sexta-feira, 21 de junho de 2019

Morador de rua é questão nacional.

O texto ao final deste post foi censurado num grupo de Facebook da AMAB, Associação de Moradores e Amigos de Botafogo, chamado "Desordem Urbana em Botafogo e adjacências", cuja descrição é a seguinte: "Grupo destinado a relatos de desordem urbana no bairro de Botafogo e vizinhança". No topo da página, há um post fixo da presidente da associação, Regina Chiaradia, com o seguinte aviso: "Este grupo pertence à Associação de Moradores e Amigos de Botafogo - AMAB e foi criado para agilizar as denúncias de desordem urbana no bairro de Botafogo e adjacências e solicitar à Prefeitura, através de seus representantes, o atendimento das mesmas".


Bem, todas as manifestações de cidadãos que em muitos anos já vi nos canais de comunicação da AMAB sobre os moradores de rua foram para reclamar das suas presenças e classificá-los ou como problema de desordem urbana ou como problema de segurança pública. Não são raras as queixas postadas no tal grupo da desordem dirigidas aos representantes da prefeitura e da Polícia Militar, pedindo "providências", que não são nada além da retirada dessa gente indesejada das calçadas. Para onde estas pessoas serão levadas, disso ninguém quer saber, o que importa é livrarem-se dos estorvos.

Antigamente cobrava-se aos governos que "recolhessem os mendigos". A prefeitura então "recolhia" os coitados e os despejava num depósito chamado Fundação Leão XIII. No tempo que participei de um grupo de distribuição de sopa e quentinhas aos moradores de rua, nunca encontrei um que gostasse desse lugar, na verdade odiavam. Hoje há vários depósitos novos chamados "abrigos", os mendigos viraram "moradores de rua" e ao invés de recolhidos passaram a ser "acolhidos". Mudou a linguagem, mas a política é a mesma: expulsar dos bairros da classe media a população sem teto que enfeia as suas ruas e provoca repulsa e medo.

Sempre houve, portanto, moradores de rua nas cidades brasileiras. Mas quando, como agora, a economia do país vai mal esta população aumenta e a classe media passa a sentir-se ainda mais incomodada e ameaçada. E logo o sentimento de repulsa e medo se transforma em ódio, que passa a ser explorado pelos partidos políticos de direita, por empresas de segurança privada e por grupos de extermínio.

Ontem, um morador do bairro postou no grupo "Desordem Urbana em Botafogo e adjacências", da AMAB, uma selfie que tinha ao fundo uma pessoa dormindo numa calçada. Em tom de deboche reclamou do mau cheiro que esta pessoa exalava. Uma moradora fez-lhe coro. Mas foi uma postagem tão covarde e cruel que todos os comentários seguintes a condenaram e ela acabou sendo apagada, não sei se pelo próprio autor do post ou pela administração do grupo. Antes da exclusão, eu já havia iniciado um cometário indignado que se estendeu como reflexão sobre as causas da situação que ele retratara e suas soluções, com uma abordagem diferente da que geralmente fazem por aqui.

Digo neste comentário que o crescimento da população de rua resulta da política econômica do governo federal e que logicamente só uma mudança radical desta política é que poderá reduzir a população de rua. E digo que esta mesma política econômica deixa as prefeituras todas sem um mínimo de recursos necessários para implementar as medidas paliativas que a gravidade da situação requer. Como conclusão, afirmo que quem deve ser cobrado a tomar providências que solucionem o problema dos moradores de rua, não é a prefeitura e sim o governo federal, e que também do governo federal se deve cobrar uma política econômica que favoreça às prefeituras, proporcionando-lhes recursos que possibilitem o bom desenvolvimento de políticas públicas de caráter emergencial.

