Comparando com as pesquisas anteriores deste mesmo instituto, não houve nenhuma variação importante desde o começo do mandato do presidente.
Por enquanto, a maioria dos entrevistados mantém-se otimista e acredita que a sua vida e a vida do país vão melhorar.
Mas o que deveria preocupar muito ao PT, à esquerda e ao governo é que uma expressiva maioria dos entrevistados considera que a sua vida pessoal e a vida do país não melhoraram absolutamente nada desde a posse do presidente Lula.
As percepções dos entrevistados sobre as suas próprias vidas e sobre a vida do país foram sondadas por três perguntas. Duas sobre a vida pessoal do entrevistado e uma sobre como o entrevistado avalia a situação econômica do país.
À pergunta se "após a posse do presidente Lula, você diria que sua vida melhorou, permaneceu igual ou piorou?", 26% responderam que "melhorou". Mas 21% responderam que "piorou" e 52% responderam que "permaneceu igual".
Ora, uma situação que piora ou permanece igual é uma situação que não melhora.
Portanto, somados os 21% que acham que a sua vida piorou com os 52% que acham que a sua vida permaneceu igual, temos que 73% dos entrevistados consideram que a sua vida não melhorou desde a posse de Lula.
À pergunta se "nos últimos meses, a sua situação econômica melhorou, piorou ou ficou como estava?", 29% responderam que "melhorou". Mas 24% responderam que "piorou" e 47% responderam que "ficou como estava".
Uma situação que piora ou fica como estava é uma situação que não melhora.
Portanto, somados os 24% que acham que a sua situação econômica piorou com os 47% que acham que a sua situação econômica ficou como estava, temos que 71% dos entrevistados consideram que a sua situação econômica nos últimos meses não melhorou.
E à pergunta se "nos últimos meses, a situação econômica do país melhorou, piorou ou ficou como estava?", 27% responderam que "melhorou". Mas 42% responderam que "piorou" e 29% responderam que "ficou como estava".
De novo, uma situação que piora ou fica como estava é uma situação que não melhora.
Portanto, somados os 42% que acham que a situação econômica do país piorou com os 29% que acham que a situação econômica do país ficou como estava, temos que 71% dos entrevistados consideram que a situação econômica do país nos últimos meses não melhorou.
Resumindo:
- 73% dos entrevistados consideram que a sua vida não melhorou desde a posse de Lula.
- 71% dos entrevistados consideram que a sua situação econômica nos últimos meses não melhorou.
- E 71% dos entrevistados consideram que, nos últimos meses, a situação econômica do país também não melhorou.
NÃO MELHORA
Proponho o indicador da percepção de "não melhora", somando as percepções de ausência de mudança com as percepções de mudança negativa (piora), porque ambas representam insatisfação e frustração com o desempenho do governo, já que, obviamente, todo povo elege presidentes da república com a expectativa de que promovam mudanças positivas no país e na vida de cada pessoa.
Considero, por isso, que as percepções de ausência de mudança e de mudança negativa, quando somadas como percepções de "não melhora", expressam uma avaliação bem mais exata do grau de desaprovação do povo ao governo do que a percepção de mudança negativa tomada isoladamente. Porque, evidentemente, a percepção de não mudança, numa realidade considerada ruim, também não deixa de ser uma avaliação negativa do desempenho do governo.
ESTABILIDADE NAS AVALIAÇÕES
Esta é a quinta pesquisa sobre a avaliação do presente mandato de Lula. A primeira foi feita nos dias 29 e 30/03/23. A segunda nos dias 12 e 13/09/23. A terceira em 05/12/2023. A quarta nos dias 19 e 20/03/24. E a quinta, mais recente, foi feita de 04 a 13/06/24.
O relatório desta última pesquisa indica que os percentuais para as opções de respostas da primeira pergunta - se "após a posse do presidente Lula, você diria que sua vida melhorou, permaneceu igual ou piorou?" - foram praticamente iguais aos da primeira.
Na primeira pesquisa, a vida "melhorou" para 25%, depois da posse de Lula.
Na mais recente "melhorou" para 26%.
Na primeira pesquisa, a vida "permaneceu igual" para 56%.
Na mais recente, para 52%.
