segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Junho pode ser tarde demais para reagir.

(Mensagem enviada à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal)

Por Silvio Melgarejo, em 23/02/2015 - Há pouco mais de três semanas (01/02/2015), a companheira Eugênia Loureiro postou na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal uma mensagem intitulada "Tentam destruir a Petrobras para tirar proveito do pré-sal", em que cobra do governo Dilma e do PT mais empenho na defesa da Petrobras contra os ataques da Globo. Ela diz:
"Espero que o governo, o PT, a CUT e os sindicalistas petroleiros tomem as rédeas numa investida contra esse processo de agressão à Petrobras, já que o desejo dos adversários do nosso governo é levar a empresa para um poço sem fundo.

(...)

A verdade é uma só. O cassino chamado Bovespa se utiliza dos alardes divulgados pelo Sistema Globo e pela grande mídia para promover a desvalorização das ações da Petrobras e assim ter grandes lucros com esses mesmos papéis no dia seguinte.

Tem sido assim há meses e eu não vejo nenhuma providência ou qualquer ação concreta ter sido tomada pelo governo. O que está acontecendo? Aonde está o PT, os sindicalistas, especialmente os petroleiros e os funcionários que sempre foram os principais defensores da imagem da Petrobras? 

Espero que todos saiam da passividade e encarem de frente a ação dos predadores da empresa. Não podemos aceitar os crimes dos malfeitores, mas também não podemos ficar inertes a um assunto que, queiram ou não, é da nossa responsabilidade, já que somos um Partido do governo."

***

Vi esta mensagem dias depois de recebê-la e comecei a escrever um comentário não só sobre ela, mas também sobre duas outras mensagens que a ela se seguiram, uma da companheira Náustria Albuquerque e outra da própria Eugênia. Quando terminava e estava prestes a enviá-lo, recebi uma outra mensagem, também de Eugênia, comentando um texto do companheiro Marcus Vinícius. Resolvi, então, incluir e comentar aqui mesmo o texto de Marcus Vinícius, porque ele tratava exatamente do mesmo tema que eu vinha abordando. Bem, foi preciso estender este texto mais do eu previa e demorei mais tempo para concluí-lo. Por isso, só hoje o envio, exatamente no dia em que vejo no Facebook uma convocatória, postada pela companheira Cláudia Le Cocq, para uma reunião do 1º Diretório Zonal.

Não sei se daria tempo de todos lerem esta minha mensagem, antes da reunião, é quase certo que não. Mas gostaria muito que isto fosse possível e que os companheiros me honrassem com sua leitura. Ela contém conceitos, análises e propostas que apresento no intuito de contribuir para a superação dos problemas que têm paralisado o diretório e impedido que ele cumpra a sua missão. Algumas coisas já disse antes, outras só agora trato. Mas tudo é desenvolvimento de uma mesma tese que venho defendendo desde o começo de 2013. Sem partido organizado e mobilizado, todo ideal político morre no discurso. Partidos políticos são organizações e toda organização precisa ser bem administrada para alcançar seus objetivos. Sem administração, não se realiza a política.

Prossigo, então, com meu texto.

***

Sobre a mensagem de Eugênia, disse Náustria, em 2/2/2015:
"Instigante, mas só falo desse assunto em reuniões presenciais."

Ao que Eugênia retrucou no mesmo dia:
"Então, Náustria, vamos combinar uma conversa presencial sobre a Petrobrás, no intuito defendê-la. Penso que os militantes, nucleos da 1º Zonal e a 1º Zonal precisam tomar essa iniciativa. vc tem uma data?"
Se a mensagem de Eugênia foi instigante para Náustria, a de Náustria foi, para mim, intrigante. Lendo-a, ocorreu-me a seguinte pergunta:

Afinal: para que serve a presença de um filiado na lista de e-mails do 1º Diretório Zonal?

E mais estas outras:

A pauta das reuniões de filiados realizadas em ambiente virtual deveria ser diferente da pauta das reuniões realizadas em ambiente físico? Por que? Existem temas impróprios para se tratar nesta lista de e-mails?

É evidente que tenho as minhas respostas e presumo, pela frase da companheira, que sejam diferentes das que ela daria. Será?

Concordo inteiramente com a mensagem inicial de Eugênia, assim como com sua resposta à Náustria. Destaco alguns trechos.

Em sua primeira mensagem, Eugênia diz:
"Espero que todos saiam da passividade e encarem de frente a ação dos predadores da empresa."
E na seguinte:
"Então, Náustria, vamos combinar uma conversa presencial sobre a Petrobrás, no intuito defendê-la. Penso que os militantes, nucleos da 1º Zonal e a 1º Zonal precisam tomar essa iniciativa. vc tem uma data?"
Sair do estado de passividade e tomar iniciativas. Que iniciativas? Este é o ponto de partida do raciocínio que passo a apresentar agora, sobre a urgência da organização partidária e sobre o papel que os petistas das zonas centro e sul podem e devem desempenhar na presente conjuntura.



Meu comentário:



Junho pode ser tarde demais para reagir.


Desorganizado, sem comando e sem disciplina, o PT não tem força nem prá se defender, quanto mais prá defender o governo e a Petrobras.

Penso que a iniciativa mais importante que deve ser tomada pelos filiados das zonas centros e sul do Rio é decidir se querem, prá valer ou não, que o 1º Diretório Zonal funcione com regularidade e em plenitude. Porque dessa decisão dependem todas as demais decisões, já que tanto o funcionamento da democracia interna, quanto o poder de ação coletiva do PT nas ruas deste território, dependem fundamentalmente do funcionamento pleno e regular do nosso diretório.

E, vejam bem, funcionar não significa apenas fazer reunião. Significa estabelecer e cumprir rotinas de trabalho nas cinco secretarias executivas ou funcionais do diretório, que são as secretarias de Organização, Finanças, Formação Política, Comunicação e Mobilização. Nós queremos ou não queremos que essas secretarias funcionem e cumpram suas atribuições? Essa é a decisão que precisamos tomar em primeiro lugar. Depois temos que pensar em que medidas adotar para garantir que estas secretarias funcionem. E, finalmente, decidir se estamos ou não realmente dispostos a implementar estas medidas.

Há problemas nacionais, no partido e no governo, cuja solução não depende exclusivamente de nós. Mas depende exclusivamente de nós a solução dos problemas deste diretório que têm nos impedido de contribuir, mesmo que modestamente, para que o partido e o governo superem os seus problemas.

Não se justifica e nem convém de maneira nenhuma a espera passiva por novas diretrizes organizativas emanadas do 5º Congresso. A ofensiva da direita contra Dilma, o PT e a Petrobras avança, cada vez mais célere, sem encontrar resistência alguma porque, entre outras razões, o partido não tem organização interna que permita a mobilização e a unidade de ação de seus mais de 1,5 milhão de filiados, que permanecem dispersos e sem um comando centralizado.

Esperar pela realização do congresso em junho para só então começar a agir, significa ficar, pelo menos, mais 4 meses sem defesa ante os ataques do inimigo. Até lá, pode ser tarde demais prá reagir. Nós não precisamos de novas diretrizes organizativas para agir agora. Precisamos é botar em prática aquelas diretrizes organizativas constantes das resoluções dos congressos e encontros nacionais passados, que ainda estão vigentes, mas que nunca chegaram a ser cumpridas.

A cadeia de comando do partido, constituída por uma estrutura hierarquizada de diretórios, só não funciona porque os diretórios não funcionam ou funcionam de modo muito precário. É disso que o PT tem que tratar o quanto antes para ter uma democracia interna mais vigorosa e para ter um poder de ação nas ruas mais efetivo.

O tempo passa, a crise aumenta e com ela o risco do governo Dilma ser inviabilizado ou deposto. O diretório zonal precisa se ajudar para ser capaz de ajudar o partido a ajudar o governo. Tem que funcionar já e funcionar - repito -, não é só fazer reunião, é estabelecer e cumprir rotinas rígidas de trabalho nas secretarias de organização, finanças, formação política, comunicação e mobilização. Todo o trabalho político junto aos filiados da base do diretório depende do funcionamento pleno e regular destas suas secretarias. E a disciplina dos dirigentes que estão à frente delas é condição fundamental para isso.

Sem disciplina, qualquer dirigente partidário, por mais honesto e bem intencionado que seja, torna-se um obstáculo ao bom desempenho da sua instância. Esta é a discussão que precisa ser feita, o quanto antes, pela base deste diretório zonal. Nós temos que decidir, com urgência, o que fazer para superar a estagnação em que se encontra esta instância e transforma-la naquilo que ela deve ser, uma unidade combatente organizada, disciplinada e pronta para a ação política nas ruas, seja em defesa do governo, seja em defesa do próprio PT, da Reforma Política, da Democratização da Mídia, ou seja em defesa da Petrobras.

A organização do exército petista nada mais é do que a organização de suas unidades combatentes, que são os seus diretórios. E a parte que nos cabe nesta tarefa, a nós, filiados residentes nas zonas centro e sul, é organizar o 1º Diretório Zonal para torná-lo apto a servir ao partido na elaboração e implementação local de sua ação política.

A guerra contra o PT e o governo Dilma, há muito tempo que foi declarada. Mas cresce a cada dia a frequência e a violência dos ataques inimigos. Não há mais tempo a perder, é hora de botar mãos à obra na construção de um partido realmente indutor, organizador e dirigente de grandes manifestações populares, porque só respaldado por mobilizações sociais de grande magnitude, é que o PT vai ter força para deter a ofensiva da direita e da burguesia e derrotá-las, sustentando e impulsionando o projeto que elas se empenham em abortar.

