pela Polícia Federal, em 30 de janeiro de 2015 )
O Departamento de Polícia Federal, por seu Delegado de Polícia Federal signatário, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, representar por:
PRISÕES PREVENTIVAS e TEMPORÁRIAS, BUSCAS E APREENSÕES E SEQUESTRO DE BENS E VALORES
(...)
Como já mencionado anteriormente, a presente operação policial denominada “OPERAÇÃO ZELOTES”, tem como objetivo apurar o suposto esquema de Tráfico de Influência, Corrupção Ativa e Passiva, Advocacia Administrativa Fazendária e Lavagem de Dinheiro, tudo dentro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, promovido por alguns Conselheiros e particulares que atuam paralelamente em escritórios de assessoria e consultoria jurídica.
O modus operandi dos criminosos também foi comprovado por meio desta investigação e consiste justamente no que havia sido descrito na notícia criminal, os Conselheiros se valendo de informações privilegiadas de dentro do CARF, captam clientes através de “escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia” em São Paulo e outras localidades para que esses ofereçam seus serviços e facilidades promovendo tráfico de influência ou corrompendo conselheiros em julgamentos de recursos a autos de infrações tributárias, manipulando o andamento normal do processo (venda de pedidos de vista) ou alteração de pauta para atendimento dos interesses deles próprios ou dos seus clientes, em resumo, interferem na lisura da condução dos processos administrativos em julgamento no CARF. Evidente, de plano, é o intenso tráfico de influência que permeia o órgão e compromete princípios de isenção e imparcialidade, tão necessários em seus julgamentos.
Assim, a medida de interceptação telefônica se mostrou deveras importante e eficaz na comprovação dos crimes acima ventilados, vez que a equipe de investigação conseguiu identificar um número considerável de ligações telefônicas de grande relevância e que corroboraram as impressões iniciais anteriormente já historiadas ao longo desta representação.
O monitoramento telefônico pôde evidenciar a ação de grupos em vários eventos criminosos que ameaçam ou lesam o interesse e patrimônio público da União, sendo que os casos que citaremos logo abaixo, podem gerar um prejuízo de pelo menos R$ 14.800.000.000,00 (catorze bilhões e oitocentos milhões de reais), somente com o processo administrativos da J.S. (Banco Safra) (avaliado em R$ 1,8 bilhões), Banco Santander (de 5 bilhões), GERDAU AÇOMINAS (de quase 4 bilhões), e o Banco Bradesco (3 bilhões), isto sem mencionar os demais processos que os investigados vêm tratando, nem os demais processos que os investigados trataram no passado ou vêm tratando, como os de participação do Ex-Presidente do CARF e sua filha.
(...)
De acordo com a informação bancária repassada pelo banco Bradesco a conta corrente 64408 da Agência 2837 de titularidade da SGR COLSULTORIA EMPRESARIAL recebeu 04 (quatro) depósitos da conta nº 2620934006, Agência 100 do Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A., de titularidade da empresa RBS ADM E COBRANCAS LTDA (CNPJ nº 94995693000143) cada um deles no valor de R$ 2.992.641,87 (dois milhões novecentos e noventa e dois mil seiscentos e quarenta e um reais e oitenta e sete centavos), ocorridos em 30/09/2011, 01/11/2011, 05/12/2011 e 12/01/2012, perfazendo, portanto, o montante de R$ 11.970.567,48 (onze milhões novecentos e setenta mil quinhentos e sessenta e sete reais e quarenta e oito centavos). Esses valores constam do Ajuste de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica SGR CONSULTORIA EMPRESARIAL, como “Tributo / Descrição: 1708 / IRRF - REMUNER SERV PRESTADOS POR PJ”, tanto no ano de 2011 (Setembro, Outubro e Dezembro), como no ano de 2012 (Janeiro).
Feita consulta no site do CARF encontramos o Processo nº 11080.010647/2005-36, em que a citada empresa RBS ADM E COBRANCAS LTDA (CNPJ nº 94995693000143) era devedora e que o JOSÉ RICARDO DA SILVA era um dos conselheiros até o final de 2009 quando se declarou impedido de participar do julgamento.
Posteriormente, em junho de 2013 o processo foi julgado com provimento de recurso para a empresa. O relator do processo foi o conselheiro VALMIR SANDRI.
Vale destacar que a empresa RBS ADM E COBRANCAS LTDA (CNPJ nº 94995693000143) foi citada como tendo sido beneficiada com venda de decisão favorável pelo esquema do CARF, mas em que pese ainda não tenhamos prova cabal que houve corrupção, o fato do JOSÉ RICARDO se declarar impedido somado com as transferências de dinheiro para as contas da SGR CONSULTORIA EMPRESARIAL acaba dando provas de que o mesmo defendia interesse privado da RBS junto ao CARF órgão em que exercia a função de Conselheiro e, portanto, de funcionário público, o que se subsume ao Crime de Advocacia Administrativa Fazendária, previsto no Art. 3º, Inciso III da Lei nº 8137/1990.
(...)
Brasília/DF, 30 de Janeiro de 2015.
MARLON OLIVEIRA CAJADO DOS SANTOS
Delegado de Polícia Federal – 1ª Classe
Matrícula n° 10.891
Fonte:
http://www.ocafezinho.com/2015/10/26/bomba-os-documentos-secretos-da-operacao-zelotes/
http://pt.slideshare.net/MiguelRosario/os-documentos-da-zelotes
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/enquanto-miram-lula-pig-mp-e-judici%C3%A1rio-blindam-santander-bradesco-safra-gerdau-/1151302088216522
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL
DIRETORIA DE INVESTIGAÇÃO E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
COORDENAÇÃO-GERAL DE POLÍCIA FAZENDÁRIA
DIVISÃO DE REPRESSÃO A CRIMES FAZENDÁRIOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL
DA 10ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA/DF.
O Departamento de Polícia Federal, por seu Delegado de Polícia Federal signatário, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, representar por:
PRISÕES PREVENTIVAS e TEMPORÁRIAS, BUSCAS E APREENSÕES E SEQUESTRO DE BENS E VALORES
(...)
Como já mencionado anteriormente, a presente operação policial denominada “OPERAÇÃO ZELOTES”, tem como objetivo apurar o suposto esquema de Tráfico de Influência, Corrupção Ativa e Passiva, Advocacia Administrativa Fazendária e Lavagem de Dinheiro, tudo dentro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, promovido por alguns Conselheiros e particulares que atuam paralelamente em escritórios de assessoria e consultoria jurídica.
O modus operandi dos criminosos também foi comprovado por meio desta investigação e consiste justamente no que havia sido descrito na notícia criminal, os Conselheiros se valendo de informações privilegiadas de dentro do CARF, captam clientes através de “escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia” em São Paulo e outras localidades para que esses ofereçam seus serviços e facilidades promovendo tráfico de influência ou corrompendo conselheiros em julgamentos de recursos a autos de infrações tributárias, manipulando o andamento normal do processo (venda de pedidos de vista) ou alteração de pauta para atendimento dos interesses deles próprios ou dos seus clientes, em resumo, interferem na lisura da condução dos processos administrativos em julgamento no CARF. Evidente, de plano, é o intenso tráfico de influência que permeia o órgão e compromete princípios de isenção e imparcialidade, tão necessários em seus julgamentos.
Assim, a medida de interceptação telefônica se mostrou deveras importante e eficaz na comprovação dos crimes acima ventilados, vez que a equipe de investigação conseguiu identificar um número considerável de ligações telefônicas de grande relevância e que corroboraram as impressões iniciais anteriormente já historiadas ao longo desta representação.