Não havendo, no entanto, mais o post motivador do que escrevi, suprimi do texto o protesto e publiquei a reflexão como status. Achei que era oportuno expressar minha opinião naquele fórum, na presença de representantes da prefeitura e da PM, que são tão cobrados e tão pouco conseguem fazer, no momento em que o tema foi reapresentado por um morador do bairro, ainda que de forma inadequada. Mas pouco tempo depois de ser publicado, o meu texto foi deletado. Postei outro status perguntando diretamente à presidente da associação a razão da exclusão e este post também foi apagado, sem nenhuma explicação.

A AMAB de Regina Chiaradia nunca foi uma associação de moradores realmente democrática, por isso não estranho a censura política que impõe em seu grupo do Facebook. É uma associação de moradores que se diz apartidária mas se comporta como anti-partidária e hoje se sabe muito bem a que partidos, ideologia e interesses o anti-partidarismo tem servido, a despeito do discurso moralista.

Segue o texto censurado, logo abaixo da imagem.

Silvio Melgarejo

21/06/2019



"Acolhimento" é um eufemismo que quer dizer expulsão. Não é a presença do sem teto que me incomoda. O que me incomoda e revolta é que, num país tão rico, a maioria dos cidadãos seja privada de uma vida digna enquanto alguns poucos multiplicam fortunas sem nada produzir para a sociedade, apenas fazendo aplicações financeiras, remuneradas pelos impostos que todos pagamos.

A nação quase toda ignora, mas está trabalhando para pagar a bolsa banqueiro. Quase metade dos tributos é destinada ao pagamento de uma dívida pública de origem desconhecida, que mais parece dívida de cartão de crédito ou cheque especial: quanto mais se paga, mais se deve.

Os ricos estão se apropriando de uma parcela cada vez maior dos recursos do orçamento público e deixando o Estado completamente sem dinheiro para cumprir as obrigações que a Constituição lhe determina.

Falta dinheiro para tudo no governo federal, nos governos estaduais e nas prefeituras. Menos para o pagamento de juros aos rentistas. É um verdadeiro vampirismo, que compromete o funcionamento do Estado e inviabiliza o crescimento econômico e a geração de emprego e renda para a população.

O governo dos ricos para os ricos não quer saber da classe media e dos pobres. Pouco ou nada lhe importa se a vida nas cidades se degrada e milhões de brasileiros padecem de fome e doença nas ruas.

A zona sul do Rio é uma área privilegiada da cidade, mas não pode ser isolada do país. É impossível evitar que a gravíssima crise social do Brasil atinja Botafogo, porque já é enorme o número de vítimas da política econômica do governo central e este número não para de crescer. A prefeitura não fará milagres.

Enquanto Bolsonaro, Mourão, Guedes e Moro continuarem com esta política, os moradores de Botafogo terão que conviver com a miséria dos seus compatriotas deserdados. Eles já são muitos e serão a cada dia mais numerosos, porque não param de ser despejados nas ruas.

É hora de atacar com firmeza as verdadeiras causas desta tragédia social, que não estão nos níveis municipal e estadual de governo e sim na presidência da república. A AMAB não pode ignorar este fato e continuar cobrando da prefeitura o que mais depende do governo federal.

Silvio Melgarejo
20/06/2019

https://www.facebook.com/groups/154791598442940/permalink/422735824981848/

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Guerrilha da comunicação: O panfleto é a nossa arma. (2ª edição)

Os diretórios devem encomendar a impressão destes materiais e montar centrais permanentes de distribuição nas suas sedes, onde a militância possa adquiri-los para desenvolver suas atividades nas ruas.


O partido e a propaganda


No capítulo “Tática, propaganda e concepção de partido”, do “Projeto Ação PT de Diretório Zonal”, publicado em 2014 neste blog, eu digo que “tanto na luta institucional quanto na luta social, esquerda e direita disputam a preferência e a adesão dos trabalhadores através da propaganda”. Digo que “propaganda é toda mensagem destinada a persuadir”, que “é o ato de propagar, difundir, disseminar uma ideia, com o intuito de ganhar adeptos e influenciar comportamentos” e que “é notória a sua importância nas eleições, plebiscitos e referendos, assim como nas ações da luta social incidentes sobre a economia, como a greve e o boicote, que só se realizam pela vontade e decisão de uma corrente de opinião pública formada com o uso da propaganda”.