Nem só de luta vive uma organização combatente, seja militar ou política. Muito trabalho precede cada batalha e continua havendo em seu curso e depois, na retaguarda. São tarefas que não estão diretamente ligadas à operação propriamente militar ou política no front, mas sem as quais estas operações não podem ser realizadas. Dentre estas tarefas estão as relacionadas à logística e à preparação de oficiais - ou dirigentes - e de soldados - ou militantes.

No nosso diretório, estas funções competem às secretarias de Organização, Finanças, Formação Política e Comunicação, que devem prover a instrução e os meios necessários para que cada militante, integrado à ação coletiva - de preferência, sempre de acordo com seus conhecimentos, habilidades, disposições e disponibilidades -, tenha o melhor rendimento possível em suas missões, seja a serviço das 4 secretarias anteriormente citadas, seja a serviço da Secretaria de Mobilização, que deve ser a responsável pelo comando operacional do partido nas ruas.

Há dois anos venho dizendo, na lista de e-mails do diretório zonal e em sua página no Facebook, que a administração do partido - que inclui, mas não se resume à sua organização - deveria ser tratada como prioridade por seus dirigentes e base. Em 2 de julho de 2013, enviei à nossa lista uma mensagem intitulada "Reflexões e propostas para a administração do 1º Diretório Zonal do PT-Rio/RJ". Esta mensagem continha um texto intitulado "Administrar para democratizar e lutar", cuja leitura recomendo, por manter-se atual e apropriado ao momento de apreensão por que estamos passando, já que aponta um caminho para que evoluamos da retórica da luta para a luta na prática.

Minha reflexão sobre este tema prosseguiu e avançou publicamente, desde então, embora sem conseguir sensibilizar nenhum dos companheiros, o que considero uma anomalia grave num partido de esquerda que se define como socialista. Acresce o fato de que temos em nossas fileiras tendências de orientação marxista-leninista que mostram-se tão alheias às preocupações com a construção e funcionamento do partido quanto as tendências consideradas por elas socialdemocratas, e isso me parece ainda mais bizarro. Que diabo de leninismo é esse, afinal, que despreza a organização do partido? Dizem que é preciso primeiro definir a estratégia. Pois eu lhes pergunto: desde quando a estratégia precedeu a organização dos exércitos? E eu mesmo lhes respondo: nunca.

E, por falar em guerra, acabo de ler uma mensagem que recebi hoje (tarde de sexta-feira, 6 de fevereiro) por e-mail, que é uma resposta da companheira Eugênia Loureiro a uma mensagem do companheiro Marcus Vinícius Seixas, secretário-geral do 1º Diretório Zonal, intitulada "À guerra!". Parece que fui adicionado à lista e-mails do Núcleo Zé Dirceu depois do envio da mensagem do companheiro, já que não a recebi, só a resposta de Eugênia. Embora não faça parte do núcleo, agradeço muito a minha inclusão e a possibilidade de acompanhar e participar do debate que vocês estão fazendo.

Bem, a bronca da companheira Eugênia me deixou curioso e me levou a buscar no histórico de mensagens, abaixo da que recebi, o que teria provocado tamanha ira. E lá estava o texto de Marcus Vinícius, que diz:
"À guerra!

Prezados companheiros, a atuação da grande mídia já foi discutida, exposta e debatida por nós, sob todos os ângulos.  Mas, parece que a direção não tem tutano ou força para a guerra.  Não estamos travando batalhas estanques, e sim uma guerra em várias frentes.  Ou a direção se apercebe e vai a luta, nos organizando, ou sucumbiremos.  Ruy Falcão com esse ar blasé, dizendo que os fatos mostrarão as mentiras das acusações é igual a missa de encomenda de corpo presente.  Fala-se muito, de forma triste, dão-se as despedidas e homenagens, mas, ao final, o corpo vai sepultado e o 'de cujus' vira história.  Ponto final !

É necessário ocupar os espaços - já sabemos isso desde o Movimento Estudantil - que muitos esqueceram.  Ir para a mídia, polemizar com todos, enfim partir para o embate FRONTAL e DECISIVO.  Como dizia o velho Brizola: socar a mesa !  Vão nos acusar de Bolivarianos ? E daí ? Já somos acusados disso !  A direita e conservadores reacionários morrem de medo quando as placas tectônicas da esquerda se mexem ! No último processo eleitoral foi assim.  Feriria sua capacidade de tentar ganhar na 'racionalidade' dos fatos cotidianos, na assepsia da política de resultados.  Por que o medo da direção nacional em se mexer decisivamente?  Ou nos organizam, ou a própria direção do Partido tem que ser substituída antes que nosso Governo o seja, à revelia do estado de Direito !

Marcus Vinicius"
Logo em seguida, Vinícius manda outra mensagem dizendo:
"Se o Núcleo [Zé Dirceu] estiver de acordo, o texto pode ser assumido, aprimorado e enviado para outros núcleos, diretórios e militância em geral.

MV"
Aí veio a resposta furiosa de Eugênia:
"Deixa de ser bobo MV, hoje é reunião do Diretório Nacional em BH e a festa de 35 anos do PT também em BH. Quanto a melhorar (???) o texto e sair panfletando que a direção precisa ser substituída sou completamente contra. Se o NZD concordar não será por unanimidade. No mais, pelo visto, é FHC fazendo escola...

Eugênia"
Nesse debate entre os dois, duas coisas me chamaram muito atenção.

Primeiro, os seguintes trechos da mensagem de Marcus Vinícius:
"Mas, parece que a direção não tem tutano ou força para a guerra.  Não estamos travando batalhas estanques, e sim uma guerra em várias frentes.  Ou a direção se apercebe e vai a luta, nos organizando, ou sucumbiremos. (...)  Por que o medo da direção nacional em se mexer decisivamente?  Ou nos organizam, ou a própria direção do Partido tem que ser substituída antes que nosso Governo o seja, à revelia do estado de Direito !"
E depois a ideia sugerida por Eugênia de que a substituição da direção partidária antes do final do seu mandato seria golpe, tanto quanto a substituição de Dilma antes de 2018.


A organização do diretório zonal é dever do próprio diretório zonal.


Começo tratando do texto do companheiro Marcus Vinícius. Eu estava prestes a concluir a mensagem que vinha escrevendo até então, para enviá-la, quando o li e vi, de imediato, que tratávamos do mesmo tema, com abordagens distintas, baseadas em diferentes pressupostos. Falamos, ambos, do objetivo de organizar o diretório zonal. Ele diz, entretanto, que isso é dever do diretório nacional. Enquanto eu digo que é dever do próprio diretório zonal. Ao identificar essa divergência, convenci-me de que deveria tratar do texto em questão, de Marcus Vinícius, nesta mesma mensagem em que debato com Eugênia e Náustria,

Em primeiro lugar, quero dizer que não sei como o companheiro Marcus Vinícius não se deu conta de que tudo, tudo mesmo, o que ele diz nestes dois trechos que destaco de sua mensagem, sobre o diretório nacional, vale também para o diretório zonal, do qual ele é importante membro. Será que ele esqueceu que é dirigente? Sim, porque lendo seu discurso, parece que não é. Parece um filiado de base cobrando trabalho da direção nacional do partido. Só que Marcus Vinícius não é filiado de base, é dirigente zonal. E quando se leva em consideração este fato, aí é que a situação se afigura ainda mais bizarra. Imaginem um tenente - ou um sargento - cobrando do general de um exército que organize o pelotão cujo comando é atribuição sua, do próprio tenente - ou sargento -, e não do general.

Acho que o comentário que faço na primeira parte desta mensagem, intitulado "Junho pode ser tarde demais para reagir", e o texto "Administrar para democratizar e lutar", de 2 de julho de 2013, fundamentam bem a tese que defendo da responsabilidade exclusiva do diretório zonal por sua própria organização e pela organização de sua base de filiados. Mas acredito que posso ir além e apresentar mais razões, para que não reste nenhuma dúvida quanto a isso. Porque a tese defendida por Marcus Vinícius, de que a responsabilidade pela organização do diretório zonal seria do diretório nacional, nada mais é do que uma justificativa falsa para a desorganização do 1º Diretório Zonal, que resulta, na verdade, da inatividade de seus membros dirigentes.

Organizar dá trabalho, muito trabalho, trabalho, às vezes, chato, pesado, demorado. E o problema é que gente prá sacudir bandeira em campanha eleitoral, não falta. Mas não há um membro sequer desse diretório disposto a carregar pedra, essa é que é a verdade. E aí largam as pedras no chão e acusam a direção nacional de não cumprir seu suposto dever de botá-las no devido lugar. Ora, francamente, isso não é nada honesto.

Então, vamos aos argumentos que desmontam definitivamente a tese da isenção de responsabilidade do diretório zonal pela sua organização e pela organização de sua base.

Parece que o companheiro Marcus Vinícius ignora que um dos princípios básicos da administração de qualquer organização é o da divisão do trabalho, que tem como consequências naturais a especialização, a departamentalização e a hierarquia da autoridade. Os partidos, assim como os exércitos e as empresas, têm tudo isso. No PT, a divisão do trabalho se dá por dois critérios: o funcional e o territorial.

Da divisão do trabalho por função, decorre a departamentalização funcional do partido, que é a criação de departamentos especializados em atividades específicas. No PT estes departamentos funcionais são as secretarias de Organização, Finanças, Formação Política, Comunicação e Mobilização.

Da divisão do trabalho por território, decorre a departamentalização territorial do partido, que é a criação de departamentos responsáveis pelo trabalho partidário em espaços geográficos determinados. No PT, estes departamentos territoriais são os diretórios.