O monitoramento telefônico pôde evidenciar a ação de grupos em vários eventos criminosos que ameaçam ou lesam o interesse e patrimônio público da União, sendo que os casos que citaremos logo abaixo, podem gerar um prejuízo de pelo menos R$ 14.800.000.000,00 (catorze bilhões e oitocentos milhões de reais), somente com o processo administrativos da J.S. (Banco Safra) (avaliado em R$ 1,8 bilhões), Banco Santander (de 5 bilhões), GERDAU AÇOMINAS (de quase 4 bilhões), e o Banco Bradesco (3 bilhões), isto sem mencionar os demais processos que os investigados vêm tratando, nem os demais processos que os investigados trataram no passado ou vêm tratando, como os de participação do Ex-Presidente do CARF e sua filha.
(...)
RBS - Afiliada da Globo
De acordo com a informação bancária repassada pelo banco Bradesco a conta corrente 64408 da Agência 2837 de titularidade da SGR COLSULTORIA EMPRESARIAL recebeu 04 (quatro) depósitos da conta nº 2620934006, Agência 100 do Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A., de titularidade da empresa RBS ADM E COBRANCAS LTDA (CNPJ nº 94995693000143) cada um deles no valor de R$ 2.992.641,87 (dois milhões novecentos e noventa e dois mil seiscentos e quarenta e um reais e oitenta e sete centavos), ocorridos em 30/09/2011, 01/11/2011, 05/12/2011 e 12/01/2012, perfazendo, portanto, o montante de R$ 11.970.567,48 (onze milhões novecentos e setenta mil quinhentos e sessenta e sete reais e quarenta e oito centavos). Esses valores constam do Ajuste de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica SGR CONSULTORIA EMPRESARIAL, como “Tributo / Descrição: 1708 / IRRF - REMUNER SERV PRESTADOS POR PJ”, tanto no ano de 2011 (Setembro, Outubro e Dezembro), como no ano de 2012 (Janeiro).
Feita consulta no site do CARF encontramos o Processo nº 11080.010647/2005-36, em que a citada empresa RBS ADM E COBRANCAS LTDA (CNPJ nº 94995693000143) era devedora e que o JOSÉ RICARDO DA SILVA era um dos conselheiros até o final de 2009 quando se declarou impedido de participar do julgamento.
Posteriormente, em junho de 2013 o processo foi julgado com provimento de recurso para a empresa. O relator do processo foi o conselheiro VALMIR SANDRI.
Vale destacar que a empresa RBS ADM E COBRANCAS LTDA (CNPJ nº 94995693000143) foi citada como tendo sido beneficiada com venda de decisão favorável pelo esquema do CARF, mas em que pese ainda não tenhamos prova cabal que houve corrupção, o fato do JOSÉ RICARDO se declarar impedido somado com as transferências de dinheiro para as contas da SGR CONSULTORIA EMPRESARIAL acaba dando provas de que o mesmo defendia interesse privado da RBS junto ao CARF órgão em que exercia a função de Conselheiro e, portanto, de funcionário público, o que se subsume ao Crime de Advocacia Administrativa Fazendária, previsto no Art. 3º, Inciso III da Lei nº 8137/1990.
(...)
Brasília/DF, 30 de Janeiro de 2015.
MARLON OLIVEIRA CAJADO DOS SANTOS
Delegado de Polícia Federal – 1ª Classe
Matrícula n° 10.891
***
Fonte:
http://www.ocafezinho.com/2015/10/26/bomba-os-documentos-secretos-da-operacao-zelotes/
http://pt.slideshare.net/MiguelRosario/os-documentos-da-zelotes
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/enquanto-miram-lula-pig-mp-e-judici%C3%A1rio-blindam-santander-bradesco-safra-gerdau-/1151302088216522
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O que alimenta o pessimismo da militância petista: Comentário sobre status de Rui Falcão, no Facebook. (26/10/2015)
Quem está incutindo pessimismo na militância é a presidenta Dilma com sua política econômica e o próprio PT com o apoio incondicional que tem dado a ela.
Não é possível combater seriamente uma política econômica e ao mesmo tempo apoiar incondicionalmente o governo que concebe e implementa esta política.
Dilma já disse que mantém Levy porque concorda com a política dele e que a opinião do PT não a influencia.
Campanhas de convencimento não vão fazê-la mudar de ideia.
Insistir nisto só vai prolongar o desgaste que o partido está tendo junto à sua base social.
Nem a Globo, nem a Lava Jato, conseguem abalar tanto a confiança e a disposição de luta da militância petista, quanto esta combinação que temos entre a política neoliberal adotada por Dilma e a reação fraca do PT ante essa quebra de compromisso da presidenta com seus eleitores.
Silvio Melgarejo
26/10/2015
https://www.facebook.com/rfalcao13/posts/914527238630083?comment_id=914546538628153&comment_tracking=%7B%22tn%22%3A%22R9%22%7D
E quanto ao funcionamento do partido
SETE PROPOSTAS de MEDIDAS e UMA CONDIÇÃO BÁSICA para GARANTIR o FUNCIONAMENTO PLENO e REGULAR dos DIRETÓRIOS do PT
http://silviomelgarejo.blogspot.com.br/2015/08/sete-propostas-de-medidas-e-uma.html
Status de Rui Falcão
"O Diretório Nacional reúne-se esta semana, com a participação de presidentes estaduais, deputados, senadores, ministros petistas, para uma avaliação da conjuntura mais recente e para iniciar o debate sobre as eleições de 2016.
Desde já, é preciso que a militância afaste o clima de pessimismo que muita gente procura incutir em nossas cabeças. Não é verdade que o PT vai ser varrido do mapa, ou que vamos sofrer uma derrota avassaladora. Só quem perde antecipadamente é quem se recusa a lutar – e esta não é a tradição petista.
É fato, porém, que vamos enfrentar uma disputa difícil. Não só pela campanha de intolerância e ódio contra o partido, mas também porque as dificuldades econômicas (que esperamos superar com o fim do ajuste e mudanças na atual política) tendem a repercutir negativamente nas eleições.
Mais que nunca, a próxima campanha vai exigir de nós mais capacidade de articulação, mais unidade e mais organização. O resultado dependerá, também, de iniciativas que precisam ser adotadas no curto prazo. Por isso, é urgente criar condições políticas nas cidades para definir candidaturas, proporcionais e majoritárias, estabelecer alianças com os partidos que apoiam Dilma, priorizando as prefeituras que governamos.
Nossas campanhas terão de ser pautadas, obrigatoriamente, pela defesa do PT, do legado dos governos Lula/Dilma, do nosso projeto político e do modo petista de governar/legislar. A construção do programa do governo deve envolver o diálogo com a população, com os movimentos sociais e com aliados nos municípios.
Por fim, no novo modelo de campanha que esperamos seja sem financiamento empresarial, nada melhor do que usar o verbo e gastar muita sola de sapato…
Rui Falcão,
presidente nacional do Partido dos Trabalhadores
26/10/2015"
https://www.facebook.com/rfalcao13/posts/914527238630083
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/o-que-alimenta-o-pessimismo-da-milit%C3%A2ncia-petista-coment%C3%A1rio-sobre-status-de-rui/1151138254899572
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sexta-feira, 23 de outubro de 2015
O problema é a incondicionalidade do apoio.
Diálogo que tive ontem com o companheiro Val Carvalho, do PT do Rio/RJ.
Val Carvalho. O poder econômico é mais forte agora, depois que a presidenta dividiu e desmobilizou a base social construída ao longo da campanha eleitoral, com a decepcionante política econômica que resolveu adotar. Para esta política, ela realmente só tem apoio da Globo e do conjunto da burguesia. Mas para o cumprimento do programa econômico que defendeu durante a campanha, ela teria o apoio decidido do conjunto das centrais sindicais, movimentos populares e partidos e militantes de esquerda e progressistas, que hoje se opõem às suas medidas.
