quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ninguém pela educação. (sobre a omissão da sociedade civil ante o PL-5500/13)

Por Silvio Melgarejo (30/5/2013) - No pronunciamento que fez à nação, por ocasião do 1º de Maio, a presidenta Dilma disse, claramente, que depende da aprovação do PL-5500/13 para fazer a revolução que precisa ser feita na educação do país. Por isso, pediu que os cidadãos e cidadãs brasileiras pressionassem os parlamentares para que o aprovem.

Ouvindo-a, julguei estar vendo o início de uma grande mobilização nacional. Mas, passados 30 dias, percebo que estava enganado. Há, ao invés disso, uma indiferença generalizada da opinião pública e da cidadania pela lei que destina os recursos do petróleo para a educação. Desapontado, preocupado, mas, sobretudo, intrigado, é como me sinto.

Por que, afinal, será, que ninguém, nem os que apoiam diariamente o governo Dilma, nas redes sociais, têm atendido ao apelo histórico feito pela presidenta à sociedade?

Onde foi parar aquela multidão de defensores da educação, que se especializou em exigir mais verbas do governo para o setor, sem nunca apontar fontes de recursos? Pois, logo agora que o governo petista pede apoio para a aprovação de uma lei que pode atender plenamente ao que eles sempre reivindicaram, logo agora somem todos do mapa?

Será que é só aparente o compromisso alardeado por gregos e troianos com a melhoria da educação no país? Ou será que confiamos todos no compromisso do Congresso com a educação, a ponto até de acharmos que o PL-5500/13 será aprovado com facilidade, sem necessidade de mobilização popular? Por que, então, teria Dilma pedido, no 1º de Maio, que a cidadania pressionasse os deputados e senadores? Não será esse um indício de que ela própria não confia na boa vontade do Congresso?

A omissão da sociedade civil frente a um projeto de lei de tamanha importância, mostra que a preocupação com a educação e o compromisso com a sua efetiva melhoria não passam de retórica. Daqui a exatos 17 dias, a Câmara Federal e, em seguida, o Senado, vão fazer o que bem entenderem com o PL-5500/13. Podem aprová-lo na íntegra, mudá-lo para melhor ou deformarem-no tanto que o desfigurem por completo. Podem até enterrá-lo de vez, na cara dura, para atender aos que querem dar outros destinos aos recursos do petróleo. Aí, certamente, aparecerão os defensores da educação, posando de indignados e acusando o governo pelo fracasso.

A sociedade brasileira está lavando as mãos ante o PL-5500/13, e deixando o Congresso livre para sepultar, se lhe aprouver, a mais importante iniciativa legislativa já vista no país, para o setor da educação. Essa constatação, que me deixa absolutamente perplexo, leva-me também a crer que, em sendo aprovada a nova lei do petróleo para a educação, todos os créditos devam ser dados e todos os aplausos devam ser dirigidos ao governo federal e ao Congresso. Porque a sociedade civil o que fez foi virar as costas para a educação no Brasil, num momento decisivo para a educação, pondo em risco, com essa sua omissão, o futuro do país como um todo e a felicidade das gerações vindouras. Não me conformo com o que estou vendo acontecer.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Re: Para avançar mais é preciso mais democracia. (3)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web em 24 de maio de 2013, com o número 12962. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)

Eugênia,

Em primeiro lugar, eu não faço questão de ser diferente. Defendo o que acho certo.

Novo, eu só sou nessa lista de emails. Na política, não sou nenhum catedrático, mas já passei do tempo de calouro.

Eu não disse que preciso ser ganho para as propostas do partido. Se já não estivesse ganho não as estaria aqui defendendo. Me referia ao filiado-eleitor que permanece à margem do partido, sem nenhum acúmulo de discussão política. Infelizmente, eles ainda são maioria, no partido. Mas, a julgar pela sua resposta, os filados integrados a núcleos de base, não estão em situação muito melhor.

Não vou repetir o que já disse nas minhas mensagens anteriores. Quero apenas fazer duas ponderações sobre as campanhas que você exclui da pauta de prioridades do partido para este ano.

