FALE, DILMA!!!
Converse com o povo brasileiro, presidenta.
Não se esconda em seu palácio, em silêncio, como se não lhe devesse explicações sobre os seus atos.
GRITE, PT!!!
Porque o maior erro de Dilma em seu primeiro mandato foi a falta de empenho em se comunicar com o povo.
E este erro, que quase lhe custou e nos custou uma derrota na eleição recente, continua sendo cometido.
A presidenta, pelo visto, não aprendeu mesmo a lição.
Está sendo tão politicamente omissa quanto foi em seu primeiro mandato.
Só que agora a conjuntura política é pior, agravada, como se tem visto, em grande medida, pela forma burocrática como ela anunciou decisões polêmicas e pela indiferença que tem tido com a repercussão negativa que essas decisões tiveram junto às forças políticas e sociais que ajudaram a elege-la.
Preocupada, com razão, em construir uma base política institucional que viabilize o seu governo, a nossa presidenta está dinamitando, de outro lado, pontes com sua base social, por absoluta falta de diálogo.
Está construindo bases de consistência duvidosa para sua governabilidade política, mas demolindo, ao mesmo tempo, as bases da governabilidade social indispensável para a realização do programa com que foi eleita.
GRITE, MESMO, PT!!!
Porque o silêncio de Dilma é um atentado terrorista contra o nosso governo.
A presidência da república é um cargo administrativo mas é também e sobretudo um cargo político.
O presidente do país não pode ser só gestor; tem que ser comunicador, porque política é, antes de tudo, comunicação.
GRITE, LOGO, PT!!!
Porque o tempo está passando, a vaca tossiu e daqui a pouco vai pro brejo.
Cobre da Dilma, nas ruas e na internet, a atenção ao povo que a nossa presidenta tem negado.
Que ela explique e desminta, se for o caso, o que andam dizendo.
Afinal, a vaca tossiu mesmo ou foi apenas um pigarro?
O partido não pode se calar, se quiser salvar o seu governo.
SE A DILMA NÃO FALAR,
O PT TEM QUE CHIAR!!!
FALA LOGO, PRESIDENTA,
QUE O POVÃO QUER TE ESCUTAR!!!
domingo, 25 de janeiro de 2015
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Petistas, salvem o PT!!!
Inicio meu comentário sobre a entrevista do vice-prefeito petista, Adilson Pires, ao jornal O Dia, reproduzindo o comentário de uma companheira na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal do Rio de Janeiro. Ela disse:
MEU COMENTÁRIO:
Me perdoe, Náustria, mas acho mais apropriado dizer: Acorda, base!!!
Fazer plenária com que militância, companheira? O PT não tem mais militante, só tem cabo eleitoral; não tem mais diretório, só comitê de campanha.
A imensa maioria dos filiados está fora do partido, excluída de todo debate interno e de toda decisão.
Meia dúzia de candidatos e seus cabos eleitorais discutem e resolvem tudo.
Não há democracia interna no PT, porque os diretórios não funcionam, não cumprem com obrigações organizativas básicas que o estatuto do PT lhes atribui.
E os diretórios não funcionam porque os PEDs não elegem dirigentes partidários, elegem chefes de comitês eleitorais.
O PT está inteiramente dominado pelo eleitoralismo e pelo carreirismo político.
E isto se reflete tanto nas manifestações de filiados de base na internet, quanto em declarações como esta abaixo, dada pelo vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, ao jornal O Dia. Nada me chamou mais atenção em sua entrevista do que este trecho:
Pode parecer que não, mas isto tem tudo a haver com o fato de o 1º Diretório Zonal - e, certamente, a maioria dos demais diretórios do partido - ser, na prática, um diretório fantasma.
Quando uma liderança regional importante de um partido que se define como socialista sente-se à vontade prá defender publicamente uma posição destas, é porque esse partido já atingiu, realmente, um grau elevado de degeneração da sua cultura política.
Ou a base do PT se insurge contra a concepção de partido que está implícita nesta declaração de Adilson Pires, e que lamentavelmente conta, como ele diz na entrevista, com maioria folgada nos atuais diretórios, ou o PT, como projeto de partido socialista e democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, em pouco tempo será inviabilizado.
O Estatuto do PT ainda define o nosso partido da seguinte forma, em seu Artigo 1º:
Aos que discordam, como eu, desta avaliação do vice-prefeito, que representaria o fim do PT como partido socialista e democrático, alerto:
O PT está em perigo e só quem pode salva-lo é a base excluída dos diretórios, que constitui a imensa maioria dos filiados e que tem sido há décadas marginalizada dos debates internos e dos processos decisórios do partido.
Ou vamos ao encontro dessa base excluída para nela buscar os recursos necessários para uma profunda renovação das direções, dos compromissos, dos valores e das práticas do PT, ou este partido não precisará de meia década para deixar definitivamente de ser um partido socialista e democrático dos trabalhadores e se transformar em mais um PMDB, com todos os seus repugnantes vícios.