Aécio e Marina anunciaram os nomes dos seus ministros da fazenda, caso eleitos, durante a campanha eleitoral. Armínio Fraga, o de Aécio; André Lara Resende, o de Marina. Dois neoliberais notórios. Dilma fez mistério, recusou-se a antecipar o seu. Mas apenas um mês depois do pleito, que venceu com 54 milhões de votos, anunciou Joaquim Levy, cujo perfil não difere dos ministros dos seus concorrentes, o que já desapontou boa parte do seu eleitorado. Que pressões a teriam obrigado a fazer esta escolha? Afinal, o poder econômico é que foi derrotado nas urnas pela unidade e mobilização popular em torno do programa econômico antineoliberal defendido por Dilma. E o que fez a presidenta? Resolveu adotar o programa dos derrotados.
Dilma não vai mudar a atual política econômica. Sabe por que? Em primeiro lugar, porque acredita nesta política, como declarou recentemente. E depois, porque não perde nada mantendo-a, já que o apoio que tem do PT e da Frente Brasil Popular é incondicional. Ela pode continuar desempregando e arrochando salários até o final do mandato, que o partido e sua frente vão continuar empenhados em lhe dar sustentação política no parlamento e na sociedade. Não é por outra razão que parte da esquerda que ajudou a elegê-la resolveu criar uma outra frente, a Frente Povo Sem Medo, do MTST.
A política econômica de Dilma dividiu e desmobilizou a esquerda e os movimentos sociais. E a política adotada pelo PT em relação ao governo tem contribuído para a manutenção desta divisão e desmobilização, que enfraquecem ainda mais a esquerda e os movimentos sociais. Não é possível combater seriamente uma política econômica e ao mesmo tempo apoiar incondicionalmente o governo que a concebe e implementa. Porque o apoio incondicional ao governo limita e mantém a pressão por mudanças num nível muito baixo, sempre insuficiente para fazer frente à pressão do poder econômico, que não tem limites.
Enquanto o PT mantiver apoio incondicional ao governo Dilma, será, a despeito do discurso crítico à política econômica, um agente desmobilizador dos trabalhadores e da juventude, que contribuirá permanentemente para a manutenção da divisão da esquerda e da anemia do poder popular.
Status de Val Carvalho
"O militante petista muitas vezes perde a paciência com Dilma porque acha que ela deve simplesmente mudar a política econômica – o que também defendo. Mas entendo que a presidenta fica sopesando, avaliando frequentemente as pressões do poder econômico e do poder popular. O primeiro se mede pelo percentual do PIB que controla. O segundo pelo grau de unidade e mobilização popular. Por enquanto a primeira pressão, do poder econômico, é de longe a mais forte, o que faz Dilma ser bastante cautelosa e ir tocando o barco como pode.
Temos de fortalecer o poder popular, reforçando a sua unidade na Frente Brasil Popular e elevando a capacidade de mobilização dos trabalhadores e da juventude como também a informação independente do povo. Sem isso não conseguiremos fazer com que Dilma mude, nem que seja parcialmente, essa política econômica antipopular quem vem dando tanto gás para os golpistas." (Val Carvalho, 22/10/2015)
https://www.facebook.com/val.carvalho.31/posts/948053135274549
Meu comentário
Val Carvalho. O poder econômico é mais forte agora, depois que a presidenta dividiu e desmobilizou a base social construída ao longo da campanha eleitoral, com a decepcionante política econômica que resolveu adotar. Para esta política, ela realmente só tem apoio da Globo e do conjunto da burguesia. Mas para o cumprimento do programa econômico que defendeu durante a campanha, ela teria o apoio decidido do conjunto das centrais sindicais, movimentos populares e partidos e militantes de esquerda e progressistas, que hoje se opõem às suas medidas.
Aécio e Marina anunciaram os nomes dos seus ministros da fazenda, caso eleitos, durante a campanha eleitoral. Armínio Fraga, o de Aécio; André Lara Resende, o de Marina. Dois neoliberais notórios. Dilma fez mistério, recusou-se a antecipar o seu. Mas apenas um mês depois do pleito, que venceu com 54 milhões de votos, anunciou Joaquim Levy, cujo perfil não difere dos ministros dos seus concorrentes, o que já desapontou boa parte do seu eleitorado. Que pressões a teriam obrigado a fazer esta escolha? Afinal, o poder econômico é que foi derrotado nas urnas pela unidade e mobilização popular em torno do programa econômico antineoliberal defendido por Dilma. E o que fez a presidenta? Resolveu adotar o programa dos derrotados.
Dilma não vai mudar a atual política econômica. Sabe por que? Em primeiro lugar, porque acredita nesta política, como declarou recentemente. E depois, porque não perde nada mantendo-a, já que o apoio que tem do PT e da Frente Brasil Popular é incondicional. Ela pode continuar desempregando e arrochando salários até o final do mandato, que o partido e sua frente vão continuar empenhados em lhe dar sustentação política no parlamento e na sociedade. Não é por outra razão que parte da esquerda que ajudou a elegê-la resolveu criar uma outra frente, a Frente Povo Sem Medo, do MTST.
A política econômica de Dilma dividiu e desmobilizou a esquerda e os movimentos sociais. E a política adotada pelo PT em relação ao governo tem contribuído para a manutenção desta divisão e desmobilização, que enfraquecem ainda mais a esquerda e os movimentos sociais. Não é possível combater seriamente uma política econômica e ao mesmo tempo apoiar incondicionalmente o governo que a concebe e implementa. Porque o apoio incondicional ao governo limita e mantém a pressão por mudanças num nível muito baixo, sempre insuficiente para fazer frente à pressão do poder econômico, que não tem limites.
Enquanto o PT mantiver apoio incondicional ao governo Dilma, será, a despeito do discurso crítico à política econômica, um agente desmobilizador dos trabalhadores e da juventude, que contribuirá permanentemente para a manutenção da divisão da esquerda e da anemia do poder popular.
Silvio Melgarejo
23/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/o-problema-%C3%A9-a-incondicionalidade-do-apoio/1149210915092306
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Quem não deve, não paga.
Sobre a dívida pública, que leva quase metade do orçamento da União e que aumenta extraordinariamente a cada nova elevação da taxa de juros Selic, é preciso, mais que nunca, questionar: Ela é totalmente legítima? Ou é, em parte, produto de fraude? Será que o povo deve mesmo isso tudo que lhe cobram? Ou será que está pagando o que não deve? Isso tem que ser investigado.
AUDITORIA DA DÍVIDA PÚBLICA JÁ!
Silvio Melgarejo
22/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/quem-n%C3%A3o-deve-n%C3%A3o-paga/1148963851783679
AUDITORIA DA DÍVIDA PÚBLICA JÁ!
Silvio Melgarejo
22/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/quem-n%C3%A3o-deve-n%C3%A3o-paga/1148963851783679
O medo paralisa, faz ceder e recuar.
A esquerda brasileira está presentemente articulando-se em duas frentes. A Frente Povo Sem Medo e a Frente Povo Com... epa... Frente Brasil Popular.
Silvio Melgarejo
22/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/o-medo-paralisa-faz-ceder-e-recuar/1145828815430516
Silvio Melgarejo
22/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/o-medo-paralisa-faz-ceder-e-recuar/1145828815430516
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Contra seu partido, Dilma mantém ministro e política econômica da Globo. E agora, PT?