Digo naquele texto que “a ação política junto às massas é, portanto, essencialmente, uma atividade de propaganda”; que “o partido político, como organização, é” – ou, pelo menos, deve ser – “uma máquina de propaganda a serviço da formação de uma corrente de opinião pública favorável ao seu próprio projeto e contrária aos projetos dos seus antagonistas”; e que “dessa corrente de opinião pública é que se originam todos os recursos necessários para a realização das ações destinadas à conquista dos objetivos do partido”.

Digo, além disso, que “a propaganda é a principal atividade do partido dos trabalhadores na luta de classes, porque é através dela que o partido organiza e conduz o seu contingente de filiados e simpatizantes, tanto no combate institucional, quanto na luta social” e que por isso mesmo “o poder de ação do partido e o poder de ação de cada diretório devem ser medidos sempre pela capacidade que demonstrem de organizar e mobilizar recursos para a realização de suas ações de propaganda”.

Digo, por fim, que “propaganda, nada mais é do que 'comunicação'". Se propaganda é comunicação, sem comunicação, não há propaganda. E sem propaganda não há persuasão, não há ação de convencimento das massas para a organização, mobilização e luta.

Golpe de Estado e eleições: A propaganda da direita foi mais eficaz


Reproduzo estes trechos daquele meu texto para dizer que o golpe de Estado e as derrotas do PT nas eleições municipais de 2016 e na eleição presidencial de 2018 foram três importantes vitórias da direita, produzidas pela eficácia da sua propaganda, que conseguiu efetivamente convencer a maioria dos trabalhadores de que a corrupção é a causa maior da inflação, desemprego e precariedade dos serviços públicos, e que o principal agente da corrupção no país é o Partido dos Trabalhadores. A mentira um milhão de vezes repetida acabou virando verdade para a maior parte do povo. Mas só virou verdade porque não foi um milhão de vezes contestada, denunciada como mentira que era. E foi assim que se alimentou, por mais de uma década, a poderosa corrente de opinião pública antipetista que permitiu à direita tomar o governo, através do golpe e vencer as eleições municipais de 2016 e a eleição presidencial de 2018, derrotando o PT.

Governos conciliadores mantiveram a esquerda desarmada para a disputa da opinião pública


A esquerda realmente se comunica muito mal com a classe trabalhadora. E não só pela linguagem mas também e sobretudo pela falta de meios. Não se faz disputa política num país de mais de 200 milhões de habitantes sem meios de comunicação de massa. E o PT, no governo durante 13 anos, simplesmente renunciou à luta pela aquisição destes meios. Esta renúncia, que deixou o partido completamente desarmado para o combate político, fez parte do pacote de concessões programáticas oferecidas à burguesia e à direita em troca da permissão para governar num regime de colaboração entre as classes. Os dois mandatos de Lula e o primeiro mandato de Dilma sustentaram-se politicamente sobre uma aliança com partidos de direita e com a burguesia que tinha como condição fundamental o compromisso dos presidentes petistas de boicotarem qualquer tentativa de reforma no ordenamento jurídico do país que pusesse em risco o controle da burguesia sobre o Estado. E uma destas reformas era exatamente a regulamentação democrática dos meios de comunicação eletrônica (TVs e rádios).

Tentando agradar inimigos, que ingenuamente acreditava poder manter como aliados, Dilma chegou a dizer que “regulação da mídia, pra mim, é o controle remoto do telespectador”. Acabou, assim como Lula, reconhecendo que isto era um erro. Mas, tarde demais, deu-se conta apenas quando sofreu o golpe de Estado. O controle remoto realmente não basta para garantir o direito do cidadão ao acesso à informação plural e diversificada quando há monopólio ideológico dos meios de comunicação, controlados por oligopólios que expressam um pensamento político único, sem dar voz a opositores para a apresentação das suas versões e interpretações dos fatos e para o exercício de questionamentos e críticas.

