sábado, 24 de agosto de 2013

Ética médica ou mercantil?

Sobre a reação dos médicos brasileiros ao Programa Mais Médicos do governo federal.


Com a Revalidação exigida pelos médicos brasileiros, os estrangeiros ganhariam o direito, não previsto no atual contrato do programa Mais Médicos, de trabalharem em qualquer lugar do país, por tempo indeterminado. Ao invés de alocados pelo governo em regiões onde há carência de profissionais, eles poderiam, se quisessem, ir fazer concorrência com os médicos brasileiros em regiões que já concentram um número maior de profissionais.

Ou seja, a Revalidação inviabilizaria o socorro emergencial que o programa Mais Médicos pretende dar às populações mais pobres do país, e ainda acabaria gerando mais descontentamento entre os empresários da medicina que atendem à população mais rica, com o acirramento da concorrência decorrente do aumento previsível da concentração de médicos nos grandes centros e capitais.

É evidente que os comerciantes da medicina não querem essa concorrência. O que eles querem é sabotar um programa que pode ser o início de uma revolução na saúde pública do país. A decisão do governo de atacar o problema da falta de médicos com um programa tão agressivo, assusta os mercadores da saúde que não querem nem pensar em ter o SUS como concorrente.

Em violenta reação defensiva de seus interesses corporativos, eles tentam matar o que consideram um mal, pela raiz. E se o Mais Médicos der certo? O que mais fará Dilma? E se o SUS melhorar? Como isso afetaria o mercado da medicina? Não são outras senão estas as preocupações reais da entidades médicas que declararam guerra ao Mais Médicos.

SICKO - SOS Saúde, de Michael Moore (completo e legendado) VÍDEO



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Re: URGENTE - BOLETOS PARA CONTRIBUIÇÃO PARTIDÁRIA. (3)

(Mensagem enviada em 23 de agosto de 2013 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com os números 14016 e 14017. Trata-se de resposta a mensagem do então presidente do diretório)

Olá, Ricardo Quiroga.

Retomo agora a conversa que estávamos tendo em 21 de julho. Me perdoe a demora em responder à sua mensagem.

Vamos lá, companheiro.

Terminando a leitura de sua última mensagem, eu voltei ao que tinha escrito, reli e me perguntei: será que fiz mau uso da palavra "delegar" no texto que redigi? Consultei o Aurélio, por via das dúvidas, e ele me disse o seguinte:
Delegar - Investir na faculdade de obrar; transmitir por delegação. 
Delegação - Comissão que dá a alguém o direito de agir em nome de outrem, quer em caráter particular, quer como representante.

Nenhuma menção, portanto, ao contrário do que você sugere, a disponibilização de meios e sim a transferência de competências. Bem...

Evidencia-se, aqui, Ricardo, afinal, que temos mesmo uma diferença de concepção de organização e funcionamento da zonal. Você acredita que a infra-estrutura e os meios para a manutenção e funcionamento do Diretório Zonal devem ser providos pelo Diretório Municipal. Eu penso diferente. Sei que o Estatuto do partido prevê repasses financeiros do Diretório Municipal, mas acho, como tenho reiteradas vezes dito, que o 1º Diretório Zonal pode e deve tentar autossustentar-se com as contribuições de sua própria base de filiados.Claro que para conseguir isso não basta simplesmente abrir as portas da zonal e ficar sentado esperando que alguém apareça. É preciso ir aos filiados onde  eles estão e fazer a coleta de suas contribuições. Muitos odiarão reuniões, detestarão as atividades de rua, mas se disporão a participar dessa forma com alegria. Os demais, então, nem se fala. Portanto, a zonal não precisa ficar dependendo da boa vontade do Diretório Municipal, já que tem recursos em sua base para garantir a própria sustentabilidade. Basta que o Diretório Zonal se mobilize para extrair esses recursos.

Você diz em certo trecho de sua mensagem:
"Foi delegado a cada militante correr atrás de se inscrever na comunidade PT, obter a senha e ali imprimir seu boleto."