Palavra da Presidenta sobre o PT
Durante a campanha eleitoral
“Nós, do PT, somos a grande força política inovadora do Brasil.” (Trecho do discurso proferido no lançamento de sua pré-candidatura à reeleição, em 2/5/2014, no 14° Encontro Nacional do PT)
E logo depois de reeleita
"Eu não represento o PT. Eu represento a Presidência. A opinião do PT é a opinião do partido, não me influencia.” (Folha, 6/11/2014)
***
Sobre a política econômica
Palavra da Globo
“Deixa o homem trabalhar. A escolha de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda foi um alento. Agora, a presidenta Dilma precisa dar a ele liberdade para agir.” (Época - Edição 861 - 28/11/2014)
Palavra do PT
"É importante mudar a política econômica. É preciso que se libere crédito para investimentos, para consumo. É uma forma de fazer a economia rodar. Da mesma maneira, é insustentável manter a atual taxa de juros. (...) Acho que ela [Dilma] vai determinar a liberação de crédito com responsabilidade. Há mecanismo para isso, desde crédito consignado, eventualmente mexer com o compulsório dos bancos para que os bancos privados possam liberar crédito. Mas é impressão minha, ela não disse isso. Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente, deve ser substituído. Se ele não quiser, caso ela determine.” (Rui Falcão, presidente do PT, Folha, 18/10/2015)
Palavra da Presidenta
"O ministro Levy fica. E se ele fica é porque concordamos com a política econômica dele." (Dilma Rousseff, Folha, 18/10/2015)
E agora, PT? O que farás?
A Globo pediu, em nome de banqueiros e especuladores do mercado financeiro: “Deixe Levy trabalhar”. E Dilma está deixando.
O PT pediu: “Mude a política econômica, presidenta”. E Dilma disse não, que não vai mudar porque concorda com o que está sendo feito.
E agora, PT? O que farás?
Vais continuar dando suporte político para a realização do programa econômico neoliberal, desde sempre defendido pela Globo e tucanos?
E é assim que pretendes mobilizar as massas contra o golpe e em defesa da democracia?
É assim que pretendes ter o apoio dos trabalhadores para preservar as conquistas sociais da última década, avançar mais e fazer as reformas estruturais, no rumo do socialismo democrático?
E é assim que pretendes ter o apoio do povo para resistir aos ataques do fascismo e eleger Lula em 2018?
E agora, PT?
O que será de ti, qual o teu futuro, amarrado como estás, voluntariamente, a um governo em que a presidenta, a despeito de ser tua filiada, te despreza, não te ouve e trai os mais importantes compromissos assumidos, que avalizaste perante as massas, na última campanha eleitoral?
E agora, PT?
Se Dilma te nega e renega e faz de ti mero instrumento da aplicação de uma política tucana, que fere os interesses dos trabalhadores, o que fazes ainda neste governo? Por que negas aos trabalhadores a tua liderança, como único partido de massas da esquerda, para o necessário e urgente combate à poderosa ditadura do bancos, da qual Dilma, à tua revelia, resolveu se fazer competente e abnegada gestora?
E agora, PT?
Como fica o teu projeto, aquele para o qual foste criado e que ainda alimenta as esperanças de milhões de brasileiros? Por que transformar tanta esperança em revolta e desencanto, mantendo fidelidade a um governo onde não tens mais influência, um governo que caminha na contramão dos teus objetivos e que se fez e faz de ti antagonista da classe trabalhadora, única aliada estratégica possível para a realização do teu ideal socialista e democrático?
E agora, PT?
O que fazer nesta encruzilhada em que te encontras, trazido pelas circunstâncias e por teus próprios movimentos? Chegamos a um momento em que já não é mais possível servir bem aos trabalhadores e ao mesmo tempo à burguesia, em que já não é mais possível avançar sem luta, conciliando interesses e fazendo acordos satisfatórios para todos. A crise mundial do capitalismo não permite mais que se sustente a ilusão, no período de fartura, alimentada, de não haver neste país luta de classes. A crise e a ganância dos burgueses hoje empurram as massas para o abismo da pobreza e da miséria. Lutar pela parte que lhes cabe numa justa partilha das riquezas produzidas, é a única chance que os trabalhadores têm de escapar deste destino. Sem luta e resistência, a derrota é mais que certa.
É hora, PT, de ter coragem prá fazer escolhas que atestem perante as massas a seriedade dos teus compromissos e de ousar tomar decisões importantes que podem definir o teu futuro e o futuro do Brasil. Se o governo já não serve, ao contrário, compromete o teu projeto, nada mais pode prender-te a ele, é hora de se desligar. Porque só se justifica a permanência de um partido no governo quando, governando, consegue este partido fazer avançar o seu projeto.
E então, PT? De que lado ficas? O lado de Dilma, Levy, da Globo e da burguesia, banqueiros à frente? Ou o lado dos trabalhadores, com os militantes e partidos de esquerda e progressistas, as centrais sindicais e os movimentos populares? Teu compromisso hoje é com o projeto pessoal da presidenta ou é com o projeto que afirmas ter para o país? Decida logo, PT. Porque, assim como estás, com um pé em cada canoa, não tardarás a cair e afundar nas águas turvas e cada vez mais revoltas da luta de classes.
Silvio Melgarejo
21/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/contra-seu-partido-dilma-mant%C3%A9m-ministro-e-pol%C3%ADtica-econ%C3%B4mica-da-globo-e-agora-p/1147501211929943
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domingo, 18 de outubro de 2015
“O ministro Levy fica. E se ele fica, é porque concordamos com a política econômica dele", diz Dilma, em resposta a Rui Falcão.
"Opinião do presidente do PT não é a do governo, Levy fica", diz Dilma.
A presidente Dilma Rousseff afirmou neste domingo (18) que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fica no cargo e disse discordar do discurso do presidente do PT, Rui Falcão, sobre uma possível saída dele do governo.
"Eu acho que o presidente do PT pode ter a opinião que quiser, mas não é a opinião do governo. A gente respeita a opinião do presidente do PT, mas isso não significa que seja a opinião do governo", afirmou a presidente, em entrevista coletiva em Estocolmo, na Suécia.
Questionada então pela Folha sobre as chances de Levy deixar o governo, Dilma respondeu: "Se eu lhe disse que não é opinião do governo [a de Rui Falcão], o ministro Levy fica". E a presidente continuou: "Se ele fica, é porque concordamos com a política econômica dele".
Em entrevista à Folha, publicada neste domingo, o presidente do PT defendeu mudanças na política econômica e afirmou ainda que, nesse cenário, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deveria sair do governo se não concordar.
“O ministro Levy fica.
E se ele fica,
é porque concordamos
com a política econômica dele.”
(Dilma Rousseff)
Dilma negou ainda que tenha discutido com Levy sua demissão em reunião na sexta-feira (16) antes de embarcar para a Suécia.
"Vou falar uma coisa para vocês: há um nível de invenção de conversas que não é verdade. É absurdo dizer que nós tratamos disso na reunião. O que nós conversamos foi fundamentalmente sobre quais são os próximos passos e qual é a nossa estratégia no sentido de garantir que se aprove as principais medidas que vão levar ao equilíbrio fiscal. Nem tocou nesse assunto [saída], não tinha insatisfação nenhuma dele, até porque essa entrevista [de Rui Falcão] não tinha ocorrido, não sei como saem essas informações, que são danosas, porque de repente aparece uma informação que não é verdadeira", afirmou.
Dilma negou ainda que o ex-presidente Lula tenha feito a ela qualquer pedido para trocar o ministro da Fazenda. "Ele nunca me pediu nada. O presidente Lula quando quer alguma coisa não tem o menor constrangimento de falar comigo", disse.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/10/1695429-opiniao-do-presidente-do-pt-nao-e-a-do-governo-levy-fica-diz-dilma.shtml
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/o-ministro-levy-fica-e-se-ele-fica-%C3%A9-porque-concordamos-com-a-pol%C3%ADtica-econ%C3%B4mica/1147005878646143
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Se Dilma se mantiver intransigente, o PT deve sair do governo, para ser alternativa de esquerda na oposição.