A divisão do trabalho gera também a divisão da autoridade, de modo proporcional ao tamanho da responsabilidade assumida. Essa divisão proporcional da autoridade dá origem a uma cadeia de comando chamada "hierarquia da autoridade" ou simplesmente "hierarquia". A cadeia de comando ou hierarquia do PT se materializa em sua estrutura verticalizada de diretórios que são investidos de autoridade proporcional à abrangência territorial de suas jurisdições. De modo que a autoridade no partido fica distribuída entre diretórios de 4 níveis: o nacional, o regional, o municipal e o zonal.

Todo diretório é, portanto, ao mesmo tempo, um grau da hierarquia partidária e uma jurisdição dentro deste grau hierárquico, ou seja, um departamento responsável pela atuação do partido num determinado espaço geográfico. A posição na hierarquia corresponde ao tamanho da jurisdição: quanto maior a jurisdição, mais alta a posição na hierarquia. E isto se materializa no estabelecimento da seguinte relação entre os diretórios de diferentes níveis, descrita no estatuto do partido, em seu Artigo 17:
"As instâncias e quaisquer organismos territoriais de nível zonal subordinam-se às instâncias de nível municipal, as quais estão subordinadas às de nível estadual, que, por sua vez, se subordinam às instâncias e aos organismos nacionais."
E que instâncias devem administrar o que?

Idalberto Chiavenatto, um dos mais importantes autores brasileiros de livros sobre administração, em sua obra "Introdução à Teoria Geral da Administração", ensina que, para Henri Fayol, fundador da Escola Clássica, a função de administrar deve ser distribuída proporcionalmente entre os vários graus da cadeia de comando de uma organização. Ele diz:
"Para Fayol existe uma proporcionalidade da função administrativa: ela se reparte por todos os níveis da hierarquia da empresa e não é privativa da alta cúpula. A função administrativa não se concentra exclusivamente no topo da empresa, nem é privilégio dos diretores, mas é distribuída proporcionalmente entre os níveis hierárquicos. Na medida em que se desce na escala hierárquica, mais aumenta a proporção das outras funções da empresa e na medida em que se sobe na escala hierárquica mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas."
Isto quer dizer que a administração de qualquer organização é responsabilidade de todos os seus dirigentes, distribuída proporcionalmente ao grau de autoridade de cada um, e que nenhum dirigente deve estar isento das tarefas administrativas.

O Estatuto do PT define de maneira, a meu ver, bagunçada, confusa e incompleta, as atribuições administrativas dos diretórios de cada nível hierárquico. E ao assim fazê-lo, revela a pobreza do debate que deu origem a estes seus capítulos, graças ao histórico desinteresse da vanguarda petista pela administração partidária. Há, eu diria, um preconceito arraigado contra a palavra "administração", fruto do desconhecimento do seu significado e da história desta atividade. Confunde-se administração com burocracia, em seu sentido pejorativo, ou com alguma espécie de prática nefasta criada pelo capitalismo. Verdade que a Administração como teoria se desenvolveu tendo como objetivo a melhoria do desempenho da organização empresarial. Mas, administração e administradores já havia muito antes disso, existem desde que existem organizações, e organizações, há desde a mais remota antiguidade. A administração, portanto, não é uma invenção dos capitalistas, é uma atividade e uma ciência que se preservou como tradição ao longo de séculos, produzida no interior de organizações como os exércitos e a Igreja.

Já ouço alguém dizer "mas o PT não é um exército, nem uma igreja, tampouco uma empresa". E eu lhes digo: mas é uma organização e toda organização. para atingir os seus fins, precisa de planejamento, organização, comando, disciplina e avaliações permanentes de desempenho e resultados. Tudo isso faz parte do processo administrativo de qualquer organização, seja qual for seu objetivo, não importa se militar, religioso, financeiro ou político. Uma organização nada mais é do que um conjunto de pessoas que se mobilizam para empregar recursos na realização de ações que visam determinado objetivo. Administrar é definir o objetivo, as ações necessárias para alcançá-lo, a maneira como atuarão as pessoas nestas ações e os recursos que elas terão que empregar em suas atividades. Disso, companheiros, o partido precisa, tanto quanto um exército, uma igreja ou uma empresa, embora seus fins sejam diferentes dos fins de todas estas organizações.

Mas a vanguarda petista nunca entendeu isso. Custo a crer que os dirigentes também. O fato é que a falta de informação, reflexão e debate sobre a administração como instrumento da prática política, resultou na falta de resoluções administrativas relevantes nos congressos e encontros nacionais do PT. O partido não tem uma política administrativa global para os seus diretórios e esta é a principal razão da precariedade do funcionamento da maior parte deles, aliada, evidentemente, à falta de quadros administradores capazes de formular e implementar políticas locais que supram essa carência. Acredito que estes quadros existam. Mas não são identificados porque não são procurados pelos dirigentes partidários. E não são procurados exatamente porque estes dirigentes pensam, equivocadamente, que a organização partidária, ao contrário de todas as demais organizações, pode prescindir da administração.

Mas se é verdade que o Estatuto do PT, assim como todos os seus demais documentos, trata mal o tema da administração do partido, também é verdade que alguns dos seus artigos servem, pelo menos, para confirmar a teoria de Henri Fayol - que há pouco citei - de que a responsabilidade de administrar qualquer organização se reparte de modo proporcional por todos os níveis de sua hierarquia, não sendo encargo apenas da alta cúpula dirigente. Os artigos abaixo mostram que esta divisão da responsabilidade de administrar ocorre também no PT. Confiram.
"Art. 79. São as seguintes as atribuições do Diretório Municipal:

(...)
c) encaminhar a elaboração e a aprovação do orçamento anual;
d) manter em dia a contabilidade e garantir a elaboração, a aprovação e a entrega do balanço anual e da prestação de contas à Justiça Eleitoral com cópia para a instância estadual;
e) manter em dia os livros de contabilidade (diário e caixa);
(...)
j) convocar plebiscitos, referendos, prévias eleitorais e consultas aos filiados e filiadas no âmbito municipal;
(...)
m) cumprir e fazer cumprir as deliberações do Encontro Municipal, as deliberações dos respectivos Encontros Estaduais, Encontro Nacional ou Congresso, supervisionando a vida do Partido em âmbito municipal;
(...)
r) informar e atualizar os filiados e as filiadas sobre políticas, propostas, publicações, materiais e demais iniciativas do Partido;
s) viabilizar periodicamente atividades abertas à população;
t) determinar o encaminhamento à Secretaria Nacional de Finanças e Planejamento de todas as contribuições dos filiados e das filiadas, inclusive dos ocupantes de cargos eletivos e de confiança, bem como de dirigentes partidários do município, para que a cobrança e distribuição dos valores sejam efetuadas pelo Sistema de Arrecadação de Contribuições Estatutárias (SACE), nos termos das disposições previstas neste Estatuto.
u) organizar amplas campanhas de arrecadação financeira;
v) efetuar todos os procedimentos relativos ao cadastro de filiados e de filiadas, estabelecidos neste Estatuto;
x) realizar ao menos 4 (quatro) atividades por ano, uma em cada trimestre, para a apresentação do Partido aos novos filiados e filiadas, nos termos previstos no artigo 8º;
w) realizar as atividades a que se refere o artigo 26, § 3º, letra “a”, para que o filiado ou filiada possa ser considerado apto a votar no PED;
(...)

Art. 82. A Comissão Executiva Municipal terá, no mínimo, sete membros, sendo um o presidente eleito, ou presidenta, uma vice-presidência, e as Secretarias de Organização, de Finanças e Planejamento, de Formação Política, de Comunicação, de Movimentos Populares, e o vereador, ou vereadora, líder da Bancada Municipal, até o limite máximo de um 1/3 (um terço) dos membros do respectivo Diretório.

Art. 83. A Comissão Executiva Municipal terá as seguintes atribuições:

(...)
b) executar as deliberações do Encontro Municipal, do Diretório Municipal e das demais instâncias superiores;
(...)
g) encaminhar à Secretaria Nacional de Finanças todas as contribuições dos filiados e filiadas, inclusive de ocupantes de cargos eletivos e de confiança, bem como de dirigentes partidários do município, para que a cobrança e distribuição dos valores sejam efetuadas pelo Sistema de Arrecadação de Contribuições Estatutárias (SACE), nos termos das disposições previstas neste Estatuto.
(...)

Art. 86. Os Diretórios Zonais terão, no máximo, 14 (quatorze) membros efetivos e suas atribuições correspondem, no âmbito do respectivo Zonal, às atribuições dos Diretórios Municipais.

Parágrafo único: As disposições estabelecidas nas Seções I, II e III do Capítulo IV deste Título aplicam-se aos órgãos correspondentes na esfera do Zonal, com exceção das letras “j”, “k” e “t”, do artigo 79.
Art. 87. Compete aos Diretórios Zonais, além das atribuições do artigo anterior:

(...)
b) cumprir e fazer cumprir o Programa, o Estatuto e as metas programáticas de ação partidária;
c) manter em dia o cadastramento dos filiados e filiadas do Zonal, de acordo com as disposições deste Estatuto;
d) participar das campanhas políticas de acordo com a orientação das instâncias superiores;
e) participar dos movimentos de comunidades locais;
(...)
g) determinar o encaminhamento à Secretaria Nacional de Finanças e Planejamento de todas as contribuições dos filiados e das filiadas do Zonal, para que a cobrança e distribuição dos valores sejam efetuadas pelo Sistema de Arrecadação de Contribuições Estatutárias (SACE), nos termos das disposições previstas neste Estatuto;
h) realizar ao menos 4 (quatro) atividades por ano, uma em cada trimestre, para a apresentação do Partido aos novos filiados e filiadas, nos termos previstos no artigo 8º;
i) realizar as atividades a que se refere o artigo 26, § 3º, letra “a”, para que o filiado ou filiada possa ser considerado apto a votar no PED.
(...)
Art. 88. Compete à Comissão Executiva Zonal, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 86:

(...)
b) executar atividades específicas definidas pelo Diretório Zonal;
(...)
d) promover campanhas de filiação partidária e de alistamento eleitoral;
e) participar das campanhas políticas, apoiando a ação do respectivo Diretório Municipal;
f) integrar-se aos movimentos de base locais;
g) informar e atualizar todos os filiados e filiadas sobre políticas, propostas, publicações, materiais e demais iniciativas do Partido;
h) viabilizar periodicamente atividades abertas à população;
i) encaminhar à Secretaria Nacional de Finanças e Planejamento as contribuições dos filiados e das filiadas, para que a cobrança e distribuição dos valores sejam efetuadas pelo Sistema de Arrecadação de Contribuições Estatutárias (SACE), nos termos das disposições previstas neste Estatuto.
(...)