Pergunto: quem delegou a quem, Ricardo? Pois se o único dado que o partido dispõe para contato com a imensa maioria dos filiados é o endereço, só por carta ou pessoalmente poderia ter sido transmitida essa orientação a que você se refere. Como ninguém recebeu carta ou visita pessoal nenhuma, e como o partido ignora também os e-mails, Facebook's e telefones da imensa maioria dos filiados, é lógico que todos esses companheiros estão sendo excluídos do PED, o que configura, para mim, um atentado à democracia partidária. Há erros dos Diretórios Nacional, Estadual e Municipal? Acredito que se sim. Mas acredito também que o maior responsável por essa situação nas zonas centro e sul do Rio é o próprio 1º Diretório Zonal, que não tem tido por hábito fazer trabalho de base.

Outra questão, Ricardo, que surge, nessa discussão que estamos tendo, é sobre o conceito de "militante". O meu conceito já expus várias vezes e repito: militante, prá mim, é todo filiado que faz trabalho voluntário para e sob o comando do partido. Esse é, a meu ver, o único conceito que serve ao propósito de promover ações políticas coletivas coordenadas. Agora, não está muito claro qual é o seu conceito de militante. Recapitulando o diálogo que tivemos neste tópico, fico com a nítida impressão de que "militante", para você, é sinônimo de "filiado", o que não me parece correto, já que nem todo filiado é militante.

Nesse, como em muitos outros pontos, estou de acordo com Valter Pomar, quando ele diz, em artigo publicado em seu blog, em agosto de 2011, intitulado "Pontos sobre classe, vanguarda, quadros, militantes, massa" , que a "imensa maioria dos filiados é apenas isto: filiados. Não são militantes". O meu conceito é, de fato, como o dele, mais restrito, e tem por virtude valorizar os filiados que mais se comprometem com o trabalho partidário. Já o seu conceito de militante é, a meu ver, excessivamente elástico e, por igualar todos os filiados, não dá o devido valor ao esforço dos que mais se empenham. Ainda sobre este tema, vamos rever o que até aqui havíamos dito.
Ricardo Quiroga - "Enviar correspondência física implica em custos de impressão, envio, tempo para envelopar e digitar endereços. Creio que na Zonal não existem pessoas liberadas para tal, por isso inclusive a sede compartilhada só fica aberta em momentos de reunião." 
Silvio Melgarejo - "Quanto ao custo da impressão e postagem e quanto ao trabalho de digitar e envelopar os boletos, acho precipitado dizer que ninguém nessa lista se disporia a contribuir com uma parte das despesas e/ou com um pouco do seu tempo para ajudar. É o mesmo que dizer que aqui não temos militantes." 
Ricardo Quiroga - "O fato de as pessoas não contribuírem ou ajudarem nessa tarefa, não as torna não-militantes."

Olha, Ricardo, esse é o tipo de tarefa mais fácil e simples de ser realizada por um militante. Depende só de um pouco de boa vontade e paciência. Quem não se dispõe a isso, muito provavelmente não se disporá a mais nada. Eu tenho certeza absoluta de que muita gente se apresentaria para ajudar se fosse chamada. Por isso eu não critico as pessoas. Critico você por não convocá-las, dando-lhes a oportunidade, que talvez muito ainda esperem, de trabalharem e serem úteis na construção do partido, de serem afinal verdadeiros militantes. Cito de novo o artigo de Valter Pomar a que já fiz referência, em que ele diz:
"O normal e adequado seria que o Partido buscasse selecionar, na 'massa' de eleitores, de apoiadores, de simpatizantes, aqueles que têm consciência e disposição de engajamento para converter-se em militantes. Mas não é isto que ocorre. A imensa maioria dos filiados é apenas isto: filiados. Não são militantes. Poderiam ser, muitos têm o potencial para ser transformados em militantes. Mas o Partido não lhes dá os meios de informar-se, de educar-se, de preparar-se. O que têm relação, também, com a disputa de poder dentro do próprio Partido: o crescente 'cretinismo parlamentar' exige bases eleitorais e não militância consciente."