Já disse outras vezes e repito. O medo do golpe de Estado só tem servido para paralisar a maior parte da esquerda, a parte petista. Ninguém mais, na esquerda, aprova a política econômica do governo Dilma, cujos efeitos negativos cada vez mais se evidenciam para os trabalhadores. Mas o medo do golpe tem impedido o PT de assumir, em relação ao governo, uma postura mais incisiva. Teme o partido que uma pressão mais forte por mudanças acabe favorecendo ao golpismo de direita. Então adota o seguinte discurso: somos contrários à política econômica do governo e queremos mudanças, mas apoiamos incondicionalmente à presidenta Dilma.
E o problema da esquerda e da classe trabalhadora está exatamente neste apoio incondicional do PT ao governo. Porque, sendo o PT o único partido de massas no campo da esquerda, a incondicionalidade do seu apoio ao governo acaba limitando fortemente o poder de pressão da esquerda por mudanças e faz do seu discurso crítico à economia um mero jogo de cena, sem nenhum efeito político além da desmoralização da esquerda toda e do próprio partido.
Sobre isto, propus o seguinte enigma, em minhas notas de 27 e 29 de setembro, em que dizia: Se a essência de um governo é a sua política econômica, como combater uma política econômica e ao mesmo tempo apoiar o governo que a concebe e implementa? Penso, como já disse outras vezes, que isto seja impossível.
"Cobrar, apoiando", diz-me um companheiro, "é o que deve ser feito". Mas, e se o governo se mantiver intransigente? Mantém-se, mesmo assim, o apoio? Que razão teria o governo, então, para mudar? Pois se quem cobra mudanças, garante, ao mesmo tempo, apoio incondicional, aonde o poder de pressão desta cobrança?
Apoiar incondicionalmente o governo é dar, na prática, ao governo sustentação política para ele executar a sua política econômica. O apoio sem limites anula inteiramente o efeito de qualquer cobrança que se faça a um governo. A cobrança, neste caso, se torna inócua. Porque, a partir do momento em que se estabelece que o não atendimento a ela não terá consequência nenhuma, que o governo não sofrerá qualquer sanção, fica o governo à vontade para fazer o que quiser, inclusive ignorar a cobrança dos apoiadores incondicionais, enquanto cede aos opositores, quando eles cobram e impõem sanções muito duras, e é isso mesmo que tem acontecido no nosso caso.
Para os petistas "torcedores", que devem entender bem de futebol, digo de outra forma: se a direita entra numa dividida com tudo e a esquerda, ao contrário, "pipoca", quem tende a ficar com a bola é a direita. E é isso exatamente que temos visto. Uma direita viril - prá ser mais exato, desleal - disputando o poder com uma esquerda "pipoqueira", que evita o confronto por medo de se machucar.
Ainda nesta linha de analogia com o futebol, pode-se dizer que o PT tem sido uma esquerda medrosa e retranqueira, que chama o adversário para o seu próprio campo e se expõe à pressão permanente nos arredores da sua meta. Está passando sufoco deste a eleição passada, com a direita marcando em cima e chegando a toda hora na cara do gol. O partido não tem saída de bola, não cria jogadas no meio de campo e tem tido um ataque absolutamente inoperante.
E tudo isto porque está preso à defesa de um governo, cuja política econômica é indefensável perante os trabalhadores. E porque está paralisado pelo medo de um golpe de Estado. O golpe de Estado só é possível, em verdade, por causa da fragilidade do governo Dilma e da esquerda democrática. O que fragiliza Dilma é a política econômica neoliberal, que tem frustrado enormemente os seus eleitores. E o que fragiliza a esquerda democrática é a submissão do PT à vontade intransigente da presidenta.
Dilma tem dado seguidos sinais de que vai manter Levy e sua gestão neoliberal da economia. E o PT, o que fará? Vai ajudar a presidenta a governar assim e depois dizer aos trabalhadores que não tem culpa pela recessão, pelo desemprego e pelo arrocho salarial, só porque tem feito críticas e apresentado um projeto alternativo? Mas se dá sustentação ao governo, como pode o PT negar a própria responsabilidade pelos efeitos desta política que o governo concebe e implementa? É dúbia e flagrantemente desonesta esta postura, que custará muitíssimo caro ao partido, se a continuar sustentando. Porque as massas não se deixarão enganar mais uma vez, depois de serem tão recentemente traídas.
A maioria petista acredita, equivocadamente, que uma defesa eficaz da democracia contra o golpismo depende do apoio incondicional do PT ao governo Dilma, quando, ao contrário, é exatamente este apoio incondicional que o PT tem dado ao governo, o que tem deixado as massas sem uma alternativa oposicionista de esquerda viável e permitido, com isso, que toda insatisfação popular com o governo seja capitalizada pela direita golpista.
A ditadura dos bancos governa o Brasil e o PT, único partido de esquerda de massas do país, tem colaborado com ela, quando nega aos trabalhadores direção para a luta, a pretexto de evitar que se precipite um golpe de Estado. Mas como pretende o PT preservar o que ainda há de democracia nesta ditadura do bancos e avançar para uma democracia plena, de verdade, em que os trabalhadores realmente governem, se concilia o tempo todo com os bancos e mantém as massas à margem do processo político do país?
O PT critica a política econômica do governo e propõe mudanças. Mas não diz em nenhum momento o que fará se o governo não mudar. Se o apoio a Dilma é incondicional mesmo, como quer a maioria petista, permanecerá o partido na base de sustentação ao governo, como aquele cobrador que não faz questão de receber, nem se incomoda com o calote que leva. Com isso, a ditadura dos bancos, vendida como democracia pela imprensa e partidos burgueses, seguirá roubando as riquezas do Brasil e empobrecendo os trabalhadores, sem enfrentar resistência nenhuma, ao contrário, contando até com a colaboração do único partido de esquerda de massas do país.
De uma mudança radical na atual postura do PT em relação ao governo Dilma, depende o futuro do Brasil, de sua esquerda e da sua classe trabalhadora. O PT tem que romper com Dilma e mobilizar o povo para enfrentar a ditadura dos bancos. Porque se não o fizer, será responsável direto pelo retrocesso nos avanços sociais da última década, que já estão sendo gravemente ameaçados pela atual política econômica. A esquerda brasileira e as massas trabalhadoras precisam do PT na oposição, para evitar que esta tragédia se consuma no país. Coragem e ousadia, insisto, é o que se espera do PT, para que ele não tenha o destino desonroso de outros tantos partidos socialistas, que traíram seus compromissos com as massas: a tal "lata de lixo da História", de que falou Trotsky.
Silvio Melgarejo
18/10/2015
E o problema da esquerda e da classe trabalhadora está exatamente neste apoio incondicional do PT ao governo. Porque, sendo o PT o único partido de massas no campo da esquerda, a incondicionalidade do seu apoio ao governo acaba limitando fortemente o poder de pressão da esquerda por mudanças e faz do seu discurso crítico à economia um mero jogo de cena, sem nenhum efeito político além da desmoralização da esquerda toda e do próprio partido.
Sobre isto, propus o seguinte enigma, em minhas notas de 27 e 29 de setembro, em que dizia: Se a essência de um governo é a sua política econômica, como combater uma política econômica e ao mesmo tempo apoiar o governo que a concebe e implementa? Penso, como já disse outras vezes, que isto seja impossível.
"Cobrar, apoiando", diz-me um companheiro, "é o que deve ser feito". Mas, e se o governo se mantiver intransigente? Mantém-se, mesmo assim, o apoio? Que razão teria o governo, então, para mudar? Pois se quem cobra mudanças, garante, ao mesmo tempo, apoio incondicional, aonde o poder de pressão desta cobrança?