Art. 104. As atribuições dos Diretórios Estaduais e respectivas Comissões Executivas correspondem, na esfera estadual, às atribuições das instâncias municipais na esfera dos municípios, conforme normas previstas neste Estatuto.

(...)

Art. 115. As atribuições do Diretório Nacional e da respectiva Comissão Executiva correspondem, na esfera federal, às atribuições dos Diretórios Municipais e Estaduais, conforme normas previstas neste Estatuto.

Art. 116. Além das atribuições do artigo anterior, compete ao Diretório Nacional:

(...)
VIII – cobrar as contribuições dos filiados e das filiadas, dos ocupantes de cargos eletivos e de confiança, bem como dos dirigentes partidários, através do Sistema de Arrecadação de Contribuições Estatutárias (SACE).
IX – garantir os repasses estatutários para as instâncias inferiores e organizar amplas campanhas de arrecadação;
X – administrar a instituição partidária em conformidade com os princípios constitucionais e partidários;
(...)
XIV – orientar, assessorar e apoiar as demais instâncias no cumprimento das obrigações estatutárias referentes à integridade política, administrativa e financeira da instituição.
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OBS.: O item 'g' do artigo 87 é igual ao item 't' do artigo 79, o que contradiz o parágrafo único do artigo 86."
As atribuições dos diretórios acima citadas, constantes do Estatuto do PT, podem ser classificadas em duas categorias. A categoria das atribuições administrativas e a categoria das atribuições políticas, cujo cumprimento depende da administração correta do diretório. Há atribuições de ambos os tipos para todos os níveis hierárquicos.

Os artigos 86,104 e 115 mostram, claramente, que as atribuições dos diretórios nacional, regionais, municipais e zonais são, basicamente, as mesmas, variando apenas a abrangência do espaço geográfico em que cada um deve atuar. Confiram.
Art. 86. Os Diretórios Zonais terão, no máximo, 14 (quatorze) membros efetivos e suas atribuições correspondem, no âmbito do respectivo Zonal, às atribuições dos Diretórios Municipais.

Art. 104. As atribuições dos Diretórios Estaduais e respectivas Comissões Executivas correspondem, na esfera estadual, às atribuições das instâncias municipais na esfera dos municípios, conforme normas previstas neste Estatuto.

Art. 115. As atribuições do Diretório Nacional e da respectiva Comissão Executiva correspondem, na esfera federal, às atribuições dos Diretórios Municipais e Estaduais, conforme normas previstas neste Estatuto.
Além disso, determina o Estatuto, em seus artigos 82, 106 e 117, que tanto o diretório nacional, quanto os regionais e municipais, devem ter secretarias de Organização, Planejamento e Finanças, Formação Política e Comunicação. Confiram:
Art. 82. A Comissão Executiva Municipal terá, no mínimo, sete membros, sendo um o presidente eleito, ou presidenta, uma vice-presidência, e as Secretarias de Organização, de Finanças e Planejamento, de Formação Política, de Comunicação, de Movimentos Populares, e o vereador, ou vereadora, líder da Bancada Municipal, até o limite máximo de um 1/3 (um terço) dos membros do respectivo Diretório.

Art. 106. A Comissão Executiva Estadual terá, no mínimo, o presidente eleito ou presidenta, uma vice-presidência, as Secretarias Geral, de Finanças e Planejamento, de Organização, de Formação Política, de Comunicação e de Assuntos Institucionais, e o deputado, ou deputada, líder da Bancada na Assembleia Legislativa.

Art. 117. A Comissão Executiva Nacional terá, no mínimo, o presidente eleito ou presidenta, cinco vice-presidências que poderão receber responsabilidades temáticas ou regionais, as Secretarias Geral, de Organização, de Finanças e Planejamento, de Formação Política, de Movimentos Populares, de Comunicação e de Relações Internacionais, e os líderes das Bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

§1º: A direção nacional constituirá, ainda, Secretarias de Comunicação, de Assuntos Institucionais, de Relações Internacionais, de Desenvolvimento Econômico, de Coordenação Regional, Secretarias Setoriais e outras, conforme seja o entendimento de seus membros.
Ora, as secretarias não existem por acaso. Elas existem para cumprir as atribuições que o Estatuto define para cada diretório. E se os diretórios, todos, têm atribuições dos mesmos tipos, é natural que tenham a mesma estrutura de secretarias para cumprir estas tarefas. E isso é tão lógico, que mesmo o Estatuto não tendo determinado expressamente que secretarias deveriam ser criadas e mantidas nos diretórios zonais, o nosso adotou o modelo das instâncias superiores e definiu seus secretários, que são os seguintes:

Secretaria Geral - MARCUS VINICIUS DE SEIXAS

Secretaria de Organização - ROBERTO WAGNER DOS SANTOS ROBILARD

Secretaria de Finanças - FERNANDA DUCLOS CARISIO

Secretaria de Comunicação - FLAVIO LOMEU DE CASTRO JUNIOR

Secretaria de Formação Politica - FABIANA SANTOS DA SILVA

Secretaria de Mobilização - ALVARO MACIEL JUNIOR

O problema é que estes companheiros se candidataram, foram eleitos e empossados, mas não assumiram, até hoje, os seus cargos. Por que? Não sei. Este diretório é mais silencioso que a Dilma. A diferença é que ela mostra serviço. Mas, a existência, por si só, de um secretário de organização no 1º Diretório Zonal, prova que este diretório reconhece a organização como uma de suas atribuições.

No texto "Democratizar para democratizar e lutar", de 2 de julho de 2013, eu dizia:
"A força de um partido está na ação concentrada de seus membros sobre determinados objetivos. Essa unidade de ação coletiva exige planejamento, organização, direcionamento e controle. Numa palavra, exige administração. Esse é o papel da direção partidária. Administrar as intenções e os esforços dos filiados, fazendo-os convergir para um ponto, um único e inconfundível ponto, no espaço e no tempo da sociedade. E a condição básica para que se consiga dar essa coesão à ação política partidária é a existência de uma direção que se comunique com sua base de filiados, mediando o debate coletivo para a formação de consensos, e organizando as disposições e disponibilidades existentes para a vocalização de um discurso comum e o desenvolvimento de ações unificadas."
Ou seja, a força do partido depende da unidade de ação de seus membros e esta unidade de ação depende da forma como o partido é administrado. O leitor há de perguntar, então, "mas, como conseguir unidade de ação se o partido é dividido em pedaços, que são os diretórios?". Da mesma forma que os exércitos, eu lhe respondo. Vejam como.

Entre 1816 e 1830, o general prussiano Carl von Clausewitz, escreveu um livro chamado "Da guerra", que virou um clássico da literatura militar. No livro ele diz:
"Por 'formação de batalha' referímo-nos à distribuição e à composição das armas como partes individuais do todo, bem como a disposição que servirá como uma forma padrão durante toda a campanha, ou durante toda a duração da guerra.

Assim, num certo sentido a formação de batalha consiste num componente aritmético e num geométrico: organização e disposição. 

O primeiro tem origem na organização normal do exército em tempo de paz. 

Determinadas partes, como batalhões, esquadrões, regimentos e baterias são tratados como unidades que servem como blocos de construção para estruturas maiores que, por sua vez, formam o conjunto, dependendo das exigências do momento. 

Semelhantemente, os planos do exército começam pelas táticas elementares nas quais foi instruído e adestrado em tempo de paz - características não sujeitas a alterações fundamentais uma vez deflagrada a guerra. Isto, juntamente com as situações que exigem o uso das tropas na guerra e que, numa maior escala, estabelecem as normas segundo às quais o exército é disposto para a batalha.

Esta tem sido sempre a regra quando grandes exércitos vão para o campo e houve até mesmo épocas em que a formação de batalha era considerada a parte mais importante do combate.

(...) 

De um ponto de vista estratégico, nunca deveríamos perguntar qual deveria ser o efetivo de uma divisão ou de um corpo do exército. A pergunta apropriada é quantas divisões ou corpos deve ter um exército. 

Não existe nada mais difícil de administrar do que um exército dividido em três partes, exceto possivelmente um exército dividido em duas. 

Neste último caso, o General em comando estará praticamente paralisado.

(...) 

Um General pode fazer com que a sua autoridade sobre 100.000 homens seja sentida mais intensamente se ele comandar por meio de oito divisões do que por meio de três. 

(...) 

Se o termo 'subdivisões do conjunto' for interpretado como referindo-se apenas aos primeiros componentes, ou aos componentes imediatos, afirmamos que:

a. O conjunto será difícil de manobrar se tiver muito poucas subdivisões.
b. Se as subdivisões forem grandes demais, a autoridade pessoal do comandante será reduzida.
c. Todo elo adicional à cadeia de comando reduz o efeito de uma ordem de duas maneiras: através do processo de ser transmitida e pelo tempo adicional necessário para transmiti-la.
Ocorre que o número de subdivisões com o mesmo status deve ser o maior possível e a cadeia de comando a menor possível, sendo que a única restrição a ser feita é que é difícil exercer o comando sobre mais do que oito a dez subdivisões num exército, e sobre mais do que quatro a seis delas em unidades menores.