O problema não é o PT fazer alianças táticas com o PMDB, como tem feito. O problema é o PT estar adotando a cultura política do PMDB.
Há filiados e tendências petistas que se revoltam com a aliança tática do PT com o PMDB, mas convivem tranquilamente com a cultura política pe-eme-debista da qual o PT há anos se deixou impregnar. Este é o maior escândalo, o maior dos males, e no entanto com isso ninguém se importa.
A corrupção da cultura política petista começou quando o PT, dois anos depois de fundado, mergulhou na luta política institucional sem criar mecanismos internos de defesa contra a contaminação pela cultura política predominante nas instituições burguesas.
E o que é mais grave é que estes mecanismos de defesa da integridade ideológica do partido até hoje inexistem.
Ou seja, o partido era e continua sendo um organismo inteiramente desprovido de sistema imunológico atuando num ambiente de extrema insalubridade para um partido socialista, que é a institucionalidade burguesa, e por isso ao invés de refratário, foi e está sendo permeável à cultura política de partidos como o PMDB.
O sistema imunológico do partido só pode ser construído a partir da disciplina coletiva do estudo sistemático das resoluções de seus congressos e encontros nacionais, da disciplina coletiva do debate democrático interno permanente e da disciplina coletiva do trabalho constante de propaganda e agitação política dos seus valores e projetos na sociedade.
E disciplina coletiva só se consegue quando há organização e comando.
Para isso existem no partido os diretórios, para organizar e comandar as ações dos filiados em seus respectivos territórios.
Se os diretórios não funcionam, é impossível haver disciplina coletiva para o exercício daquelas atividades que podem imunizar o partido contra o contágio de valores e práticas estranhos ao seu ideário e incompatíveis com os seus objetivos.
Por isso é que há tempos venho propondo um pacto entre todos os filiados e tendências do PT pela construção do partido e pelo funcionamento pleno e regular dos seus diretórios, afim de incorporar a massa petista ainda não filiada e garantir o uso racional das contribuições financeiras, conhecimentos e habilidades dos antigos e novos filiados na manutenção do funcionamento de uma democracia partidária de verdade e na realização de ações políticas coletivas capazes de influenciar efetivamente o processo político do país.
A sobrevivência do PT como partido socialista e democrático não depende do candidato que ele vai apoiar nas próximas eleições municipais, depende do resgate urgente da cultura política petista, corrompida ao longo de décadas pelo descaso com o funcionamento das instâncias responsáveis pela formação e informação política da base de filiados, pela garantia do funcionamento da democracia partidária e da disciplina do trabalho político cotidiano desta base junto à classe trabalhadora, que são exercícios indispensáveis para o amadurecimento político da militância e para a preservação e fortalecimento de suas convicções.
Não importa a eleição, não importa o cargo, não importa a aliança, não importa o candidato.
Importa a saúde do partido que se degenera perigosamente em consequência dos maus hábitos políticos internos adquiridos ao longo do tempo e que precisam ser abolidos para que ele se recupere.
O partido está tão mal que ainda pode sobreviver a uma eventual derrota eleitoral.
Mas não sobreviverá a um avanço maior da deformação do seu caráter.
Se o Brasil, para avançar, precisa de uma Reforma Política, é preciso que se diga que, com a mesma urgência, o PT também.
O país, com ou sem reforma, não acaba. O partido sim, corre esse risco.
PACTO PELA CONSTRUÇÃO PARTIDÁRIA JÁ
"A pergunta que não quer calar. Por que a Direção do Partido não convoca plenárias para discutir com a militância os rumos do PT no Rio de Janeiro?
Um dia um ex-parlamentar defende aliança com Freixo, noutro dia, no Jornal O Dia, outra liderança do partido, o vice-prefeito, diz que o líder dele é o Prefeito Eduardo Paes e que seguirá sua orientação. Então...
Só posso pensar uma coisa, essa direção tem medo do debate com sua militância.
Acorda Direção!!!
Saudações Petistas, Náustria"
MEU COMENTÁRIO:
Me perdoe, Náustria, mas acho mais apropriado dizer: Acorda, base!!!
Fazer plenária com que militância, companheira? O PT não tem mais militante, só tem cabo eleitoral; não tem mais diretório, só comitê de campanha.
A imensa maioria dos filiados está fora do partido, excluída de todo debate interno e de toda decisão.
Meia dúzia de candidatos e seus cabos eleitorais discutem e resolvem tudo.
Não há democracia interna no PT, porque os diretórios não funcionam, não cumprem com obrigações organizativas básicas que o estatuto do PT lhes atribui.
E os diretórios não funcionam porque os PEDs não elegem dirigentes partidários, elegem chefes de comitês eleitorais.
O PT está inteiramente dominado pelo eleitoralismo e pelo carreirismo político.
E isto se reflete tanto nas manifestações de filiados de base na internet, quanto em declarações como esta abaixo, dada pelo vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, ao jornal O Dia. Nada me chamou mais atenção em sua entrevista do que este trecho:
"[O partido tem] um problema de comunicação com a sociedade. Faltou entender que aquela estratégia do PT de 30 anos atrás, de panfleto na porta da fábrica, não cabe mais." (Adilson Pires)Ou seja, militância cotidiana, trabalho político de base, são práticas ultrapassadas que não cabem no PT "moderno" de Adilson Pires.