Apoiar incondicionalmente o governo é dar, na prática, ao governo sustentação política para ele executar a sua política econômica. O apoio sem limites anula inteiramente o efeito de qualquer cobrança que se faça a um governo. A cobrança, neste caso, se torna inócua. Porque, a partir do momento em que se estabelece que o não atendimento a ela não terá consequência nenhuma, que o governo não sofrerá qualquer sanção, fica o governo à vontade para fazer o que quiser, inclusive ignorar a cobrança dos apoiadores incondicionais, enquanto cede aos opositores, quando eles cobram e impõem sanções muito duras, e é isso mesmo que tem acontecido no nosso caso.
Para os petistas "torcedores", que devem entender bem de futebol, digo de outra forma: se a direita entra numa dividida com tudo e a esquerda, ao contrário, "pipoca", quem tende a ficar com a bola é a direita. E é isso exatamente que temos visto. Uma direita viril - prá ser mais exato, desleal - disputando o poder com uma esquerda "pipoqueira", que evita o confronto por medo de se machucar.
Ainda nesta linha de analogia com o futebol, pode-se dizer que o PT tem sido uma esquerda medrosa e retranqueira, que chama o adversário para o seu próprio campo e se expõe à pressão permanente nos arredores da sua meta. Está passando sufoco deste a eleição passada, com a direita marcando em cima e chegando a toda hora na cara do gol. O partido não tem saída de bola, não cria jogadas no meio de campo e tem tido um ataque absolutamente inoperante.
E tudo isto porque está preso à defesa de um governo, cuja política econômica é indefensável perante os trabalhadores. E porque está paralisado pelo medo de um golpe de Estado. O golpe de Estado só é possível, em verdade, por causa da fragilidade do governo Dilma e da esquerda democrática. O que fragiliza Dilma é a política econômica neoliberal, que tem frustrado enormemente os seus eleitores. E o que fragiliza a esquerda democrática é a submissão do PT à vontade intransigente da presidenta.
Dilma tem dado seguidos sinais de que vai manter Levy e sua gestão neoliberal da economia. E o PT, o que fará? Vai ajudar a presidenta a governar assim e depois dizer aos trabalhadores que não tem culpa pela recessão, pelo desemprego e pelo arrocho salarial, só porque tem feito críticas e apresentado um projeto alternativo? Mas se dá sustentação ao governo, como pode o PT negar a própria responsabilidade pelos efeitos desta política que o governo concebe e implementa? É dúbia e flagrantemente desonesta esta postura, que custará muitíssimo caro ao partido, se a continuar sustentando. Porque as massas não se deixarão enganar mais uma vez, depois de serem tão recentemente traídas.
A maioria petista acredita, equivocadamente, que uma defesa eficaz da democracia contra o golpismo depende do apoio incondicional do PT ao governo Dilma, quando, ao contrário, é exatamente este apoio incondicional que o PT tem dado ao governo, o que tem deixado as massas sem uma alternativa oposicionista de esquerda viável e permitido, com isso, que toda insatisfação popular com o governo seja capitalizada pela direita golpista.
A ditadura dos bancos governa o Brasil e o PT, único partido de esquerda de massas do país, tem colaborado com ela, quando nega aos trabalhadores direção para a luta, a pretexto de evitar que se precipite um golpe de Estado. Mas como pretende o PT preservar o que ainda há de democracia nesta ditadura do bancos e avançar para uma democracia plena, de verdade, em que os trabalhadores realmente governem, se concilia o tempo todo com os bancos e mantém as massas à margem do processo político do país?
O PT critica a política econômica do governo e propõe mudanças. Mas não diz em nenhum momento o que fará se o governo não mudar. Se o apoio a Dilma é incondicional mesmo, como quer a maioria petista, permanecerá o partido na base de sustentação ao governo, como aquele cobrador que não faz questão de receber, nem se incomoda com o calote que leva. Com isso, a ditadura dos bancos, vendida como democracia pela imprensa e partidos burgueses, seguirá roubando as riquezas do Brasil e empobrecendo os trabalhadores, sem enfrentar resistência nenhuma, ao contrário, contando até com a colaboração do único partido de esquerda de massas do país.
De uma mudança radical na atual postura do PT em relação ao governo Dilma, depende o futuro do Brasil, de sua esquerda e da sua classe trabalhadora. O PT tem que romper com Dilma e mobilizar o povo para enfrentar a ditadura dos bancos. Porque se não o fizer, será responsável direto pelo retrocesso nos avanços sociais da última década, que já estão sendo gravemente ameaçados pela atual política econômica. A esquerda brasileira e as massas trabalhadoras precisam do PT na oposição, para evitar que esta tragédia se consuma no país. Coragem e ousadia, insisto, é o que se espera do PT, para que ele não tenha o destino desonroso de outros tantos partidos socialistas, que traíram seus compromissos com as massas: a tal "lata de lixo da História", de que falou Trotsky.
Silvio Melgarejo
18/10/2015
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Entrevista do presidente do PT, Rui Falcão, publicada na Folha de hoje.
“É importante mudar a política econômica.
É preciso que se libere crédito para investimentos, para consumo.
É uma forma de fazer a economia rodar.
Da mesma maneira,
é insustentável manter a atual taxa de juros.”
(Rui Falcão)
ENTREVISTA
Folha - Joaquim Levy é o ministro do crescimento?
Rui Falcão - É importante mudar a política econômica. É preciso que se libere crédito para investimentos, para consumo. É uma forma de fazer a economia rodar. Da mesma maneira, é insustentável manter a atual taxa de juros.
Folha - O ministro da fazenda descarta a liberação de crédito agora.
Rui Falcão - É a opinião dele. Pensamos diferente. Não estamos sozinhos. Muitos economistas e especialistas estão falando na mesma direção, em relação à taxa de juros e ao crédito. Está errada a política de contenção exagerada do crédito. Precisamos devolver esperança para a população.
Folha - Lula quer mesmo o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles na Fazenda?
Rui Falcão - Sei que precisamos mudar vários pontos da política econômica.
Folha - Inclusive o ministro?
Rui Falcão - A política... Quem nomeia e substitui é a presidente.
Folha - O sr. gaguejou... Joaquim Levy é capaz de conduzir essa política econômica que o sr. defende?
Rui Falcão - Um ministro da Fazenda não pode ficar na berlinda porque isso provoca consequências na economia. Se a presidente tiver a decisão de amanhã ou depois substituí-lo, isso não se anuncia previamente nem serei eu que sairei pedindo a substituição.
Folha - Mas o sr. defende mudanças e Levy pensa diferente.
Rui Falcão - A lógica do regime presidencialista é que os ministros devem seguir a orientação do presidente da república. Se ela entender que essa política que está sendo realizada deve ter correções, no todo ou em parte, ela determina isso.
Folha - E a presidente concorda com tudo o que Joaquim Levy diz?
Rui Falcão - Ela está preocupada com a crise política. Quer estabilidade para fazer o país voltar a crescer. E a preocupação dela é com emprego, manutenção dos ganhos de renda...
Folha - Em relação ao crédito?
Rui Falcão - Acho que ela vai determinar a liberação de crédito com responsabilidade. Há mecanismo para isso, desde crédito consignado, eventualmente mexer com o compulsório dos bancos para que os bancos privados possam liberar crédito. Mas é impressão minha, ela não disse isso. Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente, deve ser substituído. Se ele não quiser, caso ela determine.
“Acho que ela [Dilma] vai determinar a liberação de crédito com responsabilidade.
Há mecanismo para isso, desde crédito consignado,
eventualmente mexer com o compulsório dos bancos
para que os bancos privados possam liberar crédito.
Mas é impressão minha, ela não disse isso.
Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente,
deve ser substituído.
Se ele não quiser, caso ela determine.”
(Rui Falcão)
Folha - O PT vive hoje sua pior crise desde sua criação. É hostilizado. O partido se perdeu?
