Durante alguns anos, tive simpatia pelo PSOL e até torci para que efetivamente se tornasse algo melhor do que o PT, o que até hoje, a meu ver, não aconteceu. Essa simpatia, no entanto, tem se desgastado rapidamente ante a forma oportunista, desleal, desonesta e irresponsável com que o partido tem desempenhado o seu legítimo papel de oposição ao governo do Partido dos Trabalhadores. Pegando carona na onda falsomoralista produzida artificialmente pela Globo, o PSOL deixou o discurso socialista de lado e adotou o mesmo discurso de criminalização do PT que fazem os partidos e organizações de direita. E o tem feito movido pelo mesmo pragmatismo eleitoral de que acusa o PT. O discurso da criminalização é, aliás, o que tem dado liga ao pacto antipetista que se tem verificado entre partidos e organizações de esquerda e partidos e organizações de direita. Esse discurso padronizado tem servido para unificar as oposições de esquerda e direita em torno de um objetivo muito bem definido, que é derrubar o governo petista, pelo voto ou pelo golpe, e criminalizar o Partido dos Trabalhadores.
Para o PSOL, derrotar o PT é mais importante que derrotar a Globo, o PSDB e o DEM. Sua estratégia de curto e médio prazo não é conquistar o governo do país, é conquistar a hegemonia no campo da esquerda. Dentro dessa perspectiva, o inimigo a ser batido agora não é a Globo, o PSDB e o DEM; o inimigo a ser batido é o PT. O PSOL conta mesmo com um eventual fracasso do governo petista e uma eventual derrota eleitoral do PT para ter uma chance de ser visto pelo eleitorado de esquerda como alternativa única a ser seguida. Como avalia que ainda não tem condições de vencer o PT nas urnas, ajuda a direita a fazê-lo, com a expectativa de tornar-se o partido hegemônico numa esquerda derrotada e desmoralizada. O PSOL sabe que uma vitória da direita, seria uma derrota para a classe trabalhadora, mas está decidido a impor à classe trabalhadora esse sacrifício, em nome de seu projeto. O retrocesso social e político advindo de uma eventual vitória da direita, o PSOL tentaria pôr na conta do PT, contando com a ignorância do eleitorado de esquerda quanto ao real papel que efetivamente cumpre para que se chege a esse desfecho.
O antipetismo tornou-se, para o PSOL, uma força propulsora e um fermento mais eficientes do que o próprio anticapitalismo e anti-autoritarismo que traz em seu programa. Mobiliza mais sua militância e atrai mais eleitores, simpatizantes e filiados, até do que o socialismo e a liberdade que traz no nome. Quem tiver dúvida disso, pergunte à maioria dos eleitores do PSOL do porque de votarem no partido. A resposta há de ser quase sempre de que é porque o PSOL é um partido honesto, que não tem corruptos e não se envolve em escândalos, o que não me parece uma grande vantagem, já que o PSOL nunca governou nada, só agora conquistou algumas pequenas prefeituras. Na verdade, a maioria dos eleitores do PSOL nem sabe que ele é socialista, porque o PSOL esconde o socialismo e prefere adotar o discurso moralista, achando que dá mais votos.
Ocorre que, se o anticapitalismo do PSOL o opõe à burguesia e à direita, e o seu anti-autoritarismo o opõe aos inimigos da democracia, o antipetismo identifica o PSOL com a burguesia, com a direita e com os inimigos da democracia. Isso explica, não só a coincidência reiterada de seu discurso com o discurso da direita, mas também uma série de situações reais inusitadas em que o PSOL figura como importante aliado das forças políticas de direita, no momento em que estas se mobilizam para derrubar o governo petista. Exemplos disso são:
1 - A derrubada da CPMF;A contrapartida que o PSOL recebe por esse tipo de colaboração com a direita é a exposição de uma imagem positiva de seus líderes nos telejornais da emissora de maior audiência. Até 2006, foi Heloísa Helena, agora é Randolfe Rodrigues, quem tem o nome alçado à fama de paladino da ética, ao lado de outros paladinos "globais" como o senador tucano, Álvaro Dias. Randolfe é o nome mais cotado para a disputar a presidência da república pelo PSOL. Suas chances, como as de qualquer outro nome que o partido venha a lançar, são sabidamente remotas. Mas como o objetivo do PSOL não é ganhar a eleição e sim impedir a todo custo que o PT ganhe, o partido deve lançar sua candidatura para tentar tirar votos do PT e levar a eleição para o segundo turno, onde, quem sabe, o antipetismo de direita pode conseguir abater o inimigo comum.
2 - O endosso à farsa do mensalão;
3 - A defesa do procurador prevaricador, Roberto Gurgel; e
4 - O apoio de Plínio Arruda Sampaio a José Serra, na eleição municipal de São Paulo.
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