A Globo é a maior, mais poderosa e mais feroz inimiga do Partido do Trabalhadores e das causas democráticas e populares que ele representa. A maior derrota que o PT sofreu em sua história foi o julgamento do mensalão. Suponho que você concorde com a tese de que, naquele julgamento, foi a Globo quem moveu as mãos dos que bateram o martelo, e que a força para fazê-lo advém da brutal concentração que mantém dos meios de comunicação.

Derrotamos nas urnas o DEM e o PSDB. Mas ainda temos diante de nós, como ameaça permanente à democracia e aos avanços sociais conquistados pelo país nos governos Lula e Dilma, esse poderoso e implacável Partido da Imprensa Golpista, que tem como núcleo as Organizações Globo.

A direção nacional do PT demonstra que entende a importância estratégica da Lei Popular da Mídia Democrática em sua resolução sobre o tema, aprovada no início de março. Vou reproduzir o que já publiquei em minha mensagem anterior. A resolução do Diretório Nacional diz o seguinte:
"O Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza nos dias 1 e 2/3/2013, (...) RESOLVE: (...) III. Apoiar a iniciativa de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para um novo marco regulatório das comunicações, proposto pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), pela CUT e outras entidades, conclamando a militância do Partido dos Trabalhadores a se juntar decididamente a essa campanha; (...)"

Releia este trecho: "(...) conclamando a militância do Partido dos Trabalhadores a se juntar decididamente a essa campanha; (...)". O que esta frase quer dizer, para você, Eugênia? Ela não é suficientemente clara? É ou não é uma conclamação? E o que é uma conclamação?

Quanto ao PL-5500/13, eu não inventei essa campanha, como você diz. Questiono exatamente o fato de a campanha não existir, apesar de haver um aparente consenso nacional sobre a importância da educação para o desenvolvimento econômico do país e para o avanço da democracia, e apesar de a presidenta da república ter enviado ao Congresso o PL-5500/13 e convocado uma campanha de apoio, em rede nacional, nos seguintes termos, que já citei na mensagem anterior, mas repito, para enfatizar:
"(...) Mas um governo só pode cumprir bem o seu papel se tiver vontade política e se contar com verba suficiente. Por isso, é importante que o Congresso Nacional aprove nossa proposta de destinar os recursos do petróleo para a educação. Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem esta iniciativa. (...)".

Dilma diz, claramente, que seu governo - que é também nosso - depende da aprovação do PL-5500/13 para poder fazer a revolução que precisa ser feita na educação do país, pedindo que os cidadãos e cidadãs brasileiras pressionem os parlamentares para que o aprovem. Não seria natural que o PT atendesse ao apelo da presidenta, iniciando a campanha de apoio pedida por ela, no curto prazo de tempo de tramitação do projeto? Será que é só aparente o compromisso do partido com a educação? Ou será que confiamos no compromisso do Congresso, e por isso achamos que o PL-5500/13 será aprovado com facilidade, sem necessidade de mobilização popular? Por que, então, Dilma pediu, no 1º de maio, que a cidadania pressionasse os deputados e senadores? Não será esse um indício de que ela própria não confia na boa vontade do Congresso?

Não faço parte de nenhum grupo de pressão ao DN, ao DR, etc, Eugênia. Você está tão envolvida na disputa interna do partido que enxerga inimigos onde não há, fazendo uma leitura incorreta dos textos publicados. Desarme o espírito, companheira, e permita-se ler com mais calma e atenção o que escrevo. Sou um filiado de base que não pertence - ainda, quem sabe um dia... - a nenhuma tendência, mas que está ansioso para investir um pouco do seu tempo disponível no trabalho político voluntário de construção do partido. Defendo, aqui, que a 1ª zonal abrace uma causa proposta pela nossa presidenta da república, e outras duas causas respaldadas por resoluções recentes do Diretório Nacional do partido. Considero a crítica aos dirigentes um direito inalienável de todo filiado. Assim como considero um direito de todo filiado, criticar o discurso e a conduta de outro filiado. Por isso, reconheço a legitimidade da sua crítica à intervenção que aqui tenho feito, embora a considere equivocada e injusta. Vamos seguir, conversando.