2. Combinações de Armas do Exército. 

Sob o ponto de vista estratégico, uma combinação de forças na formação de batalha só é importante para aquelas partes do conjunto que em situações normais poderiam ser posicionadas separadamente e obrigadas a travar um engajamento independente. 

É a ordem natural das coisas que as grandes unidades e, essencialmente apenas estas, sejam empregadas independentemente. 

A razão, que iremos demonstrar em outro lugar, é que as posições separadas baseiam-se, na maioria dos casos, na ideia e na necessidade de um conjunto independente.

(...) 

A formação de batalha de um exército é portanto uma organização e uma disposição de um grupo pronto para a batalha. 

As suas partes são organizadas de tal maneira que podem ser facilmente destacadas do grupo e empregadas para atender às exigências do momento, tanto táticas como estratégicas. 

Quando estas necessidades momentâneas não existirem mais, as partes voltarão à sua posição original. 

Assim, a formação de batalha é a primeira etapa daquela rotina salutar que, como um pêndulo, regula o mecanismo da guerra (...)."
Fazendo a analogia do partido com um exército, e usando a mesma linguagem de Clausewitz, os diretórios são as "divisões" ou os "corpos" do partido. Estão para o partido, assim como as divisões, brigadas, regimentos, batalhões, esquadrões e baterias estão para o exército.

Os exércitos mostram que a divisão de uma organização em um certo número de partes facilita a organização e o comando do todo. Os teóricos da administração aprenderam esta lição com os generais. Pensando em como isto se aplica ao PT, pode-se traçar o seguinte esquema:

A unidade de ação nacional do partido é a unidade de ação dos diretórios regionais, sob o comando do diretório nacional.

A unidade de ação regional do partido é a unidade de ação dos diretórios municipais, sob o comando do diretório regional.

A unidade de ação municipal do partido é a unidade de ação dos diretórios zonais, sob o comando do diretório municipal.

E a unidade de ação zonal, o que é?

Alguns entendem, como tenho visto, que é a unidade de ação dos núcleos de base que, no caso da 1ª zonal são poucos, pequenos e estruturalmente frágeis. Explico mais adiante porque acho essa estratégia um equívoco.

Prá mim, a unidade de ação zonal deve ser a unidade de ação de comitês de bairro, que devem ser criados e mantidos pelo próprio diretório zonal.

Acho que, depois de tudo que eu disse até aqui, se alguém tinha alguma dúvida, não há de ter mais: a organização do PT é dever de seus dirigentes de todos os níveis hierárquicos. A Administração ensina que assim devem funcionar as organizações e o Estatuto do PT estabelece que assim funcione o nosso partido. Mas não é só isso. Os filiados do PT são todos trabalhadores e sabem, por experiência, que as responsabilidades administrativas são distribuídas, numa empresa, ao longo de toda a sua hierarquia. Não precisaram e não precisam estudar para saber disso, eles viram e veem como funciona, na prática, a administração de uma organização bem estruturada. O fato, por si só, de haver no PT uma hierarquia, indica para todos que há divisão de responsabilidades, não só políticas, mas administrativas ou, como a maioria parece preferir, organizativas. Dá-se esta divisão de responsabilidades de acordo com o seguinte esquema - decorrente do esquema a pouco apresentado sobre a construção da unidade de ação partidária -, que define, de forma resumida, quem organiza o que:

A organização nacional do partido é a organização de seus diretórios regionais pelo Diretório Nacional.

A organização regional do partido é a organização de seus diretórios municipais por seus respectivos diretórios regionais.

E a organização municipal do partido é a organização de seus diretórios zonais por seus respetivos diretórios municipais.

Falta definir o que é a organização zonal do partido.

Eu defendo que seja a organização de comitês de filiados, criados e mantidos pelo diretório zonal, em todos os bairros de sua jurisdição.

A divisão do partido em unidades menores, que são os diretórios, visa facilitar a organização e comando do partido todo através da organização e comando de cada diretório. Quanto menor a unidade partidária, mais fácil é a sua organização e comando.

A menores unidades partidárias do PT e os últimos elos de sua cadeia de comando são os diretórios zonais. Por isso, nos lugares em que existem - que são as capitais com mais 500 mil eleitores e municípios com mais de 1 milhão -, os diretórios zonais são as instâncias mais aptas a realizarem, de modo eficaz e eficiente, o trabalho político e organizativo junto à base de filiados local do partido.

É tão impossível o Diretório Nacional do PT organizar e comandar diretamente a sua base de filiados em todo o país, quanto o Estado-Maior de um exército organizar e comandar diretamente o exército todo, sem contar com uma cadeia de comando hierarquizada atuando à frente de unidades militares menores. Ao Diretório Nacional compete organizar a ação dos diretórios regionais, aos quais compete organizar a ação dos diretórios municipais de suas respectivas jurisdições. Aos diretórios municipais compete organizar a ação dos diretórios zonais de suas respectivas bases territoriais. E aos diretórios zonais compete organizar a ação coletiva dos filiados de sua jurisdição. Portanto, o Diretório Nacional, que é a cabeça do partido, envia comandos que devem chegar à base através

Lembro o que disse Clausewitz, sobre a organização e condução de um exército:
"Determinadas partes, como batalhões, esquadrões, regimentos e baterias são tratados como unidades que servem como blocos de construção para estruturas maiores que, por sua vez, formam o conjunto, dependendo das exigências do momento."
Parafraseando-o, creio que se pode dizer sobre a organização e condução do partido:

Determinadas partes, como diretórios regionais, municipais e zonais, devem ser tratadas como unidades que servem como blocos de construção para estruturas maiores que, por sua vez, formam o conjunto, dependendo das exigências do momento.

O diretório zonal é a unidade menor, o tijolo que precisa ser fabricado para compor as estruturas maiores que constituem o partido, que são os diretórios municipais, regionais e nacional. Fabricar estes tijolos para a construção do PT é tarefa que compete exclusivamente aos dirigentes partidários zonais. E eu defendo que, para isso, seja usado o mesmo procedimento usado para organizar e comandar as instâncias superiores, que é a divisão de cada uma delas em unidades menores. Se o Diretório Nacional se divide em 27 diretórios regionais, se cada diretório regional se divide em um número variável de diretórios municipais, e se cada diretório municipal se divide em um número também variável de diretórios zonais, eu proponho que cada diretório zonal seja dividido em um número variável de comitês de filiados por bairro, criados e mantidos pelo próprio diretório zonal, para facilitar a organização e o comando dos filiados de sua jurisdição.

No texto "Administrar para democratizar e lutar", eu digo:
"Todo partido é uma organização, toda organização é uma associação, e toda associação é uma soma de intenções e de esforços. Milhares de filiados dispersos e sem coordenação não formam, de modo algum, um partido, pela razão simples de que não somam absolutamente nada. Pois esta é a situação que temos em nossa zonal. A rigor, os petistas daqui, não formam sequer uma comunidade, já que estão diluídos na sociedade, sem manter, uns com os outros, qualquer vínculo ou interação que permita a realização de ações combinadas. A exceção é esta diminuta lista de e-mails.

O PT não existe, como partido, nas zonas sul e centro do Rio, pela evidente razão de que o Diretório Zonal não dirige a zonal, e não a dirige porque não vai ao encontro e não se comunica com sua base de filiados. A comunicação é o fator mais importante para o sucesso de qualquer organização. Sem ela, sequer um planejamento correto de ações é possível, porque não se terá o necessário conhecimento dos recursos disponíveis. E se não se conhece os recursos disponíveis, como organizá-los? Como, além disso, liderar pessoas com as quais não se tem o menor contato?"
Em 9 de setembro de 2014, enviei ao nosso 1º Diretório Zonal, através de sua lista de e-mails, uma mensagem intitulada "Pela criação de Comitês de Filiados por Bairro", em que apresento um projeto concebido exatamente para superar estes problemas da nossa instância. O texto original é longo, mas o projeto pode ser resumido nos seguintes trechos:

"Pela Criação de Comitês de Filiados por Bairro.


PROPOSTA

Criar Comitês de Filiados por Bairro para permitir que o 1º Diretório Zonal, em cumprimento do que determina o Estatuto do PT:

1) garanta direitos e cobre deveres dos filiados de sua base;
2) garanta o funcionamento de sua democracia partidária; e
3) tenha poder de ação:

- para organizar e dirigir as lutas dos trabalhadores de sua jurisdição;
- para lutar pela reeleição de Dilma;
- para lutar pela eleição de Lindbergh;
- para lutar pela ampliação das bancadas do PT nos parlamentos estadual e federal; e 
- para realizar a campanha de coleta de assinaturas para os abaixo-assinados dos projetos de lei de iniciativa popular da Reforma Política e da Democratização da Mídia.
(...)

Proponho a você, Cláudia [Beatriz Le Cocq, presidenta do 1º Diretório Zonal], e aos demais companheiros, a formação de Comitês de Filiados por Bairro (CFBs), para atuação nesta campanha e ao fim dela, como braços do diretório zonal em cada bairro. 

Proponho que dois ou três coordenadores sejam designados para trabalhar em cada bairro, convertendo os dados dessas listagens que preparei em formulários impressos e indo visitar um por um dos filiados para confirmar os dados que já temos e para colher os dados que nos faltam para estabelecer o maior número possível de canais de comunicação com eles. 

A internet é um excelente meio de comunicação, mas não pode ser o único. 

É preciso considerar o fato de que muita gente não usa internet. 

Penso que o velho telefone tem que voltar a ser usado, por isso, mas também por ser uma forma de comunicação mais informal, que aproxima mais o militante que liga do filiado que recebe a chamada. 

