sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Re: URGENTE - BOLETOS PARA CONTRIBUIÇÃO PARTIDÁRIA. (3)

(Mensagem enviada em 23 de agosto de 2013 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com os números 14016 e 14017. Trata-se de resposta a mensagem do então presidente do diretório)

Olá, Ricardo Quiroga.

Retomo agora a conversa que estávamos tendo em 21 de julho. Me perdoe a demora em responder à sua mensagem.

Vamos lá, companheiro.

Terminando a leitura de sua última mensagem, eu voltei ao que tinha escrito, reli e me perguntei: será que fiz mau uso da palavra "delegar" no texto que redigi? Consultei o Aurélio, por via das dúvidas, e ele me disse o seguinte:
Delegar - Investir na faculdade de obrar; transmitir por delegação. 
Delegação - Comissão que dá a alguém o direito de agir em nome de outrem, quer em caráter particular, quer como representante.

Nenhuma menção, portanto, ao contrário do que você sugere, a disponibilização de meios e sim a transferência de competências. Bem...

Evidencia-se, aqui, Ricardo, afinal, que temos mesmo uma diferença de concepção de organização e funcionamento da zonal. Você acredita que a infra-estrutura e os meios para a manutenção e funcionamento do Diretório Zonal devem ser providos pelo Diretório Municipal. Eu penso diferente. Sei que o Estatuto do partido prevê repasses financeiros do Diretório Municipal, mas acho, como tenho reiteradas vezes dito, que o 1º Diretório Zonal pode e deve tentar autossustentar-se com as contribuições de sua própria base de filiados.Claro que para conseguir isso não basta simplesmente abrir as portas da zonal e ficar sentado esperando que alguém apareça. É preciso ir aos filiados onde  eles estão e fazer a coleta de suas contribuições. Muitos odiarão reuniões, detestarão as atividades de rua, mas se disporão a participar dessa forma com alegria. Os demais, então, nem se fala. Portanto, a zonal não precisa ficar dependendo da boa vontade do Diretório Municipal, já que tem recursos em sua base para garantir a própria sustentabilidade. Basta que o Diretório Zonal se mobilize para extrair esses recursos.

Você diz em certo trecho de sua mensagem:
"Foi delegado a cada militante correr atrás de se inscrever na comunidade PT, obter a senha e ali imprimir seu boleto."

Pergunto: quem delegou a quem, Ricardo? Pois se o único dado que o partido dispõe para contato com a imensa maioria dos filiados é o endereço, só por carta ou pessoalmente poderia ter sido transmitida essa orientação a que você se refere. Como ninguém recebeu carta ou visita pessoal nenhuma, e como o partido ignora também os e-mails, Facebook's e telefones da imensa maioria dos filiados, é lógico que todos esses companheiros estão sendo excluídos do PED, o que configura, para mim, um atentado à democracia partidária. Há erros dos Diretórios Nacional, Estadual e Municipal? Acredito que se sim. Mas acredito também que o maior responsável por essa situação nas zonas centro e sul do Rio é o próprio 1º Diretório Zonal, que não tem tido por hábito fazer trabalho de base.

Outra questão, Ricardo, que surge, nessa discussão que estamos tendo, é sobre o conceito de "militante". O meu conceito já expus várias vezes e repito: militante, prá mim, é todo filiado que faz trabalho voluntário para e sob o comando do partido. Esse é, a meu ver, o único conceito que serve ao propósito de promover ações políticas coletivas coordenadas. Agora, não está muito claro qual é o seu conceito de militante. Recapitulando o diálogo que tivemos neste tópico, fico com a nítida impressão de que "militante", para você, é sinônimo de "filiado", o que não me parece correto, já que nem todo filiado é militante.

Nesse, como em muitos outros pontos, estou de acordo com Valter Pomar, quando ele diz, em artigo publicado em seu blog, em agosto de 2011, intitulado "Pontos sobre classe, vanguarda, quadros, militantes, massa" , que a "imensa maioria dos filiados é apenas isto: filiados. Não são militantes". O meu conceito é, de fato, como o dele, mais restrito, e tem por virtude valorizar os filiados que mais se comprometem com o trabalho partidário. Já o seu conceito de militante é, a meu ver, excessivamente elástico e, por igualar todos os filiados, não dá o devido valor ao esforço dos que mais se empenham. Ainda sobre este tema, vamos rever o que até aqui havíamos dito.
Ricardo Quiroga - "Enviar correspondência física implica em custos de impressão, envio, tempo para envelopar e digitar endereços. Creio que na Zonal não existem pessoas liberadas para tal, por isso inclusive a sede compartilhada só fica aberta em momentos de reunião." 
Silvio Melgarejo - "Quanto ao custo da impressão e postagem e quanto ao trabalho de digitar e envelopar os boletos, acho precipitado dizer que ninguém nessa lista se disporia a contribuir com uma parte das despesas e/ou com um pouco do seu tempo para ajudar. É o mesmo que dizer que aqui não temos militantes." 
Ricardo Quiroga - "O fato de as pessoas não contribuírem ou ajudarem nessa tarefa, não as torna não-militantes."

