No dia 3/10/2014, o companheiro Carlos Ocké, do 1º Diretório Zonal, postou o seguinte comentário no Facebook:
"SAUDE NÃO RIMA COM LUCRO - Desculpa, companheirada, mas que porra é essa de se defender a "articulação" da rede pública e privada de saúde na oferta de consultas especializadas em pleno jornal nacional? Dilma continua mal assessorada nesta área: o setor privado parasita e concorre com o SUS, em especial na média complexidade. Chega de subsídios destinados ao mercado e vamos ampliar os recursos públicos como o governo federal já vem fazendo!"No dia seguinte, 4, respondi-lhe:
"O que a Dilma tem dito é que, a curto prazo, não há a menor possibilidade de se atender à demanda da população por médicos especialistas só com o SUS, que até para garantir clínicos gerais está tendo enorme dificuldade.
O que temos é um fato. A população precisa de médicos especialistas para ontem.
Temos estes médicos especialistas hoje no SUS?
Segundo a Dilma, não.
É possível contratá-los, mediante concurso público, em curtíssimo prazo e em número suficiente para atender à demanda existente?
Segundo a Dilma, também não.
Então, o que faz o governo?
Manda a população esperar?
Não acho recomendável. Seria humanamente injusto e politicamente desastroso.
O governo federal tem obrigação de prover atendimento médico nas diversas especialidades. Mas só pode fazê-lo com os médicos que existem e de acordo com as condições estabelecidas por estes médicos para prestarem seus serviços.
Saúde é direito? Acredito que sim e a constituição brasileira o reconhece.
Saúde é mercadoria? Acredito que não deveria ser. Mas é, de fato e direito, uma mercadoria, na medida em que a constituição brasileira a reconhece como tal. Mudar isso, não depende da presidenta, depende de uma mudança na Constituição que tem que ser feita pelo Congresso.
Agora, você imagine a guerra que não ia ser nesse país abolir a medicina privada e estatizar tudo.Ocké retrucou:
Se o Mais Médicos provocou aquela comoção toda das entidades de classe dos médicos, imagine o tamanho da reação caso o Congresso decidisse impedir que eles tivessem seus próprios consultórios.
Como muitos destes médicos têm um pé no SUS e outro em clínicas particulares, é previsível que o próprio atendimento no SUS, pudesse ser comprometidos por ações de resistência da categoria.
Dilma eleita terá que dar respostas rápidas e efetivas ao problema da saúde dos brasileiros.
E tem que dar essas respostas dentro dos marcos legais e constitucionais vigentes, sem deixar de considerar as circunstâncias políticas, e de acordo com a disponibilidade de recursos humanos e materiais.
Consideradas hoje, estas condições exigem a articulação do SUS com a estrutura de saúde do setor privado. Sem isso, não será possível, a curto prazo, atender à necessidade da população por mais médicos especialistas.
Acho, portanto, Carlos Ocké, que Dilma neste ponto está sendo absolutamente racional e realista. Ela e os que a assessoram nesta área.
Não é justo fazer os trabalhadores esperarem mais por algo a que têm direito. Eles têm que ter os médicos especialistas de que precisam JÁ e não daqui a 5 ou 10 anos. Que a Dilma faça, do modo possível, o que for preciso para lhes garantir esse direito.
Um abraço, companheiro."
"Não foi que ela disse Silvio"Redargui:
"Não me referi a essa entrevista que você viu. Falo do que tenho ouvido dela ao longo da campanha.
Não assisti à entrevista. Li apenas este trecho aqui:
'Durante a minha campanha eu lancei o programa Mais Especialidades, esse programa reconhece um fato, de que há uma grande demora para marcar consultas. Vamos articular o sistema público com o sistema privado de saúde.'"Fonte:
Ocké respondeu:Dilma fala pouco e diz que já garantiu 'um minuto' na TV
"Esta errado Silvio, essa é minha opinião companheiro."Eu disse:
"Não entendi."Ocké:
"Nem vai entender aqui e agora compa, o mais especialidade deve ser estrategicamente um programa público, de relegitimização do SUS diante da nossa base social, conversamos depois, agora é hora de descer para o Rio fazer campanha, obrigado pela sua sempre honesta e exigente participação, abs"Em resposta, postei o seguinte texto:
"Não vai haver possibilidade de implementar estratégia nenhuma se nossa base social nos retirar o seu apoio, companheiro Carlos Ocké.
E isso acontecerá se, a curto prazo, o governo Dilma não der respostas consistentes à demanda dessa base por saúde.
'Quem tem fome, tem pressa', dizia o Betinho. Quem tem doença, também, digo eu, e é o óbvio.
E digo mais. Ai da organização que só tiver olhos para a estratégia, descuidando da tática. Porque é a tática que realiza a estratégia.
Enquanto a estratégia persegue um ideal, que é o objetivo principal da organização, a tática visa um objetivo urgente e possível determinado pelas circunstâncias reais.
O tempo da estratégia é, portanto, inevitavelmente diferente do tempo da tática.
No trato da questão da saúde pública, num contexto de acentuadas carências, como este que temos no Brasil, não basta ter visão estratégica, tem que ter sentido de urgência. Ter claros os objetivos principais mas não deixar de estabelecer e perseguir os objetivos intermediários e imediatos que permitirão que eles sejam alcançados no longo prazo.
É preciso também ter cuidado para não cair no exagero de defender o SUS e esquecer a vida e a saúde dos trabalhadores. O SUS não é fim, é meio. Fim é a vida e a saúde do povo.
As pessoas doentes não podem esperar mais pela 'cura' do SUS para serem tratadas. Elas estão morrendo à míngua hoje sem qualquer cuidado.
Não é possível que se despreze essas vidas e se admita o prolongamento de tanta dor e padecimento por conta de um projeto que não tem condições de ser realizado a tempo de salvá-las.
É preciso fazer algo JÁ para socorrer efetivamente quem precisa de cuidados médicos.
Se o SUS, como meio, não está ainda apto a responder a essa exigência ética, constitucional, social e política, o governo Dilma tem a obrigação de providenciar outros meios, estejam eles onde estiverem e custem o custarem.
Trata-se de salvar vidas e aliviar dores. Adiar providências, neste caso, é continuar a tortura e a matança de gente indefesa que depende do Estado e não tem mais a quem recorrer.
Sem avaliar corretamente as circunstâncias e identificar o que precisa ser atacado com urgência, a cada momento, não há estratégia que se realize a contento.
Um abraço, companheiro."
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