(Mensagem enviada em 23 de agosto de 2013 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 14014. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)
Olá, Osmar.
Retomo agora a conversa que estávamos tendo em 19 de julho. Antes de mais nada, me perdoe, companheiro, a demora da resposta à sua mensagem.
Eu não acredito que o problema do PT seja o desenho estrutural previsto em seu Estatuto. Acho que o problema está na degeneração da nossa cultura política e na péssima gestão das instâncias partidárias. Não adianta fazer um belo organograma e não ter material humano para desempenhar as funções nele previstas. O que, de fato, acontece, é que no PT nós temos uma flagrante contradição entre o partido ideal, do Estatuto, e o partido real, da 1ª zonal, por exemplo. Por isso entendo perfeitamente a pergunta que você faz: será que interessa ao atual Diretório Nacional o fortalecimento das zonais? Só que a esta pergunta eu acrescentaria outras, talvez até mais pertinentes, como: será que interessa aos diretórios estaduais e municipais o fortalecimento das zonais? E a principal delas: interessa às próprias zonais - dirigentes e bases - se fortalecerem?
Se os dirigentes não se relacionam permanentemente com suas bases de filiados, mobilizando-as, não há a menor possibilidade de as instâncias partidárias funcionarem de maneira regular, como espaços democráticos destinados à participação de todos. E se isso acontece e os filiados de base não cobram de seus dirigentes uma mudança de atitude, o resultado é a precarização e até a inviabilização do funcionamento dessas instâncias, o que representa um gravíssimo prejuízo para a democracia do partido. Sem pressão da base, a tendência do dirigente omisso é se acomodar em administrar instâncias frequentadas por meia dúzia de filiados, com a exclusão de milhares de outros, mantidos em situação marginal.
Não acredito, Osmar, em democracia concedida de cima para baixo. Acredito em democracia conquistada, com luta, de baixo para cima. Estou absolutamente convencido de que a democracia é um regime que só ao povo interessa, e que, num partido como o nosso, a ninguém pode interessar mais do que ao filiado de base. Ou o filiado de base luta para conquistar e manter a democracia partidária, ou vai ser apenas mais um número no Cadastro Nacional de Filiados, sem nenhum vínculo orgânico real com o PT. A imensa maioria dos petistas filiados está exatamente nesta situação: formalmente, ligada ao partido; na prática, excluída. O PT precisa urgentemente de uma revolução democrática que incorpore suas centenas de milhares de filiados excluídos à vida interna do partido. O PT real tem que trabalhar e lutar para ser o PT ideal do Estatuto, definido em seu 3º Congresso como um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. O modelo do Estatuto, Osmar, não pode ter sido superado, porque nunca sequer foi realizado. O que está superado é o PT real, da nossa zonal, por exemplo. O PT democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente do Estatuto e do 3º Congresso, ainda está por ser construído. E ele é o único modelo de partido capaz de conduzir o Brasil ao socialismo democrático.
Um abraço,
Silvio Melgarejo
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