Subscrevo integralmente esta afirmação de Pomar, acrescentando que muitos filiados têm, como ele diz, potencial para ser transformados em militantes, mas o partido simplesmente não lhes dá OCASIÃO para que sejam militantes. É o que há meses tenho dito. O militante é um agente político-partidário. Ele se define pela ação político-partidária que protagoniza ao lado de outros militantes. É a ação do filiado que o torna militante. Se não há ação político-partidária, não há militante. Filiado que tem potencial para ser militante é aquele que tem vontade e disponibilidade para servir ao partido. O militante surge quando a vontade de participar do filiado é identificada, acolhida e direcionada pelo partido para a ação política prática.

Eu já disse antes e repito. Quem se filia a um partido o faz porque quer ser mais que eleitor. Acredito que haja de fato no PT um grande contingente de filiados esperando ser chamados por seus dirigentes para se tornarem militantes. É o meu caso e não creio que seja exceção. Mas mesmo que eu esteja enganado, e que ninguém tenha no partido essa disposição toda que eu acredito que haja, eu acho que a obrigação do dirigente partidário é essa: convocar para o trabalho e insistir, insistir e insistir na convocação. Porque, a meu ver, é esse o papel do dirigente: mobilizar-se para mobilizar a vanguarda e, através da vanguarda, mobilizar a massa.

Não é preciso ser liberado do trabalho profissional, Ricardo, para se fazer trabalho de base. Uma hora diária apenas de visitas, telefonemas ou contatos pela internet com os filiados da base, pode ter resultados extraordinários para a localização, identificação e mobilização de recursos em favor da construção de um 1º Diretório Zonal realmente democrático, estruturalmente forte e politicamente presente e atuante nas zonas sul e centro do Rio.

O 1º Diretório Zonal precisa de quem milite de verdade e exclusivamente por ele, ou permanecerá sendo essa instância frágil e esvaziada que é hoje. Os militantes do 1º Diretório Zonal, Ricardo, tem que ser petistas que se comprometam com a construção do PT num espaço geográfico muito bem delimitado, que são os bairros das zonas centro e sul do Rio, porque essa é a missão estatutária do 1º Diretório Zonal. E não se constrói um partido só com reuniões mensais e campanhas eleitorais bianuais. Tem que ter trabalho sistemático de base, no mínimo semanal. Tem que usar a internet, tem que usar telefone, tem que mandar carta, mas também tem que ir pessoalmente aos filiados, prá pelo menos ver se estão vivos, e mostrar a eles que o partido ainda vive e se interessa por eles.

O filiado de base tem o direito de não participar de nada. O dirigente partidário, não. O dirigente tem o dever de procurar o filiado e estimulá-lo a participar, mantendo permanentemente abertos e disponíveis canais de comunicação e espaços para atuação, dos quais ele possa fazer uso quando se sentir motivado e achar oportuno, algo que, infelizmente, não está sendo garantido por este 1º Diretório Zonal que você preside. A experiência desestimulante que tenho tido aqui pode ser assim resumida. Eu, filiado de base, propus e me alistei para o trabalho partidário. E o que fez você, dirigente partidário? Me criticou por eu não ter chegado quatro anos antes e encerrou o assunto sem dar nenhum encaminhamento à minha solicitação. Com essa "boa-vontade" toda eu imagino como há de ser sua gestão, caso seja eleito para a presidência do Diretório Municipal.

Sem mais, para o momento,

Silvio Melgarejo.

Re: Lula no The New York Times: VAI PRÁ BASE, PT!!! (1)

(Mensagem enviada em 23 de agosto de 2013 à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 14014. Trata-se de resposta ao comentário de um companheiro)

Olá, Osmar.

Retomo agora a conversa que estávamos tendo em 19 de julho. Antes de mais nada, me perdoe, companheiro, a demora da resposta à sua mensagem.

Eu não acredito que o problema do PT seja o desenho estrutural previsto em seu Estatuto. Acho que o problema está na degeneração da nossa cultura política e na péssima gestão das instâncias partidárias. Não adianta fazer um belo organograma e não ter material humano para desempenhar as funções nele previstas. O que, de fato, acontece, é que no PT  nós temos uma flagrante contradição entre o partido ideal, do Estatuto, e o partido real, da 1ª zonal, por exemplo. Por isso entendo perfeitamente a pergunta que você faz: será que interessa ao atual Diretório Nacional o fortalecimento das zonais? Só que a esta pergunta eu acrescentaria outras, talvez até mais pertinentes, como: será que interessa aos diretórios estaduais e municipais o fortalecimento das zonais? E a principal delas: interessa às próprias zonais - dirigentes e bases - se fortalecerem?