Silvio Melgarejo

Re: Para avançar mais é preciso mais democracia. (2)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web em 24 de maio de 2013 com o número 12948. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)

Eugênia,

A minha proposta não é "fixar objetivos". É assumir os objetivos já estabelecidos pela direção nacional do partido como objetivos da 1ª zonal. Você menciona a Reforma Política, mas esquece do Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Democratização da Mídia e do Projeto de Lei 5500/13, que destina todos os royalties, participações especiais do petróleo e recursos do pré-sal exclusivamente para a educação.

Numa resolução do diretório nacional, de 1 de março deste ano, lê-se:
"O Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza nos dias 1 e 2/3/2013, (...) RESOLVE: (...) III. Apoiar a iniciativa de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para um novo marco regulatório das comunicações, proposto pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), pela CUT e outras entidades, conclamando a militância do Partido dos Trabalhadores a se juntar decididamente a essa campanha; (...)".

Em seu pronunciamento, no Dia do Trabalhador, Dilma anunciou o envio ao Congresso do PL-5500/13, dizendo o seguinte:
"(...) Mas um governo só pode cumprir bem o seu papel se tiver vontade política e se contar com verba suficiente. Por isso, é importante que o Congresso Nacional aprove nossa proposta de destinar os recursos do petróleo para a educação. Peço a vocês que incentivem o seu deputado e o seu senador para que eles apoiem esta iniciativa".

Cabe lembrar que o PL-5500/13 foi enviado ao Congresso no dia 2 de maio, em regime de Urgência Constitucional, com prazo de 45 dias para ser votado na Câmara e mais 45 dias para ser votado no Senado. Pois bem, já se passaram 22 dias do prazo para votação na Câmara, que se esgota em 16 de junho. Estamos a exatos 23 dias do fim do prazo e eu pergunto a você, Eugênia, e aos demais companheiros: o que temos feito pela aprovação do PL-5500/13? Nada.

O apelo da nossa presidenta não tem sido atendido sequer pelos militantes do seu partido. Não vi, desde o pronunciamento da Dilma, nenhuma mobilização sequer na sociedade pela aprovação desse projeto de lei. Onde está, afinal, aquela multidão de defensores da educação, que se especializou em exigir mais verbas do governo para o setor, sem nunca apontar fontes de recursos? Pois, logo agora que o governo petista pede apoio para a aprovação de uma lei que pode atender plenamente ao que eles sempre reivindicaram, logo agora somem todos do mapa?

E nós, do PT? Por que, nem nas redes sociais, nem nas ruas, se vê qualquer menção à Lei do Petróleo Para a Educação? Quem pode me explicar tamanho silêncio, tamanho desinteresse?

Chamo a atenção dos companheiros, de um modo especial, para o PL-5500/13, porque ele tem um prazo curtíssimo de tramitação no Congresso. Mas tanto ele quanto as Leis Populares da Mídia Democrática e da Reforma Política, fazem parte do conjunto de bandeiras de luta que a direção nacional do partido trata como prioritárias para o avanço do nosso governo. Agora, eu te pergunto: o que estamos esperando para tomarmos nas mãos essas bandeiras e levá-las para as ruas? Acaso há alguém que se oponha a elas ou a que sejam encaradas como prioritárias? Ou será que o problema é a priorização do PED?

Não acredito que se possa desenvolver uma campanha, muito menos três simultâneas, menos ainda que se possa construir um partido, apenas com reuniões mensais ou quinzenais. Isso só se faz com trabalho sistemático e permanente. Com que mão de obra? Bem, é preciso recrutar filiados que tenham disposição e disponibilidade para o trabalho político voluntário. Dentre estes voluntários, há que se eleger uma comissão coordenadora das atividades, que esteja submetida à direção da zonal, e que toque o trabalho diário de construção partidária e de desenvolvimento das campanhas. A comissão coordenadora faz o levantamento dos problemas de organização da zonal, elabora um plano de ações para a construção partidária e para o desenvolvimento das campanhas, e os apresenta aos voluntários. Estes dizem que tarefa preferem e quanto tempo podem dispor. E a coordenação monta as escalas de trabalho e distribui as "ordens de serviço". É isso o que eu acho que deveríamos fazer.