Pode parecer que não, mas isto tem tudo a haver com o fato de o 1º Diretório Zonal - e, certamente, a maioria dos demais diretórios do partido - ser, na prática, um diretório fantasma.
Quando uma liderança regional importante de um partido que se define como socialista sente-se à vontade prá defender publicamente uma posição destas, é porque esse partido já atingiu, realmente, um grau elevado de degeneração da sua cultura política.
Ou a base do PT se insurge contra a concepção de partido que está implícita nesta declaração de Adilson Pires, e que lamentavelmente conta, como ele diz na entrevista, com maioria folgada nos atuais diretórios, ou o PT, como projeto de partido socialista e democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, em pouco tempo será inviabilizado.
O Estatuto do PT ainda define o nosso partido da seguinte forma, em seu Artigo 1º:
"O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãos e cidadãs que se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático."Em 1987, o 5º Encontro Nacional aprovou a seguinte resolução sobre concepção de partido, que nunca foi invalidada por nenhuma resolução de nenhum outro encontro ou congresso nacional posterior do PT. Diz a resolução do 5º Encontro:
"Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo (...) precisamos de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores. Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo.O que Adilson Pires faz é vocalizar a convicção do grupo que domina os diretórios - um grupo que certamente não é composto por uma só tendência - de que, na prática, esta resolução do 5º Encontro já foi derrogada.
Nossa concepção, portanto, é a de construir o PT como um partido de classe dos trabalhadores, democrático, de massas e socialista, que tenha militância organizada e seja capaz de dirigir a luta social." (5º Encontro Nacional, 1987)
Aos que discordam, como eu, desta avaliação do vice-prefeito, que representaria o fim do PT como partido socialista e democrático, alerto:
O PT está em perigo e só quem pode salva-lo é a base excluída dos diretórios, que constitui a imensa maioria dos filiados e que tem sido há décadas marginalizada dos debates internos e dos processos decisórios do partido.
Ou vamos ao encontro dessa base excluída para nela buscar os recursos necessários para uma profunda renovação das direções, dos compromissos, dos valores e das práticas do PT, ou este partido não precisará de meia década para deixar definitivamente de ser um partido socialista e democrático dos trabalhadores e se transformar em mais um PMDB, com todos os seus repugnantes vícios.
O problema não é o PT fazer alianças táticas com o PMDB, como tem feito. O problema é o PT estar adotando a cultura política do PMDB.
Há filiados e tendências petistas que se revoltam com a aliança tática do PT com o PMDB, mas convivem tranquilamente com a cultura política pe-eme-debista da qual o PT há anos se deixou impregnar. Este é o maior escândalo, o maior dos males, e no entanto com isso ninguém se importa.
A corrupção da cultura política petista começou quando o PT, dois anos depois de fundado, mergulhou na luta política institucional sem criar mecanismos internos de defesa contra a contaminação pela cultura política predominante nas instituições burguesas.
E o que é mais grave é que estes mecanismos de defesa da integridade ideológica do partido até hoje inexistem.
Ou seja, o partido era e continua sendo um organismo inteiramente desprovido de sistema imunológico atuando num ambiente de extrema insalubridade para um partido socialista, que é a institucionalidade burguesa, e por isso ao invés de refratário, foi e está sendo permeável à cultura política de partidos como o PMDB.
O sistema imunológico do partido só pode ser construído a partir da disciplina coletiva do estudo sistemático das resoluções de seus congressos e encontros nacionais, da disciplina coletiva do debate democrático interno permanente e da disciplina coletiva do trabalho constante de propaganda e agitação política dos seus valores e projetos na sociedade.
E disciplina coletiva só se consegue quando há organização e comando.
Para isso existem no partido os diretórios, para organizar e comandar as ações dos filiados em seus respectivos territórios.
Se os diretórios não funcionam, é impossível haver disciplina coletiva para o exercício daquelas atividades que podem imunizar o partido contra o contágio de valores e práticas estranhos ao seu ideário e incompatíveis com os seus objetivos.
Por isso é que há tempos venho propondo um pacto entre todos os filiados e tendências do PT pela construção do partido e pelo funcionamento pleno e regular dos seus diretórios, afim de incorporar a massa petista ainda não filiada e garantir o uso racional das contribuições financeiras, conhecimentos e habilidades dos antigos e novos filiados na manutenção do funcionamento de uma democracia partidária de verdade e na realização de ações políticas coletivas capazes de influenciar efetivamente o processo político do país.
A sobrevivência do PT como partido socialista e democrático não depende do candidato que ele vai apoiar nas próximas eleições municipais, depende do resgate urgente da cultura política petista, corrompida ao longo de décadas pelo descaso com o funcionamento das instâncias responsáveis pela formação e informação política da base de filiados, pela garantia do funcionamento da democracia partidária e da disciplina do trabalho político cotidiano desta base junto à classe trabalhadora, que são exercícios indispensáveis para o amadurecimento político da militância e para a preservação e fortalecimento de suas convicções.