Proponho a formação de Redes de Filiados por Bairro (RFBs), administradas por estes comitês (CFBs), e conectadas entre si e com o diretório numa Rede Zonal de Comunicação Partidária.

Para realizar estas tarefas, precisamos identificar, entre nós e entre os filiados que vamos visitar, quem tem vocação e talento para as atividades de organização e quem está disposto a se comprometer com o trabalho voluntário organizativo, ou seja, quem está disposto a ser um militante organizador. 

Porque o militante organizador é o principal agente da construção partidária. 

E é disso que o PT mais precisa, do maior número possível de quadros organizadores inteiramente dedicados à construção daquele partido democrático, de massas e de quadros, militante e dirigente, que em tantas resoluções de encontros e congressos o PT se comprometeu a ser, sem nunca ter conseguido. 

Para que o diretório zonal cumpra a função de organizador e dirigente de sua base de filiados, e para que consiga ser mais que um mero comitê eleitoral, com alguma vida apenas durante as eleições, é preciso que ele monte um bom time de organizadores. 

Porque sem organização, nada se realiza."
Disse, ainda, nesta mesma mensagem:
"Quero passar hoje às mãos da companheira Cláudia Le Cocq, presidente deste 1º Diretório Zonal, o resultado de alguns meses de trabalho que tive sobre aqueles dois arquivos a que me referi, com dados de filiados do PT: o arquivo 'GERAL RIO 23-8-13', obtido junto ao Diretório Municipal, em setembro do ano passado, que contém os dados de cerca de 53 mil filiados do município do Rio de Janeiro; e o arquivo com a relação de filiados aptos a votar no PED, que todos nós recebemos mais ou menos na mesma época. Estes arquivos mais uma lista que fiz com os CEPs de todas os logradouros dos 17 bairros da Zona Sul e dos 16 bairros da Zona Centro (o Correio ainda não considera a Lapa), foram as fontes da pesquisa que desenvolvi e que resultou na criação de 20 arquivos, um para cada bairro, contendo 4 planilhas cada. A primeira planilha de cada arquivo, com dados colhidos no arquivo “GERAL RIO 23-8-13”, obtido no DM; a segunda com dados do arquivo com os filiados aptos a votar no PED 2013; a terceira com uma lista de todos os logradouros do bairro, em ordem alfabética, com seus respectivos CEPs; e a quarta com todos os CEPs do bairro, em ordem numérica, com seus logradouros correspondentes. Meu objetivo com a segunda planilha foi checar se houve novas filiações na véspera do PED, para incorporá-las à primeira planilha. Posso adiantar que foram pouquíssimos casos.

Estou enviando para você, Cláudia, com cópias para os companheiros Carlos Ocké Kalifa e Kadu Machado, o conjunto de arquivos 'DZ-1 - Planilhas de Filiados por Bairro', composto pelos seguintes itens:

- Pasta Planilhas Prontas
- Pasta Planilhas por fazer
- Pasta Planilhas Filiados 1º DZ - outras zonas, municípios e estados
- Pasta Fontes de Pesquisa
- Arquivo 'DISTRIBUIÇÃO DOS FILIADOS - ZONA, ZONAL, BAIRRO - BALANÇO PARCIAL - 9-mai-14'"
Mandei, efetivamente, este material para a Cláudia Le Cocq, Kadu Machado e Carlos Ocké Kalifa.

E foi como se não tivesse mandado.

Fiquei aguardando alguma manifestação de alguém, e nada.

Nem para dizer "olha, recebi o material". Nem isso.

Durante 3 dias ninguém do diretório se pronunciou.

E quando se pronunciou, ficou mais do que evidente o desprezo pela construção do partido a partir da administração deste diretório e da organização de sua base de filiados.

No dia 18 de setembro de 2014, enviei à lista de e-mails do 1º Diretório Zonal uma mensagem intitulada "Quantos estão nas ruas? Quantos poderiam estar? E por que não estão?", em que relato e comento a reação do diretório ao texto "Pela criação de Comitês de Filiados por Bairro" e ao material (planilhas de filiados por bairro) que enviei à sua presidenta. Vale a pena ler esta mensagem porque ela dá bem a medida do compromisso da atual gestão deste diretório com a organização de sua base: compromisso nenhum. No fim da mensagem eu dizia:
"Bem, companheiros, feito o registro de minhas propostas e dos argumentos que as fundamentam, aguardo o momento de vê-las submetidas à analise dos dirigentes e da base desta 1ª zonal. Tudo que digo encontra amparo em diversas resoluções de congressos e encontros nacionais do PT, que são os documentos, segundo nosso Estatuto, que devem orientar a atuação do partido. 

Ver um argumento meu destruído em suas premissas e desenvolvimento lógico, ao ser submetido ao crivo crítico da razão de meus pares, é algo que não me preocupa, porque é assim mesmo que funciona qualquer debate democrático. O que me preocupa é ver que no partido o debate não existe, que toda proposta e todo argumento apresentados caem no vazio da indiferença ou esbarram na desqualificação antecipada, e se perdem sem produzir nenhuma reflexão coletiva e nenhuma ação correspondente às conclusões coletivamente alcançadas. Por enquanto, infelizmente, é isso que tenho visto no 1º Diretório Zonal.

Saudações petistas.

Silvio Melgarejo

18/09/2014”
Estou aguardando até hoje o projeto que enviei ser debatido. Mas ninguém parece realmente interessado em organizar nada.


A guerra de Marcus Vinícius


Repito as palavras do companheiro Marcus Vinícius, em seu texto "À guerra!", do dia 6 de fevereiro:
"Mas, parece que a direção não tem tutano ou força para a guerra.  Não estamos travando batalhas estanques, e sim uma guerra em várias frentes.  Ou a direção se apercebe e vai a luta, nos organizando, ou sucumbiremos. (...)  Por que o medo da direção nacional em se mexer decisivamente?  Ou nos organizam, ou a própria direção do Partido tem que ser substituída antes que nosso Governo o seja, à revelia do estado de Direito !"
Marcus Vinícius teria razão de cobrar organização do diretório nacional, se o diretório zonal, do qual ele é membro, estivesse fazendo a sua parte nesta tarefa. Mas não está. Acho que, depois de tudo que eu disse até aqui, se alguém tinha alguma dúvida, não há de ter mais: a organização do PT é dever de seus dirigentes de todos os níveis hierárquicos. A Administração ensina que assim devem funcionar as organizações e o Estatuto do PT estabelece que assim funcione o nosso partido. Além disso, os filiados do PT são todos trabalhadores e sabem, por experiência, que as responsabilidades administrativas são distribuídas, numa empresa, ao longo de toda a sua hierarquia. Não precisaram e não precisam estudar para saber disso, eles viram e veem como funciona, na prática, a administração de uma organização bem estruturada. O fato, por si só, de haver no PT uma hierarquia, indica para todos que há divisão de responsabilidades, não só políticas, mas administrativas ou, como a maioria parece preferir, organizativas. Como eu já disse antes, esta divisão de responsabilidades se dá de acordo com o seguinte esquema, que define, de forma resumida, quem organiza o que:

A organização nacional do partido é a organização de seus diretórios regionais pelo Diretório Nacional.

A organização regional do partido é a organização de seus diretórios municipais por seus respectivos diretórios regionais.

E a organização municipal do partido é a organização de seus diretórios zonais por seus respetivos diretórios municipais.

Falta definir o que é a organização zonal do partido.

Eu defendo que seja a organização de comitês de filiados, criados e mantidos pelo diretório zonal, em todos os bairros de sua jurisdição. Apresentei esta proposta ao nosso diretório em setembro de 2014, como relatei nesta mensagem. E repito aqui o que disse o secretário-geral, Marcus Vinícius:
"Prezado Silvio, gostei da ideia de organizar filiados por bairro.  Acho que logo após o processo eleitoral, devemos aprofundar o assunto dentro da zonal.

Grande abraço.

Marcus Vinicius"
Porque não o fez até agora?

Marcus Vinícius poderia reclamar da falta de meios, apoio ou orientação do Diretório Nacional, para cumprir sua responsabilidade, como dirigente zonal, na administração do diretório e na organização de sua base de filiados. Mas não tem o direito de simplesmente isentar-se por conta própria destas responsabilidades que o estatuto do partido lhe atribui.

É compreensível a falta de iniciativa de um dirigente partidário, quando ele não tem nenhuma diretriz e nenhum plano para orientar o seu trabalho. Mas não é esse o caso. O Estatuto do PT contém diretrizes para o trabalho dos dirigentes, em seus artigos sobre as atribuições dos diretórios. E eu apresentei um plano de trabalho que o próprio Marcus Vinícius achou interessante, dizendo, inclusive que trataria do projeto depois das eleições. As eleições passaram, já estamos no segundo mês do ano, o partido e o governo estão sob cerco e intensa artilharia da direita, e Marcus Vinícius, ao invés de organizar seu batalhão para o combate, resolve cobrar dos generais que o façam. Cobrar ação organizativa da direção nacional seria muito justo, insisto, se a direção zonal estivesse fazendo a sua parte. Só que não está. Por que Marcus Vinícius não cobra de si mesmo e de seus pares?

Discordo, portanto, do texto "À guerra", do companheiro Marcus Vinícius, porque ele cobra as coisas certas das pessoas e instâncias erradas e exime-se inteiramente de responsabilidades que são unicamente suas e dos outros membros da instância que ele dirige. Cadê o companheiro Roberto Wagner dos Santos Robilard, secretário de organização, por exemplo? Por que o secretário-geral não cobra serviço do seu colega? Se o atual secretário de organização está, por alguma razão, impossibilitado de exercer sua função, por que não substituí-lo por algum suplente?