O PT deveria ter construído meios próprios de comunicação com os trabalhadores. Mas, nunca o fez porque a maioria dos seus dirigentes sempre acreditou que poderia fazer a disputa da opinião pública com a direita apenas através dos órgãos de imprensa da burguesia. Deu no que deu.

Alcance da TV ainda é maior que o da internet


Alimentou-se ao longo do período em que o PT governou e até hoje se alimenta uma expectativa muito grande em relação à internet como meio de comunicação alternativo, capaz de compensar a falta de acesso às mídias tradicionais. Pode ser que um dia chegue a isso, tem potencial, mas a realidade hoje é que a internet ainda não tem, nem de longe, o mesmo alcance que a TV.

No final de 2014, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulgou a “Pesquisa Brasileira de Mídia – 2015 – Hábitos de consumo de mídia pela população brasileira”, que encomendou ao Ibope para, segundo a justificativa que se encontra no documento, “compreender como o brasileiro se informa”.

As entrevistas foram feitas no mês de novembro daquele ano e revelam que a TV segue sendo o meio de comunicação predominante na sociedade, que 95% da população brasileira assiste TV, 73% diariamente, enquanto metade da população ainda não tem acesso nenhum à internet.

Da metade que tem algum acesso não se tem, que eu saiba, nenhuma estimativa confiável quanto ao grau de exposição às mensagens divulgadas pelos internautas de esquerda. Mas há razões para supor que deve ser bastante limitado.

Bolhas de opinião


Sabe-se, por exemplo, que as redes sociais mais frequentadas, como o Facebook, têm filtros personalizados para cada usuário que selecionam para exibição em seus feeds de notícias os conteúdos que mais correspondam às suas opiniões e preferências, retendo tudo que não estiver de acordo com o padrão automaticamente identificado a partir dos registros das suas reações de interesse, indiferença, aprovação ou desaprovação a cada postagem que visualizou anteriormente.

Os gestores das redes sociais querem casa sempre cheia e acreditam que aborrecer seus visitantes com publicações contrárias às suas ideias e gostos pode afastá-los e levá-los a buscar ocupações mais prazerosas. Com o intuito de agradar a todos, estes gestores criam e mantém mecanismos que aproximam pessoas que pensam e sentem da mesma maneira, formando "bolhas de opinião" sobre todos os temas, inclusive a política.

Em 27 de março a Agência Estado publicou um artigo intitulado “Redes sociais usam algoritmos e ajudam a formar 'bolhas políticas'”, citando a afirmação da professora e pesquisadora de mídias sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Raquel Recuero, de que "o Facebook tende a filtrar aquilo que é socialmente relevante para um grupo” e de que “isso dá a sensação de que toda a rede social concorda com você". 

Ora, quem assiste diariamente ao Jornal Nacional, sem dispor de fontes alternativas que informem o que a Globo omite e sem um contraponto crítico do que a Globo divulga, entra em sua rede social com uma percepção contaminada da realidade política, compartilha a opinião errada que forma e acaba tendo esta opinião fortemente reforçada pela enxurrada de postagens de sentido político igual que recebe em seguida no seu feed de notícias, atraídas pelo mecanismo automático de seleção de conteúdos da própria rede social.

Neste caso, a internet serve apenas para confirmar as mentiras da Globo e blindá-las contra qualquer questionamento ou contestação, dando a sensação enganosa de que o mundo todo concorda com elas, o que alimenta as convicções de serem verdades irrefutáveis.