Não importa a eleição, não importa o cargo, não importa a aliança, não importa o candidato.
Importa a saúde do partido que se degenera perigosamente em consequência dos maus hábitos políticos internos adquiridos ao longo do tempo e que precisam ser abolidos para que ele se recupere.
O partido está tão mal que ainda pode sobreviver a uma eventual derrota eleitoral.
Mas não sobreviverá a um avanço maior da deformação do seu caráter.
Se o Brasil, para avançar, precisa de uma Reforma Política, é preciso que se diga que, com a mesma urgência, o PT também.
O país, com ou sem reforma, não acaba. O partido sim, corre esse risco.
PACTO PELA CONSTRUÇÃO PARTIDÁRIA JÁ
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
domingo, 11 de janeiro de 2015
Vous qui est Charlie. Vous aussi êtes Rafinha Bastos?
TRADUÇÃO:
Você que é Charlie
Você também é Rafinha Bastos?
Por que não?
Só porque ele não é francês?
Pois eu não sou Rafinha.
E também não sou Charlie
sábado, 10 de janeiro de 2015
Porque não sou Charlie. (3)
Veja a imagem ao lado. Isto é humor? Não, isto não é humor. É uma agressão gratuita a algo que é sagrado para milhões de pessoas em todo mundo. Se a maioria muçulmana é tolerante e pacífica, não quer dizer que não sinta a dignidade de sua fé ferida por produções como esta, e que até se sinta no fundo vingada, com o atentado de dois dias atrás, por esse tipo de ultraje, o que, a meu ver, é bastante natural.
O que está em discussão não é a legitimidade do ato terrorista, que até agora não vi ninguém defender.
O que está em discussão é a liberdade sem limites e seus efeitos. Trata-se, no presente caso, da liberdade de expressão.
Creio que aqui no Brasil o teor das charges publicadas pelo tal jornal têm chocado pelo menos tanto quanto os assassinatos. As notícias sobre atentados terroristas se banalizaram, e este teria sido apenas mais um entre tantos, não fosse a ampla divulgação das charges que despertaram o ódio e o ato terrorista.
Estas charges, sobre Maomé, a mim revoltaram, e tomo isto como medida para tentar avaliar o que sentiram os muçulmanos ao vê-las, especialmente os mais fanáticos.
A liberdade de expressão sem limites do Charlie Hebdo, amparada pela lei francesa, era opressão para a comunidade muçulmana, que não tem amparo de leis que protejam minimamente a dignidade de suas crenças. Não se trata de tornar inquestionáveis dogmas e preceitos éticos de uma religião. Trata-se de garantir respeito aos seus símbolos sagrados, sancionando exemplarmente a ridicularização gratuita e ofensiva.
Essa é uma discussão que tem a haver com a definição do tipo de democracia que se quer. É uma discussão que a França tem que fazer a partir desse atentado, mas é uma discussão que nós aqui no Brasil também temos que fazer. Afinal a liberdade de expressão tem ou não tem que ter limites? Que limites seriam estes? E quem os definiria?
O que está em discussão não é a legitimidade do ato terrorista, que até agora não vi ninguém defender.
O que está em discussão é a liberdade sem limites e seus efeitos. Trata-se, no presente caso, da liberdade de expressão.
Creio que aqui no Brasil o teor das charges publicadas pelo tal jornal têm chocado pelo menos tanto quanto os assassinatos. As notícias sobre atentados terroristas se banalizaram, e este teria sido apenas mais um entre tantos, não fosse a ampla divulgação das charges que despertaram o ódio e o ato terrorista.
Estas charges, sobre Maomé, a mim revoltaram, e tomo isto como medida para tentar avaliar o que sentiram os muçulmanos ao vê-las, especialmente os mais fanáticos.
A liberdade de expressão sem limites do Charlie Hebdo, amparada pela lei francesa, era opressão para a comunidade muçulmana, que não tem amparo de leis que protejam minimamente a dignidade de suas crenças. Não se trata de tornar inquestionáveis dogmas e preceitos éticos de uma religião. Trata-se de garantir respeito aos seus símbolos sagrados, sancionando exemplarmente a ridicularização gratuita e ofensiva.
Essa é uma discussão que tem a haver com a definição do tipo de democracia que se quer. É uma discussão que a França tem que fazer a partir desse atentado, mas é uma discussão que nós aqui no Brasil também temos que fazer. Afinal a liberdade de expressão tem ou não tem que ter limites? Que limites seriam estes? E quem os definiria?
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
domingo, 4 de janeiro de 2015
sábado, 3 de janeiro de 2015
Contra os Diretórios Fantasmas, um Pacto Pela Construção Partidária.