Rui Falcão - É inadmissível que a gente conviva com esse clima de ódio e intolerância, sendo seu ápice durante o velório do José Eduardo Dutra, em Belo Horizonte, onde esses fascistas panfletaram, num desrespeito à família, dizendo que "petista bom é petista morto".
Folha - O sr. já foi hostilizado?
Rui Falcão - Veja o Twitter diariamente. Tem baixaria contra todo mundo. Na rua, há olhares e uma pessoa passou correndo, xingou e foi embora.
Folha - Os petistas falam de intolerância mas não existe autocrítica.
Rui Falcão - Com ou sem autocrítica, nada justifica o ódio e a intolerância. Temos feito autocrítica, sim. O PT não deveria ter enveredado pelo financiamento empresarial, porque nos igualamos aos outros partidos. Não podemos ficar exclusivamente na disputa eleitoral. Ninguém combateu a corrupção como nós.
Folha - O ex-tesoureiro do PT e o ex-ministro José Dirceu estão presos, mas seguem filiados.
Rui Falcão - Nenhum deles foi condenado [em última instância]. Não há prova contra Vaccari. A não ser delações.
Folha - Se forem condenados, Dirceu e Vaccari sairão do partido?
Rui Falcão - Espero que, se isso ocorrer, tomem essa decisão.
Folha - Mas e a desfiliação?
Rui Falcão - O Vaccari não tem acusação de desvio ético. Nada se comprovou contra ele.
Folha - E Dirceu?
Rui Falcão - Estamos esperando a defesa dele. Há acusações nessa direção. Ele deve avaliar se existe essa possibilidade de deixar unilateralmente o partido. A decisão de desfiliação é pessoal. A decisão de desfiliar é do partido.
Folha - Na sua opinião, há diferença entre Vaccari e José Dirceu?
Rui Falcão - Vaccari estava no exercício da secretaria de finanças. As tarefas exigiam que captasse recursos junto às empresas. Mas ele nunca usou qualquer contato para se beneficiar.
“O PT não deveria ter enveredado pelo financiamento empresarial,
porque nos igualamos aos outros partidos.
Não podemos ficar exclusivamente na disputa eleitoral.”
(Rui Falcão)
Folha - Há um acordão entre o governo e o deputado Eduardo Cunha para protegê-lo?
Rui Falcão - Quem tem acordo declarado com ele, fotografado e reconhecido, é a oposição. Que tipo de acordo poderíamos ter, se Cunha pode, a qualquer momento, acolher o pedido de impeachment e ele não sabe como vamos nos posicionar no Conselho de Ética? Ele é o presidente da Câmara até segunda ordem. Tem que haver uma relação institucional. Isso não significa blindar investigação.
Folha - Documentos comprovam que ele tem contas na Suíça.
Rui Falcão - Com a documentação apresentada pela Procuradoria, a situação de Cunha está cada vez mais insustentável.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/10/1695359-levy-deve-sair-se-nao-quiser-mudar-a-politica-economica.shtml
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/entrevista-do-presidente-do-pt-rui-falc%C3%A3o-publicada-na-folha-de-hoje/1146910775322320
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quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Mais um enigma.
Qual o significado da expressão "partido político", para a militância petista?
Silvio Melgarejo
15/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/mais-um-enigma/1145827312097333
Silvio Melgarejo
15/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/mais-um-enigma/1145827312097333
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terça-feira, 13 de outubro de 2015
PT, o maratonista anêmico.
O PT tem problemas externos cuja solução depende, antes de tudo, da solução dos seus problemas internos. E, no entanto, por razões que desconheço, recusam-se os petistas a tratar destes problemas internos, enquanto debatem avidamente os externos, que dependem da superação daqueles.
Imagine um anêmico que não se trata querendo disputar uma maratona. Pois é assim mesmo que se comporta o PT. Propõe-se grandes desafios, mas despreza a própria cura, o que torna remota a chance de vitória.
Silvio Melgarejo
13/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/pt-o-maratonista-an%C3%AAmico/1144700088876722
Imagine um anêmico que não se trata querendo disputar uma maratona. Pois é assim mesmo que se comporta o PT. Propõe-se grandes desafios, mas despreza a própria cura, o que torna remota a chance de vitória.
Silvio Melgarejo
13/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/pt-o-maratonista-an%C3%AAmico/1144700088876722
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domingo, 4 de outubro de 2015
Governo petista? Cadê?
Governo petista? Cadê? Verdade que há petistas - se assim os considerarmos apenas por serem filiados ao PT - no governo Dilma. A própria presidenta o é, pelo menos assim, formalmente. Mas, petismo, não vejo. E o que é o petismo? Petismo é lutar, até a última gota de suor e sangue, para defender os interesses dos trabalhadores contra a ditadura da burguesia, que enriquece à custa do empobrecimento das massas. E o que tem-se visto no governo Dilma é exatamente o oposto disso. Vê-se rendição sem luta e uma colaboração sem limites com a burguesia - especialmente financeira - contra os interesses da classe trabalhadora. Isso é governo petista? Prá mim, não.
Lembro uma vez mais que, assim que reeleita, a presidenta Dilma, questionada sobre uma resolução política do PT, afirmou:
Ou seja, Dilma negou firmemente o petismo para abraçar gostosamente o neoliberalismo. E, diante disso, o que faz o PT? Tenta o impossível, que é apoiar a presidenta e ao mesmo tempo combater a política que ela mesma escolheu, quando o preteriu e abandonou o programa defendido na campanha.
Penso, portanto, que iludem-se os que acreditam que, por serem Dilma e alguns dos seus ministros filiados ao PT, temos uma presidenta da república e um governo petistas. Não temos. A política econômica que temos hoje no país é uma versão apenas um pouco mais branda daquela mesma política econômica defendida por Aécio e Marina, que foi duramente contestada pela própria Dilma, na campanha de 2014.
Joaquim Levy, por sua vez, é um economista cujo perfil nada difere dos perfis de Armínio Fraga e André Lara Resende, então anunciados, respectivamente, por Aécio e Marina, como seus ministros da fazenda, caso fossem eleitos. Certamente, não foi por acaso que teve seu nome ocultado pela candidata Dilma durante a campanha. Levantaria, se anunciado, no mínimo, enormes suspeitas de que o segundo mandato da presidenta poderia não corresponder ao discurso antineoliberal que ela fazia e que acabou lhe garantindo efetivamente a vitória.
Exatamente um mês depois do 2º turno da eleição presidencial, Dilma anunciou que Joaquim Levy seria o seu ministro da fazenda. E o impacto negativo na confiança do seu eleitorado foi grande, exatamente pela expectativa da adoção de uma política econômica que correspondesse ao perfil conhecido do novo ministro, o que acabou se confirmando com o anúncio do ajuste fiscal, que tem abalado a base de apoio da presidenta na sociedade.
A combinação das medidas do ajuste com a manutenção da política de juros altos, inevitavelmente provocaria recessão, desemprego e arrocho salarial. Tudo isso foi previsto, logo de início, pelos economistas do campo progressista e tem se confirmado ao longo do ano. Criou-se então uma raríssima unanimidade no movimento sindical e popular contrária à política econômica do governo Dilma, em seu conjunto. Há, de fato, quem ainda veja semelhanças entre esta política e a dos ministros Palloci e Meirelles, no tempo de Lula e que, pensando nos resultados daquele governo, acredite que possa dar certo o que tem sido feito agora. Mas esquecem estes de um detalhe: as circunstâncias em que se dão os dois governos são muito distintas.