Outra coisa em que não acredito, é que se possa construir um partido de trabalhadores simplesmente tentando atrair os filiados para reuniões periódicas. Para mim, o que o partido tem que fazer, isto sim, é tentar manter uma relação permanente com os filiados, onde quer que eles estejam, seja através de encontros presenciais, seja através da internet, estabelecendo com eles vínculos de parceria, confiança e camaradagem para o desenvolvimento de reflexões e ações coletivas, coerentes com os valores e causas petistas. Ou seja, prá mim, não é o filiado quem tem que ir ao partido; é o partido quem tem que ir até o filiado, através de seus militantes, que são os filiados que fazem o trabalho político voluntário. O filiado espera ser procurado, pode ter certeza disso.

Quanto ao PED, eu penso que a disputa democrática interna não deve ser vinculada a nenhuma das atividades que exigem do partido unidade de ação na sociedade. São processos distintos. O PED ressalta o que nos divide. Já a ação partidária na sociedade só tem chance de ter êxito se botarmos o foco no que nos une, deixando dentro do partido diferenças e conflitos. Por isso eu creio ser mais prudente tratar do PED de forma paralela, e não combinada com a ação política que o partido está se propondo a desenvolver na sociedade neste ano de 2013.

Silvio Melgarejo

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Re: Para avançar mais é preciso mais democracia. (1)

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada em sua página na web em 23 de maio de 2013, com o número 12934. Trata-se de resposta ao comentário de uma companheira)

O problema, Regina, é que, a julgar pelas mensagens que circulam em nossa lista, a direção nacional do partido não está conseguindo se comunicar com a base de filiados. Há uma completa falta de sintonia. Parece que a direção tem uma pauta e a base tem outra.

Estamos diante da primeira chance, em muitos anos, de aumentar o número de filiados-militantes do partido, e corremos o risco de perder essa chance, caso não tenhamos a capacidade de interpretar corretamente a presente conjuntura política e entender o significado do movimento que está sendo proposto pela direção nacional do PT aos seus filiados.

A conjuntura está mudando e obrigando o partido a mudar. Ou a 1º zonal acompanha essa mudança, a meu ver, positiva que está sendo proposta, construindo efetivamente o partido como força política coesa e atuante na região, ou vai continuar sendo o campo de batalhas inúteis e desgastantes de um punhado de filiados-eleitores numa lista de emails em que nem 1/4 dos filiados das zonas centro e sul está inscrito.

Por isso, nós, direção e base, temos uma tarefa importantíssima para desenvolver nos próximos dias, semanas e meses, que é a de criar uma eficiente rede de comunicação interna que envolva todos os filiados da zonal. A zonal da lista de emails, por enquanto, tem cerca de trezentos inscritos.

Se não me falha a memória, há pouco tempo, o presidente Ricardo Quiroga, me disse que a zonal tem cerca de três mil filiados (peço a ele que me corrija, se eu estiver errado). De qualquer modo, o fato é que apenas uma minoria ínfima está inscrita na nossa lista de emails. Se queremos construir um partido realmente forte, temos que ir ao encontro de todos os filiados que ainda estão de fora, e incorporá-los em nossas fileiras. É essa a discussão que proponho às companheiras e companheiros.

Silvio Melgarejo

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Para avançar mais é preciso mais democracia.

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal e publicada na página da lista na web em 22 de maio de 2013, com o número 12899)

Prezad@s  companheir@s.

O PT começou o mês de maio ano de 2013 convocando sua militância ao engajamento em três importantes campanhas:
1) 1,5 milhão de assinaturas para o abaixo assinado do Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Reforma Política;

2) 1,5 milhão de assinaturas para o abaixo assinado do Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Democratização da Comunicação; e

3) Pressão sobre os parlamentares para que aprovem o Projeto de Lei que determina que todos os royalties, participações especiais do petróleo e recursos do pré-sal sejam usados exclusivamente na educação. Esse projeto foi enviado, pelo governo, ao Congresso, no dia 2 de maio, em regime de Urgência Constitucional, com prazo de até 45 dias para ser votado na Câmara, e mais 45 dias para ser votado no Senado.
O conteúdo e a forma de apresentação destes projetos de lei, indicam que a direção do partido já vê aproximar-se do esgotamento a estratégia de governabilidade que possibilitou os avanços econômico-sociais alcançados pelo Brasil na última década. A ampla coalizão de partidos que, até agora, tem dado sustentação ao nosso governo, tende a ser, daqui por diante, cada vez mais, uma força de oposição dentro do próprio governo, resistente a qualquer proposta mais efetiva de transformação das estruturas econômicas e políticas responsáveis pela geração e manutenção da pobreza e da desigualdade social no país.