Diretório é uma unidade partidária dirigente, responsável pela representação oficial e pelo funcionamento do partido em determinado território. Os diretórios do PT são compostos por filiados eleitos em processos eleitorais internos chamados PEDs. PED é a sigla formada pelas iniciais de "Processo de Eleição Direta".
Chamo de "diretório fantasma" aquele cujos membros se elegem, são empossados, mas não aparecem para trabalhar.
Todo diretório tem atribuições claramente previstas no estatuto do PT e seus membros, individualmente, são dirigentes do partido, responsáveis pelo cumprimento destas atribuições. Os membros de diretórios fantasmas não cumprem atribuição nenhuma.
Diretório fantasma é aquele que se reúne apenas muito excepcionalmente e que, por isso mesmo, não discute, não delibera, não executa e não produz nada. É aquele diretório cujas secretarias de Organização, Comunicação, Finanças, Formação Política e Mobilização não cumprem suas funções, porque não têm projeto, nem disciplina, nem rotinas de trabalho.
Diretório fantasma é aquele cujos membros os filiados de base não sabem quem são, nem onde encontrar. É um diretório que o filiado nunca acha, nunca ouve e nunca vê, porque não existe de verdade, na prática, só existe formalmente, no papel.
Diretório fantasma é aquele que nunca procura os filiados da sua base, que não os visita, não manda carta ou e-mail, que não dá um telefonema sequer para saber se o filiado está vivo. É um diretório que não se comunica porque, de fato, não existe.
O PT está cheio de diretórios fantasmas. Por isso a democracia interna do partido não funciona e por isso o partido é incapaz de se renovar, de corrigir rumos e de promover ações coletivas envolvendo o conjunto dos seus filiados.
Entra PED e sai PED e a praga dos dirigentes fantasmas, que se elegem e somem, continua devastando o PT. Estes dirigentes, por falta de compromisso ou preparo, deixam de cumprir obrigações organizativas básicas que lhes são atribuídas pelo estatuto do partido e com isso inviabilizam inteiramente o funcionamento das suas instâncias.
Se houvesse tanto apetite para criticar e fazer cobranças ao governo do partido, quanto há para criticar e fazer cobranças ao governo do país, seria possível fazer do PT um partido capaz de exercer uma influência positiva bem maior do que tem tido sobre o governo do país, que tantas críticas recebe de todos os lados.
Mas ninguém critica, nem cobra nada das direções partidárias. As tendências do PT, que sobre o governo do país tanto divergem, convergem numa mesma postura omissa e conservadora em relação ao governo do partido. E, no entanto, este é o único acordo que não deveria haver entre elas.
O único acordo que deveria haver e não há entre as tendências petistas é quanto à prioridade do objetivo de fazer funcionar a democracia interna do PT, que depende do funcionamento dos seus diretórios. Aos que desejam uma renovação da estratégia, das direções, dos valores e das práticas petistas, muito mais do que aos conservadores, deveria interessar o funcionamento pleno e regular dos diretórios. Porque só o funcionamento dos diretórios pode conduzir à realização dos seus anseios.
Para mudar o PT, é preciso mudar a correlação de forças dentro do partido. Para mudar a correlação de forças dentro do partido é preciso que a democracia interna do partido esteja funcionando regular e plenamente, permitindo que o debate político envolva o conjunto dos filiados. Para que a democracia partidária funcione é necessário que os diretórios funcionem. E o funcionamento dos diretórios depende da forma como eles são administrados.
Se os diretórios não funcionam, não funciona a democracia partidária e se não funciona a democracia partidária a massa de filiados acaba sendo excluída do debate e das decisões internas do partido, o que impossibilita que haja mudança na correlação de forças entre as diferentes posições políticas, favorecendo à manutenção da posição hegemônica.
A imensa maioria dos petistas insatisfeitos com os rumos do partido parece ainda não ter se dado conta disso e é difícil acreditar que as tendências minoritárias não tenham esta consciência. E se sabem e ainda assim mantém atitude igual à da maioria conservadora, é porque certamente deve haver para elas alguma vantagem na inatividade dos diretórios, na exclusão da maioria dos filiados dos debates e decisões internos do PT, na limitação extrema, enfim, da democracia partidária a estreitos círculos de filiados. Que vantagem seria esta, me escapa ao entendimento.
De modo que o que mais se vê no PT hoje é petista evocando mudanças no partido enquanto contribui com sua atitude para a manutenção de tudo que condena.
Tenho ouvido muito que ou o PT muda ou acaba e tendo a concordar com isto. Mas acredito que a saída para a crise vivida hoje pelo partido não será pela esquerda, nem pela direita, pelo centro, nem pelo alto. A saída dessa crise só poderá vir dos de baixo, de um movimento da base do PT que imponha um novo padrão de atuação à cúpula dirigente do partido.
E para promover um movimento assim é que eu proponho um pacto entre as tendências petistas pela construção partidária, entendida como o ato de filiar simpatizantes do PT e criar e manter estruturas - os diretórios - e mecanismos - regras de funcionamento - que permitam a participação de todos os filiados nos debates e decisões do partido, bem como o uso racional das suas contribuições financeiras, conhecimentos e habilidades na realização das ações políticas coletivas necessárias para a conquista de objetivos democraticamente estabelecidos.