Olha, Ricardo, esse é o tipo de tarefa mais fácil e simples de ser realizada por um militante. Depende só de um pouco de boa vontade e paciência. Quem não se dispõe a isso, muito provavelmente não se disporá a mais nada. Eu tenho certeza absoluta de que muita gente se apresentaria para ajudar se fosse chamada. Por isso eu não critico as pessoas. Critico você por não convocá-las, dando-lhes a oportunidade, que talvez muito ainda esperem, de trabalharem e serem úteis na construção do partido, de serem afinal verdadeiros militantes. Cito de novo o artigo de Valter Pomar a que já fiz referência, em que ele diz:
"O normal e adequado seria que o Partido buscasse selecionar, na 'massa' de eleitores, de apoiadores, de simpatizantes, aqueles que têm consciência e disposição de engajamento para converter-se em militantes. Mas não é isto que ocorre. A imensa maioria dos filiados é apenas isto: filiados. Não são militantes. Poderiam ser, muitos têm o potencial para ser transformados em militantes. Mas o Partido não lhes dá os meios de informar-se, de educar-se, de preparar-se. O que têm relação, também, com a disputa de poder dentro do próprio Partido: o crescente 'cretinismo parlamentar' exige bases eleitorais e não militância consciente."

Subscrevo integralmente esta afirmação de Pomar, acrescentando que muitos filiados têm, como ele diz, potencial para ser transformados em militantes, mas o partido simplesmente não lhes dá OCASIÃO para que sejam militantes. É o que há meses tenho dito. O militante é um agente político-partidário. Ele se define pela ação político-partidária que protagoniza ao lado de outros militantes. É a ação do filiado que o torna militante. Se não há ação político-partidária, não há militante. Filiado que tem potencial para ser militante é aquele que tem vontade e disponibilidade para servir ao partido. O militante surge quando a vontade de participar do filiado é identificada, acolhida e direcionada pelo partido para a ação política prática.

Eu já disse antes e repito. Quem se filia a um partido o faz porque quer ser mais que eleitor. Acredito que haja de fato no PT um grande contingente de filiados esperando ser chamados por seus dirigentes para se tornarem militantes. É o meu caso e não creio que seja exceção. Mas mesmo que eu esteja enganado, e que ninguém tenha no partido essa disposição toda que eu acredito que haja, eu acho que a obrigação do dirigente partidário é essa: convocar para o trabalho e insistir, insistir e insistir na convocação. Porque, a meu ver, é esse o papel do dirigente: mobilizar-se para mobilizar a vanguarda e, através da vanguarda, mobilizar a massa.

Não é preciso ser liberado do trabalho profissional, Ricardo, para se fazer trabalho de base. Uma hora diária apenas de visitas, telefonemas ou contatos pela internet com os filiados da base, pode ter resultados extraordinários para a localização, identificação e mobilização de recursos em favor da construção de um 1º Diretório Zonal realmente democrático, estruturalmente forte e politicamente presente e atuante nas zonas sul e centro do Rio.

O 1º Diretório Zonal precisa de quem milite de verdade e exclusivamente por ele, ou permanecerá sendo essa instância frágil e esvaziada que é hoje. Os militantes do 1º Diretório Zonal, Ricardo, tem que ser petistas que se comprometam com a construção do PT num espaço geográfico muito bem delimitado, que são os bairros das zonas centro e sul do Rio, porque essa é a missão estatutária do 1º Diretório Zonal. E não se constrói um partido só com reuniões mensais e campanhas eleitorais bianuais. Tem que ter trabalho sistemático de base, no mínimo semanal. Tem que usar a internet, tem que usar telefone, tem que mandar carta, mas também tem que ir pessoalmente aos filiados, prá pelo menos ver se estão vivos, e mostrar a eles que o partido ainda vive e se interessa por eles.

O filiado de base tem o direito de não participar de nada. O dirigente partidário, não. O dirigente tem o dever de procurar o filiado e estimulá-lo a participar, mantendo permanentemente abertos e disponíveis canais de comunicação e espaços para atuação, dos quais ele possa fazer uso quando se sentir motivado e achar oportuno, algo que, infelizmente, não está sendo garantido por este 1º Diretório Zonal que você preside. A experiência desestimulante que tenho tido aqui pode ser assim resumida. Eu, filiado de base, propus e me alistei para o trabalho partidário. E o que fez você, dirigente partidário? Me criticou por eu não ter chegado quatro anos antes e encerrou o assunto sem dar nenhum encaminhamento à minha solicitação. Com essa "boa-vontade" toda eu imagino como há de ser sua gestão, caso seja eleito para a presidência do Diretório Municipal.

Sem mais, para o momento,

Silvio Melgarejo.

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