Se os dirigentes não se relacionam permanentemente com suas bases de filiados, mobilizando-as, não há a menor possibilidade de as instâncias partidárias funcionarem de maneira regular, como espaços democráticos destinados à participação de todos. E se isso acontece e os filiados de base não cobram de seus dirigentes uma mudança de atitude, o resultado é a precarização e até a inviabilização do funcionamento dessas instâncias, o que representa um gravíssimo prejuízo para a democracia do partido. Sem pressão da base, a tendência do dirigente omisso é se acomodar em administrar instâncias frequentadas por meia dúzia de filiados, com a exclusão de milhares de outros, mantidos em situação marginal.

Não acredito, Osmar, em democracia concedida de cima para baixo. Acredito em democracia conquistada, com luta, de baixo para cima. Estou absolutamente convencido de que a democracia é um regime que só ao povo interessa, e que, num partido como o nosso, a ninguém pode interessar mais do que ao filiado de base. Ou o filiado de base luta para conquistar e manter a democracia partidária, ou vai ser apenas mais um número no Cadastro Nacional de Filiados, sem nenhum vínculo orgânico real com o PT. A imensa maioria dos petistas filiados está exatamente nesta situação: formalmente, ligada ao partido; na prática, excluída. O PT precisa urgentemente de uma revolução democrática que incorpore suas centenas de milhares de filiados excluídos à vida interna do partido. O PT real tem que trabalhar e lutar para ser o PT ideal do Estatuto, definido em seu 3º Congresso como um partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente. O modelo do Estatuto, Osmar, não pode ter sido superado, porque nunca sequer foi realizado. O que está superado é o PT real, da nossa zonal, por exemplo. O PT democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente do Estatuto e do 3º Congresso, ainda está por ser construído. E ele é o único modelo de partido capaz de conduzir o Brasil ao socialismo democrático.

Um abraço,

Silvio Melgarejo

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O PED não pode deixar de tratar da organização partidária.


A imagem acima foi postada na página do PT no Facebook.

Minha resposta à pergunta nela inscrita é a seguinte:

A falta de organização do PT compromete a sua democracia interna e a realização de ações coletivas de impacto social e político proporcional ao seu número de filiados. A organização é a atividade mais importante da construção partidária.

sábado, 17 de agosto de 2013

Ex-gays, Homofobia e Heteronormatividade.

(Resposta a um comentário publicado no Facebook, que reproduzo ao fim desta mensagem)

A palavra "homofobia" designa usualmente dois tipos de fenômeno. Um de natureza psicológica, outro de natureza cultural.

Como fenômeno psicológico, homofobia é o medo de ser, vir a ser ou aparentar ser gay.

Como fenômeno cultural, homofobia é a ideologia que tem a heterossexualidade como única orientação sexual certa ou normal. Desta ideologia, também chamada de heteronormatividade, que é em si um preconceito, decorrem todas as discriminações e agressões de que são vítimas os homossexuais. E é este preconceito e as discriminações e agressões dele decorrentes que provocam o medo de ser, vir a ser ou aparentar ser gay de que é vítima a maioria, certamente, dos indivíduos da sociedade. É a cultura homofóbica, chamada heteronormatividade, que provoca a homofobia como fenômeno psíquico. Se não existisse a heteronormatividade, não haveria homofobia, porque ninguém consideraria anormal e portanto motivo de condenação ou deboche o fato de ser homossexual.

Homofóbico, portanto, é todo indivíduo que:
1) tem medo de ser, vir a ser ou aparentar ser homossexual, e/ou

2) acredita e defende a ideia de que a heterossexualidade é a única orientação sexual certa ou normal (heteronormatividade).
Digo que você é um homofóbico, Rogério, porque é assim que você tem se apresentado neste tópico. Declarando abertamente e em tom jocoso o seu pavor de virar gay ("Eu não vou querer isso [virar gay]. Deus me livre!"; "Quero gostar de aranhas até a morte e inclusive depois."), você expressou ao mesmo tempo a sua crença de que a homossexualidade é uma anormalidade da qual se envergonharia. O medo de ser gay advém desta crença e o tom jocoso das declarações são uma tentativa de dissimular o pavor que as palavras inequivocamente revelam.