A bolha da esquerda


Atuando por iniciativa e conta próprias, de forma atomizada, sem organização e uma estratégia baseada na consideração desta tendência atual da internet à formação de bolhas de opinião, a militância de esquerda acaba inadvertidamente formando a sua própria bolha e isolando-se da classe trabalhadora de opinião contaminada pela propaganda política da televisão de direita.

Sem perceber, a esquerda na internet só fala para si mesma, não dialoga com os trabalhadores em geral, que permanecem expostos à intensa e constante doutrinação ideológica reacionária, da qual, por ignorância, tornam-se quase sempre retransmissores, não só na internet, mas também nas ruas e nos seus locais de trabalho, estudo e lazer.

Em vista disso, é preciso que a militância do PT se conscientize, o quanto antes, de que os imensos esforços que tem feito para estabelecer comunicação com os trabalhadores através da internet e combater a influência que sobre a opinião deles exerce a propaganda das TVs da direita estão sendo absolutamente inúteis, já que as mensagens desta militância, emitidas a partir da bolha de opinião em que ela se encontra, raramente chegam à maior parte dos trabalhadores, também inconscientemente capturada e posta em isolamento nas bolhas de opinião criadas pelos filtros de conteúdo das redes sociais.

Estes filtros de conteúdo das redes e o monopólio ideológico das TVs criam uma verdadeira muralha que impede o PT de se comunicar com a classe trabalhadora. O grande desafio da militância petista hoje, portanto, consiste exatamente em vencer estas barreiras para restabelecer o diálogo com os trabalhadores. Se não temos TVs e rádios e se os malditos algorítimos nos isolam, resta-nos a forma tradicional de se fazer propaganda, que é a comunicação direta com os trabalhadores nas ruas.

Mas, como fazer isto com os parcos meios que temos? Penso que como fizeram todos os grupos sociais, ao longo da História, que precisaram combater inimigos mais fortes com recursos limitados: através da guerrilha, no nosso caso, a guerrilha da informação, da comunicação e da propaganda.

O que é guerrilha da comunicação


O dicionário Aurélio define Guerrilha como “luta armada realizada por meio de pequenos grupos constituídos irregularmente (...) e que, com extrema mobilidade e grande capacidade de atacar de surpresa, visa ao crescimento progressivo das próprias forças mediante a incorporação de novos combatentes e abertura de novas frentes guerrilheiras até que se possam travar com êxito combates diretos contra as tropas regulares inimigas”. 

Acúmulo de forças, a partir de unidades de combate pouco numerosas, com autonomia de ação, muita mobilidade e extrema capacidade de ocultação no terreno, para atacar rapidamente o inimigo e desaparecer das suas vistas.

Esta é a forma da ação guerrilheira, que a direção do PT e a militância petista precisam entender para adaptar à disputa da opinião pública nas ruas contra as máquinas de propaganda da extrema direita e contra os grandes e poderosos conglomerados midiáticos da burguesia.

O conceito de guerrilha da comunicação é este mesmo. O que muda é o objetivo - persuadir ao invés de impor - e a ferramenta usada na ação - ao invés de fuzil, panfleto.

Milhões de panfletos contra o cerco midiático da direita


A guerrilha da comunicação petista tem que ir para as ruas. E a única mídia utilizável nas ruas é a mídia impressa, sob as formas de panfleto, folheto ou jornal. Isto, obviamente, custa dinheiro que só pode ser arrecadado junto aos filiados e simpatizantes do próprio partido. Daí a importância de o PT ter uma boa política de finanças e dos seus diretórios serem capazes de implementa-la com eficiência e eficácia. Os diretórios devem encomendar a impressão destes materiais e montar centrais permanentes de distribuição nas suas sedes, onde a militância possa adquiri-los para desenvolver suas atividades nas ruas.

O conteúdo dos jornais e panfletos dos diretórios deve combinar a produção jornalística própria de cada instância com a produção jornalística dos sites e blogs de esquerda na internet. Os diretórios do PT devem tomar como missão prioritária levar para as ruas, para que chegue aos trabalhadores de forma contínua e massificada, a produção da imprensa de esquerda divulgada na internet e divulgar estes órgãos de imprensa de esquerda, estas páginas, para aumentar tanto quanto possível as suas audiências.

