quinta-feira, 28 de julho de 2016

O silêncio das panelas é uma homenagem do egoísmo social à corrupção que lhe presta serviços.

As panelas silenciaram, sumiram desde que Dilma foi afastada e assumiu Michel Temer. Meses atrás, batiam como loucas, de raiva, nas varandinhas dos apartamentos dos ricos ou metidos a ricos, com a justificativa de que não suportavam mais a corrupção no governo. No governo "do PT", diziam, só do PT. Como se o PT governasse sozinho, como se do governo não tomassem parte, ocupando ministérios e outros cargos, vários partidos; como se estes partidos não tivessem o envolvimento que comprovadamente têm com a corrupção; como se só houvesse corrupção na administração federal e como se esta corrupção tivesse começado com a chegada do PT à presidência da república.

Os paneleiros - aqueles que batiam panelas - sempre reconheceram, quando questionados, que o PT não é mesmo o único responsável pela corrupção no país. Mas diziam e dizem, sem nenhum respaldo em fatos, que não é o único, mas é o maior. Só ao PT qualificam como organização criminosa, embora todas as grandes legendas tenham comprovada e maior participação em grandes esquemas ilícitos. Não se chama de quadrilha ao PSDB, ao DEM, ao PMDB, PP, PSB, PSD e PPS, embora se saiba de mensalões, trensalões, petrolões e outras roubalheiras de todos. Os paneleiros não têm por estes partidos ódio, como têm pelo PT, ao contrário, são até seus eleitores. Convencionou-se chamar esta diferença de atitude ante a corrupção, conforme o autor, de "indignação seletiva". Mas a que se deverá, realmente, este ódio ao PT?

Mesmo sendo o mais investigado dos partidos, não se conseguiu, até hoje, nem de longe, comprovar que o PT seja o partido mais corrupto. Porque não é, nunca foi, em realidade. Há quem acredite nesta mentira por falta de informação e senso crítico, mas há também quem a propague conscientemente, movido por interesses pessoais, de classe e por ideologia. São quase sempre pessoas de direita e a característica que melhor define o indivíduo de direita é o egoísmo social. Os paneleiros golpistas são, indiscutivelmente, de direita. A direita abomina a igualdade social defendida pela esquerda, por isso odeia tanto o PT, que foi, na esquerda, o partido que mais avanços fez na realização deste ideal e que mais condições ainda tem, a despeito dos erros cometidos e de todas as agressões sofridas, para continuar avançando, por ter alcançado influência de massas. E esta influência de massas, é preciso que se reconheça, deve-se aos significativos acertos que teve, que resultaram em ações de governo amplamente aprovadas pela classe trabalhadora.

Dois personagens da política hoje se enfrentam na luta pelo poder e seus perfis, absolutamente distintos um do outro, revelam o caráter ideológico e moral dos apoiadores que têm. Michel Temer nada mais é do que um corrupto golpista, parceiro de Eduardo Cunha no crime e pau-mandado de empresários bilionários antipatriotas, corruptores e sonegadores de impostos, que só querem saber de lucrar às custas da hiperexploração do suor do povo e da usurpação das riquezas do Brasil. Dilma Rousseff, ao contrário, é uma mulher honesta, cuja integridade ética nem o mais calhorda dos golpistas teve coragem de questionar e contra quem não pesa uma única suspeita sequer de envolvimento em falcatruas. É uma patriota que defende os interesses do Brasil e da classe trabalhadora e uma democrata que respeita a Constituição.

Quem bateu panela para tirar da presidência esta mulher honrada e apoia a captura do poder por um bandido como Temer, tem que lavar muito a boca antes de ousar falar mal dela e do PT, porque não passa de um hipócrita, cúmplice da roubalheira de todos os partidos movidos a propinas pagas pelo empresariado que não vive sem indevidos favores do Estado. Evidente está que os paneleiros não são, nunca foram contra a corrupção, eles são, na verdade, contra a melhoria de vida do povo mais pobre, conquistada pelos governos petistas. Por isso as panelas silenciaram. Porque agora elas se sentem bem representadas. Estão certas de que, com Temer, os pobres voltarão a ser tratados como nos governos anteriores aos presididos pelo PT, e isso basta para que façam de conta que não sabem do esquema de propinas do Porto de Santos, como de tantos outros esquemas noticiados, envolvendo agentes do golpe.

O silêncio das panelas é uma desavergonhada homenagem do egoísmo social à corrupção que lhe presta serviços, expressão da hipocrisia típica da direita de qualquer lugar do mundo e reprodução do seu padrão de conduta em qualquer época. Porque não haveria processo de impeachment e este processo não teria avançado até onde veio se não fosse a ação inescrupulosa de uma legião de políticos corruptos liderados pelo mais notório de todos os corruptos da atualidade, Eduardo Cunha. O golpe de Estado que está em curso no Brasil hoje é obra de deputados e senadores corruptos, encomendada pela burguesia que é, indiscutivelmente, a maior corruptora do planeta. É um golpe parlamentar movido a propina que leva ao poder mercenários encarregados de realizar o mais prejudicial de todos os programas de governo já implementados no Brasil para os interesses do país e da classe trabalhadora. Este programa nunca seria aprovado numa eleição, precisa, por isso, do golpe para ser imposto. E o golpe precisa da colaboração dos políticos corruptos, que as panelas da direita, muito gratas. homenageiam com seu silêncio cúmplice.

Silvio Melgarejo

28/07/2016

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