Na primeira pesquisa, 20% responderam que "piorou".
Na mais recente, 21%.
Somando os que acham que a sua vida "permaneceu igual" com os que consideram que a sua vida "piorou", temos que a vida não melhorou para 76%, na primeira pesquisa, e para 73% dos entrevistados na pesquisa mais recente.
Já para a segunda pergunta - se "nos últimos meses, a sua situação econômica melhorou, piorou ou ficou como estava?" -, o relatório da pesquisa informa os percentuais para as mesmas opções de respostas nas quatro sondagens anteriores, além da atual.
Melhorou (%)
23, 30, 35, 28, 29
Piorou (%)
27, 26, 26, 28, 24
Ficou como estava (%)
50, 44, 38, 44, 47
Somando o percentual dos entrevistados de cada pesquisa que acham que a sua situação econômica piorou com o percentual dos que acham que a sua situação econômica ficou como estava, temos que:
Não melhorou (%)
77, 70, 64, 72, 71
Para a terceira pergunta - se "nos últimos meses, a situação econômica do país melhorou, piorou ou ficou como estava?" -, o relatório da pesquisa também informa os percentuais para as opções de respostas nas quatro sondagens anteriores, além da atual.
Melhorou (%)
26, 35, 33, 28, 27
Piorou (%)
35, 35, 35, 41, 42
Ficou como estava (%)
41, 28, 29, 30, 29
Somando o percentual dos entrevistados de cada pesquisa que acham que nos últimos meses a situação econômica do país piorou com o percentual dos que acham que a situação econômica do país ficou como estava, temos que:
Não melhorou (%)
76, 63, 64, 70, 71
Não houve, como se vê, nenhuma variação importante desde o começo do mandato do presidente. Há uma relativa estabilidade nos índices de percepção de não melhora. E são índices altos.
EXPECTATIVAS
As expectativas dos entrevistados sobre as suas próprias vidas e sobre a vida do país foram sondadas por duas perguntas. Uma sobre a situação econômica do entrevistado e outra sobre a situação econômica do país.
Para a pergunta se "nos próximos meses, a sua situação econômica vai melhorar, vai piorar ou vai ficar como está?", as respostas dos entrevistados foram as seguintes, nas cinco pesquisas de avaliação até agora realizadas do governo Lula:
Vai melhorar (%)
56, 55, 62, 53, 55,
Vai piorar (%)
14, 12, 10, 13, 12
Vai ficar como está (%)
28, 31, 26, 32, 31
Somando o percentual dos entrevistados de cada pesquisa que acham que a sua situação econômica vai piorar com o percentual dos que acham que a sua situação econômica vai ficar como está, temos que:
Não vai melhorar (%)
42, 33, 36, 45, 43
Minha interpretação desses números:
Estabilidade de uma expectativa otimista.
Para a pergunta se "nos próximos meses, a situação econômica do país vai melhorar, vai piorar ou vai ficar como está?", as respostas dos entrevistados foram as seguintes, nas cinco pesquisas de avaliação até agora realizadas do governo Lula:
Vai melhorar (%)
46, 41, 47, 39, 40
Vai piorar (%)
26, 28, 22, 27, 28
Vai ficar como está (%)
26, 29, 29, 32, 27
Somando o percentual dos entrevistados de cada pesquisa que acham que a situação econômica do país vai piorar com o percentual dos que acham que a situação econômica do país vai ficar como está, temos que:
Não vai melhorar (%)
52, 57, 51, 59, 55
Minha interpretação desses números:
Estabilidade de uma expectativa pessimista.
MINHA OPINIÃO
Parto do pressuposto de que expectativas são produtos de percepções persistentes; de que toda insatisfação persistente gera expectativas ruins, pessimismo e desconfiança enquanto, ao contrário, toda satisfação persistente gera boas expectativas, otimismo e confiança.
Dito de outra forma: parto do pressuposto de que toda insatisfação persistente puxa expectativas para baixo e de que toda satisfação persistente puxa expectativas para cima.
Por isso acredito que se a elevada percepção de "não melhora", indicada pelo Datafolha, continuar, ela vai acabar derrubando o otimismo ainda existente e a expectativa quanto ao que o governo ainda possa oferecer, criando as condições para o crescimento da oposição.