Porque está mais do que claro, é uma evidencia gritante, que não basta compartilhar as mensagens da esquerda na internet apenas, temos que compartilhar nas ruas também, com o povão que está lá fora. Na guerrilha da comunicação nas ruas, o maço de panfletos será nosso rifle leve de assalto, a nossa AK-47 disparadora de informações, análises, propostas, denúncias e desmentidos contra a direita e a burguesia e em favor da elevação da consciência política da classe trabalhadora.

Depois de mais esta derrota sofrida, na eleição presidencial, é hora da contraofensiva. A luta de classes não para e a militância petista não pode deixar de estar na linha de frente de cada combate. Ânimo, companheiros, porque o povo brasileiro precisa de nós. De panfletos em punho, vamos para as ruas divulgar nossa mensagem. Em cada esquina, ponto de ônibus, estação de trem ou metrô; na porta de cada órgão público ou empresa privada; nas universidades e escolas; nas UPAs, hospitais de emergência, postos de saúde, centros médicos e clínicas da família; e na porta ou interior de cada loja, supermercado e agência bancária.

É hora de cobrar das direções do PT, de todos os níveis, que assumam a responsabilidade pela organização e comando de um grande exército de militantes para a disputa da opinião pública nos bairros. Porque a mídia de massas de um partido de massas como o PT deve ser o próprio partido organizado e mobilizado para o exercício da comunicação direta com os trabalhadores nas ruas. Através da comunicação de guerrilha, é que vamos poder estabelecer o necessário combate aos consensos sociais equivocados, forjados pelas máquinas de propaganda da direita, e conquistar a adesão de cada vez mais trabalhadores para a luta em defesa dos seus empregos, salários e direitos e em defesa da democracia e da soberania do Brasil sobre as riquezas do seu território.

Avante, petistas!

Liberdade para Lula!

E fora, mil vezes fora Bolsonaro!

Silvio Melgarejo

14/01/2019

***

NOTA - Esta é uma versão adaptada de um texto que publiquei neste blog em 21 de novembro de 2016, com este mesmo título: "Guerrilha da comunicação: O panfleto é a nossa arma". A adaptação foi necessária pela mudança do meu objetivo. Na época, sem expectativas de ser ouvido pelos dirigentes do PT, me dirigia aos militantes de base para lhes propor uma organização e mobilização independente dos dirigentes. Hoje me dirijo aos militantes de base para lhes propor que cobremos dos dirigentes que assumam suas responsabilidades, porque sinto que agora é possível que nos ouçam.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A luta contra o fascismo requer do diretório zonal uma nova forma de funcionamento.

Ao 1º Diretório Zonal do Rio de Janeiro.

Companheiros, a fascistada já está no governo e o governo já ataca o nosso povo. Não é hora da esquerda tirar férias, é hora de se preparar para o combate. Trata-se agora de mobilizar multidões de trabalhadores para o confronto com uma ditadura. E para isso precisamos de um partido militante, realmente militante, ou seja, de um partido que tenha atividade permanente e com grande envolvimento dos seus membros. É uma nova cultura partidária que precisamos adotar, uma nova forma de funcionamento, que exigirá de todos os filiados, mas principalmente dos dirigentes, uma entrega maior, mais trabalho, mais disciplina, mais empenho e mais sacrifício.

Em 2 de março de 2018 publiquei em meu blog e apresentei a esta instância uma "Contribuição para o aperfeiçoamento do Plano Estratégico divulgado em 21 de outubro pelo 1º Diretório Zonal do Rio de Janeiro/RJ". Este meu texto tinha como título "1º Diretório Zonal: O trabalho que prepara o combate" e ainda expressa o que penso sobre a forma como devemos atuar. Por isso o reapresento e peço a vocês que o leiam e que pensem e debatam sobre o que lhes proponho. Porque não basta a um partido militante definir uma estratégia, ou seja, um plano estabelecendo objetivos e as ações necessárias para alcançá-los. É preciso definir também como e com que recursos se pretende realizar estas ações, como executá-las, botá-las em prática efetivamente.