Diz Marcus Vinícius:
"Ou nos organizam, ou a própria direção do Partido tem que ser substituída (...)!"
Ora, se é assim, então temos que substituir a direção do 1º Diretório Zonal, já que, tendo a atribuição de administrar a instância e organizar a sua base, esta direção zonal sequer tem tentado fazê-lo, configurando, a meu ver, claramente, aquilo que o Estatuto do PT, em seu Artigo 227, inciso VI, define como infração disciplinar. Diz o Estatuto:
"Art. 227. Constituem infrações éticas e disciplinares:

(...)

VI – a falta de exação no cumprimento dos deveres atinentes aos cargos e funções partidárias;"
Creio ser do conhecimento de todos que o 1º Diretório Zonal e sua comissão executiva não se reúnem nunca, para nada. Mas se fossem marcadas reuniões regulares, há um instrumento estatutário que obriga a presença dos dirigentes, sendo admitidas apenas 3 faltas sucessivas justificadas. Trata-se do inciso V, do mesmo Artigo 227, que diz:
"Art. 227. Constituem infrações éticas e disciplinares:

(...)

V – a falta, sem motivo justificado por escrito, a mais de 3 (três) reuniões sucessivas das instâncias de direção partidárias de que fizer parte;"
Estão previstas penalidades para os infratores destes incisos que podem chegar à suspensão ou destituição do cargo.

O que isto significa?

Significa que o PT exige de seus dirigentes disciplina e comprometimento e que, para o partido, os indisciplinados e negligentes devem ser enquadrados ou substituídos. Está no Estatuto.

A guerra que o companheiro Marcus Vinícius declara em seu texto, não deveria ser ao Diretório Nacional e sim aos membros fantasmas do próprio 1º Diretório Zonal. É deles e de si mesmo que ele deveria cobrar trabalho, antes de cobrar da direção nacional. Se as comissões de ética não funcionam - como suponho - , a exemplo de quase tudo neste partido, que ele faça a denúncia na base e na base ajude a manter aceso o debate sobre a necessidade de o partido ter dirigentes disciplinados e realmente comprometidos com sua administração, para estimular o surgimento de alternativas de direção a partir da própria base. O que não dá é prá fingir que está tudo bem ou transferir a responsabilidade própria e dos pares para outrem.


Abreviar o mandato da direção partidária é golpe?


Comentando o texto de Marcus Vinícius, a companheira Eugênia Loureiro sugere que sim. E eu admito que ela possa ter razão.

O Dicionário de Política, organizado pelo cientista político Norberto Bobbio e lançado em 1983, inicia o verbete Golpe de Estado com o seguinte parágrafo:
"O significado da expressão Golpe de Estado mudou no tempo. O fenômeno em nossos dias manifesta notáveis diferenças em relação ao que, com a mesma palavra, se fazia referência três séculos atrás. As diferenças vão, desde a mudança substancial dos atores (quem o faz), até a própria forma do ato (como se faz). Apenas um elemento se manteve invariável, apresentando-se como o traço de união (trait d'union) entre estas diversas configurações: o Golpe de Estado é um ato realizado por órgãos do próprio Estado."
Quem dava o golpe e com que procedimentos, em 1983, quando foi lançado este livro? O verbete diz mais adiante:
"Na grande maioria dos casos, o Golpe de Estado moderno consiste em apoderar-se, por parte de um grupo de militares ou das forças armadas em seu conjunto, dos órgãos e das atribuições do poder político, mediante uma ação repentina, que tenha uma certa margem de surpresa e reduza, de maneira geral, a violência intrínseca do ato com o mínimo emprego possível de violência física."
Quem dá o golpe e com que procedimentos hoje? Quem dá o golpe hoje é o parlamento, o judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal. Com que procedimentos? Com a criação de processos de investigação e julgamento fraudulentos que dão uma falsa justificativa jurídica para um processo de impeachment.

Defino o Golpe de Estado como uma ruptura da ordem jurídica por órgãos do próprio Estado para a derrubada de um governo e apropriação do seu poder.

Pode acontecer processo análogo dentro do partido? Pode.

Mas da mesma forma que há impeachments, que são processos políticos, respaldados por decisões jurídicas perfeitas, há antecipações de eleições para a direção de partidos e, consequentemente, abreviação dos mandatos vigentes, que respondem a imperativos políticos ou administrativos, inteiramente respaldadas pelas normas estatutárias das agremiações. Nestes casos, não se configura, a meu ver, nada comparável a um Golpe de Estado. Não há golpe quando a interrupção de qualquer mandato eletivo se dá obedecendo às normas que o regem, após processos de investigação e julgamento legítimos e isentos de fraude.

Sobre os mandatos dos dirigentes, o Estatuto diz o seguinte, em seu Artigo 21:
"Artigo 21.  O mandato dos membros efetivos e suplentes das direções partidárias, dos Conselhos Fiscais e das Comissões de Ética é de 4 (quatro) anos.

Parágrafo único: A antecipação ou a prorrogação dos mandatos a que se refere este artigo só poderá ser autorizada por deliberação de, no mínimo, 60% (sessenta por cento) dos membros do Diretório Nacional."
Marcus Vinícius fala da possibilidade de se substituir a direção nacional. Ora, se isto só é possível por deliberação de no mínimo 60% dos membros da própria direção nacional, não há como haver golpe, na medida em que a maioria da própria direção nacional antecipa deliberadamente o fim do seu mandato.

Por isso, não sou, em tese, contrário à antecipação do fim do mandato da atual direção nacional, nem dos demais níveis de direção, inclusive o zonal. Mas estou absolutamente convencido de que a simples mudança dos membros dos diretórios não contribuiria em nada para o PT superar a crônica crise organizativa, que segundo a resolução do 5º Encontro Nacional, de 1987, teve início já no ano de 1982. E o que tornou crônica esta crise organizativa foi exatamente a incapacidade do PT de enxergar, desde aquela época e até hoje, a necessidade de incorporar a administração à sua cultura política. Porque, como sempre digo, a política, por melhor que seja, não se realiza sem a administração. Enquanto as lideranças petistas não se conscientizarem disso, enquanto esta consciência não estiver disseminada dentro do PT, enquanto não houver estímulo ao debate interno sobre a administração partidária, a organização do PT continuará muito aquém das exigências da luta que ele se propõe a enfrentar. Mudar os dirigentes e continuar desprezando a administração partidária é, como dizem, trocar seis por meia dúzia, não muda nada, só nomes e caras.

Tomo como exemplo o nosso diretório zonal. O texto "Reflexões e propostas para a administração do 1ª Diretório Zonal do Rio/RJ" teve duas versões. A primeira, de 2013, enviei através da lista de e-mails do diretório ao seu então presidente, Ricardo Quiroga, que é da tendência Articulação de Esquerda (AE). A segunda enviei à atual presidenta, Cláudia Le Cocq, da Construindo um Novo Brasi (CNB), no início do seu mandato, em janeiro de 2014. Apesar de pertencerem a tendências de orientações políticas distintas, os dois tiveram exatamente a mesma atitude: recusaram-se a promover o debate que propus. E a atitude de ambos foi a mesma, porque é a mesma a importância que dão, eles e suas tendências, ao tema da administração partidária: não dão importância nenhuma. O que explica, evidentemente, a enorme semelhança entre suas gestões. Alguém consegue, sinceramente, ver alguma diferença entre a gestão Quiroga e a gestão Le Cocq, do ponto de vista do funcionamento e da organização do diretório? Eu não vejo, a inatividade e a estagnação são as mesmas.

Quantas vezes já propus o debate sobre a administração do diretório em sua lista de e-mails, desde 2013? Quantas propostas já apresentei de trabalho de base organizativo? Todas mensagens públicas, dirigidas não só ao diretório, mas também à pequena parcela da base presente em sua lista oficial de e-mails. E nunca ninguém se animou a discutir os conceitos e as propostas apresentadas. O desinteresse pela administração partidária, no PT, é histórico e é geral. Trata-se de um elemento de sua cultura política que eu considero extremamente nocivo, na medida em que inviabiliza a correta preparação do partido para os combates que seus objetivos exigem. Há, como tenho dito recentemente, uma ignorância generalizada sobre o que seja administração, que faz com que ou se a despreze, ou se a rejeite, como se ela não pudesse ser útil, como se, ao contrário, fosse até incompatível com a luta pelo socialismo. Só a ignorância pode levar a que se pense tamanho absurdo.

Acredito, portanto, que a substituição dos membros do Diretório Nacional só resultará na superação da crise organizativa crônica do PT - que se arrasta desde 1982, segundo a resolução do 5º Encontro - se os novos dirigentes tiverem a mais absoluta consciência da importância da administração como meio para a realização da política e se os novos dirigentes se empenharem verdadeiramente na disseminação dessa consciência por todo o partido. Sem isso, nada mudará no PT em termos organizativos e funcionais. Porque não basta o entendimento dos dirigentes nacionais de que o partido precisa de administração, ou seja, de planejamento, organização, liderança da execução de suas ações e avaliações permanentes de desempenho e resultados. É preciso que os dirigentes regionais, municipais e, sobretudo, os dirigentes zonais tenham esta mesma consciência, já que, quanto menor a base territorial de uma instância, mais facilidade ela tem de interagir com os filiados de sua jurisdição. Nem o Diretório Municipal do Rio de Janeiro, nem o Diretório Regional do Rio de Janeiro e nem o Diretório Nacional do PT, têm condições melhores para informar, formar e organizar os filiados das zonas Centro e Sul do Rio de Janeiro, do que o 1º Diretório Zonal. Por isso, é deste diretório, indiscutivelmente, e não dos demais, a responsabilidade maior pela atuação do partido neste território. O Estatuto do PT já define as suas atribuições. Eu apresentei um plano de trabalho. Vamos debatê-lo, aperfeiçoá-lo, se for necessário. Mas vamos deixar de lado as discussões inúteis, as cobranças descabidas e vamos ser práticos, vamos trabalhar. Nós temos um partido prá construir e prá botar em funcionamento. Nas zonas Centro e Sul do Rio, ninguém fará isso por nós. A responsabilidade é nossa. Porque nós é que estamos aqui, próximos uns dos outros e próximos dos filiados que precisam ser incorporados ao partido e organizados.