Para consolidar o que já foi conquistado, desde o primeiro mandato de Lula, e avançar mais, para a realização do muito que ainda resta a ser feito, o PT precisa reforçar sua aliança com o povo, criando condições para que o povo participe mais e melhor da vida política do país. O PT tem que chamar, urgentemente, o povo a assumir o papel de protagonista da luta política, dando-lhe os meios necessários para que ele controle o Estado, através do controle dos mandatos de seus representantes eleitos para os governos e parlamentos.

Para consolidar o que já foi conquistado e avançar mais é preciso, portanto, mais democracia. E é para responder a essa exigência da nova etapa do processo político em que estamos entrando, que o PT lançou neste mês de maio os três projetos de lei de que estamos tratando.

A Reforma Política pretende reduzir a influência do poder econômico nas eleições e fortalecer a identidade ideológica e programática dos partidos, para que os partidos possam ser melhor reconhecidos pelos eleitores e para que haja uma disputa mais justa entre eles nas eleições.

O novo Marco Regulatório da Comunicação Eletrônica (ou Lei da Mídia Democrática) pretende acabar com o oligopólio da mídia para permitir a livre expressão da pluralidade e diversidade política e cultural da sociedade.

E a destinação dos recursos do petróleo exclusivamente para a educação pretende capacitar milhões de jovens brasileiros para o trabalho e para o exercício pleno de suas cidadanias.

São todos projetos de lei de caráter democratizante, com os quais não concorda a maioria dos partidos de oposição e da própria base governista. Por isso o PT lançou dois deles – o da Reforma Política e o da Mídia Democrática – sob a forma de Projeto de Lei de Iniciativa Popular. O terceiro – do Petróleo para a Educação – foi enviado pelo próprio governo ao Congresso, no dia 2 de maio. No pronunciamento que fez na véspera desse dia, em rede nacional, Dilma anunciou a iniciativa e convocou os trabalhadores a pressionarem os deputados a que votassem pela aprovação da lei.

Aperfeiçoar o processo de escolha dos representantes do povo, fortalecendo a identidade ideológica e programática dos partidos e tornando mais justas as disputas eleitorais pela unificação da fonte – pública –  e pela equiparação dos recursos para o financiamento das campanhas.

Garantir ao povo o direito à informação através de uma mídia plural e diversificada, que dê voz a todos os atores políticos.

Desenvolver no povo, através da educação, a aptidão para o uso da razão na correta identificação e na eficiente defesa dos seus interesses.

São estes, a meu ver, os propósitos do partido quando toma essas iniciativas. O PT quer ter o povo como seu maior aliado. Mas quer tê-lo como aliado forte e consciente, e não como massa de manobra.

A nova geração de militantes do PT, que, na última década, só foi chamada a participar durante os processos eleitorais, é convocada agora, fora da época habitual, para uma tarefa de outra natureza. Ao invés de ganhar votos, colher assinaturas para dois projetos de lei e mobilizar a sociedade para pressionar o Congresso a aprovar um terceiro.

É a primeira vez, em muitos anos, que a direção do PT convoca uma mobilização da militância fora de um período eleitoral. Isso representa uma clara mudança de atitude e de estratégia que exige de todos nós, dirigentes e filiados de base, um esforço de adaptação a essa nova forma de atuação.

Desde a década de 90, a “máquina partidária” foi adaptada para ser usada apenas de 2 em 2 anos, durante os processos eleitorais. Filiados e simpatizantes foram convocados a atuar como eleitores e cabos eleitorais, organizados não mais em núcleos de base e em torno de lideranças que encarnassem projetos e ideias, como se propunha na origem do partido, mas em comitês eleitorais e em torno de candidatos que passaram a reproduzir apenas slogans de campanha concebidos por marqueteiros.