O diretório zonal deve ser entendido como uma organização destinada a contribuir para a conquista dos objetivos do partido, realizando no âmbito da sua jurisdição as ações que o partido estabeleça para alcançar os seus fins. Deve ser entendido, portanto, como uma unidade tática de combate político a serviço da estratégia definida pelo partido. Organizar e mobilizar o conjunto dos filiados da sua base para uma atuação partidária coletiva e unificada nas ruas sob um comando centralizado é a mais importante missão do diretório zonal como instância partidária dirigente. É desta missão que precisamos tratar prioritariamente neste início de ano. Como cumpri-la com eficiência e eficácia? O que precisamos fazer para dar conta deste desafio?

É preciso que todo petista tenha consciência hoje da gravidade da situação em que estamos. O que temos pela frente não é uma disputa política, é uma guerra. É para uma guerra que temos que nos preparar, conscientes dos riscos mas principalmente dos deveres que o compromisso com a luta pelo ideal de uma sociedade mais justa nos impõem. A solidariedade na luta é hoje mais fundamental do que nunca. Somos muitos, mas frágeis e vulneráveis isoladamente. Só teremos força para resistir e vencer se estivermos juntos no combate. E esta unidade de ação tão necessária só será possível se houver comando firme, exercido pela instância dirigente, e se houver uma forte organização dos filiados de base.

A organização, assim como o comando, da base é um dever da instância dirigente. Organizar a base significa identificar os talentos e vocações, conhecimentos e habilidades, disposições e disponibilidades de cada filiado e definir a melhor forma de empregar estes recursos na realização das ações do partido. É da sua base de filiados que o diretório zonal pode legitimamente extrair todos os recursos necessários para a implementação das suas políticas de finanças, comunicação, formação política e mobilização. Por isso a base de filiados deve ser o foco principal da atuação desta instância, tendo como metas prioritárias ampliar a sua base de arrecadação financeira, para custear a montagem e manutenção de uma infraestrutura e de uma imprensa próprias; e ampliar a sua base militante, já que o impacto das ações do diretório nos bairros será sempre tanto maior quanto maior for a densidade da participação de militantes.

Não se organiza e mobiliza um partido de massas como o PT do dia para a noite, assim como não se organiza e mobiliza milhões de trabalhadores num estalar de dedos. Organizar multidões é uma construção que demanda tempo, meses e até anos de trabalho intenso, contínuo e perseverante. Tampouco se pode esperar que a organização e mobilização alcançadas se sustentem ao longo do tempo sem a indução constante de um perseverante trabalho de base. "A grandeza dos desafios", diz a resolução do 6º Congresso, de 2017, "requer do PT firmeza e vigor na dinamização e fortalecimento das suas instâncias". Pois eu diria, para ser mais preciso, que a grandeza dos desafios requer novos hábitos.da vanguarda dirigente e de base deste partido. Já não cabe a disciplina frouxa e já não basta a atividade eventual. Precisamos de disciplina rígida e atividade permanente, ou seja, diária. Porque é isso que fará de nós o partido realmente militante que precisamos ser para enfrentar e vencer o fascismo e o ultraliberalismo.

Reitero o meu convite a todos para que leiam o meu texto "1º Diretório Zonal: O trabalho que prepara o combate", de 2 de março de 2018, uma "Contribuição para o aperfeiçoamento do Plano Estratégico divulgado em 21 de outubro [de 2017] pelo 1º Diretório Zonal do Rio de Janeiro/RJ".

Silvio Melgarejo

08/01/2019