Se as circunstâncias econômicas e políticas que cercavam os dois mandatos de Lula permitiram que ele assumisse e honrasse compromissos tanto com a burguesia, quanto com a classe trabalhadora, as circunstâncias econômicas e políticas atuais não dão a Dilma esta mesma possibilidade. Ao contrário, impõem-lhe a escolha de um lado para defender e um lado para confrontar, como condição para não ser tragada por um ambiente de insatisfação geral, onde lhe falte base de sustentação social e política para governar. Dilma fez a pior escolha possível, que é tentar atender ao mesmo tempo à burguesia e à classe trabalhadora, algo que a conjuntura econômica hoje não permite. Insatisfeitos, os dois lados retiram cada vez mais os seus apoios e deixam a presidenta pendurada no fio tênue do compromisso das instituições do Estado burguês com a legalidade.
Atribuir, como fazem muitos, a presente crise do governo Dilma apenas à campanha da oposição golpista é o mesmo que responsabilizar apenas os vírus e bactérias pelo quadro patológico de um organismo, sem considerar o papel que deveria desempenhar o seu sistema imunológico. Pois o “sistema imunológico” do governo Dilma, que seria constituído por sua base social de 54 milhões de eleitores, foi inteiramente desmobilizado pela própria presidenta, quando ela abandonou o programa que defendera em sua campanha, revertendo subitamente todas as expectativas alimentadas. No momento em que rompe unilateralmente os compromissos assumidos com seus eleitores, ela isola-se politicamente e debilita-se, favorecendo ao avanço não só do golpismo, mas também do fisiologismo de setores da própria coalizão, que acabaram assumindo o controle efetivo do governo.
Por isso digo que, embora haja petistas no governo, como a presidenta, não há mais governo petista neste segundo mandato de Dilma. Porque não é petista o programa econômico implementado e porque o PT realmente já não tem mais nenhuma influência sobre as decisões cruciais que são tomadas. O PT hoje é um mero apoiador do governo neoliberal hegemonizado por Dilma e pelo PMDB. Suas críticas à política econômica, sem apontar qualquer perspectiva de ruptura, ante à intransigência da presidenta, não o tornam menos cúmplice da aplicação desta política e não diminuem a sua responsabilidade pelo estrago social provocado. E a classe trabalhadora logo há de lhe apresentar a conta. Como tenho dito a meses, quem fere com ajuste fiscal, com ajuste político será ferido.
Silvio Melgarejo
04/10/2015
https://www.facebook.com/notes/silvio-melgarejo/governo-petista-cad%C3%AA/1138747212805343
Lembro uma vez mais que, assim que reeleita, a presidenta Dilma, questionada sobre uma resolução política do PT, afirmou:
- “Eu não represento o PT. Eu represento a Presidência. A opinião do PT é a opinião do partido, não me influencia. Eu represento o país, não sou presidente do PT, sou presidente dos brasileiros.”Ora, se não é a presidenta da república, filiada ao PT, a representante do partido na coalizão governista, quem será? O petista que votou em Dilma o fez exatamente para que ela cumprisse este papel, para que ela fosse o PT dentro da coalizão. Mas o que se vê é que ela não só repudiou este papel, negando terminantemente a influência do PT, como resolveu acolher, sem resistência, às influências dos barões do sistema financeiro.
Ou seja, Dilma negou firmemente o petismo para abraçar gostosamente o neoliberalismo. E, diante disso, o que faz o PT? Tenta o impossível, que é apoiar a presidenta e ao mesmo tempo combater a política que ela mesma escolheu, quando o preteriu e abandonou o programa defendido na campanha.
Penso, portanto, que iludem-se os que acreditam que, por serem Dilma e alguns dos seus ministros filiados ao PT, temos uma presidenta da república e um governo petistas. Não temos. A política econômica que temos hoje no país é uma versão apenas um pouco mais branda daquela mesma política econômica defendida por Aécio e Marina, que foi duramente contestada pela própria Dilma, na campanha de 2014.
Joaquim Levy, por sua vez, é um economista cujo perfil nada difere dos perfis de Armínio Fraga e André Lara Resende, então anunciados, respectivamente, por Aécio e Marina, como seus ministros da fazenda, caso fossem eleitos. Certamente, não foi por acaso que teve seu nome ocultado pela candidata Dilma durante a campanha. Levantaria, se anunciado, no mínimo, enormes suspeitas de que o segundo mandato da presidenta poderia não corresponder ao discurso antineoliberal que ela fazia e que acabou lhe garantindo efetivamente a vitória.
Exatamente um mês depois do 2º turno da eleição presidencial, Dilma anunciou que Joaquim Levy seria o seu ministro da fazenda. E o impacto negativo na confiança do seu eleitorado foi grande, exatamente pela expectativa da adoção de uma política econômica que correspondesse ao perfil conhecido do novo ministro, o que acabou se confirmando com o anúncio do ajuste fiscal, que tem abalado a base de apoio da presidenta na sociedade.
A combinação das medidas do ajuste com a manutenção da política de juros altos, inevitavelmente provocaria recessão, desemprego e arrocho salarial. Tudo isso foi previsto, logo de início, pelos economistas do campo progressista e tem se confirmado ao longo do ano. Criou-se então uma raríssima unanimidade no movimento sindical e popular contrária à política econômica do governo Dilma, em seu conjunto. Há, de fato, quem ainda veja semelhanças entre esta política e a dos ministros Palloci e Meirelles, no tempo de Lula e que, pensando nos resultados daquele governo, acredite que possa dar certo o que tem sido feito agora. Mas esquecem estes de um detalhe: as circunstâncias em que se dão os dois governos são muito distintas.
Se as circunstâncias econômicas e políticas que cercavam os dois mandatos de Lula permitiram que ele assumisse e honrasse compromissos tanto com a burguesia, quanto com a classe trabalhadora, as circunstâncias econômicas e políticas atuais não dão a Dilma esta mesma possibilidade. Ao contrário, impõem-lhe a escolha de um lado para defender e um lado para confrontar, como condição para não ser tragada por um ambiente de insatisfação geral, onde lhe falte base de sustentação social e política para governar. Dilma fez a pior escolha possível, que é tentar atender ao mesmo tempo à burguesia e à classe trabalhadora, algo que a conjuntura econômica hoje não permite. Insatisfeitos, os dois lados retiram cada vez mais os seus apoios e deixam a presidenta pendurada no fio tênue do compromisso das instituições do Estado burguês com a legalidade.
Atribuir, como fazem muitos, a presente crise do governo Dilma apenas à campanha da oposição golpista é o mesmo que responsabilizar apenas os vírus e bactérias pelo quadro patológico de um organismo, sem considerar o papel que deveria desempenhar o seu sistema imunológico. Pois o “sistema imunológico” do governo Dilma, que seria constituído por sua base social de 54 milhões de eleitores, foi inteiramente desmobilizado pela própria presidenta, quando ela abandonou o programa que defendera em sua campanha, revertendo subitamente todas as expectativas alimentadas. No momento em que rompe unilateralmente os compromissos assumidos com seus eleitores, ela isola-se politicamente e debilita-se, favorecendo ao avanço não só do golpismo, mas também do fisiologismo de setores da própria coalizão, que acabaram assumindo o controle efetivo do governo.
Por isso digo que, embora haja petistas no governo, como a presidenta, não há mais governo petista neste segundo mandato de Dilma. Porque não é petista o programa econômico implementado e porque o PT realmente já não tem mais nenhuma influência sobre as decisões cruciais que são tomadas. O PT hoje é um mero apoiador do governo neoliberal hegemonizado por Dilma e pelo PMDB. Suas críticas à política econômica, sem apontar qualquer perspectiva de ruptura, ante à intransigência da presidenta, não o tornam menos cúmplice da aplicação desta política e não diminuem a sua responsabilidade pelo estrago social provocado. E a classe trabalhadora logo há de lhe apresentar a conta. Como tenho dito a meses, quem fere com ajuste fiscal, com ajuste político será ferido.
Silvio Melgarejo
04/10/2015
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