A direção do PT parece ter chegado à conclusão de que o partido, organizado desta forma, não tem condições de vencer os desafios que temos pela frente. O que conseguimos fazer até agora no governo é muito, comparado com o que antes foi feito e considerando os obstáculos imensos que tivemos que superar. Mas é muitíssimo pouco diante do que ainda resta ser feito para transformar o Brasil num país realmente democrático e socialmente justo.

Os próximos passos que temos que dar, à frente do governo, na direção desse ideal, não contarão com o apoio sequer dos partidos que hoje estão na nossa base parlamentar. A estratégia da governabilidade construída apenas no campo institucional da disputa política está já muito próxima do limite do que pode render em relação aos objetivos que o PT tem para o país. O PT tem, por isso, que construir uma nova base de sustentação política para o seu governo a partir da própria sociedade, onde deve fincar sólidos alicerces, projetando-se para o Estado, seja pela renovação da representação popular no parlamento, seja pela pressão popular permanente sobre os atuais representantes eleitos.

Daqui por diante, a atual base tende a rachar, e o governo corre o sério risco de ser irremediavelmente inviabilizado. Só a pressão popular pode forçar alguma coesão da base parlamentar existente – enquanto ela não se renova – em apoio a iniciativas do governo ou do próprio PT que sejam do interesse do povo, mas que a maioria do Congresso não esteja disposta a, espontaneamente, apoiar.

Sem descuidar da manutenção da governabilidade institucional, que tem como base os partidos no parlamento, o PT tem que começar a construir a governabilidade social, que tem como base a mobilização popular nas ruas. E o primeiro passo me parece que já está sendo dado, com o lançamento desses três projetos de lei, que constituem uma verdadeira ofensiva democrática contra alguns dos principais entraves à construção e ao exercício do poder popular.

Afinal, os filiados do PT são chamados a atuarem não mais como cabos eleitorais e eleitores, mas como autênticos militantes políticos, ativistas de uma causa – a democracia – em favor da qual o partido abre simultaneamente três frentes de luta: a reforma do sistema eleitoral, a democratização da mídia e a revolução da educação financiada com os recursos do petróleo.

Frente a estes objetivos estabelecidos pela direção nacional do partido, nós, filiados, sob o comando de nossos dirigentes locais, vamos ter que planejar as ações necessárias e nos organizar para executá-las.

Em primeiro lugar, a militância do PT tem que ser ganha, pela direção do partido, para as causas que está sendo chamada a defender. Ela só vai ser convincente, na defesa dessas causas, se estiver realmente convencida de que elas são corretas e de que vale a pena o empenho em defendê-las. Nesse processo inicial de convencimento a direção do partido estará, ao mesmo tempo, ganhando as assinaturas dos filiados de base para os projetos de lei que propõe e dando a estes filiados a convicção e o discurso que eles precisam para conquistar novas assinaturas. A primeira adesão e a primeira assinatura que o partido deve garantir para os seus projetos de lei deve ser, portanto, a adesão e a assinatura do filiado, porque o filiado é que vai ser o fator multiplicador de adesões e de assinaturas.

A lista de filiados ao PT, no estado do Rio de Janeiro, que se encontra no site do TSE, com dados de abril de 2012, indica que o partido tem no estado 134.822 filiados. Supondo que hoje, um ano depois, o PT tenha mantido o mesmo número de filiados, tem-se aí, como certo, um potencial para atingir até 134.822 assinaturas para cada projeto de lei de iniciativa popular. Agora, calcule-se a quantas assinaturas chegaríamos se, a cada filiado, propuséssemos uma meta de conseguir, pelo menos, mais três assinaturas, além da sua. Fazendo uma continha simples de multiplicar, teríamos aí mais 404.466 assinaturas. Se, portanto, todos os filiados do estado do Rio de Janeiro assinarem os projetos de lei, e se todos conseguirem cumprir a meta de colher mais 3 assinaturas, chegaríamos a 539.288 assinaturas, o que representaria aproximadamente 1/3 da meta nacional. Mas, mesmo que, com todo esforço que fizéssemos, ficássemos na metade deste número, já seriam  269.644 assinaturas, só no nosso estado, o que não pode ser considerado desprezível.