Lamento se este diagnóstico te incomoda, mas ele precisa ser feito e apresentado aqui para que se entenda, de uma vez por todas, o que é a homofobia e como ela se origina.

Você diz que defende uma série de direitos dos homossexuais, mas faz apologia exatamente do princípio preconceituoso que está na raiz de toda a dificuldade que os homossexuais enfrentam para ter estes direitos reconhecidos na sociedade, que é o princípio de que a homossexualidade é uma anormalidade. A negação do direito ao casamento e à adoção, as humilhações e as agressões verbais e físicas decorrem precisamente desta ideologia, chamada heteronormatividade, segundo a qual o homossexual é um anormal. Ou seja, você defende os direitos dos homossexuais e, ao mesmo tempo - e certamente com mais vigor -, defende a ideia que dificulta o reconhecimento daqueles direitos.

Ao contrário do que você diz, o homofóbico não é necessariamente um gay enrustido. Pode ser, e frequentemente é, um heterossexual de personalidade fraca que adere, por covardia ou comodismo, ao senso comum, infelizmente ainda homofóbico. A homofobia é, portanto, a meu ver, uma patologia social que acomete o conjunto da sociedade, independentemente da orientação sexual dos indivíduos. Homossexuais homofóbicos não se aceitam. Heterossexuais homofóbicos não aceitam os homossexuais e passam a vida tentando provar para si mesmos e para a sociedade que não são e nunca serão homossexuais, porque têm pavor de se descobrirem gays ou de terem suas orientações sexuais questionadas, e porque sofrem profundamente, sentem-se agredidos, toda vez que se diz ou sugere que são homossexuais.

Você diz que o homofóbico não quer saber de opinião contrária e este parece ser exatamente o seu caso. Desde o início deste tópico foi-te apresentada uma série de argumentos que você nem aceita, nem refuta, simplesmente ignora. Homofóbicos agem assim porque suas teses se baseiam em premissas falsas, que se esfarelam facilmente quando expostas à luz dos fatos e da racionalidade.

Prosseguindo, vamos esclarecer mais uma coisa. O ex-gay é vítima da homofobia de que são portadores ele mesmo e o seu meio social. Ou seja, ele é vítima porque não é aceito mas, também, porque não se aceita, ele mesmo, como é.

Vítima do câncer, é o portador do câncer.

Vítima da esquizofrenia, é o portador da esquizofrenia.

Neste caso, se o esquizofrênico, tomado por um delírio persecutório, agride uma pessoa, por considerá-la uma ameaça, esta pessoa terá sido vítima, evidentemente, da esquizofrenia do agressor.

Portanto, tanto o agressor, quanto o agredido terão sido vítimas da esquizofrenia do primeiro.

Da mesma forma, os que se dizem ex-gays são portadores e reprodutores da cultura homofóbica e do medo de ser gay. Como portadores, são vítimas. Mas passam à condição de agressores quando assumem o papel de reprodutores da cultura homofóbica.

***

O comentário que deu origem a este post:
"Olha Silvio... me incomoda seus diagnósticos sobre minha pessoa. Portanto eu os dispenso. Também me incomoda quando me chama de homofóbico. Reconheço todos os direitos possíveis aos gays, coisa que o homofóbico verdadeiro não reconhece. Sou contra violência contra gays. Contra discriminação. A favor de adoção por casais gays. União civil. E homofóbico é um gay enrustido, coisa que não sou. Pense assim: se vc acha que ex gay não ecziste, também não ecziste homofóbico que é a favor dos direitos dos gays e tudo o mais que acabei de falar, ok?

O homofóbico não quer saber opinião contrária, não quer somar conhecimentos. Eu faço isso. Debato, falo e ouço.

Mas voltando ao tema... tive que insistir para sair algo. Agora gostei, pq vc falou informações. Era isso que eu queria.