A auto-denominada esquerda do PT acredita que a prioridade do partido deve ser mudar sua estratégia política, porque acha que é da estratégia errada que decorrem todos os problemas do PT, inclusive os organizativos.
Os que defendem esta tese insistem na sustentação de que o colapso da estrutura partidária de diretórios e núcleos de base teria se dado a partir de uma mudança de estratégia política do partido, ocorrida em 1995.
Desprezam solenemente o fato de que uma resolução política do 5º Encontro Nacional, de 1987, já apresentava o diagnóstico de uma crise organizativa crônica que se iniciara em 1982, treze anos antes do marco inicial apontado por eles. O PT tinha, então, apenas três anos de idade.
Esta crise organizativa, que se abateu sobre o partido, assim, tão precocemente, nunca foi superada e se estende até hoje, porque o diagnóstico do 5º Encontro sempre foi desprezado. E este diagnóstico dizia que a crise decorria da falta de quadros organizadores, capazes de conceber e executar uma correta política de construção partidária.
Abaixo, dois trechos da resolução do 5º Encontro:
Nenhuma das tendências petistas expressa qualquer preocupação com isso. Parecem todas muito satisfeitas com a democracia de poucos, de raríssimos, que temos hoje no PT. As que se apresentam como esquerda do partido, mantém um acordo tácito com as que classificam como direita para manter marginalizada a massa de mais de 1,5 milhão de filiados. Dizem que o maior problema do PT é a estratégia do partido e não a falta de democracia interna, e parecem acreditar que sem democracia se pode mudar a estratégia do partido.
O único acordo que deveria haver entre as diversas tendências do PT é quanto ao objetivo de fazer funcionar a democracia interna do partido. E a democracia interna do partido depende do funcionamento dos seus diretórios. O resto, sim, é que deve ser disputado. Porque o dia que todas as tendências estiverem de acordo sobre a política, não vai ser mais necessário haver tendências, já que teremos no partido uma só proposta e uma só corrente de opinião. As tendências expressam o dissenso e não o consenso dentro do partido. Mas um único consenso é fundamental que haja num partido que se define como democrático, que é quanto ao objetivo de realizar a democracia partidária, afim de que, dentro deste regime, as diferenças políticas se expressem e disputem a preferência da base de filiados.
Para mudar a estratégia política, como quer a auto-proclamada esquerda do PT, é preciso mudar a correlação de forças dentro do partido, já que a esquerda é minoritária no universo minoritário que participa dos debates e decisões nos diretórios. Para mudar a correlação de forças dentro do partido é preciso que a democracia interna esteja funcionando regular e plenamente, permitindo que o debate político envolva o conjunto dos filiados. Para que a democracia partidária funcione é necessário que os diretórios funcionem. E o funcionamento dos diretórios depende da forma como eles são administrados.
Se os diretórios não funcionam, não funciona a democracia partidária e se não funciona a democracia partidária a massa de filiados acaba sendo excluída do debate e das decisões internas do partido, o que impossibilita que haja mudança na correlação de forças entre as diferentes posições políticas, favorecendo à manutenção da posição hegemônica.
Este ano teremos o Processo Extraordinário de Eleições Diretas em nível municipal (PEDEX), que será realizado no dia 25/10/2015. E, como nunca ninguém quis tratar do tema da administração dos diretórios, serão eleitas novas direções fantasmas, que atuarão quando muito, apenas durante as eleições de 2016 e 2018, como um contingente enorme de meros cabos eleitorais, sem compromisso nenhum com a construção partidária. E tudo continuará como está.
Chamo de "diretório fantasma" aquele cujos membros se elegem, são empossados, mas não aparecem para trabalhar.
Todo diretório tem atribuições claramente previstas no estatuto do PT e seus membros, individualmente, são dirigentes do partido, responsáveis pelo cumprimento destas atribuições. Os membros de diretórios fantasmas não cumprem atribuição nenhuma.
Diretório fantasma é aquele que se reúne apenas muito excepcionalmente e que, por isso mesmo, não discute, não delibera, não executa e não produz nada. É aquele diretório cujas secretarias de Organização, Comunicação, Finanças, Formação Política e Mobilização não cumprem suas funções, porque não têm projeto, nem disciplina, nem rotinas de trabalho.
Diretório fantasma é aquele cujos membros os filiados de base não sabem quem são, nem onde encontrar. É um diretório que o filiado nunca acha, nunca ouve e nunca vê, porque não existe de verdade, na prática, só existe formalmente, no papel.
Diretório fantasma é aquele que nunca procura os filiados da sua base, que não os visita, não manda carta ou e-mail, que não dá um telefonema sequer para saber se o filiado está vivo. É um diretório que não se comunica porque, de fato, não existe.
O PT está cheio de diretórios fantasmas. Por isso a democracia interna do partido não funciona e por isso o partido é incapaz de se renovar, de corrigir rumos e de promover ações coletivas envolvendo o conjunto dos seus filiados.