A militância do PT tem que se armar para o debate com a sociedade sobre as propostas que o partido está defendendo. Ou seja, tem que preparar o discurso de apresentação dessas propostas e as respostas devidas e possíveis às dúvidas e objeções que a elas se façam. Essa preparação se faz, obviamente, com leitura, reflexão e muita discussão interna sobre o tema de cada campanha. Temos que conhecer a fundo os projetos de lei, e todos os argumentos, pró e contra, que estão sendo usados nos debates que já estão em curso. Esse é um trabalho fundamental e indispensável que vai exigir de cada um de nós alguma dose de sacrifício, já que exige tempo, dedicação, concentração e paciência. Mas é essa preparação que vai qualificar a nossa atuação na sociedade e permitir que alcancemos os melhores resultados.

O segundo aspecto que temos tratar é o de como organizar a nossa ação. No caso da 1º zonal, o ponto de partida deve ser a organização da própria zonal. E aí temos uma tarefa preliminar que diz respeito ao nosso sistema interno de comunicação. Temos que atualizar o nosso cadastro de filiados, confirmando dados como endereço, telefone, email e redes sociais. A direção da zonal tem que ter canais seguros e eficientes de comunicação com os filiados de sua base, para manter com eles diálogo permanente, fazer chegar a eles os materiais de propaganda de cada campanha e orientar e acompanhar a atuação militante de cada um, tanto no trabalho de agitação e propaganda, quanto na coleta de assinaturas. A construção de uma boa rede de comunicação interna da zonal é indispensável para que a direção possa coordenar os esforços de todos os filiados, de modo que o partido funcione como uma poderosa unidade coletiva, cuja presença possa ser percebida, e cujo discurso – unificado – possa ser ouvido e bem compreendido pela população das regiões centro e sul do Rio.

Para que o nosso governo possa avançar mais, fazendo mais e melhor pelo país, é preciso que haja no Brasil mais democracia. E mais democracia significa mais participação do povo na política. Nós, do PT, que estamos propondo à sociedade essa significativa mudança de cultura, que é a consagração da participação cidadã permanente como ingrediente principal da democracia, temos o dever de encarnar, perante a sociedade, essa mentalidade e essa atitude, que muitos de nós um dia já teve e viveu, mas que acabou deixando pelo caminho, por falta de estímulo do próprio partido, depois que ele fez a opção de privilegiar as ações políticas no plano institucional em detrimento das que poderia e deveria desenvolver no plano social.

Em boa hora, parece que se faz um movimento de correção desse desequilíbrio entre ação institucional e ação social, no limite mesmo do prazo de validade da estratégia que até agora vem sendo adotada. Os sucessos alcançados indicam, é verdade, que essa estratégia estava correta para as circunstâncias do momento político vivido até o presente instante. Mas, já há sinais claros de que mantê-la, daqui por diante, é preparar um caminho seguro para o fracasso, para a derrota e para o retrocesso. A direção do partido parece ter consciência disso e fez corretamente o seu papel, estabelecendo objetivos e chamando à ação sua base de filiados. A nós, filiados de base, resta o dever de atender a esse chamado, nos mobilizando, sob o comando de nossos dirigentes locais, para fazer a nossa parte no esforço coletivo do partido, em todo o país, para alcançar esses objetivos.

Com a ajuda da internet e do celular, os milhares de petistas das zonas centro e sul do Rio de Janeiro, que compõem a 1º zonal, têm que vencer a apatia, a passividade, o imobilismo, a dispersão e o isolamento, para construírem, nas ruas, praças, residências, escolas e locais de trabalho, um grande bloco político, coeso e ativo, que seja a cara e a voz do partido na região, defendendo com inteligência, com coragem e com garra, mas, também, com prazer e alegria, as causas que nos tornaram petistas e que nos fazem ter esse imenso orgulho de ser PT. Tendo contra si a maior parte dos partidos e a quase totalidade da mídia, essas causas precisam, mais do que nunca, de nós, militantes, para se tornarem vitoriosas. Por isso, não percamos tempo. Sem mais delongas, vamos ao trabalho. Mãos à obra, companheir@s.

Saudações petistas,

Silvio Melgarejo

Rio, 20 de maio de 2013