Porque defendo a organização em Comitês de Bairro e não em Núcleos de Base.


Defendo a organização dos filiados das zonas Centro e Sul em Comitês de Bairro porque considero a única forma de o diretório zonal garantir atuação em todos os bairros de sua jurisdição, com uma política unificada e distribuição racional de seus recursos. Os comitês de bairro seriam extensões do diretório zonal, braços do diretório nos bairros, com comando nomeado pelo próprio diretório e submetido às suas determinações. A responsabilidade pela organização da base de filiados do diretório zonal é do próprio diretório zonal, já que, segundo o Estatuto do PT, ele é o último elo da cadeia de comando do partido. Os núcleos de base não são instâncias dirigentes, não fazem parte, portanto, da cadeia de comando partido. Isto fica claro no Artigo 17 do Estatuto do PT, que descreve esta cadeia de comando, sem citar os núcleos de base. Diz o Artigo 17:
"As instâncias e quaisquer organismos territoriais de nível zonal subordinam-se às instâncias de nível municipal, as quais estão subordinadas às de nível estadual, que, por sua vez, se subordinam às instâncias e aos organismos nacionais."
Já o Artigo 61 define nos seguintes termos o que é um núcleo de base. ele diz:
"São considerados Núcleos quaisquer agrupamentos de pelo menos 9 (nove) filiados ou filiadas ao Partido, organizados por local de moradia, trabalho, movimento social, categoria profissional, local de estudo, temas, áreas de interesse, atividades afins, tais como grupos temáticos, clubes de discussão, círculos de estudo, coletivos nas redes sociais da internet e outros."
Notem bem: o estatuto considera o núcleo um mero agrupamento de filiados que espontaneamente se organizam segundo os mais variados critérios.

Já o Artigo 63, que trata das funções que podem ser desempenhadas pelo núcleo de base, diz o seguinte:
"As funções dos Núcleos de Base são as seguintes:

a) organizar a ação política dos filiados e das filiadas, segundo a orientação das instâncias de deliberação e direção partidárias, estreitando a ligação do Partido com os movimentos sociais;"
Aqui fica claro que o núcleo de base não é instância de deliberação, nem direção partidária.
"b) emitir opinião sobre as questões municipais, estaduais e nacionais que sejam submetidas a seu exame pelos respectivos órgãos de direção partidária;"
Aqui fica claro que o núcleo apenas opina, quando solicitado pela direção partidária.
"e) sugerir aos órgãos de direção partidária consulta aos demais Núcleos de Base sobre as questões locais, estaduais ou nacionais de interesse do Partido;"
E aqui fica claro que o núcleo apenas sugere à direção partidária consultas aos demais núcleos. Porque o núcleo não é direção partidária.

Os núcleos são instâncias de base. Por isso, o estatuto não obriga ninguém, nem os diretórios, nem os filiados a criá-los e mantê-los. Eles são apenas um direito dos filiados de base que eles podem exercer se quiserem, quando quiserem, enquanto quiserem e como quiserem. Sem nenhum poder decisório, mas com grande autonomia em relação ao diretório zonal, os núcleos de base, por outro lado, também não recebem os repasses financeiros que toda instância dirigente recebe por determinação do estatuto. Faltam-lhe, por isso mesmo, meios para realizar as tarefas organizativas que, inevitavelmente, sempre hão de ter algum custo.

Por tudo isso, considero o núcleo de base uma instância inadequada para servir a uma política de organização da unidade de ação partidária por territórios, dentro de uma zona do município. Nas zonas Centro e Sul do Rio, quem tem as melhores condições de realizar essa política é o diretório zonal que, como tenho ressaltado, constitui o último elo da cadeia de comando do partido, tendo como base a menor unidade partidária, e sendo, por isso mesmo,  a instância onde mais facilmente pode se dar a comunhão entre direção e base.

Mas a menor unidade partidária não reúne um contingente desprezível de filiados, muito pelo contrário, e tem que atuar em bases territoriais muito amplas e densamente povoadas. Lembro, então, do que lhes disse anteriormente neste texto:

Os exércitos mostram que a divisão de uma organização em um certo número de partes facilita a organização e o comando do todo.

Vem deste conceito a ideia de criar comitês de filiados por bairro, como departamentos do diretório zonal. E isto, vejam bem, sem prejuízo da liberdade de criação e manutenção de núcleos de base, que o estatuto garante e que, a meu ver, deve ser preservada. Mas o diretório zonal, como instância dirigente, não pode deixar de ter uma estratégia própria de atuação que lhe garanta o cumprimento de suas atribuições políticas e administrativas. Tampouco pode isentar-se dessas atribuições e transferi-las, à revelia do Estatuto, para os núcleos de base que, como eu já disse, não dispõem da legitimidade política - já que não têm mandato -, das prerrogativas e dos meios necessários para o cumprimento destas atribuições que são indispensáveis para o bom funcionamento do partido.

Sei que vai ter gente achando que quero criar comitês de bairro para acabar com os núcleos de base. Não é isso. Minha convicção é de que a auto-organização dos filiados não é incompatível com a ação organizadora do diretório zonal. Muito pelo contrário, é estimulada e favorecida por ela. Acredito que esta ação organizadora do diretório zonal, desenvolvida de forma sistemática, criará no partido uma cultura de ativismo político que favorecerá o surgimento de novos quadros e, com eles, novas propostas e iniciativas.

A base do partido tende a ser mais militante quando o dirigente é militante. O que quero dizer com isso é que acredito firmemente que os comitês de filiados por bairro podem gerar um saudável movimento na base do nosso diretório, que resultará no fortalecimento dos núcleos existentes e na criação de novos núcleos, com toda a diversidade temática que o estatuto do partido admite para esta categoria de instância.

Há, de fato, uma dura luta a ser travada dentro do PT para dotá-lo da organização, do comando e da disciplina, que são indispensáveis para o êxito de qualquer organização combatente, seja de natureza militar, seja de natureza política. Não é uma luta entre tendências, é uma luta pela superação de uma cultura política e pela assimilação de outra. Uma luta pela superação da cultura política sem sentido prático, que despreza a administração partidária, e pela assimilação de uma cultura política focada na ação, que tenha a administração partidária como elemento essencial, capaz de transformar ideias em atos e projetos em realizações. "Sem administração, não se realiza a política" é a frase que melhor resume a tese que venho defendendo desde o início de 2013 e que enuncio na mensagem que enviei à lista de e-mails e ao grupo no Facebook do 1º Diretório Zonal, em 11 e 14 de dezembro de 2014, intitulada "Uma decisão urgente", cuja leitura também recomendo.



Conclusão


O governo Dilma e o PT estão sob um cada vez mais apertado cerco da direita e da burguesia. Nós podemos romper este cerco e ganhar a guerra contra eles. Mas prá isso precisamos de um bom exército e tem que ser prá já, não dá prá esperar até o congresso de junho. Até lá muita coisa pode acontecer e a deterioração do quadro político pode tornar inútil a reação tardia.

O governo e o partido, nacionalmente, precisam mover-se desde já e nós, dirigentes e base do 1º Diretório Zonal, temos o dever de fazer a nossa parte. E a parte que nos cabe não é juntar meia dúzia de filiados para aderir de qualquer maneira a qualquer campanha, como por exemplo a da Reforma Política.

O dever do diretório zonal é organizar-se e organizar a sua base para atuarem como uma unidade combatente ágil e bem estruturada a serviço do partido em sua base territorial. O problema, grave problema, é que o 1º Diretório Zonal, como instância dirigente, simplesmente inexiste, porque nenhum de seus membros assumiu, até hoje, a responsabilidade do cargo em que foi empossado há um ano, e ninguém, ninguém, além de mim, se manifesta quanto a isso. Naturalizou-se o descalabro.

E qual seria a saída? A saída é, em primeiro lugar, dizer não ao conformismo e se indignar com essa situação.

O segundo passo é reconhecer que a principal razão da inatividade do 1º Diretório Zonal é a indisciplina dos seus membros.

E o terceiro passo é tomar a firme decisão coletiva de usar o estatuto do partido para impor disciplina aos dirigentes da nossa instância.

Sem o reconhecimento dos graves problemas que temos e a firme decisão de resolvê-los, atacando energicamente as suas causas, nada vai mudar neste diretório, que vai continuar, como agora, sem condições de servir ao partido, ao governo e à classe trabalhadora, sem condições, inclusive, de envolver a sua própria base local de filiados nos debates do 5º Congresso e na implementação de suas resoluções.

A mudança depende de nós, companheiros, e ela precisa começar o quanto antes. Porque a luta de classes entrou numa fase bastante aguda, na qual o partido precisará mobilizar o máximo de sua reserva militante ociosa e o máximo de recursos que sua base de filiados possa oferecer.

Nós somos o PT nas zonas centro e sul do Rio de Janeiro. É nossa, portanto, a responsabilidade de realizar aqui esta tarefa, corrigindo, em primeiro lugar, a postura do nosso diretório, para que seus membros assumam a responsabilidade de que se incumbiram quando eleitos, na construção dessa instância como uma organização que seja realmente democrática e militante, para ser indutora, organizadora e dirigente das mobilizações dos trabalhadores dessa região da cidade.

Saudações petistas,

Silvio Melgarejo

23/02/2015

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