Entra PED e sai PED e a praga dos dirigentes fantasmas, que se elegem e somem, continua devastando o PT. Estes dirigentes, por falta de compromisso ou preparo, deixam de cumprir obrigações organizativas básicas que lhes são atribuídas pelo estatuto do partido e com isso inviabilizam inteiramente o funcionamento das suas instâncias.
Se houvesse tanto apetite para criticar e fazer cobranças ao governo do partido, quanto há para criticar e fazer cobranças ao governo do país, seria possível fazer do PT um partido capaz de exercer uma influência positiva bem maior do que tem tido sobre o governo do país, que tantas críticas recebe de todos os lados.
Mas ninguém critica, nem cobra nada das direções partidárias. As tendências do PT, que sobre o governo do país tanto divergem, convergem numa mesma postura omissa e conservadora em relação ao governo do partido. E, no entanto, este é o único acordo que não deveria haver entre elas.
O único acordo que deveria haver e não há entre as tendências petistas é quanto à prioridade do objetivo de fazer funcionar a democracia interna do PT, que depende do funcionamento dos seus diretórios. Aos que desejam uma renovação da estratégia, das direções, dos valores e das práticas petistas, muito mais do que aos conservadores, deveria interessar o funcionamento pleno e regular dos diretórios. Porque só o funcionamento dos diretórios pode conduzir à realização dos seus anseios.
Para mudar o PT, é preciso mudar a correlação de forças dentro do partido. Para mudar a correlação de forças dentro do partido é preciso que a democracia interna do partido esteja funcionando regular e plenamente, permitindo que o debate político envolva o conjunto dos filiados. Para que a democracia partidária funcione é necessário que os diretórios funcionem. E o funcionamento dos diretórios depende da forma como eles são administrados.
Se os diretórios não funcionam, não funciona a democracia partidária e se não funciona a democracia partidária a massa de filiados acaba sendo excluída do debate e das decisões internas do partido, o que impossibilita que haja mudança na correlação de forças entre as diferentes posições políticas, favorecendo à manutenção da posição hegemônica.
A imensa maioria dos petistas insatisfeitos com os rumos do partido parece ainda não ter se dado conta disso e é difícil acreditar que as tendências minoritárias não tenham esta consciência. E se sabem e ainda assim mantém atitude igual à da maioria conservadora, é porque certamente deve haver para elas alguma vantagem na inatividade dos diretórios, na exclusão da maioria dos filiados dos debates e decisões internos do PT, na limitação extrema, enfim, da democracia partidária a estreitos círculos de filiados. Que vantagem seria esta, me escapa ao entendimento.
De modo que o que mais se vê no PT hoje é petista evocando mudanças no partido enquanto contribui com sua atitude para a manutenção de tudo que condena.
Tenho ouvido muito que ou o PT muda ou acaba e tendo a concordar com isto. Mas acredito que a saída para a crise vivida hoje pelo partido não será pela esquerda, nem pela direita, pelo centro, nem pelo alto. A saída dessa crise só poderá vir dos de baixo, de um movimento da base do PT que imponha um novo padrão de atuação à cúpula dirigente do partido.
E para promover um movimento assim é que eu proponho um pacto entre as tendências petistas pela construção partidária, entendida como o ato de filiar simpatizantes do PT e criar e manter estruturas - os diretórios - e mecanismos - regras de funcionamento - que permitam a participação de todos os filiados nos debates e decisões do partido, bem como o uso racional das suas contribuições financeiras, conhecimentos e habilidades na realização das ações políticas coletivas necessárias para a conquista de objetivos democraticamente estabelecidos.
A auto-denominada esquerda do PT acredita que a prioridade do partido deve ser mudar sua estratégia política, porque acha que é da estratégia errada que decorrem todos os problemas do PT, inclusive os organizativos.
Os que defendem esta tese insistem na sustentação de que o colapso da estrutura partidária de diretórios e núcleos de base teria se dado a partir de uma mudança de estratégia política do partido, ocorrida em 1995.
Desprezam solenemente o fato de que uma resolução política do 5º Encontro Nacional, de 1987, já apresentava o diagnóstico de uma crise organizativa crônica que se iniciara em 1982, treze anos antes do marco inicial apontado por eles. O PT tinha, então, apenas três anos de idade.
Esta crise organizativa, que se abateu sobre o partido, assim, tão precocemente, nunca foi superada e se estende até hoje, porque o diagnóstico do 5º Encontro sempre foi desprezado. E este diagnóstico dizia que a crise decorria da falta de quadros organizadores, capazes de conceber e executar uma correta política de construção partidária.
Abaixo, dois trechos da resolução do 5º Encontro:
"Outra ideia profundamente equivocada que costuma aparecer em nossos debates é a que opõe partido de quadros a partido de massas.Portanto, não foi a mudança de estratégia do PT em 1995 o que causou a crise organizativa que o partido vive até hoje, porque a crise já existia desde 1982. Desde aquela época o PT já tinha uma porção de diretórios e núcleos fantasmas que, quando muito, faziam as vezes de comitês eleitorais, como até hoje fazem, voltando à mais completa inatividade e inutilidade ao final de cada campanha.
