"O que eu critico é o desprezo completo que vejo entre os petistas pela construção e pela administração do seu partido."Qualquer um tem o direito de discordar do que digo. Mas discordar do que eu não digo é um tanto ridículo. Vamos ler, por favor, com um pouco mais de atenção o que se publica e evitar comentar de forma precipitada, para não correr o risco de falar bobagem. Alguns companheiros não fizeram uma leitura correta da frase que publiquei ontem e praticamente me acusaram de querer proibir críticas ao governo.
Vamos esclarecer as coisas. Não quero proibir criticas ao governo. Quero estimular críticas ao partido, sobretudo à administração de suas instâncias. Porque boa parte das ações questionáveis do governo deve-se a erros do partido que a maioria dos petistas desconsidera em seus juízos. Se o partido melhorar sua atuação na sociedade, o governo tende a melhorar sua atuação na mesma proporção.
A crítica desequilibrada que frequentemente se faz contribui para a disseminação de uma visão distorcida da distribuição das responsabilidades entre os membros do partido. Há os que tem mandato no governo, há os que tem mandato no parlamento, mas há também os que têm mandato nos diretórios do partido e destes deve-se cobrar até mais do que dos outros, porque deles depende o funcionamento do partido, que é muito mais do que sua representação nos governos e parlamentos.
O QUE EU ESCREVI E POSTEI ONTEM FOI O SEGUINTE:
"Está fadada à derrota uma esquerda que se ocupaE TEM GENTE QUE ESTÁ LENDO ASSIM:
MAIS
com a crítica à composição de uma equipe de governo
DO QUE
com a construção de um partido capaz de organizar e mobilizar as massas trabalhadoras."
"Está fadada à derrota uma esquerda que se ocupa com a crítica à composição de uma equipe de governo."PERCEBEM A DIFERENÇA?
Quando eu digo MAIS DO QUE, estou comparando o tempo e a energia gastos com uma coisa, com o tempo e a energia gastos com outra. Essa diferença revela, evidentemente, a importância maior ou menor que se dá a uma coisa, em relação a outra.
Um fato que qualquer um pode facilmente comprovar aqui mesmo, no Facebook, é que a militância petista atuante na internet gasta todo o tempo e toda a energia do mundo com qualquer assunto, menos a construção do PT e a administração de seus diretórios. Com isso ninguém gasta energia e tempo nenhum. O que, a meu ver, demonstra, sem qualquer margem de dúvida, que a militância do PT na web - e, muito provavelmente, também fora dela - não dá a menor importância para essa questão.
É essa, companheiras e companheiros, a minha crítica, e não à desaprovação de muitos às escolhas que Dilma fez para o seu ministério. Eu discordo dessa desaprovação, acho equivocada, mas não faço, nunca fiz, nenhuma objeção quanto à sua livre manifestação.
O que eu critico é o desprezo completo que vejo entre os petistas pela construção e pela administração do seu partido.
Porque é exatamente a falta de um partido de esquerda capaz de organizar e mobilizar as massas, o que tem deixado o nosso governo vulnerável, constrangido, por uma correlação de forças extremamente desfavorável, a buscar alianças provisórias com setores dos campos de classe e ideológicos que lhe são antagônicos, para garantir a segurança do mandato de Dilma contra as ameaças de golpes e sabotagens e para permitir a realização de uma gestão que se encerre com o máximo de avanços sociais que uma composição política como esta puder proporcionar para o país.
Desorganizado e desmobilizado, o PT é um partido incapaz de organizar e mobilizar a classe trabalhadora. E, sem a mobilização organizada da classe trabalhadora, o ideal petista de uma sociedade socialista e democrática nunca poderá ser realizado.
A construção do PT como partido indutor, organizador e dirigente das mobilizações dos trabalhadores é a principal condição para a realização do seu projeto, porque só estas mobilizações têm o poder de influenciar o processo político de fora para dentro das instituições do Estado, respaldando e reforçando a representação da esquerda e constrangendo a do centro e a da direita com a sistemática denúncia pública e coletiva dos interesses antipopulares e anti-igualitários que as movem e patrocinam.
O dia que a militância petista começar a discutir seriamente, nas redes sociais e fora delas, sobre a melhor maneira de garantir o funcionamento pleno e regular dos diretórios, para que haja democracia partidária de verdade e para que o PT tenha um forte poder de ação nas ruas, em todos os recantos desse país, estaremos vendo a gestação de um novo e poderoso partido político, capaz de agitar o Brasil com suas ideias e de liderar uma ampla frente de esquerda pelo socialismo democrático.
O partido está para a luta política, como o exército está para a guerra. Não se atinge o objetivo militar sem um exército e não se atinge o objetivo político sem um partido. O partido é o instrumento da ação política daqueles que o constituem para realizar determinado projeto.
Por isso, considero que a construção do PT e a administração de seus diretórios deve ser a principal preocupação e a principal ocupação dos petistas, e que descuidar dessas tarefas é renunciar, na prática, ao instrumento principal da luta pela tomada do poder político e do trabalho de construção do socialismo na sociedade brasileira.
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