Porque é a base do partido, e não sua direção, quem vai atuar efetivamente junto à classe e com ela interagir, para lhe organizar e liderar suas ações.
A falta de uma política global para a administração dos diretórios partidários e a completa falta de disciplina da imensa maioria dos dirigentes destes diretórios, tem comprometido gravemente há anos o funcionamento da democracia interna do Partido dos Trabalhadores e anulado inteiramente o seu poder de ação na sociedade.
Não faltam recursos para fazer funcionar a democracia partidária, tampouco para realizar ações políticas coletivas nas ruas e praças do país.
Os recursos existem, são abundantes e estão presentes na própria base do partido, de mais de 1,5 milhão de filiados.
O que falta ao PT é planejamento, organização, liderança e controle nos diretórios.
Ou seja, falta ADMINISTRAÇÃO PARTIDÁRIA.
Porque, sem administração, não se realiza a política, nenhuma política, mesmo a mais correta e justa, mesmo a mais necessária e urgente.
A presente conjuntura coloca o PT ante o desafio de se renovar como partido para responder adequadamente às circunstâncias.
E as circunstâncias exigem que ele seja um partido indutor, organizador e dirigente de grandes e permanentes mobilizações populares, porque depende destas mobilizações para sobreviver e para realizar seus objetivos.
Construir este partido é tarefa de todos os filiados.
Mas depende antes de tudo de uma firme decisão e de uma radical mudança de atitude dos dirigentes petistas, hoje acomodados à inércia da paralisia e à falta de cobrança de desempenho e resultados.
Porque sem comando, organização e disciplina, em todos e em cada um dos diretórios do PT, a democracia interna do partido vai continuar sendo uma democracia de poucos e sua capacidade de atuar como unidade coletiva forte e coesa na sociedade vai continuar sendo nula.
Sem organização e disciplina, o PT não será capaz de resistir ao golpe que se vê em gestação e ao massacre continuado de sua imagem perante a opinião pública.
É hora de reagir à modorra e à apatia reinantes no partido, resultantes, em grande medida, do vício de se manter discussões estéreis e sem sentido prático.
Estratégias e táticas precisam de meios para serem realizadas.
Se na guerra o meio é o exército, na política o meio é o partido.
Como venho há tempos dizendo, sem partido organizado e mobilizado, todo ideal político morre no discurso.
Só que no PT, por incrível que pareça, simplesmente aboliu-se a discussão sobre a construção partidária.
A construção partidária virou quase um tema tabu.
E isso precisa mudar.
É hora de se estabelecer um pacto entre todas as tendências petistas para o desenvolvimento de uma cultura administrativa partidária, que permita o uso racional dos recursos presentes na base de filiados do PT, na construção e na manutenção de um partido que seja indutor, organizador e dirigente das mobilizações dos trabalhadores.
Um partido que, antes de tudo, deixe de ser, como é hoje, uma democracia de poucos, raríssimos, para ser uma democracia de todos os filiados, onde todos possam falar e ser ouvidos, ouvir e poder retrucar, decidir e assumir compromissos de participação, de acordo com seus talentos, vocações, disposições e disponibilidades.
Porque este é o único modelo de partido que vai permitir ao PT alcançar seus objetivos.
Nunca é demais lembrar o trecho abaixo da resolução política do 5º Encontro Nacional do PT, de 1987, que diz:
"Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo, (...) precisamos de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores. Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo."O PT precisa urgentemente de dirigentes disciplinados, com compromisso, talento e vocação para a realização das tarefas organizativas.
Sem dirigentes assim, com estas características e com este comprometimento com a organização partidária, o PT vai continuar sendo apenas este enorme contingente de filiados dispersos, desconectados e desarticulados que somos, incapazes de realizar qualquer ação coletiva de impacto político significativo na sociedade, seja para defender seu governo, seja para lutar por mais avanços democráticos e sociais.
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