Para essa confusão contribui, também, a cultura tradicional da esquerda, que em geral teve uma visão estreita da ideia leninista de partido de vanguarda.
Se exagerarmos a dicotomia, temos de um lado um partido de quadros pequeno, estreito, sectário, formado de militantes, baluartes que tudo decidem e dirigem, e de outro um partido de massas frouxo, inorgânico, sem cotizações regulares, cada um fazendo o que bem entende e chamando filiados para fazer número em convenções, como qualquer partido burguês.
Se queremos um partido capaz de dirigir a luta pelo socialismo, não precisamos nem de uma coisa, nem de outra.
Precisamos de um partido organizado e militante, o que implica a necessidade de quadros organizadores.
Um partido que seja de massas porque organizará milhares, centenas de milhares ou até milhões de trabalhadores ativos nos movimentos sociais, e porque será uma referência para os trabalhadores e a maioria do povo.
(...)
A fragilidade das estruturas orgânicas do PT teve início na campanha eleitoral de 1982, quando diluímos nossos núcleos e Diretórios em comitês eleitorais de candidatos que, em sua maioria, terminaram em 15 de novembro daquele ano, com o fim da campanha.
De lá para cá, o PT encaminhou com relativo êxito algumas campanhas gerais, porém, até hoje, não conseguiu formular nem implementar uma política de organização que estimulasse o crescimento do Partido do ponto de vista orgânico (nucleação, formação política, finanças etc.).
Essa fragmentação tem muito a ver com a postura que se tomou em relação à construção partidária.
Mais que isto, tem a ver com a visão do papel do Partido que estamos construindo.
As campanhas gerais de intervenção na conjuntura, se por um lado aumenta as simpatias pelo PT, por outro lado, dissociadas de uma correta política de construção partidária, não conseguiram traduzir-se em aumento do nível de organização e enraizamento do PT na realidade social.
Ocorre, por vezes, o inverso, ou seja, o Partido geralmente sai das campanhas mais disperso e desorganizado, portanto, mais fraco para resistir a novos avanços da burguesia.
O esforço de intervenção na conjuntura, por meio de campanhas gerais, não foi acompanhado por uma política clara de reforço, politização e expansão da nucleação.
O resultado foi a drenagem de forças e elementos para ações gerais e conjunturais, levando a um colapso a estrutura dos núcleos e Diretórios."
Nenhuma das tendências petistas expressa qualquer preocupação com isso. Parecem todas muito satisfeitas com a democracia de poucos, de raríssimos, que temos hoje no PT. As que se apresentam como esquerda do partido, mantém um acordo tácito com as que classificam como direita para manter marginalizada a massa de mais de 1,5 milhão de filiados. Dizem que o maior problema do PT é a estratégia do partido e não a falta de democracia interna, e parecem acreditar que sem democracia se pode mudar a estratégia do partido.
O único acordo que deveria haver entre as diversas tendências do PT é quanto ao objetivo de fazer funcionar a democracia interna do partido. E a democracia interna do partido depende do funcionamento dos seus diretórios. O resto, sim, é que deve ser disputado. Porque o dia que todas as tendências estiverem de acordo sobre a política, não vai ser mais necessário haver tendências, já que teremos no partido uma só proposta e uma só corrente de opinião. As tendências expressam o dissenso e não o consenso dentro do partido. Mas um único consenso é fundamental que haja num partido que se define como democrático, que é quanto ao objetivo de realizar a democracia partidária, afim de que, dentro deste regime, as diferenças políticas se expressem e disputem a preferência da base de filiados.
Para mudar a estratégia política, como quer a auto-proclamada esquerda do PT, é preciso mudar a correlação de forças dentro do partido, já que a esquerda é minoritária no universo minoritário que participa dos debates e decisões nos diretórios. Para mudar a correlação de forças dentro do partido é preciso que a democracia interna esteja funcionando regular e plenamente, permitindo que o debate político envolva o conjunto dos filiados. Para que a democracia partidária funcione é necessário que os diretórios funcionem. E o funcionamento dos diretórios depende da forma como eles são administrados.
Se os diretórios não funcionam, não funciona a democracia partidária e se não funciona a democracia partidária a massa de filiados acaba sendo excluída do debate e das decisões internas do partido, o que impossibilita que haja mudança na correlação de forças entre as diferentes posições políticas, favorecendo à manutenção da posição hegemônica.
Este ano teremos o Processo Extraordinário de Eleições Diretas em nível municipal (PEDEX), que será realizado no dia 25/10/2015. E, como nunca ninguém quis tratar do tema da administração dos diretórios, serão eleitas novas direções fantasmas, que atuarão quando muito, apenas durante as eleições de 2016 e 2018, como um contingente enorme de meros cabos eleitorais, sem compromisso nenhum com a construção partidária. E tudo continuará como está.
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