Vc falou que ex gay é vítima. Se são vítimas dos Feliciânus, Maracutaias e Bolsonazis, eles não portanto, são homofóbicos.

O que tem a dizer sobre a pessoa deles?

E pq a reorientação sexual é obrigatoriamente coisa de homofóbico? Não poderia ser algo consciente? Algo como uma cirurgia estética mental? Pq nariz grande não é doença, mas rinoplastia é tratamento.

Quanto ao vídeo do Frank Jaava. Sigo o canal dele e acho as opiniões dele bem interessantes. Só achei estranho ele comparar gay com dia bético e com quem tem intolerância à lactose. Sem perceber ele comparou gay com doente. Não se trata de doença, e sim de uma preferência originária de um impulso.

E o que é opção? Escolha consciente? Opção existe quando há uma situação que permite escolhas. Sentir vontade de algo é um exemplo. Vc não escolhe ter vontade soltar pum. Vc escolhe segurar e ir até o banheiro. Ou soltar bem longe dos ouvidos dos outros, que motiva mais preocupação do que os narizes. Ou lasca a flatulencia ali mesmo, perto dos outros. (Tenho um colega de trabalho que sentiu vontade, pum!).

A mesma coisa é o gay. Se ele o é, é motivo de sentir vontade, desejo, atração, como o Frank Jaava falou. É gostar de algo. Agir conforme o desejo já é consciente, opção mesmo."

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Lula, aos dirigentes do PT: "Mais pé na estrada e menos bunda na cadeira".

(Mensagem enviada em 15 de setembro de 2013 à lista de -mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web com o número 14245)


Trecho de um discurso do Lula proferido em 13 de agosto de 2013.
"Eu acho fantástico esse movimento que aconteceu [os protestos de junho de 2013] porque é a chance do PT voltar a debater política."

"Porque o PT... nós temos que ter consciência... Eu vou contar prá vocês porque que eu deixei de ser deputado em 1990. Eu deixei de ser deputado em 1990 depois de ter feito aquela memorável campanha de 89, quando todo mundo lá em São Paulo achava que eu ia ter 1 milhão e 200 mil votos... Eu vou dizer prá vocês poque que eu deixei de ser deputado. Porque começou um debate dentro do PT, que só tinha importância dentro do PT quem era deputado, que só tinha vez dentro do PT quem era deputado, que só era ouvido dentro do PT quem era deputado."

"Eu deixei de ser deputado, João Paulo, prá provar que se a gente quiser servir ao nosso partido, a gente não precisa de cargo, a gente precisa é de vontade, e de trabalhar e se dedicar."

"Nunca... Vocês estão lembrados... Se tem alguém que perdeu eleição nesse país, fui eu. E vocês são testemunhas de que eu perdia as eleições em outubro, chorava novembro e dezembro, e em janeiro eu 'tava visitando os estados brasileiros prá levantar o moral da tropa. E é isso que tá faltando. E eu sei o sacrifício que o companheiro Rui tem feito de viajar esse país."

"Porque nós precisamos dizer prá nova direção do PT: mais pés na estrada e menos bunda na cadeira. Porque esse país necessita nesse momento de um partido que enfrente o debate com o povo."

"Ah, o cidadão não gosta de política, eu odeio política, ninguém presta, todo mundo é ladrão. Pergunte em quem que ele votou na última eleição. A primeira pergunta é perguntar em quem que você votou na última eleição. E se ele continuar falando que não gosta de política, que não acredita em política, porque a imprensa passa 24 horas por dia esculhambando político. E eu fico puto porque os políticos não reagem. Eu fico puto da vida. Como é que fica tão quieto."

" Pois bem... Eles ficam xingando a classe política, dizendo que não gosta de política. Pois bem, manda ele entrar, manda ele criar um partido, se candidatar. Porque o político decente, honesto, combativo, tá nele, não tá em mim. Manda ele entrar na política. É fazendo esse desafio que a gente vai provocar essa juventude a fazer política, não é aceitando que eles estão certos pura e simplesmente não."
(Lula, 13/08/2013)

ASSISTA O DISCURSO NA ÍNTEGRA

O trecho transcrito acima está entre 00:18:00 e 00:21:02.